Ficha Corrida

24/07/2013

Papa, quando bispo, se man comungava com Videla

Filed under: Ditadura,Jorge Rafael Videla,Papa Francisco — Gilmar Crestani @ 8:04 am
Tags: ,

Boto fé naquele, dentre os três, Dilma, Papa Francisco e Élio Gaspari, que combateu a ditadura e não naqueles que locupletaram com ela.

Duas coisas que ELIO GASPARI entende, de bispo puxa-saco e em ser ele próprio puxa-saco de general. Ele, de povo, gosta tanto quanto seu ex-chefe, o general Figueiredo, que dizia preferir o cheiro de cavalo ao do povo. É por isso também que toda bem feito ao povo é populismo, para generais e bispos, é bondade divina…

Francisco bota fé no povo

O papa ensinou a um país de tropas de choque que as ruas são um lugar de todos e não é nelas que mora o perigo

No primeiro dia de sua visita Francisco lavou a alma do Brasil. Engarrafado na Presidente Vargas, num carro com a janela aberta, acariciou uma criança. Era apenas um homem que não tem medo do povo. Percorreu a muy leal cidade de São Sebastião em cenas inesquecíveis. Seu percurso não foi demarcado pelos batalhões de choque, mas por cordões de jovens voluntários, com camisetas amarelas (oh, que saudades da cor das Diretas Já).

Pouco depois, o papa estava no jardim do Palácio Guanabara, num cenário cavernoso, com o prédio protegido pelo Batalhão de Choque. Submeteram-no a um protocolo redundante, obrigando-o a apertar as mãos de pessoas que já havia cumprimentado na Base Aérea. Havia hierarcas que ganhavam beijinho da doutora Dilma e ai daqueles que saíram só com o aperto de mão. (Noves fora o ministro Joaquim Barbosa, que passou batido pela chefe do Poder Executivo. Ele não faria isso com o prefeito de Miami.) No Guanabara estava a turma do andar de cima. Nela havia gente que, tendo ouro e prata, anda protegida por seguranças pagos pela patuleia da Presidente Vargas.

Até o momento em que Francisco chegou ao Rio o país viveu o clima neurastênico, no qual confundia-se uma peregrinação da fé com uma operação militar que, avaliada pela sua própria pretensão, foi uma catedral de inépcia. Vinte e cinco mil homens da polícia e das Forças Armadas para proteger o papa. De quem? Num dos momentos mais ridículos já ocorridos em visitas do gênero, um soldado foi fotografado verificando o nível de radioatividade do quarto de Francisco em Aparecida. Os sábios da demofobia planejaram tudo e, como sucede a milhares de cariocas, o papa acabou engarrafado na Presidente Vargas. Evidentemente, a prefeitura responsabilizou a Polícia Federal, e a Polícia Federal responsabilizou a prefeitura, mas isso não é novidade. Para alegria de quem estava na avenida, deu tudo errado e eles puderam ver o papa de perto.

Todos os detalhes da neurastenia foram conscientes, da divulgação do aparato de segurança à exposição de temores com manifestações. Nenhuma das duas iniciativas eram necessárias. A exaltação da máquina policial é uma indiscrição, a menos que seu objetivo seja apenas causar temor. Os distúrbios ocorridos nas cercanias do Palácio Guanabara faziam parte do cotidiano do governador Sérgio Cabral, não da rotina de Francisco. Nesse sentido, a janela aberta do carro, o papamóvel com as laterais livres e o cordão dos voluntários vinham da agenda da igreja, botando fé no povo e nos jovens.

Num discurso impróprio, a doutora Dilma referiu-se às "mudanças que iniciamos há dez anos". Louvava a década de pontificado petista diante de um pastor cujo mandato começou há 2013 anos. Não entenderam nada.

O Brasil é uma democracia que passa por momentos de tensão. O hierarcas de Brasília e do Rio celebraram a suposta eficácia de geringonças eletrônicas (com contratos milionários) e, inexplicavelmente, ecoaram a demofobia e os rituais dos comissários poloneses durante a visita de João Paulo 2º a Varsóvia, em 1979. Onde havia fé, viram jogos de poder. Perderam uma santa oportunidade de celebrar a fé dos peregrinos e baixar as tensões que envenenam a política nacional.

21/05/2013

Videla e a morte dos carrascos

Filed under: Jorge Rafael Videla — Gilmar Crestani @ 8:48 am
Tags:

Por Altamiro Borges

Faleceu nesta sexta-feira (17) o general Jorge Rafael Videla, que presidiu a Argentina entre 1976 e 1981 e foi o principal símbolo da sanguinária ditadura militar no país vizinho. "Ele era um homem mau e a sua morte nos deixa aliviados", desabafou Estela Carlotto, líder da organização Avós da Praça de Maio. Para Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, o ditador "passou pela vida causando muito dano e traindo os valores de todo um país". Diferente do Brasil, porém, o carrasco não morreu impunemente. Aos 87 anos de idade, ele cumpria pena de prisão perpétua. Videla também era réu em outros julgamentos por crimes de lesa-humanidade.

A ditadura militar argentina (1976-1983) foi responsável pela morte de cerca de 30 mil pessoas, segundo estimativas das organizações de direitos humanos. No mesmo período sombrio, mais de 500 bebês, filhos de militantes de esquerda, foram sequestrados e entregues a famílias de militares. Com a redemocratização do país, nos anos 80, o carrasco foi condenado a prisão, mas uma falsa anistia o colocou em liberdade. Em 2010, o debate sobre os crimes da ditadura ganharam novo impulso e Videla voltou a ser condenado. Ele passou seus últimos anos de vida numa pequena cela na base militar do Campo de Maio, em Buenos Aires.

Nos últimos tempos, o general-carrasco reapareceu na imprensa argentina – a mesma que apoiou o golpe e a ditadura e que hoje faz feroz oposição à presidenta Cristina Kirchner. Numa das suas últimas entrevistas, ele conclamou os argentinos de 58 a 68 anos – que, segundo ele, lutaram por um projeto de "reorganização nacional"- a pegarem em armas contra o atual governo. A sua morte fecha um ciclo na Argentina. Como escreveu Juan Manuel Abal Medina, chefe de gabinete da Presidência, em sua conta no twitter, "Videla morreu julgado, condenado, preso em uma prisão comum e repudiado por todo o povo argentino". Pena que no Brasil nada disso tenha ocorrido ainda!

Altamiro Borges: Videla e a morte dos carrascos

Festa no Inferno: Geisel recebe Videla

 

ANOS DE CHUMBO

20/05/2013 – 07h59 | Dario Pignotti/Carta Maior | Brasília

Operação Condor: laço entre Videla e Geisel é revelado em investigação sobre morte de Goulart

Ditadores argentino e brasileiro trocaram cartas antes e depois da morte do presidente derrubado por um golpe militar

Jorge Videla cumpriu o papel que dele se esperava na Operação Condor, o pacto terrorista que há 27 anos ocupou um capítulo importante na agenda argentina com o Brasil. O ditador Ernesto Geisel recebeu de bom grado a “nova” política externa do processo de reorganização nacional (e internacional), tal como se lê nos documentos, em sua maioria secretos, até hoje, obtidos pela Carta Maior.

Carta Maior

“Foi com a maior satisfação que recebi, das mãos do excelentíssimo senhor contra-almirante César Augusto Guzzetti, ministro de Relações Exteriores, a carta em que Sua Excelência teve a gentileza de fazer oportunas considerações a respeito das relações entre nossos países…que devem seguir o caminho da mais ampla colaboração”.
A correspondência de Ernesto Beckman Geisel dirigida a Videla exibe uma camaradagem carregada de adjetivos que não era característico desse general, criado numa família de pastores luteranos alemães.
“O Brasil, fiel a sua História e ao seu destino irrenunciavelmente americanista, está seguro de que nossas relações devem basear-se numa afetuosa compreensão…e no permanente entendimento fraterno”, extravasa Geisel, o mesmo que havia reduzido a quase zero as relações com os presidentes Juan Perón e Isabel Martinez, quando seus embaixadores na Argentina pareciam menos interessados em visitar o Palácio San Martin do que frequentar cassinos militares, trocando ideias sobre como somar esforços na “guerra contra a subversão”.
A carta de Geisel a Videla, de 15 de dezembro de 1976, chegou a Buenos Aires dentro de uma “mala diplomática”, não por telefone, como era habitual. No documento consta “secreto e urgentíssimo”, ao lado dessa nota.
Em 6 de dezembro de 1976, nove dias antes da correspondência de Geisel, o presidente João Goulart havia morrido, em seu exílio de Corrientes, o qual, de acordo com provas incontestáveis, foi um dos alvos prioritários da Operação Condor no Brasil, que o espionou durante anos na Argentina, no Uruguai e na França, onde ele realizava consultas médicas por causa de seu problema cardíaco.
Mais ainda: está demonstrado que, em 7 de dezembro de 1976, a ditadura brasileira proibiu a realização de necropsia nos restos do líder nacionalista e potencial ameaça, para que não respingassem em Geisel a parada cardíaca de origem incerta.

