E aí, o mais suspeito dos Ministros, aquele que deu dois habeas corpus em menos de 24 horas para o corrupto pego no ato de corromper, que está sentado há mais de ano em cima do processo que trata do financiamento de campanhas, investe-se no papel de procurador e manda investigar a chefe do Executivo. É assim que funciona, para Gilmar Mendes, a tal de harmonia entre os poderes.
No caso, uma mesma empresa doa ao PT e ao PSDB. Gilmar Mendes, no seu canhestro estrabismo ideológico, criminaliza as doações feitas ao PT e sacraliza as feitas ao PSDB. Dinheiro doado ao PT é sujo; ao PSDB, limpo e cheiro…
O factoide do estafeta do PSDB no TSE é apenas diversionismo. Com esta atitude típica de um jagunço de Diamantino, desvia o foco do Varão de Plutarco, símbolo-mor da direita golpista, Eduardo Cunha, e, ao mesmo tempo redireciona as baterias sobre o alvo preferido do Napoleão das Alterosas. Se der certo, o golpe paraguaio se avizinha.
Em relação a Gilmar Mendes, a história se repete ad nauseam.
Nestas horas não é demais lembrar a informação dada pelo O Globo: “Arruda diz que pediu a FHC para falar com ministro do TSE”. Não foi nem a primeira nem a última vez que os serviços do estafeta foram recrutados. Se tudo isso já é muito, mas não é tudo.
A Folha de São Paulo, tucana do cabelo ao cóccix, também registrou outra patranha perpetrada por Gilmar Mendes: “Após ligação de Serra, Mendes para julgamento de ação do PT”.
No início deste ano foi flagrado mais um caso da atuação promíscua de Gilmar Mendes. Desta feita, para salvar a pele de seu conterrâneo, Silval Barbosa, ex-governador do Mato Grosso, preso em Cuiabá-MT.
À época, a Folha registrou: “Serra pediu que um assessor telefonasse para Mendes pouco antes das 14h, depois de participar de um encontro com representantes de servidores públicos em São Paulo. A solicitação foi testemunhada pela Folha. No fim da tarde, Mendes pediu vista, adiando o julgamento. Sete ministros já haviam votado pela exigência de apresentação de apenas um documento com foto, descartando a necessidade do título de eleitor’”. O compadrio do PSDB com o Poder Judiciário é tanto e de forma tão escancarada que o deputado do PSDB gaúcho, Jorge Pozzobom tornou pública uma regra que já percorria o senso comum: “Me processa. Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso".
A condução de Gilmar Mendes ao STF foi feita de forma pensada e não faltou quem apontasse de forma categórica e irretorquível: “Gilmar Mendes será uma tragédia no STF’”. Como diria outro Ministro do STF, e da mesma estirpe de Gilmar Mendes: “foi feita pra isso, sim”. E, pelos seus serviços já prestados, não há nenhum arrependimento por parte de quem o colocou lá, FHC. Nestes tempos de hiPÓcria descomunal, a atitude de Gilmar Mendes atualiza um cartaz das manifestações dos zumbis: “CUnha é corrupto, mas está do nosso lado”…
Só um profundo sentimento de ódio explica as sucessivas tentativas de criminalizar o PT e agora derrubar Dilma só para deixar no lugar deles gente como Gilmar Mendes, José Roberto Arruda, Aécio Neves, Silval Barbosa, José Serra, Geraldo Alckmin, Eduardo CUnha.
Como diria o velho Barão de Itararé, de onde menos se espera, de lá mesmo é que não sai nada. Nada de bom, diga-se de passagem!