Leia mais

Não há elementos conclusivos, mas suspeitas plausíveis, de que Goulart foi envenenado com pastilhas misturadas entre seus medicamentos, numa ação coordenada pelos regimes de Brasília, Buenos Aires e Montevidéu, e assim o entendeu a Comissão da Verdade, da presidenta Dilma Rousseff, ao ordenar a exumação do corpo enterrado na cidade sulista de São Borja, sem custódia militar, porque o Exército se negou a dar-lhe há 10 dias, depois de receber um pedido das autoridades civis.
Carta
Geisel escreveu em resposta a outra carta, de Videla (de 3 de dezembro de 1976), na qual ele se dizia persuadido de que a “Pátria…vive uma instância dinâmica no plano das relações internacionais, particularmente em sua ativa e fecunda comunicação com as nações irmãs”.
“A perdurável comunidade de destino americano nos assinala hoje, mais do que nunca, o caminho das realizações compartilhadas e a busca das grandes soluções”, propunha Videla, enterrado junto aos crimes secretos transnacionais sobre os quais não quis falar perante o Tribunal Federal N1, onde transita o mega processo da Operação Condor.
Os que estudaram essa trama terrorista sul-americana sustentam que ela se valeu dos serviços da diplomacia, especialmente no caso brasileiro, onde os chanceleres teriam sido funcionais aos imperativos da guerra suja. Portanto, esse intercâmbio epistolar enquadrado na diplomacia presidencial de Geisel e Videla, pode ser lido como um contraponto de mensagens cifradas sobre os avanços do terrorismo binacional no combate à resistência brasileira ou argentina. Tudo em nome do “interesse recíproco de nossos países”, escreveu Videla.
Em dezembro de 1976, 9 meses após a derrubada do governo civil, a tirania argentina demonstrava que, além de algumas divergências geopolíticas sonoras com o sócio maior, havia de fato uma complementariedade das ações secretas “contra a subversão”. Assim, pouco após a derrubada de Isabel Martínez, o então chanceler brasileiro e antes embaixador em Buenos Aires, Francisco Azeredo da Silveira, recomendou o fechamento das fronteiras para colaborar com Videla, para impedir a fuga de guerrilheiros e militantes argentinos.
Por sua parte, Videla, assumindo-se como comandante do Condor celeste e branco, autorizava o encarceramento de opositores brasileiros, possivelmente contando com algum nível de coordenação junto aos adidos militares (os mortíferos “agremiles”) destacados no Palácio Pereda, a mansão de linhas afrancesadas onde tem sede a missão diplomática na qual, segundo versões, havia um número exagerado de armas de fogo.
Entre março, mês do golpe, e dezembro de 1976, foram sequestrados e desaparecidos na Argentina os brasileiros Francisco Tenório Cerqueira Júnior, Maria Regina Marcondes Pinto, Jorge Alberto Basso, Sergio Fernando Tula Silberberg e Walter Kenneth Nelson Fleury, disse o informe elaborado pelo Grupo de Trabalho Operação Condor, da Comissão da Verdade. O organismo foi apresentado por Dilma perante rostos contidamente iracundos dos comandantes das Forças Armadas, os únicos, entre as centenas de convidados para a cerimônia, que evitaram aplaudi-la.
Ao finalizar o ato realizado em novembro de 2011, o então secretário de Direitos Humanos argentino Eduardo Luis Duhalde, declarava a este site que um dos segredos melhor guardados da Operação Condor era a participação do Brasil e a sua conexão com a Argentina, e que essa associação delituosa só será revelada quando Washington liberar os documentos brasileiros com a mesma profusão com que liberou os documentos sobre a Argentina e o Chile.
Pistas diplomáticas
Averiguar até onde chegou a cumplicidade de Buenos Aires e Brasília será mais difícil depois do falecimento de Videla, mas não há que se subestimar as pistas diplomáticas.
Em 6 de agosto de 1976, um telefonema “confidencial” elaborado na embaixada brasileira informa aos seus superiores que o ministro de Relações Exteriores Guzzetti falou sobre a “nova” política externa vigente desde que “as forças armadas assumiram o poder” e a da vocação de aproximar-se mais do Brasil, após anos de distanciamento.
Ao longo de 1976, os chanceleres Azeredo da Silveira e Guzzetti mantiveram reuniões entre si e com o principal fiador da Condor, Henry Kissinger que, segundo os documentos que vieram a público há anos a pedido do “Arquivo Nacional de Segurança” dos EUA, recomendou a ambos ser eficazes na simulação no trabalho de extermínio dos inimigos.
“Nós desejamos o melhor para o novo governo (Videla)…desejamos seu êxito…Se há coisas a fazer, vocês devem fazê-las rápido…”, recomendou o Prêmio Nobel da Paz estadunidense, ao contra-almirante e chanceler Guzzetti, em junho de 1976.
* Da Carta Maior

Opera Mundi – Operação Condor: laço entre Videla e Geisel é revelado em investigação sobre morte de Goulart

18/05/2013

Papa esta, Francisco!

Filed under: Argentina,Ditadura,Jorge Rafael Videla,Papa Francisco,Roubo de bebês — Gilmar Crestani @ 8:33 pm
Tags:

Nesta hora ninguém comenta a parceria do Grupo Clarin com a ditadura argentina, tanto que adotou dois “filhos de desaparecidos”. O Grupo Clarin foi tão parceiro da ditadura de Videla, quanto O Globo o foi de Castelo Branco, Geisel e Figueiredo. Da mesma forma que agora o Clarin odeia Cristina Kirchner, também O Globo de seus a$$oCIAdos também odeiam Lula. E a SIP faz de conta que não é com ela…

Muerte de un asesino

Por: Martín Caparrós | 17 de mayo de 2013

Papa-y-videla
El hijo de mil putas asesino Jorge Rafael Videla, digno militar argentino, acaba de morirse. Murió, por suerte, en una cárcel. Su desaparición –su desaparición– es un alivio para todos. Es raro que una muerte sea una alegría, pero sí. Algunos, en estos momentos, lamentan que no haya sufrido como sus víctimas. Sin ánimo ni posibilidad de comparar, yo creo que sufrió mucho al ver que los ricos argentinos que lo habían impulsado y apoyado cuando su gobierno torturaba y mataba, después lo abandonaron con su clásica cara de yo no fuí.

Pero esa es otra discusión, que habrá que seguir con más tiempo. Mientras, quiero recordar aquí la única vez que lo ví. En 1991 el indulto del ahora senador Carlos Menem –apoyado por el resto del gobierno y los gobernadores, muchos de ellos en distintos espacios de poder ahora– lo había soltado.

El general Videla estaba libre y unos amigos me dijeron que se paseaba muchas mañanas por la Costanera Sur, que entonces –previo a Puerto Madero– era un lugar muy marginal.

Allí fuimos, Rafael Calviño y yo, a buscarlo. Como podrán ver en estas líneas, al final lo encontramos, tuvimos una breve charla. Después, durante años, tantas veces me pregunté qué razón, qué miedo, qué idea del periodismo o de la vida me impidieron partirle mi grabador en la cabeza. O, por lo menos, intentarlo.

Videla Gym

Eran justo las ocho y media cuando el 504 dobló desde Cangallo despacito, tranquilo, y tomó por la costanera hacia el fondo, hacia la fragata Sarmiento. El coche era gris, reciente, absolutamente discreto; sólo tenía una antena de más.

Liliana Heker y Ernesto Imas me lo habían dicho un par de días antes.

– Cuando lo ví por primera vez no lo pude creer. En realidad no lo ví, lo escuché. Estaba haciendo flexiones y de pronto escuché una voz muy seca, muy cortante, que me dice: "Buenos días – Señor". Ahí levanté la cabeza y lo ví, y creo que todavía me dura la impresión.

Dijo Imas. Y Heker dijo que no sabían qué hacer.

– Queríamos que se supiera, nos parecía terrible que este señor anduviera trotando por acá como si nada hubiera pasado.

Una antena de más no es gran cosa en estos tiempos. Adentro del coche –C1386767– había una señora obesa, un gorila reventón y un hombre flaco y de bigotes que manejaba con la ventanilla abierta, empapándose del fresco de la mañana. El ex–general, ex–presidente, ex–salvador de la patria, ex–convicto y ex–asesino Jorge Rafael Videla se dirigía, como todos los lunes, miércoles y viernes, a cumplir con sus ejercicios matinales.

– Empezó a aparecer a fines de octubre –había dicho Imas. Y desde entonces no faltó nunca.

A Calviño y a mí el coche nos tomó de sorpresa. Aunque lo esperábamos, se nos debe haber notado el escalofrío de verlo, porque, en vez de parar, el coche siguió de largo, dió la vuelta y enfiló hacia la Ciudad deportiva de Armando. Creímos que lo habíamos perdido: yo pensaba que, al menos, le habíamos arruinado su mañana sportiva, y ya imaginaba piquetes de voluntarios que pasearían distraídamente por todos los lugares que el hombre suele frecuentar, tanto como para joderle un poco la vida.

Lo esperamos un rato más, y no volvía. Al final, empezamos a caminar hacia la glorieta de Luis Viale. Casi llegando encontramos el coche; al lado, recostado contra la baranda de la costanera, el goruta leía en la Crónica el empate de Boca; un poco más allá, sobre el césped del boulevard, el ex resoplaba por el esfuerzo de unos abdominales.

– No voy a hacer declaraciones. Estoy realizando mi actividad diaria.

Hacía un rato que yo caminaba a su lado. El forzaba el paso y fingía no escucharme. Yo gritaba:

– ¿Pero no le preocupa estar así en un lugar público?

– ¿Usted tendría miedo?

– Yo no he hecho lo que usted ha hecho.

– Son cuestiones de criterio.

Dijo, tajante, sin haberme mirado ni una vez, y se largó a correr, revoleando las piernas flacas. Va solo; el guardaespaldas se quedó con la Crónica y él trota, tranquilo, como quien silbara. Usa un short azul, una camiseta celeste y en la mano tiene una toalla que se pasa de tanto en tanto por la frente. Para un señor de sus años y sus muertes, su estado físico es notable. Aunque el sudor y la agitación le marcan las venas de las sienes, que palpitan como si prometieran un estallido.

El lugar es idílico, muy verde y casi desierto. Hay jacarandás en flor, un sol benigno, voces de muchos pájaros. En medio del boulevard, entre los árboles, un grupo de chicos de colegio se está rateando con gritos y empujones. El ex pasa a su lado, alguien lo reconoce y todo el grupo se inmoviliza, enmudece, se congela.

– Yo lo mato con la indiferencia.

Dirá, más tarde, un petiso de rodillera roja y pelo corto, uno de los habitués.

– A mí me mata que el tipo corra como si fuera uno más, con todo lo que hizo, pero lo mejor es matarlo con la indiferencia.

– Sí, porque se ve que te mira como tratando de que lo reconozcas, de que le digas algo.

– Sí, te desafía.

– No, quiere que lo saludes. Al principio se quedaba allá en el fondo, cerca de la fragata, pero ahora se animó y se viene hasta acá, ya ganó confianza.

Dirá otro corredor, un cuarentón de canas bien peinadas y jogging impecable, sin sudores.

– Yo acá vengo a correr y el resto no me importa, viste.

Aclarará uno de rulos rubios atados en una colita y musculosa verde con vivos amarillos.

Pero ahora el ex sigue con el trote, suave, sostenido, y un diariero que pasaba en bicicleta se le ha puesto a la par y lo cubre de elogios. No se oyen las palabras pero se entienden los gestos, las sonrisas. Desde un camión también lo saludan y el ex responde, con el brazo en alto.

– El otro día él venía corriendo adelante mío y yo pisé medio fuerte, para ver qué pasaba, y él se dió vuelta enseguida, se sobresaltó. El tipo debe tener miedo, con el pasado que tiene.

Dirá el del jogging impecable.

– A mí no me da un asco especial, no más que cualquier milico –dirá, ya casi al final, un pelado de sesenta, muy bronceado, que se bajará de un renault 18 con sus pantalones cortos y su acento reo–. Porque a mí no me hizo nada, ni a ningún familiar mío, así que yo contra él no tengo nada. La verdad que es un pobre tipo que no lo dejan tranquilo, que tiene que andar con custodia, mirar para todos lados.

La costanera sur es un vestigio de otros tiempos, de otro país. Una ruina de lo que la patria iba a ser cuando tenía un futuro, una parte de la ciudad que la naturaleza está recuperando poco a poco. Aquí ha instalado su cabeza de puente la vanguardia de los yuyos que algún día serán Buenos Aires. En la glorieta coquetona, muy fin de siglo, el doctor Luis Viale, que hace ciento veinte años le ofreció su salvavidas a una dama en un naufragio para poder ahogarse como un caballero, sigue tirando el mismo salvavidas a un yuyal florecido por los calores. Aquí, el mundo se ha detenido en aquel gesto de bronce, inútil, perfectamente innecesario. Más allá, más tarde, otra corredora, treinta años largos y mallita stretch, rubiona de tintorería, interpelará al pelado:

– No es un pobre tipo, es un asesino condenado por la Justicia.

– ¿Qué justicia? ¿La misma que lo largó? La justicia sólo sirve para condenar a los pobres tipos. La justicia largó a estos y a los otros, en cambio mirá a Monzón, que tuvo un desliz y sigue adentro. Lo que no me explico es lo de la iglesia. A este todos lo condenan y después va el obispo y lo bendice. Uno se pregunta si ese obispo representa al mismo Dios en el que yo creo. ¡Qué arrogancia, por favor, qué arrogancia!

Dirá el pelado, y el de la indiferencia, de vuelta de otra vuelta, se acercará trotando.

– El otro día el tipo éste pasaba por al lado del campo de deportes del colegio Buenos Aires y a los pibes se les fue la pelota a la calle. Entonces lo vieron y le gritaron tío, tío, tirá la pelota. Y el tipo fue y se la tiró. Los pibes ni lo reconocieron, pero yo me quedé pensando que al final el tipo se tuvo que arrodillar para agarrar la pelota igual que yo, igual que cualquiera se tuvo que arrodilar, te das cuenta?

El ex vuelve caminando desde el sur. Al rato se le suma su mujer, que se escapa en cuanto ve a Calviño con el tele en ristre. Me pregunto por qué habrá elegido este lugar. Su casa está en Figueroa Alcorta, al lado de los bosques de Palermo, pero es probable que aquello resulte demasiado público. Acá, en cambio, no hay más que un grupito de habitués que incluye a varios oficiales del Ejército que vienen desde el Comando en jefe; entre ellos, el general Martín Balza. Pero, de todas formas, hay algo de desafiante en el hecho de correr en un paseo público, no ocultarse en un club, en una quinta. Como quien reivindicara el derecho de usar una ciudad que fue suya. Como quien no temiese a los piquetes de paseantes que le fueran ocupando los espacios, expulsándolo de los espacios que fueron suyos cuando era la muerte.

El ex ya está llegando a la glorieta, con la vena muy hinchada.

– Si yo hubiera hecho lo que hizo usted, tendría mucho miedo.

– Si usted hubiera hecho algo, no estaría acá.

Dice, en un gruñido, sin mirarme, y no termino de entender la amenaza. Lo sigo, diciéndole estúpidamente que la repita, que la repita si se atreve, pero él camina hacia el coche donde lo espera el ropero. No me queda mucho más, él se está yendo y sólo por respeto me parece que debería gritarle algo. Entonces le grito asesino y él se da vuelta, me mira, entra en el coche. Como todos los lunes, miércoles y viernes, a las nueve, en Cangallo y Costanera.

(Este texto se publicó en un diario que entonces se llamaba Página/12. Al otro día se formaron grupos para ir a la Costanera Sur a interceptarlo y el dictador -pobre consuelo- no pudo usarla más.)

Actualización: comentaristas me reprochan que no diga que Videla murió preso por la política de derechos humanos de este gobierno. Es cierto. También es cierto que el doctor Kirchner era gobernador menemista en 1991, cuando el entonces presidente Menem amnistió a Videla y sus adláteres, y no esbozó la menor crítica -que muchos manifestamos en las calles. También parece cierto que la acumulación de esas y otras manifestaciones hizo que el doctor y su esposa entendieran que cambiar su política con respecto a los dictadores sería bienvenido por una parte importante de la sociedad. Y que les serviría para poner en segundo plano otros aspectos mucho menos populares de sus gobiernos.

Muerte de un asesino >> Pamplinas >> Blogs Internacional EL PAÍS

Que o inferno lhe seja longo!

Filed under: Inferno,Jorge Rafael Videla — Gilmar Crestani @ 11:01 am
Tags:

 

EL PAIS › Murió el dictador Jorge Rafael Videla

Golpe en el infierno

Por Victoria Ginzberg

Falleció en el penal de Marcos Paz, donde estaba preso, condenado por delitos de lesa humanidad. Fue el principal brazo ejecutor del terrorismo de Estado y, como tal, responsable de asesinatos, torturas y robo de niños.

El pais › PANORAMA POLITICO

Alivio

Por Luis Bruschtein

La muerte de Videla generó alivio. En la sociedad, en general. Por supuesto, para los familiares de sus miles de víctimas hubo sentimientos más profundos. Pero las coberturas de la mayoría de los… [+]

EL pais › OPINION

De olvido y siempre gris

Por Mario Wainfeld

“El director del Colegio Militar, Videla, firme, cuadrado, seguía haciendo la venia a su superior (…) El helicóptero presidencial estaba ya a setenta metros del suelo y el (entonces dictador)… [+]

El pais › EN 1985, VIDELA FUE CONDENADO EN EL JUICIO A LAS JUNTAS Y EN 1998 FUE DETENIDO POR EL ROBO DE BEBES

Tres condenas y muchas más pendientes

Por Alejandra Dandan

La Cámara Federal lo sentenció a perpetua, pero Menem lo indultó en 1990. Como el robo de bebés quedó fuera de las leyes de obediencia debida y de punto final, pudieron volver a detenerlo. Ahora lo juzgaban por el Plan Cóndor.

El pais › TATY ALMEIDA Y NORA CORTIÑAS, DE MADRES DE PLAZA DE MAYO LINEA FUNDADORA

La importancia de que muriera preso

Almeida destacó el trabajo de los organismos y el impulso del gobierno de Kirchner a los juicios. Cortiñas se preocupó por los archivos que podría guardar Videla.

El pais › OPINION

El general de las tinieblas

Por José Pablo Feinmann

Un importante fragmento del mal abandona este mundo en que el mal es omnipresente. Que Videla se muera hoy ya no tiene importancia. Todo el mal que quiso hacer, lo hizo. Todos los seres humanos que… [+]

El pais › EL GOBIERNO DESTACO QUE VIDELA PAGO SUS CRIMENES POR LOS JUICIOS IMPULSADOS DURANTE ESTOS AÑOS

“Murió juzgado y preso en una cárcel común”

Por Nicolás Lantos

Funcionarios y legisladores del kirchnerismo resaltaron la política de derechos humanos del Gobierno.

El pais › DE DERECHA A IZQUIERDA, EN EL ARCO OPOSITOR CONDENARON A VIDELA

Repudio, pero con diferencias

Por Werner Pertot

Macri y los suyos fueron escuetos en los comentarios. Los radicales resaltaron la figura de Raúl Alfonsín, que lo llevó al banquillo. Desde el centroizquierda y la izquierda fueron unánimes en la condena.

El pais › LOS ULTIMOS REPORTAJES DE VIDELA MOSTRARON QUE NO SE MOVIO EN NADA DE SU IDEARIO DE 1976

El que nunca aprendió a arrepentirse

Fueron tres charlas con un periodista español derechista, publicadas en Cambio 16. El ex dictador detenido se victimizó, maldijo al Gobierno y repitió las ideas de siempre sobre “delincuentes subversivos” y orden.

El pais › OPINION

Videla murió como debía

Por Mempo Giardinelli

La noticia de la muerte del dictador, que fue dueño de vidas y destinos durante los años más crueles de la historia argentina, no deja de ser conmovedora. Pero no por piedad, ni por alegría… [+]

Economia › DURANTE SU GOBIERNO SE SENTARON LAS BASES DEL NEOLIBERALISMO ECONOMICO DE LOS ’90

La herencia económica que dejó Videla

Por Javier Lewkowicz

Desindustrialización, especulación financiera, endeudamiento y fuga de capitales son conceptos claves de la etapa, signada por una intensa intervención estatal que discriminó la manufactura local a través de la valorización financiera.

Economia › OPINION

Exito y fracaso

Por Claudio Scaletta

Fue señor de la vida y de la muerte durante los años más oscuros. Pero aun en el poder máximo, Jorge Rafael Videla no fue el poder, sino su brazo armado. Debieron transcurrir muchos años para que… [+]

El pais › EL MUNDIAL ’78 QUE ARGENTINA GANO MIENTRAS TORTURABAN GENTE A POCAS CUADRAS DE RIVER

El Mundial que armó para perpetuarse

Por Gustavo Veiga

A Videla le importaba poco el deporte en general y el fútbol en particular. Pero buscó en la pasión argentina la manera de mantenerse en el poder. Hubo sospechas en las obras y en aquel 6 a 0 de Argentina a Perú.

El pais › OPINION

Un hombre minúsculo

Por Hugo Cañón

Hasta cierto instante el dictador estuvo vivo, luego murió. Transitó con certeza de la vida a la muerte. No hubo intervalos, huecos, incertidumbres, incógnitas. Estaba vivo y murió, así de… [+]

El pais

Las voces del hasta nunca

Producción: María Daniela Yaccar, Emanuel Respighi y Oscar Ranzani. NORMAN BRISKI (DIRECTOR, DRAMATURGO Y ACTOR) “Algo de Videla tenemos todos” “Una frase que me sale es que se murió la… [+]

El pais › OPINION

Mucho más que la muerte

Por HIJOS Capital

Se murió mucho más que la muerte. Se murió uno de los mayores asesinos de nuestro pueblo: el genocida Videla. Se murió sin decirnos dónde están los cuerpos de los compañeros desaparecidos y los… [+]

Página/12

Cabo no rabo e pá de terra por cima

Filed under: Ditadura,Jorge Rafael Videla — Gilmar Crestani @ 11:01 am
Tags:

Por que todo fdp demora para morrer?

Encontro com o “assassino filho de mil prostitutas”

Kiko Nogueira 17 de maio de 2013 3

O relato de uma entrevista que não aconteceu com o ditador argentino Jorge Rafael Videla, morto hoje.

Videla

Videla

Jorge Rafael Videla morreu na sexta, 17 de maio, aos 87 anos, na prisão de Marcos Paz, onde cumpria pena perpétua pelos crimes cometidos durante a ditadura militar argentina.

Videla governou o país entre 1976 e 1981, depois de um golpe que depôs María Estela Martínez de Perón. Em 1985, foi sentenciado à perpétua. Em 1990, Menem, então presidente, o liberou num indulto, junto com outros militares e chefes de polícia.