Gilmar Mendes pede investigação de campanha de Dilma
TALITA FERNANDES – O ESTADO DE S. PAULO
21 Agosto 2015 | 21h 06
Em relatório encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Polícia Federal, o ministro indica ‘vários indícios’ de que a campanha da petista teria sido financiada por recursos desviados da Petrobrás
Atualizado às 22h27
Brasília – O ministro Gilmar Mendes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu a investigação de suposta prática de atos ilícitos na campanha que reelegeu a presidente Dilma Rousseff em 2014. Em despacho encaminhado hoje à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Polícia Federal, o ministro indica "potencial relevância criminal" na campanha petista. O ministro pediu ainda que a Corregedoria-Geral da Justiça eleitoral apure se houve descumprimento das leis eleitorais. "Além da violação à legislação eleitoral, há potencial relevância criminal nas condutas", diz o despacho, no qual o ministro sugere que há motivos para que seja aberta uma ação penal pública.
Sobre o descumprimento à legislação eleitoral, Gilmar utiliza informações reveladas pelas investigações da Operação Lava Jato para dizer que a campanha foi supostamente financiada com recursos da Petrobrás. Por ser uma empresa de capital misto (recursos públicos e privados) a petroleira é vedada de financiar campanhas eleitorais. "As doações contabilizadas parecem formar um ciclo que retirava os recursos da estatal, abastecia contas do partido, mesmo fora do período eleitoral, e circulava para as campanhas eleitorais", escreveu o ministro.
Além disso, Gilmar lança suspeita de que houve uso de recursos publicitários para financiamento da campanha, o que é vedado pela legislação. Para tal, o ministro cita delação premiada do lobista Milton Pascowitch, que afirmou a investigadores que parte dos recursos de propina teria sido repassada a pedido do então tesoureiro do PT João Vaccari Neto, hoje preso na Lava Jato, ao site Brasil 247, "simulando contrato de prestação de serviços". "O objetivo seria financiar a propaganda disfarçada do Partido dos Trabalhadores e seus candidatos, além de denegrir a imagem dos partidos e candidatos concorrentes", concluiu o ministro. "Em suma, há indicativos de que o partido recebeu auxílio por meio de sociedade de economia mista e publicidade", resume.
Na semana passada, Gilmar havia determinado ao TSE um levantamento para mostrar doações feitas ao PT por empreiteiras investigadas na Lava Jato. De acordo com o levantamento feito pela Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias, as empresas OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, UTC, Camargo Corrêa, Engevix e Odebrecht doaram ao PT, entre 2010 e 2014, R$ 172 milhões.
O ministro citou ainda informações reveladas pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, em acordo de delação premiada, no qual disse ter repassado R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma.
Fornecedores. Além das inconsistências apontas nas doações, o ministro levanta suspeita sobre o pagamento de fornecedores da campanha. "Não bastasse o suposto recebimento pelo partido e pela candidata de dinheiro de propina em forma de doação eleitoral, há despesas contabilizadas na prestação de contas da candidata de duvidosa consistência", afirmou. "Assim, ao que parece, havia, supostamente, entrada ilegal de recursos públicos e saída de dinheiro da campanha em forma de gastos mascarados."
As contas de campanha da presidente Dilma e do PT foram aprovadas com ressalvas pelo TSE em dezembro de 2014. A aprovação se deu na Corte por unanimidade após os ministros acompanharem o voto do relator, que foi o próprio Gilmar. No despacho ele justificou seu voto pela aprovação alegando que "apenas no ano de 2015, com o aprofundamento das investigações no suposto esquema de corrupção ocorrido na Petrobrás, vieram a público os relatos de utilização de doação de campanha como subterfúgio para pagamento de propina".
Logo após o despacho do ministro, a Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto emitiu nota afirmando que: "Todas as contribuições e despesas da campanha de 2014 foram apresentadas ao TSE, que após rigorosa sindicância, aprovou as contas por unanimidade", diz a nota assinada pelo ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, que foi o tesoureiro da campanha de Dilma no ano passado.
O TSE tem hoje quatro ações que contestam a legitimidade da eleição de Dilma Rousseff, todas pedidas pelo PSDB. Essas ações podem gerar, no limite, a cassação da presidente.