Em 2010, num novo julgamento, Videla ganhou de novo a prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade. Foi considerado responsável também por um esquema de sequestros de recém-nascidos de militantes mortos ou desaparecidos. Numa entrevista ao jornalista Ceferino Reato, Videla admitiu ter sido responsável direto pelas “mortes e desaparecimentos de entre 7 mil e 8 mil pessoas”. “Eu sabia tudo o que estava acontecendo e autorizei tudo”, disse. “Tenho peso na alma, mas não estou arrependido de nada”.

Nos anos 90, enquanto indultado, Videla fazia exercícios na Costanera Sur, um parque ecológico nas cercanias de Buenos Aires. Num desses passeios, encontrou o escritor e jornalista Martín Caparrós. Caparrós havia retornado à Argentina depois de um exílio na Europa, primeiro em Paris e depois em Madri. Hoje é colunista do El País.

Ele escreveu sobre o dia em que esteve com o general, tentando entrevista-lo, acompanhado de um cinegrafista. Como no caso da morte de Margaret Thatcher na Inglaterra, a de Videla está provocando mais júbilo do que tristeza no país. O relato de Caparrós é sobre os bastidores de uma reportagem que ele não conseguiu fazer – e sua impotência patética diante de um monstro. “Durante anos, eu me perguntei que ideia de jornalismo me impediu de partir o gravador em sua cabeça”.

O assassino filho de mil putas Jorge Rafael Videla, digno militar argentino, acaba de morrer. Ele morreu, por sorte, em uma prisão. Seu desaparecimento – seu desaparecimento – é um alívio para todos. É raro que a morte seja uma alegria, mas agora é. Alguns, neste momento, lamentam que ele não tenha sofrido como suas vítimas. Sem comparar, eu acho que ele sofreu muito ao ver que os argentinos ricos que o apoiaram quando seu governo torturava e matava o abandonaram.

Mas essa é outra discussão. Eu me lembro da única vez em que o vi. Em 1991, um indulto de Carlos Menem o havia soltado.

O general Videla estava livre e alguns amigos me disseram que, durante muitas manhãs, ele passeava pela Costanera Sur, antes da reforma de Puerto Madero, então um lugar muito marginal.

Lá estávamos nós, Rafael Calvino e eu. Como você poderá ver, no final tivemos uma breve conversa. Durante anos, muitas vezes eu me perguntei por que razão, que medo, que ideia de jornalismo me impediu de partir o gravador em sua cabeça. Ou de pelo menos tentar.

O ginásio de Videla

Eram apenas 08:30 quando o Peugeot 504 veio de Cangallo devagar, tranquilo, e pegou a Costanera até o fim, até a fragata Sarmiento. O carro era cinza, seminovo, absolutamente discreto, só com uma antena a mais.

Liliana Imas Heker e Ernesto tinham me dito dois dias antes.

– Quando eu vi pela primeira vez eu não podia acreditar. Na verdade, eu não vi, eu ouvi. Eu estava fazendo flexões e, de repente, ouvi uma voz muito seca, muito forte, que me disse: “Bom dia, senhor”. Levantei a cabeça e o vi. Até hoje a impressão perdura.

Imas disse isso. E Heker disse que não sabia o que fazer.

– Queríamos que ele fosse reconhecido, era terrível que este homem estivesse andando por aí como se nada tivesse acontecido.

Uma antena a mais não é grande coisa esses dias. Dentro do carro – placa C1386767 – estavam uma senhora obesa, um gorila e um homem magro com um bigode que estava dirigindo com a janela aberta, tomando o ar da manhã fria. O ex-general, ex-presidente, ex-salvador do país, ex-presidiário e ex-assassino Jorge Rafael Videla estava indo, toda segunda, quarta e sexta-feira, fazer exercícios matinais.

No julgamento de 2010

No julgamento de 2010

– Começou a aparecer no final de outubro, disse Imas. E nunca parou desde então.

O carro pegou de surpresa a Calvino e a mim. Embora o estivéssemos esperando, ao invés de parar, o carro continuou, virou e dirigiu-se para o Sports City Armando. Pensávamos que o havíamos perdido: eu achei que, pelo menos, tinha arruinado sua manhã esportiva, e imaginava pessoas invadindo distraidamente o lugar que o homem frequentava, apenas para foder um pouco sua vida.

Esperamos mais um tempo e ele não retornou. No final, nós começamos a caminhar em direção a um coreto. Ao chegarmos, encontramos o carro; ao lado, encostado na grade do calçadão, o gorila lia no jornal sobre o empate do Boca e, um pouco mais adiante, no gramado da avenida, o ex resfolegava por causa do esforço dos abdominais.

– Eu não vou falar. Estou fazendo a minha atividade diária.

Fazia um tempo que eu caminhava ao seu lado. O ritmo era forte e ele fingia não me ouvir. Eu gritava:

– Mas você não se preocupa por estar num lugar público?

– Você não tem medo?

– Eu não fiz o que você fez.

– São questões de critério.

Ele disse isso sem rodeios, sem me olhar uma única vez, e saiu correndo com suas pernas magras. Estava sozinho. O guarda-costas continua lendo o jornal, quieto, e ele trota, como se estivesse assobiando. Usa calção azul, camiseta azul e uma toalha de mão que passa na cara de vez em quando. Para um homem da sua idade, sua condição física é notável. Apesar do suor e das veias saltadas nas têmporas, como se prometessem explodir.

O lugar é idílico, muito verde e quase deserto. Há jacarandás em flor e as vozes benignas de muitos pássaros. No meio da avenida, entre as árvores, jovens gritam e se empurram. O ex passa por eles, alguém o reconhece e todo o grupo fica imobilizado, congelado.

– Eu o mato com a indiferença.

Diz, mais tarde, um garoto de cabelo curto, um dos frequentadores do local.

– Para mim, é de morte o cara correr como qualquer um, com tudo o que ele fez, mas é melhor matá-lo com indiferença.

– Sim, porque você vê que ele olha para você para que seja reconhecido, para que você possa dizer alguma coisa.

– Sim, ele te desafia.

– Não, ele quer cumprimentá-lo. No começo, ele ficava lá no final do calçadão, perto da fragata, mas agora vem até aqui, ganhou confiança.

Diz outro corredor, de seus quarenta anos, o cabelo cinza impecavelmente penteado, sem suar.

– Eu vim aqui para correr e o resto não me importa, você sabe.

Mas agora o ex continua trotando suavemente, afiado, e um entregador de jornais passa de bicicleta ao seu lado e o cobre de elogios. Não ouvi as palavras, mas compreendi os gestos, os sorrisos. Um caminhoneiro o saúda e o ex responde com o braço erguido.

– Outro dia ele estava correndo na minha frente e eu o ultrapassei bruscamente para ver o que acontecia e ele virou-se rapidamente, assustado. O tipo deve ter medo, com o passado que tem.

– Eu não dou nada por ele, como faço com qualquer milico, digamos, perto do fim, um sessentão muito bronzeado. Porque ele não me fez nada, nem a algum parente meu, então eu não tenho nada contra ele.

A Costanera Sul é remanescente de outro tempo, outro país. A ruína do que o país seria quando tinha um futuro, uma parte da cidade que a natureza está recuperando lentamente. No coreto, no final do século, o Dr. Luis Viale, há 120 anos, ofereceu seu casaco a uma senhora em um naufrágio, a fim de se afogar como um cavalheiro. Aqui, o mundo parou num gesto de bronze, inútil, perfeitamente desnecessário.

Uma outra corredora, de seus 30 anos, diz:

– Ele não é um cara mau, é um assassino condenado pela justiça.

– Que tipo de justiça? A mesma que o soltou? Justiça só serve para condenar os pobres. A justiça soltou esse cara e outros. O que eu não entendo é a igreja. Eles o condenam e depois o bispo o abençoa. Me pergunto se o bispo crê no mesmo Deus que eu acredito. Que arrogância, por favor, que arrogância!

O ex caminha de volta. Depois de um tempo, aparece sua esposa, que foge ao ver Calvino com a câmera na mão. Eu me pergunto por que escolheu esse lugar. Sua casa é na Figueroa Alcorta, ao lado dos bosques de Palermo, mas é provável que seja muito popular. Aqui, no entanto, há apenas um punhado de gente, entre eles oficiais do exército. Mas, de qualquer forma, há algo desafiador no fato de ele estar num passeio público e não escondido em um clube ou numa quinta. Como quem reivindica o direito de usar uma cidade que era dele.

O ex está chegando ao coreto com a veia muito inchada.

– Se eu tivesse feito o que você fez, teria muito medo.

– Se você tivesse feito alguma coisa, não estaria aqui.

Ele diz isso com um grunhido, sem olhar para mim, e não entendo muito bem a ameaça. Eu o sigo, dizendo estupidamente que repita, que repita se tiver coragem, mas ele caminha até o carro onde o espera o segurança. Eu não sei mais o que fazer, ele está saindo e só por respeito eu acho que devo gritar alguma coisa. Então eu grito “assassino” e ele se vira, olha para mim e entra no carro. Como acontece toda segunda, quarta e sexta, às 9 horas, em Cangallo e na Costanera.

^Topo

TAGS » dcm, desaparecidos, ditadura militar Argentina, jorge rafael videla, martín caparrós, morte de videla, presos políticos

Postado em » Mundo

Sobre o autor: Kiko Nogueira Veja todos os posts do autor Kiko Nogueira

Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Diário do Centro do Mundo – Encontro com o “assassino filho de mil prostitutas”

Um depoimento insuspeito

Filed under: Argentina,Ditadura,Jorge Rafael Videla,Roubo de bebês — Gilmar Crestani @ 8:58 am
Tags: ,

Depoimento insuspeito, já que Clóvis Rossi trabalha para a “ditabranda” da Folha…

E pensar que ainda há gente (gente?) que não só apoiou com tem saudade da ditadura militar?! É por isso que, quando ouço alguém defendendo a ditadura militar, mais amo os animais. Nem mesmo as antas são tão imbecis.

Sofri o medo que as ditaduras injetam no corpo e na alma

Notei que um baixinho gordinho sempre aparecia em locais a que eu ia

CLÓVIS ROSSI, COLUNISTA DA FOLHA

Jorge Rafael Videla, o maior símbolo da ditadura argentina do período 1976/83, morreu onde devia mesmo morrer: na cadeia.

Não é o caso de fazer um balanço do que foi esse terrível período da história argentina, prenhe, aliás, de períodos terríveis.

Só vou falar do medo, o medo tremendo que ditaduras injetam no corpo e na alma até de quem, como eu, nem argentino sou.

Medo que começou quando a sucursal da Folha em Brasília iniciou as gestões junto à embaixada argentina para que eu obtivesse o visto de residência, já que havia sido designado correspondente do jornal em "mi Buenos Aires querido".

Era 1980, Videla era o presidente de turno da ditadura. A informação inicial foi a de que não me dariam o visto porque eu não era jornalista, "era militante".

Não era exatamente mentira. Nunca militei em partido algum, mas militava, sim, como voluntário em defesa dos direitos humanos, sob o generoso guarda-chuva da Arquidiocese de São Paulo, então comandada por dom Paulo Evaristo Arns.

Ser carimbado como militante pela ditadura argentina equivalia quase a uma sentença de morte. Por isso, hesitei a princípio em assumir o posto, ainda mais pelo risco a que exporia a família.

Mas acabei indo, torcendo para que o fato de ser correspondente funcionasse como um habeas corpus preventivo, embora precário.

Funcionou em termos. Até que, um dado dia, apresenta-se em meu apartamento Eduardo Pereyra Rossi (sem parentesco), um dos sete "comandantes", como os Montoneros, o grupo peronista dedicado à luta armada, chamava seus principais líderes.

Era um dos sete homens mais procurados pela máquina de matar dos militares. Eduardo me fora apresentado em São Paulo, durante as férias, por um amigo comum.

Conversamos um bom tempo. Ao despedir-se, me pediu que eu observasse da sacada até que ele dobrasse a esquina. Se fosse preso antes, que eu fizesse a denúncia.

Eduardo, naquele dia, dobrou a esquina, mas uns dez dias depois, foi morto em um suposto "enfrentamiento".

Aí, começaram os problemas mais sérios. Primeiro, um roubo no apartamento, quando estávamos todos fora, em que levaram notas de US$ 50 e US$ 100, mas deixaram as de US$ 10. Você conhece ladrão comum que deixa notas de dólar encontradas na mesma gaveta em que estavam as roubadas?

O objetivo era deixar a mensagem de que eu estava sendo vigiado e podiam fazer o que quisessem. Após outro episódio similar, chamamos a polícia, que, porém, não procurou impressões digitais nas portas, alegando que em portas de madeira não ficam impressões digitais.

Depois, começou o seguimento na rua. Notei que um baixinho gordinho aparecia frequentemente em locais a que eu ia. Um dado dia, apareceu na porta da galeria em que ficava a lavanderia a que eu levava a roupa (a família estava de férias no Brasil).

Depois, reapareceu na estação do metrô perto de casa, e desceu na mesma estação que eu. Eu havia marcado encontro com um advogado (comunista) da Liga dos Direitos do Homem, num café da praça Lavalle, no centro.

Entrei no café, sentei e, pelos janelões, vi que ao baixinho gordinho se juntara um mais alto, espigado, de óculos escuros, bolsa tipo capanga embaixo do braço. Ficaram olhando para o café, e eu olhando para eles.

O advogado não apareceu. Deduzi que havia sido preso, que meu nome e telefone estavam na agenda dele e por isso eu estava sendo seguido.

Saí depois de uma hora de espera. Quando dei meia volta após um tumulto qualquer na pracinha, dei de cara com o baixinho gordinho, que me seguiu até o metrô.

Pouco mais tarde, vou almoçar no café da esquina de casa. Não demora e entram o baixinho gordinho e o da bolsa capanga. Não consigo comer, já aterrorizado.

Vou à sede da Liga dos Direitos do Homem, saber do meu amigo advogado. Não estava, não aparecia havia dias. Parecia confirmar-se a minha dedução sobre sua prisão.

Desço e, no térreo, ao fechar a porta pantográfica do elevador (prédio antigo, elevador antigo), dou de cara com um gigante de 2 metros de altura. Pensei: "Agora, engrossaram e mandaram um bem grandão para me fazer desaparecer". Era apenas a minha imagem no espelho. O episódio me ensinou o efeito devastador que o medo provoca, em situações que você não pode controlar.

A Folha achou prudente antecipar viagem já programada para a América Central para cobrir as guerras em andamento. Fui e mesmo tendo caído em fogo cruzado em El Salvador, eu ao menos sabia quem era quem e de onde vinha o perigo.

Na guerra argentina, o terror era promovido pelas sombras de um Estado tomado por uma máquina de matar.

PS – Meu amigo advogado tinha apenas ido visitar a mãe doente no interior.

23/04/2013

Los crímenes coordinados por el Plan Cóndor

Filed under: Argentina,Ditadura,Jorge Rafael Videla,Plano Condor — Gilmar Crestani @ 8:53 am
Tags:

Videla es uno de los imputados por delitos de lesa humanidad.

Hoy se reanudarán las audiencias del juicio oral por la causa del Plan Cóndor, en el que son juzgados veinticinco acusados, entre ellos el ex presidente de facto Jorge Rafael Videla, por crímenes de lesa humanidad cometidos durante la dictadura.

El Tribunal Oral en lo Criminal Federal 1 de Capital tiene previsto comenzar con las indagatorias. Si bien los imputados pueden negarse a declarar, se sabe que varios lo harán.

El juicio busca establecer responsabilidades por crímenes cometidos en el marco de la colaboración represiva de las dictaduras de Chile, Bolivia, Uruguay, Perú, Paraguay y Brasil. Los jueces Adrián Federico Grunberg, Oscar Ricardo Amirante, Pablo G. Laufer y Ricardo Angel Basílico deben valorar en este marco las pruebas reunidas en un grupo de investigaciones judiciales que fueron acumuladas.

Hoy, antes de preguntar a los imputados si quieren declarar, deben resolver las cuestiones preliminares planteadas por los abogados defensores en la última audiencia.

Además de Videla, entre los imputados están el dictador Reynaldo Benito Bignone, Santiago Omar Riveros, Luciano Benjamín Menéndez y el marino Antonio Vañek.

Los represores son juzgados por delitos en perjuicio de 106 víctimas, la mayoría de ellas uruguayos, pero también paraguayos y chilenos.

Entre los acusados hay uno que anticipó explícitamente su intención de declarar. Se trata del coronel Carlos Tragant, quien durante la dictadura tuvo poder en la zona de Mendoza y San Juan. Por otra parte, Videla, que recientemente dio un reportaje a la revista española Cambio 16, habló en una de las audiencias, pero no sobre el tema del juicio, sino para desmentir haber llamado a alzarse en armas contra el Gobierno, como se leía en la publicación.

Casi todos los acusados ocuparon puestos de decisión durante la dictadura, por lo que deben responder como autores mediatos de los crímenes investigados. Sólo dos de los imputados, Miguel Angel Furci y el uruguayo Miguel Cordero, están procesados como autores directos de los secuestros, torturas y asesinatos. Los dos actuaron en el centro clandestino de detención Automotores Orletti, que fue la sede del Plan Cóndor en la ciudad de Buenos Aires.

Página/12 :: El país :: Los crímenes coordinados por el Plan Cóndor

29/03/2013

Papa dá pontapé inicial no contra-ataque

Para entender o papel do novo Papa, leia este texto do Operamundi. É sintomático que o novo arcebispo tenha saudado Jorge Rafael Videla, o carniceiro da ditadura argentina. Líder de uma religião surda-muda, declara que falta diálogo na Argentina. Interessantes eram os diálogos do gorilas, a quem o novo arcebispo saudou, com a vítimas nos famosos vôos da morte: “-Sabe voar?”

Quanto ao novo Papa, seu lava-pés não engana ninguém, senão vejamos:

Beatifican a curas europeos

“El Papa beatificó a 58 sacerdotes asesinados durante la Guerra Civil Española y a un italiano que ayudó a los judíos durante la Segunda Guerra Mundial, pero no al cordobés Carlos de Dios Murias, torturado y asesinado por la dictadura.”

Francisco nomeia arcebispo de Buenos Aires

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Nomeado pelo papa novo arcebispo de Buenos Aires, Mario Aurelio Poli disse que, no posto, sua relação com a presidente argentina, Cristina Kirchner, será de "respeito e colaboração, mas com a devida distância e diferença".

Poli, 65, até agora bispo de Santa Rosa, província de La Pampa, assumirá como arcebispo em 20 de abril, ocupando o posto que foi de Jorge Bergoglio até 13 de março, quando ele foi eleito papa.

O bispo foi questionado pela imprensa sobre a relação com Cristina ao final da missa que celebrou em um presídio para menores de idade em Santa Rosa.

A declaração sobre "distância e diferença" em relação à Casa Rosada foi destacada pelos jornais argentinos críticos ao governo.

Remonta à má relação de Cristina com o então cardeal Jorge Bergoglio -agora substituída por troca de gestos públicos de amabilidade desde a escolha dele como papa.

Os veículos de comunicação ligados ao governo preferiram destacar outras declarações de Poli, na qual afirma que seu papel é "pastoral", e não político.

"O pastor não pode ter nenhuma bandeira, caso contrário perderíamos parte do nosso rebanho. Volto a dizer: os padres somos pastores. Não sou político, não quero criar falsas expectativas."

Poli nasceu em Buenos Aires em 29 de novembro de 1947 e estudou direito e ciências sociais na Universidade de Buenos Aires, onde se formou em serviço social.

Aos 22, entrou para o seminário metropolitano de Buenos Aires e foi ordenado sacerdote em 1978.

Assim como Francisco, de quem foi bispo auxiliar entre 2002 e 2008, Poli é conhecido por gestos de austeridade.

O novo arcebispo foi protagonista, em agosto de 2012, de um episódio que provocou repúdio social. Foi quando o sacerdote de sua diocese Jorge Hidalgo parabenizou pelo Facebook o ex-ditador Jorge Videla: "Não foram 30 mil [desaparecidos pela ditadura], nem foram inocentes. Feliz aniversário, general".

Uma semana depois, em carta, Poli disse que Hidalgo havia causado "grave dano à igreja" e "profundo pesar".

24/03/2013

A pomba da paz viu as bombas de pás

Filed under: Adolfo Pérez Esquivel,Jorge Rafael Videla,Papa Francisco — Gilmar Crestani @ 6:44 pm
Tags: ,

Adolfo Pérez Esquivel en 2005: Para Bergoglio “aquellos que trabajaban socialmente con los sectores más pobres, más necesitados, eran comunistas, subversivos, terroristas”.

SUBNOTAS

Se equivocó la paloma

En 2005, Pérez Esquivel dijo que el “ambiguo” Bergoglio creía que el trabajo con los pobres era cosa de “comunistas, subversivos, terroristas” y rogó al Espíritu Santo que estuviera bien despierto en el cónclave y no se equivocara. Esta semana, alguien muy parecido a él se abrazó con el papa Francisco y consideró erróneas mis afirmaciones sobre Bergoglio. Un rapto de unanimidad sin espacio para argumentos o disidencias, como en el Mundial o Malvinas. La prensa mundial divulga lo que aquí es tabú.

Por Horacio Verbitsky

El 15 de abril de 2005, los cardenales llegaban desde todo el mundo a Roma, convocados para elegir al sucesor de Juan Pablo II como obispo de Roma. En el canal América, los periodistas Rolando Graña, Román Lejtman y Facundo Pastor citaron para su programa, Informe central, a la Madre de Plaza de Mayo Marta Ocampo de Vázquez, al Premio Nobel de la Paz de 1980, Adolfo Pérez Esquivel, y a mí. Las imágenes son acompañadas por la leyenda “El Papable. El oscuro pasado de Jorge Bergoglio”. Aparecen los documentos de mi investigación, con la firma y el sello de Bergoglio, mientras yo explico lo mismo que vengo repitiendo desde entonces. Pérez Esquivel recuerda que muchos obispos tenían un doble discurso, que cuando estaba detenido los obispos le decían a su esposa que intercederían por él “y después hacían todo lo contrario”. La pregunta concreta es sobre el desempeño del cardenal argentino. Sin dudar, Pérez Esquivel responde que “la actitud de Bergoglio se inscribe dentro de todas estas políticas de pensar que todos aquellos que trabajaban socialmente con los sectores más pobres, más necesitados, eran comunistas, subversivos, terroristas”. Marta Vázquez niega que Bergoglio haya hecho algo por la libertad de los sacerdotes Orlando Yorio y Franz Jalics. “El quería que desaparecieran totalmente.” Los periodistas piden opiniones sobre la posible elección del ex jefe jesuita. Pérez Esquivel responde con seguridad: “Un papa tiene que tener definiciones muy claras, muy concretas. Bergoglio es un hombre inteligente, es un hombre capaz, pero es una persona ambigua. Espero que el Espíritu Santo ese día esté despierto, y no se equivoque”.

El 18 de abril, los 115 cardenales se encierran en la Capilla Sixtina. Los temores de Pérez Esquivel están cerca de concretarse. Según su autobiografía, El Jesuita, Bergoglio fue el principal competidor de Joseph Ratzinger, quien resultó electo cuando el argentino decidió “dar un paso al costado” y pedir a todos que votaran por el alemán. Pérez Esquivel puede respirar tranquilo. El Espíritu Santo se mantuvo despierto, y el cardenal ambiguo que consideraba comunistas, subversivos, terroristas a quienes hacían trabajo social, vuelve a Buenos Aires como Arzobispo y presidente de la Conferencia Episcopal, mientras Ratzinger comienza su pontificado como Benedicto XVI.

Ocho años no es nada

En 2010, la revista alemana Der Spiegel proclama “el papado fallido” de Benedicto XVI y anticipa su posible alejamiento y retiro a un monasterio, para hacer penitencia por su fracaso. Al mismo tiempo, en Buenos Aires, Bergoglio publica su libro de autoalabanzas, en respuesta a las acusaciones que yo documenté y que Pérez Esquivel le formuló en aquel programa. El 11 de febrero de este año, el anticipo se concreta. Ratzinger anuncia en latín desde San Pedro que carece de vigor tanto del cuerpo como del espíritu para ejercer su ministerio y que lo abandonará a partir del 28. El 12 de marzo los cardenales se encierran bajo los frescos bíblicos de Miguel Angel y al día siguiente la chimenea arroja el esperado humo blanco. Bergoglio se asoma a la ventana histórica y anuncia en un italiano campechano que ha elegido el nombre de Francisco, porque un cardenal amigo le pidió que no se olvidara de los pobres. Ahora que el Espíritu Santo se distrajo como él temía, ¿qué dirá Pérez Esquivel? Su primera declaración afirma que otros obispos colaboraron con la dictadura, pero no Bergoglio, que a lo sumo no fue demasiado enérgico en la defensa de los derechos humanos. El Papa lo invita a visitarlo. Alguien muy parecido a Pérez Esquivel se reúne con Francisco en el Vaticano, el jueves 21. Hablan de la pobreza y de los derechos humanos, que no se agotan en los juicios por los crímenes dictatoriales, y se despiden con un porteño abrazo. Al salir, con la cúpula de San Pedro a sus espaldas, el visitante recibe a los periodistas. Está radiante de satisfacción. “Quizá Bergoglio no acompañó en la lucha, pero sí hizo una diplomacia silenciosa. Creo que Verbitsky comete muchos errores con acusaciones de ese tipo”, dice. ¿Qué ha ocurrido? ¿Es posible que un impostor se haya hecho pasar por el Premio Nobel de la Paz y haya engañado a la seguridad vaticana, al Papa y a los periodistas y que imite tan bien la voz característica del fundador del Serpaj? Mientras se esclarece si era él o no, son útiles algunas precisiones. Los cargos los formularon las víctimas de los secuestros de mayo de 1976. Yo me limité a reproducir lo que los tres escribieron (Yorio en una carta dirigida en 1977 al superior general de la Compañía de Jesús a través de su asistente; Mignone en su libro Iglesia y dictadura, de 1986, y Jalics en su obra de 1994, Ejercicios de Contemplación. Introducción a la forma de vida contemplativa y a la invocación a Jesús). También publiqué la versión autoindulgente de Bergoglio y entrevisté a Yorio, a Jalics y a la viuda de Mignone, Angélica Sosa, de modo que mi presunto error no estaría en los hechos, sino en haberlos publicado. Entramos en el terreno del delito de opinión. Distinto es el caso de Alicia Oliveira, que siempre ha dicho lo mismo de su amigo, padrino de bautismo de uno de sus hijos, porque vio a Bergoglio ayudando a sacerdotes en riesgo, está convencida de que en todos los casos actuó del mismo modo y considera infame cualquier demostración en contrario. Para estar a tono con el momento, perdono todo lo que ha dicho, pero no puedo tomarlo como un aporte al debate. Ella ya sostuvo la misma polémica con Mignone y cuando escribí sobre el tema consigné con todo detalle la posición de cada uno, con el respeto que ambos me merecen, igual que Pérez Esquivel. Para salir de dudas, se incluye aquí el link a la entrevista de 2005 en la que Pérez Esquivel reza para que no sea electo ese hombre ambiguo que denuncia el trabajo social como subversivo y terrorista (http://youtu.be/Qu2iET8fc5s). No hay mucho más que decir.

Tras un manto de neblina

De tanto en tanto, la sociedad argentina es atacada por raptos de euforia en los que un tema central reclama la unanimidad de las voluntades y la exclusión de los disidentes, como si su mera existencia ofendiera la exaltada sensibilidad colectiva. Ese poder hipnótico parece capaz de abolir diferencias, historias personales e intereses sociales. El que no salta es un inglés, o un holandés, o un cuerpo extraño a la Nación y enemigo del pueblo.

Los hijos de dos queridos compañeros pasaron en mi casa la tarde del invierno de 1978 en que terminó el campeonato mundial de fútbol. Una oleada humana con banderas bloqueaba las calles y en gran parte de la ciudad no circulaba el transporte. El nene, de cuatro años, caminaba aferrado a mi mano. Desde abajo miraba con recelo ese espectáculo desconocido. La nena, de un año y medio, pidió una banderita, con la que montada sobre mis hombros se sumó a la algarabía. Cuando llegamos caminando a la casa donde vivían, estaba el televisor prendido y la abuela repetía pasos de comparsa con una vincha y una bandera.

–Ahora que llegaron voy a salir yo a festejar, para que en Europa vean que aquí no corren ríos de sangre –dijo.

Sólo atiné a responder:

–¿No corren?

El hechizo se disipó y reaparecieron los contornos de la realidad brutal: el altar en la ventana, consagrado al padre de los chicos, asesinado nueve meses antes por el Ejército, velas encendidas y la carta de la madre, con el cuento infantil que le permitieron dibujar en el campo de concentración del que jamás regresó.

El obispo José Miguel Medina defendió los miles de millones de dólares que costó organizar el torneo, por “haber reflotado la argentinidad”. Sobre todo le entusiasmaba el uso de los colores de la bandera, que hizo “brillar por su ausencia los símbolos extraños de cierto rojo y de ciertas estrellas”.(1) Los católicos liberales de la revista Criterio (que dirigía el sacerdote Rafael Braun Cantilo, amigo de la familia Zorreguieta y confesor de la princesa Máxima, y en cuyo consejo asesor participaban el crítico de arte de Clarín, Fermín Fèvre, y el ahora columnista de La Nación Natalio Botana) objetaron que las denuncias sobre los campos clandestinos de concentración eran parte “de una batalla sobre la opinión pública”. (2) Interpretaron los festejos como “una opinión colectiva respecto de la forma en que era tratada, y maltratada, la patria en el extranjero. Una suerte de razón pública expresó su hartazgo por la crítica grosera, interesada o de mala fe”.(3) El ex decano de la Facultad de Teología de Buenos Aires y luego obispo Carmelo Giaquinta reflexionó en forma implacable sobre su conducta de aquel día, cuando festejó en la calle con sus alumnos al grito de El que no salta es un holandés. “¿Posible? Yo, que en mi vida fui sólo dos veces a la cancha, que apenas entiendo una pizca de fútbol, gritando como un estúpido, haciéndome cómplice del silencio que con ese triunfo se tendía sobre todos los crímenes de lesa humanidad. Merecería un tribunal como el de Nüremberg. […] La misma Comisión episcopal de Migraciones y Turismo, ¿cómo no fue más crítica de la situación y sacó, en cambio, una declaración de apoyo al Mundial? […] No tuvo que haber olvidado jamás que el escenario del Mundial era esta Argentina que tenía la obligación de estar de luto”. (4)

No sólo en las calles se gozó la fiesta de todos. El 29 de junio, el nuncio apostólico Pio Laghi reunió al Episcopado con la Junta Militar, algunos generales de la represión y dirigentes políticos. –Es la resurrección de la clase media –comentó el cardenal Raúl Primatesta.

–Es que antes la calle era de otros –completó Videla. (5) Varias veces, Laghi usó esos contactos para interceder por algunos casos especiales, como el licenciado en Letras Carlos Grosso, profesor en la Universidad jesuita de El Salvador. Grosso fue secuestrado durante el campeonato mundial y su empleador, Franco Macrì, intercedió por él ante el nuncio. Luego de una consulta, Laghi respondió que Grosso sería liberado en cuanto se borraran las huellas de las torturas que había padecido. Así fue. (6)

Aquella locura colectiva se repitió en 1982 con el desembarco en las islas Malvinas, apenas dos días después del salvaje castigo a una manifestación por pan, paz y trabajo. Hasta los perseguidos por la dictadura festejaron y ofrecieron su colaboración para la empresa patriótica, sin importar que el Comandante-Presidente fuera el ex jefe del campo de concentración rosarino de la Quinta de Funes y que los oficiales jefes que condujeron a las tropas hubieran participado en la represión clandestina, entre ellos Alfredo Ignacio Astiz y Mohamed Alí Seineldín, sobre quienes los apologistas inventaron historias conmovedoras, como la resistencia clandestina de los inexistentes Lagartos o los rezos que detuvieron la tempestad y llevaron a bautizar el operativo bélico como Virgen del Rosario. Mientras aquí se celebraba un ficticio reencuentro de pueblo y Fuerzas Armadas, desde su exilio europeo Raimundo Ongaro hacía llegar advertencias sobre lo que estaba por ocurrir, que nadie tenía interés en escuchar. Quienes sentían en forma más aguda ese extravío eran los soldados que fueron expedidos a las Malvinas sin vestimenta ni equipamiento adecuados, cuando escuchaban por la radio las versiones triunfalistas sobre lo que estaban padeciendo e incluso el entusiasmo que se extendía a los partidos del nuevo campeonato mundial, que se jugó en los días de la batalla. Pero llegó la resaca, como llegará ahora, y lo que quedó de aquellas jornadas fue la foto de una solitaria Madre de Plaza de Mayo en medio de la muchedumbre con un cartel que decía: “Las Malvinas son argentinas. Los desaparecidos también”.

(1) AICA, Boletín 1128, 3 de agosto de 1978, p. 10.
(2) “Vivir el Mundial”, Criterio, N 1789, 8 de junio de 1978.
(3) “Un triunfo para la paz”, Criterio, N 1791, 13 de julio de 1978.
(4) Carmelo Giaquinta, “Un obispo se confiesa”, revista Umbrales, editada por los padres dahonianos, Nº 62, mayo de 1996.
(5) “La calle era de otros”, Extra, Nº 157, julio de 1978.
(6) Luis Majul, Los dueños de la Argentina, Sudamericana, Buenos Aires, 1992, p. 139.

Página/12 :: El país :: Se equivocó la paloma

17/03/2013

Gaspari,o idiota

Filed under: Elio Gaspari,Jorge Rafael Videla,Papa Francisco — Gilmar Crestani @ 7:50 am
Tags:

Elio Gaspari se acha. Depois de servir de capacho aos milicos, vem dar lição de civilidade, e por isso tem espaço cativo nos grupos mafiomidiáticos. Suas colunas são sempre ácidas, bem escritas, mas cheias de verdades absolutas sem lastro na realidade. São opiniões bem pagas. E não é por desinformação, não, é por intere$$e. Hoje, na Folha, bem depois do Financial Times e do The Economist, chama Guido Mantega de idiota. Na sequência faz a defesa do novo Papa, com esta pérola: “Francisco tem um "alertômetro". Evita dar a comunhão a notórios vigaristas e jamais se deixa fotografar com eles.

A imagem abaixo descontrói o achômetro do idiota dos generais:

Na foto, Jorge Bergoglio quando ainda não era Papa Francisco, fotografado com o Papa Hóstia e dublê de ditador, condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, Jorge Rafael Videla… Seu Bergoglio dava na boquinha!

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo é um idiota e ouviu o ministro Guido Mantega dizer que, se houver "abusos" com os preços de mercadorias que tiveram seus impostos desonerados, o governo poderá suspender os benefícios. O cretino não sabe definir "abusos", mas acha que, nesse caso, os preços subirão ainda mais e ele pagará a conta pela valentia do ministro.

UMA CARIDADE PARA FRANCISCO, LEIA SEU LIVRO

O papa Francisco precisa de uma ajuda. Leiam seu livro "Sobre el Cielo y la Tierra". (O e-book está à venda na Amazon americana por US$ 6,99, mas, por arte de Asmodeu, está fora da loja eletrônica brasileira.) Tem 215 páginas e saiu no início do ano passado. Trata-se de um longo diálogo com o rabino Abraham Skorka. Coisa inteligentíssima. É impossível lê-lo e sair por aí repetindo rótulos tais como "conservador" ou "homem simples" porque anda de ônibus. A simplicidade do cardeal Bergoglio vai muito além. Ele vê o catolicismo como algo despojado: "Bispos e padres têm que sujar os pés de barro". Uma das suas mais duras críticas (depois das lambadas nos ladrões-milionários) vai para os meios de comunicação que simplificam as agendas, tornando-as irrelevantes ou insolúveis: "Desinformam".

Até a noite de quarta feira o signatário não sabia quem era ele. No dia seguinte, não encontrou um só bergogliólogo que mostrasse ter lido o livro de Francisco. Ele é tudo menos um clérigo conservador. (Segundo o fidedigno jornalista Horácio Verbitsky, há 30 anos ele deu uma mãozinha à ditadura, numa época em que a hierarquia católica estava casada com os generais. Bergoglio admitiu que foram cometidos erros genéricos, mas não assumiu responsabilidade pessoal.)

Pode ser conservador um cardeal que quer abrir os arquivos do Vaticano para que se estude o Holocausto? Ele é contra o casamento de homossexuais e o aborto, mas isso não é conservadorismo, é a doutrina da igreja. Pílula? Astuciosamente calado. Em diversas ocasiões critica a conduta da igreja, seu regalismo e a promiscuidade com afortunados que fingem fazer caridade. Propõe tolerância zero para os pedófilos e chama o velho truque de transferi-los para outras paróquias de "estupidez".

O papa Francisco é um jesuíta severo. Diz que senhoras emperiquitadas, "vestidas, ou desvestidas", em casamentos não vão às igrejas para um ato religioso, mas para exibirem-se. Tabela de preços para cerimônias? "Isso é fazer comércio com o culto." Ao mesmo tempo, reconhece que casais morando juntos antes do matrimônio são um "fato antropológico".

Francisco tem um "alertômetro". Evita dar a comunhão a notórios vigaristas e jamais se deixa fotografar com eles.

O livro é muito melhor que este breve resumo. Quem lê-lo viverá umas boas duas horas. Não pode ser conservador (seja lá o que isso significa) uma pessoa que diz o seguinte:

"O religioso às vezes chama atenção sobre certos pontos da vida privada ou pública porque é o condutor da paróquia. Ele não tem direito de se meter na vida privada dos outros. Se Deus, na criação, correu o risco de nos tornar livres, quem sou eu para me meter?"

16/03/2013

Opção preferencial por… ditadores!

Filed under: Ditadura,Jorge Rafael Videla,Papa Francisco,Pinochet — Gilmar Crestani @ 1:22 pm
Tags: ,

 

Il Papa, i desaparecidos e la complicità

“Nel 2000 chiese perdono a nome dell’intera chiesa argentina: ‘Siamo stati indulgenti verso le posizioni totalitarie… Attraverso azioni e omissioni abbiamo discriminato molti dei nostri fratelli, senza impegnarci abbastanza nella difesa dei loro diritti. Supplichiamo Dio che accetti il nostro pentimento e risani le ferite del nostro popolo’…”.

Scrive così Adriano Sofri su La Repubblica, citando alla lettera le parole dell’allora arcivescovo di Buenos Aires, oggi nuovo Papa di Santa Madre Chiesa con il nome di Francesco.

Sono stati indulgenti, dice lui, con la dittatura dei generali argentini colpevoli dell’assassinio di migliaia di oppositori, perlopiù giovani uomini e donne. Indulgenti con quella pratica orribile, indescrivibile nel suo totale sprezzo di ogni pietà, di caricare sugli aerei i corpi narcotizzati per gettarli dall’alto nelle acque profonde del Rio de la Plata o nell’oceano, avendo cura di sventrarli prima in modo che poi gli squali finissero il lavoro. Da quelle acque non è più tornato nemmeno l’ombra di un brandello di essere umano.

No, si direbbe proprio che non si siano "impegnati abbastanza". Si direbbe piuttosto che non si siano impegnati per niente.

30 o 40mila persone sono sparite in Argentina. E altrettante persero la vita grazie a quell’Augusto Pinochet che accolse con baci e abbracci l’altro Papa, il Giovanni Paolo II tanto acclamato dalle giovanili folle plaudenti, che si affacciò sorridente sul balcone de La Moneda dove Salvator Allende era stato ammazzato. Come, nel frattempo, altre decine di migliaia di persone erano state ammazzate da quel losco figuro che stava accanto al "Santo Padre".

Ne ho già parlato in un articolo intitolato “Desaparecidos: la Chiesa sapeva e taceva e non avevo voglia di tornarci sopra.

Ma la repelente bagarre sul coinvolgimento o non coinvolgimento personale di questo Papa, mi ha fatto cambiare idea. È stato complice, no non lo è stato….

In realtà non ha alcuna importanza se lui, proprio lui di persona, abbia denunciato degli oppositori e partecipato attivamente alla repressione, oppure se non lo abbia fatto. La questione vera, la sola questione che importa è che sapevano e tacevano. Che tutta la Chiesa, argentina e romana, sapeva e taceva.

O meglio dicevano cose orribili: "Quando c’è spargimento di sangue, c’è redenzione: Dio sta redimendo la nazione argentina per mezzo dell’esercito argentino", parole del provicario dell’epoca, Victorio Bonamìn. Mai smentito da nessuno e tantomeno scomunicato per l’evidente esaltazione mistica di uno sterminio di massa.

Sapevano. E tacevano. E la gente moriva anche per il loro silenzio, anche grazie a loro.

Prassi ecclesiastica. Settanta anni fa sei milioni di persone, e forse più, venivano polverizzate perché ebree. E altre centinaia di migliaia perché omosessuali o rom o malati di mente o oppositori. E anche allora essi, i buoni pastori di Santa Madre Chiesa, sapevano. E non dissero niente.

Poi, ciclicamente, chiedono scusa. E, secondo loro, questo è sufficiente. Dieci ave, pater e gloria (o comunque si chiamino quelle litanie che borbottandole dovrebbero "salvare") e la coscienza torna a posto. Non però la vita di quelli che, con il loro silenzio, hanno soppresso o contribuito a sopprimere fra inimmaginabili sofferenze. Quella, la vita soppressa, quella non torna.

Il Papa, i desaparecidos e la complicità – AgoraVox Italia

Teu passado te condena

Filed under: Jorge Rafael Videla,Papa Francisco — Gilmar Crestani @ 1:11 pm
Tags:

 

Francisco e os passarinhos

Francisco e os passarinhos

Charge do Aroeira

Novo papa adotará o nome de Rafael II em homenagem a seu mentor

Jorge Mario e Jorge Rafael

Vergüenza Ajena

Blog Sujo

23/09/2012

Repudio y pedido de verdad

Filed under: Argentina,Ditadura,Jorge Rafael Videla — Gilmar Crestani @ 5:23 pm

SUBNOTAS

El documento entregado a la Conferencia Episcopal exige que repudien las declaraciones de Videla y le nieguen la comunión, asuman sus responsabilidades personales y ordenen a los capellanes militares decir la verdad.

Por Washington Uranga

La Conferencia Episcopal Argentina recibió el jueves un pedido de condena pública de la jerarquía católica a las declaraciones del ex dictador Jorge Rafael Videla. El documento tiene el respaldo de 350 cristianos, en su gran mayoría laicos, integrantes de organismos de derechos humanos, trabajadores, intelectuales, periodistas, docentes y miembros de comunidades de base. Las declaraciones del genocida fueron realizadas a la revista española Cambio 16 y al periodista Ceferino Reato y son una admisión de responsabilidad en el terrorismo de Estado, además de un reconocimiento de la complicidad de la institución eclesiástica y de los obispos con la dictadura. Se solicita también que se lo prive de participar en la eucaristía hasta tanto exprese su arrepentimiento por los delitos cometidos y su voluntad de reparar los daños causados.

El texto está dirigido a todos los niveles de la Conferencia Episcopal en la persona de su presidente, el arzobispo de Santa Fe José María Arancedo, y fue entregado por el promotor de la iniciativa, el escribano Hernán Patiño Meyer. El documento señala que “esta inédita situación de reconocimiento criminal por un lado y de señalamiento de corresponsabilidades eclesiásticas por otro, constituye sin duda un escándalo que por su magnitud reclama de parte de quienes nos sentimos miembros de la misma comunidad de creyentes y ante el incomprensible silencio de los obispos, una reacción impostergable”. Pide que además de la “condena categórica” a las manifestaciones de Videla se actúe mediante “la negación de su acceso a la eucaristía hasta tanto no se produzcan las condiciones previstas para concederle el sacramento de la reconciliación, que no son otras que el arrepentimiento, el reconocimiento de los pecados cometidos y la voluntad de reparar sus consecuencias”.

La carta lleva la firma, entre otros, de Estela de Carlotto, presidenta de Abuelas de Plaza de Mayo, de Taty Almeida, Mirta Baravalle, Aurora Bellochio, Laura Conte, Nora Cortiñas, Haydée García Buela, Beatriz Lewin, Marta Ocampo (todas integrantes de Madres de Plaza de Mayo – Línea Fundadora); de los periodistas Liliana López Foresi, Víctor Hugo Morales y Gustavo Cirelli; del músico y embajador ante Unesco Miguel Angel Estrella, de la cantante Marilina Ross y del propio patrocinante y ex embajador argentino en Uruguay, Hernán Patiño Meyer. Entre los religiosos se cuentan el coordinador del Grupo de Sacerdotes de la Opción por los Pobres, Eduardo de la Serna, el ex candidato a gobernador de Formosa, sacerdote Francisco Nazar, curas, monjas y pastores evangélicos.

Los firmantes sostienen que “es la historia la que nos interpela como cristianos y por ello necesitamos dirigirnos a los actuales integrantes del Episcopado exhortándolos y exigiéndoles acciones concretas que repudien las afirmaciones del dictador y demandarles también los gestos y decisiones que contribuyan a reparar y poner fin al daño causado por las inconductas de sus antecesores”. Se afirma que “resulta imposible negar que, en la mayoría de los casos por omisión, en algunos otros por complicidad activa y afinidad ideológica, la jerarquía fue incapaz de cumplir con su misión de enfrentar con decisiones claras y contundentes a una tiranía contraria a los principios y valores de nuestra fe”.

Al reconocer que de la actual composición de la jerarquía católica “no forma parte ninguno de los que como obispos convivieron con el terror estatal”, advierten que estos obispos tienen “la oportunidad de liberarnos de la pesada mochila de un pasado que cargaron los que, por decir lo menos, no supieron, no pudieron o no quisieron estar a la altura de sus responsabilidades pastorales”.

Subrayan los firmantes que “no nos mueve otro interés que el más sincero deseo de que la Iglesia, de la que somos parte, no hipoteque una vez más su autoridad moral y con ella su credibilidad y potencialidad evangelizadora”. Entre otros interrogantes que se formulan está si “¿puede seguir integrando la comunidad cristiana quien reconoce públicamente y sin arrepentimiento alguno haber encabezado como su máxima autoridad un gobierno tiránico durante el cual, y siguiendo sus órdenes, se torturó, asesinó y se hizo desaparecer a miles de seres humanos?”.

La jerarquía católica argentina nunca hizo un reconocimiento completo de las responsabilidades institucionales de sus obispos. Algunos pedidos genéricos de perdón fueron incluidos en distintos documentos, pero en ningún caso hubo asunción directa de responsabilidades y condena de los miembros de la Iglesia que estuvieron directamente comprometidos. Aun en el caso de un condenado por delitos de lesa humanidad, como Christian Von Wernich, sigue gozando del amparo eclesiástico hasta el punto que se le permite celebrar misa, hecho que también se denuncia en el documento.

Existe por otra parte un reconocimiento “con admiración” a la “minoría de pastores que alzaron su voz para dar testimonio del mensaje evangélico”, recordando entre ellos a los asesinados obispos Angelelli y Ponce de León, y a De Nevares, Novak, Hesayne y Devoto.

Un párrafo especial se dedica a los capellanes militares a quienes se sindica como cómplices. “Es casi imposible que quienes estuvieron en unidades militares empeñadas activamente en la denominada ‘guerra sucia’ hayan ignorado lo que ocurría, menos aún los que ejercían su ‘ministerio’ en donde funcionaban centros clandestinos de detención.” Por eso “creemos que es una obligación ineludible de la jerarquía exigir que aquellos sacerdotes que hayan colaborado o tenido conocimiento transmitan a las autoridades de la Iglesia, bajo el apercibimiento de ser sancionados automáticamente con las penas canónicas más severas, toda información que permita identificar el destino final de los desaparecidos y de los hijos que permanecen aún secuestrados y privados de su identidad”.

Página/12 :: El país :: Repudio y pedido de verdad

05/08/2012

Igreja Católica nos dois lados da ditadura argentina

Filed under: Ditadura,Igreja Católica,Jorge Rafael Videla — Gilmar Crestani @ 12:09 pm

 

La muerte de un obispo argentino persigue a Videla

Procesado el exdictador por el crimen de Angelelli en 1976

Alejandro Rebossio Buenos Aires 5 AGO 2012 – 01:41 CET52

Videla, en el juicio el pasado julio. / JUAN MABROMATA (AFP)

Un mes antes de que las Fuerzas Armadas de Argentina dieran el golpe de Estado del 24 de marzo de 1976 y comenzara así la más sangrienta dictadura de su historia (1976-83), un obispo argentino escribió una carta a sus pares, los mismos que en su mayoría colaborarían o callarían ante el régimen: “Es hora de que abramos los ojos y no dejemos que generales del Ejército usurpen la misión de velar por la fe católica. No es casualidad querer contraponer la Iglesia de Pío XII a la de Juan XXIII y Pablo VI. Por ahí se me cruza por la cabeza el pensamiento de que el Señor anda necesitando la cárcel o la vida de algún obispo para despertar y vivir más profundamente nuestra colegialidad episcopal”.

El 4 de agosto de 1976, hace 36 años, Enrique Angelelli perdió la vida en un accidente de coche en su diócesis, La Rioja. La dictadura informó de que un neumático había reventado, pero un tribunal de apelaciones de Córdoba ha ratificado hace dos semanas que la cubierta no explotó y que el accidente fue provocado, y ha confirmado el procesamiento por homicidio del entonces dictador Jorge Videla y de otros cuatro jefes militares. Angelelli es el símbolo de la otra Iglesia, la que sufrió persecuciones y crímenes por oponerse a la dictadura.

En los últimos días se han conocido nuevas declaraciones de Videla a la revista El Sur en las que reconocía que la jerarquía de la Iglesia local sabía que las decenas de miles de desaparecidos en realidad habían sido eliminadas por el régimen e incluso afirmaba que el nuncio apostólico, Pio Laghi, y algunos de los principales obispos argentinos lo habían asesorado sobre cómo manejar esa información. De hecho, acordaron que los religiosos revelaran la verdad a los familiares de víctimas que no fueran a hacer un “uso político de la información”.

Pero mientras todo eso se cocinaba, algunos obispos, sacerdotes, monjas, catequistas y otros laicos de movimientos católicos fueron perseguidos por los militares y muchos de ellos perdieron su vida, como Enrique Angelelli. La justicia argentina investiga si el accidente de coche en el que murió en 1977 el entonces obispo de San Nicolás, Carlos Ponce de León, también fue un atentado. Además, otros 16 sacerdotes, seis seminaristas, un religioso, dos monjas (francesas, secuestradas en la parroquia porteña de Santa Cruz) y 33 laicos fueron asesinados o desaparecieron entre el año 1974 (cuando gobernaba Juan Domingo Perón, pero ya actuaba la parapolicial Alianza Anticomunista Argentina) y el año 1983, según la lista que elaboró un activista católico de derechos humanos, Emilio Mignone, en su libro Iglesia y dictadura.

“Hubo dos iglesias”, cuenta Arturo Pinto, el entonces sacerdote que acompañaba a Angelelli en el coche. Pinto sufrió lesiones por el accidente, fue ingresado y ya entonces dijo que otro vehículo se les había cruzado en el camino para desviarlos. Eso fue lo que pudo declarar ante la justicia cuando regresó la democracia. El obispo de La Rioja, que conducía aquel día, llevaba consigo una carpeta con documentación sobre el asesinato de dos curas de su diócesis para presentarla ante Pablo VI. “Tuve la impresión de que nos sobrepasó un vehículo y se nos cruzó. Lo único que recuerdo es un golpe muy fuerte”, recuerda Pinto.

“Eran contados con los dedos de una mano los obispos que se oponían a la Iglesia que colaboró con el terrorismo de Estado”, añade quien un año después dejó los hábitos. Mignone señaló que solo cuatro purpurados se opusieron a la dictadura, entre ellos Angelelli, y cinco se mostraron sensibles con las familias de desaparecidos, incluido Ponce de León. “Enrique Angelelli era aliado del pueblo, de los marginados, de los que luchaban por la tierra, el trabajo, la dignificación de la vida, abierto, amigo,comprometido con el hombre, la mujer y la política”. Sus detractores eran políticos, militares, hacendados y periodistas de La Rioja que lo calificaban de comunista, tercermundista y guerrillero.

La muerte de un obispo argentino persigue a Videla | Internacional | EL PAÍS

Próxima Página »

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

%d blogueiros gostam disto: