Ficha Corrida

10/09/2014

“Vidas em troca de terra” é roubo. Puro e simples

Filed under: Israel,Palestina,Roubo,Roubo made in USA! — Gilmar Crestani @ 9:41 am
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Israel não passa de uma grande base militar dos EUA no Oriente Médio. Tire o Pitbull e o valente vira-lata se transforma em poodle.

A política de Israel “vidas em troca de terra” é roubo. Puro e simples

Robert Fisk | Beirute – 09/09/2014 – 16h56

Visão do mundo: Israel rouba terra, os palestinos perdem terra; é assim que funciona. É assim desde 1948, e é assim que continuará a ser.

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E foi assim que mais uma fatia da terra palestina foi pelo cano abaixo. Mais uns 400 hectares de terra palestina foram roubados pelo governo de Israel – porque… "apropriação" é roubo, não? – e o mundo já deu as desculpas de sempre. Os norte-americanos consideraram o roubo "contraproducente" para a paz, o que provavelmente menos vigoroso do que a sua reação caso o México roubasse 400 hectares de terra do Texas e resolvesse construir ali casas para os seus emigrantes ilegais nos EUA. Mas, não. Foi na "Palestina" (as aspas são mais necessárias do que nunca) e Israel conseguiu continuar a roubar, embora não nesta escala – este foi o maior roubo de terra em 30 anos, desde que foi assinado o Acordo de Oslo em 1993.

O aperto de mão entre Rabin-Arafat, as promessas e transferências de territórios e retiradas militares, e a determinação de deixar tudo o que é importante (Jerusalém, refugiados, o direito de retorno) para o fim, até que todos confiassem tanto uns nos outros que a coisa seria facílima – não surpreende que o mundo tenha feito descer sobre os dois a sua generosidade financeira.

Mas o recente roubo de terras não apenas reduz a "Palestina", também mantém o círculo de concreto armado no entorno de Jerusalém para manter os palestinos bem distantes, tanto da capital, que é suposto partilharem com israelitas, como de Belém.

Em meio a trégua em Gaza, Abbas ameaça romper unidade com Hamas
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Foi instrutivo saber que o conselho israelita judeu Etzion, que administra os colonatos ilegais na Cisjordânia, considerou que este roubo é um castigo pelo assassinato de três adolescentes israelenses em junho. "O objetivo dos assassinatos dos três jovens foi semear o medo entre nós, interromper a nossa vida quotidiana e questionar o nosso direito [sic] à terra", anunciou o conselho Etzion. "A nossa resposta é reforçar a colónia". Deve ser a primeira vez que a terra na “Palestina” é confiscada sem serem convocados argumentos relativos à segurança nacional ou a autoridade pessoal de Deus, mas sim vingança.

Assim se cria um precedente interessante. Se a vida de um israelita inocente – cruelmente ceifada – vale cerca de 130 hectares de terra, a vida de um palestiniano inocente – também cruelmente ceifada – vale a mesma porção de terra. E se metade, que seja, dos 2.200 palestinos mortos em Gaza no mês passado – e esse é um número conservador – fossem inocentes, nesse caso os palestinos teriam agora, presumivelmente, direito a 132.000 hectares de terras israelitas; na realidade, muito mais. E por mais "contraproducente" que isto seja, com certeza os EUA não aprovariam. Israel rouba terra, os palestinos perdem terra; é assim que funciona. É assim desde 1948, e é assim que continuará a ser.

Nunca haverá uma "Palestina", e o mais recente roubo de terra é apenas mais um ponto acrescentado no livro das consternações que os palestinos têm de ler, enquanto os seus sonhos de terem um Estado se vão diluindo. Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do "presidente" palestiniano Mahmoud Abbas, afirmou que o seu líder e as forças moderadas na Palestina tinham sido "apunhalados pelas costas" pela decisão dos israelitas, o que é dizer pouco. Abbas tem as costas completamente apunhaladas, de cima a baixo. E o que esperava ele quando escreveu um livro sobre as relações entre palestinos e israelitas em que não escreveu nem uma única vez, uma que fosse, a palavra "ocupação"? O que significa que voltamos ao velho jogo. Abbas não pode negociar com ninguém a menos que fale pelo Hamas ou pela Autoridade Palestina. Como Israel sabe. Como os EUA sabem. Como a União Europeia sabe. Mas cada vez que Abbas tenta construir um governo de unidade nacional, todos nós gritamos que o Hamas é uma organização "terrorista". E Israel argumenta que não pode conversar com uma organização "terrorista" que exige a destruição de Israel – ainda que Israel costumasse conversar muito com Arafat e, naqueles dias, tenha ajudado o Hamas a construir mais mesquitas em Gaza e na Cisjordânia, para servirem como contrapeso ao Fatah e a todos os outros então "terroristas" lá de Beirute.

Claro, se Abbas fala só por si, então Israel diz o que já disse: que se o Abbas não fala por Gaza, Israel não tem com quem negociar. Mas isso realmente ainda interessa? Devia existir uma manchete especial em todos os artigos deste género: "Adeus, Palestina".

(*) Publicado originalmente no Esquerda.net

Opera Mundi – A política de Israel “vidas em troca de terra” é roubo. Puro e simples

09/09/2014

Aumenta consumo de carne humana

Filed under: Costa Rica,Israel,Tráfico de Órgãos — Gilmar Crestani @ 7:50 am
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TraficonRins à venda

Desespero é comum em vendas de rins

Traficantes de órgãos exploram doadores e pacientes desesperados

Por KEVIN SACK

RAMAT GAN, Israel – Tirando o valor cobrado, quase US$ 200 mil, o surpreendente foi como foi fácil para Ophira Dorin comprar um rim.

Dois anos atrás, diante da perspectiva de passar anos fazendo diálise, Dorin começou a procurar um intermediário que pudesse ajudá-la a furar a longa fila de espera por órgãos para transplante em Israel. Sem conseguir encontrar doador compatível entre familiares e amigos, ela encarava uma batalha diária contra a náusea, exaustão e depressão. Em pouco tempo sua família descobriu três nomes: Avigad Sandler, ex-corretor de seguros suspeito de tráfico; Boris Volfman, emigrado ucraniano e protegido de Sandler, e o empresário Yaacov Dayan.

Como o New York Times descobriu em uma investigação sobre o comércio global de órgãos para transplante, os três homens estavam entre os maiores operadores no mercado israelense clandestino de rins. Há anos eles embolsam valores enormes por organizar transplantes no exterior para pacientes que recebem seus rins novos de doadores estrangeiros, conforme mostram documentos.

A Organização Mundial da Saúde estima que a oferta de órgãos transplantáveis não satisfaz um décimo da demanda. Especialistas dizem que milhares de pacientes por ano provavelmente recebem transplantes ilícitos no exterior. Quase sempre as pessoas que vendem seus órgãos são pobres e mal informadas sobre os riscos.

Uma análise feita pelo NYT dos maiores casos de tráfico de órgãos desde 2000 sugere que israelenses exerceram um papel desproporcional na atividade. Isso se dá em parte porque restrições religiosas relativas à morte e à profanação mantêm os índices de doação de órgãos de mortos em níveis tão baixos que alguns pacientes sentem que não têm alternativa senão procurar em outra parte.

"Quando uma pessoa precisa de um transplante de órgão, ela faz tudo o que estiver a seu alcance" para consegui-lo, disse Meir Broder, alto assessor jurídico do Ministério da Saúde israelense.

O desespero se evidenciou no funcionamento do canal de turismo de transplantes que levou Ophira Dorin e outros pacientes estrangeiros a Costa Rica entre 2009 e 2012. O NYT rastreou a rede de San José, a capital de Costa Rica, até Ramat Gan, distrito comercial movimentado próximo a Tel Aviv.

O governo costa-riquenho não sabe ao certo quantos estrangeiros receberam transplantes de órgãos de origem suspeita. Mas o NYT identificou 11 pacientes -seis israelenses, três gregos e dois residentes americanos- que viajaram a San José para fazer transplantes de rins obtidos de moradores locais. Dois outros israelenses localizados trouxeram doadores de Israel com eles.

A rede foi criada por um grupo de participantes que incluiu intermediários israelenses ricos, um nefrologista costa-riquenho e intermediários que recrutavam doadores em um táxi e uma pizzaria. Quatro pacientes israelenses ou fontes próximas deles identificaram Yaacov Dayan, conhecido como Koby, como sendo quem os levou a Costa Rica.

As autoridades costa-riquenhas investigam a operação há mais de um ano. Mas não está claro se a polícia costa-riquenha ou israelense já vinculou os transplantes a Dayan ou outros intermediários israelenses.

A família de Ophira Dorin foi encaminhada a Avigad Sandler, que disse estar enviando clientes ao Sri Lanka por US$ 200 mil em dinheiro vivo, Dorin contou. Os colegas de trabalho da paciente promoveram um evento para levantar fundos, e seus pais refinanciaram sua casa.

Um cambista disse à mãe de Dorin que seu tio tinha feito um transplante de rim no Sri Lanka por menos dinheiro que isso. O intermediário usado pelo tio em questão, Boris Volfman, pediu US$ 10 mil à vista e disse a Dorin que ela teria que levar os outros US$ 150 mil ao Sri Lanka. No dia seguinte a polícia israelense prendeu Volfman, Sandler e outros por suspeita de tráfico de órgãos. As suspeitas não tinham relação com o caso de Dorin.

O revés durou pouco tempo. Foi organizado um encontro com Dayan, que, segundo Dorin, disse que um transplante na Costa Rica sairia por US$ 175 mil. Ele tomou o cuidado de não especificar que esse valor incluiria um rim. "Mas ficou subentendido que o pagamento abrangeria tudo, incluindo o órgão", disse Dorin.

Ela contou que parte do dinheiro foi transferida eletronicamente para um hospital em San José e que ela fez um pagamento ao nefrologista Francisco José Mora Palma, que supervisionou seu transplante. Mora então pagou US$ 18,5 mil a um desempregado de 37 anos por seu rim, de acordo com um documento do tribunal.

Horas depois de Dorin chegar a San José, em junho de 2012, Mora teve um encontro com ela e o doador em seu hotel. Ali, ela disse, eles assinaram declarações juramentadas em espanhol, idioma que ela não sabe ler, jurando que o dinheiro não trocaria de mãos.

"Minha situação era crítica", contou Dorin. "Eu não me sentia bem, e minha condição estava se agravando. Mesmo sabendo que era ilegal, acho que eu não teria feito nada diferente."

Viagens médicas

Em 2012, cerca de 50 mil visitantes já gastavam US$ 330 milhões por ano na Costa Rica com procedimentos tão diversos quanto tratamentos de canal e abdominoplastias, segundo o Conselho para a Promoção Internacional da Medicina de Costa Rica.

Especialistas como nefrologistas e cirurgiões de transplantes precisam trabalhar em hospitais públicos, onde recebem possivelmente US$ 7.000 mensais. Mas podem ganhar mais que isso trabalhando fora de seu horário normal em hospitais particulares, dando atendimento a pacientes ricos.

Chefe de nefrologia no hospital público Rafael Ángel Calderón Guardia, o Dr. Mora também tinha privilégios nos hospitais particulares Clínica Bíblica e La Católica. Ele disse em vídeo que um transplante de rim poderia custar US$ 250 mil nos Estados Unidos.

Mora não respondeu a reiterados pedidos de entrevista.

Os que forneceram rins a pacientes estrangeiros foram, em sua maioria, homens de baixa renda e baixo nível de instrução.

Duas doações foram organizadas por um imigrante grego em Costa Rica, Dimosthenis Katsigiannis, que tem 56 anos e é proprietário da pizzaria Akropolis.

De acordo com seu advogado, em 2009 Katsigiannis recebeu uma ligação de um parente que precisava de um transplante. Ele fez algumas perguntas a médicos que frequentavam seu restaurante e foi encaminhado ao Dr. Mora.

Um homem de 38 anos que ofereceu um rim por cerca de US$ 5.500 ficou tão satisfeito que seu irmão mais velho procurou fazer o mesmo, disse o advogado de Katsigiannis, Jesús Gilberto Corella Quesada. Segundo o advogado, Katsigiannis não recebeu nada por seu envolvimento.

As autoridades disseram que vendedores subsequentes foram recrutados por Maureen Cordero Solano, 33 anos, uma policial que também era taxista. Ela recebeu US$ 1.000 de Mora por doador, segundo um mandado de busca.

O NYT descobriu que os transplantes de Ophira Dorin e dois outros israelenses foram organizados por Dayan, que negou enviar pacientes a Costa Rica.

Acordo abortado

A polícia de Israel se negou a comentar se está investigando o caso de Costa Rica. A investigação feita pela Costa Rica cresceu após um episódio em 18 de março de 2013 em que um casal costa-riquenho chegou ao aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv. Rosa, então com 20 anos, e Roberto, 26, eram naturais do planalto central costa-riquenho, onde o café e a cana-de-açúcar são cultivados em férteis encostas vulcânicas. (O NYT não publicou seus nomes completos porque eles são considerados testemunhas protegidas.) Nenhum deles tinha estado fora do país ou viajado de avião antes.

O embaixador de Costa Rica em Israel, Rodrigo X. Carreras Jiménez, disse que o casal chamou a atenção da polícia quando desembarcou com apenas uma mala, pouco dinheiro e tendo como único plano encontrar um desconhecido na saída de passageiros.

"Eles acabaram confessando que tinham vindo para vender um rim da moça", disse Carreras. Disseram que o Dr. Mora era o intermediário.

Contatados em Costa Rica, Rosa e Roberto disseram não saber por que foram enviados a Israel, sendo que o normal era que as pessoas que receberiam os transplantes viajassem até Costa Rica.

Eles tinham contraído empréstimos de quase US$ 3.000 e estavam tendo dificuldade em saldar a dívida. Roberto ganhava US$ 500 mensais como guarda de segurança, e Rosa estava concluindo o colegial. Eles tinham um bebê e viviam numa favela. Roberto contou que uma parente -Maureen Cordero- lhe propôs uma saída. Quando exames médicos desqualificaram Roberto como doador, Rosa se ofereceu para doar um rim.

No aeroporto, segundo Carreras, uma enfermeira chegou e pediu para extrair sangue de Rosa. Um advogado também apareceu. Ele e a enfermeira foram mandados embora. O advogado, Lior Lev, disse que um cliente, cujo nome ele se recusou a informar, o tinha mandado à procura do casal. Documentos legais mostram que Lev já representou Yaacov Dayan em outras questões.

Rede desbaratada

Em 18 de junho de 2013, policiais costa-riquenhos invadiram o hospital Calderón Guardia e prenderam o Dr. Mora. O Organismo de Investigação Judicial, o FBI do país, também prendeu Maureen Cordero e apreendeu registros médicos de Mora. O médico passou quatro meses preso, até pagar fiança de US$ 180 mil.

Os documentos apreendidos levaram as autoridades a várias pessoas que tinham vendido seus rins e resultaram na prisão, em outubro, do cirurgião vascular Victor Hugo Monge Monge, que havia transplantado os órgãos, e dos dois urologistas que os extraíram dos doadores.

Uma porta-voz do promotor principal disse que acusações criminais formais devem ser feitas contra Katsigiannis, Mora e os três outros médicos. Maureen Cordero está cooperando com a promotoria, e as pessoas que venderam seus rins foram incluídas num programa de proteção do governo.

"Nenhum deles está em boa condição financeira, social ou de saúde", disse Henry Madrigal Ledezma, do Organismo de Investigação Judicial.

A direção do hospital La Católica, onde foi realizada a maioria dos transplantes, não respondeu a pedidos de declarações. O hospital Clínica Bíblica disse que não poderia ter suspeitado que doadores e receptores organizariam transplantes baseados "em declarações falsas".

O escândalo levou a Assembleia Legislativa costa-riquenha a aprovar uma lei em março que endurece as restrições ao tráfico de órgãos.

Não foram feitas acusações a Sandler, Volfman e seus colaboradores. A investigação parecia estar fechando o cerco em torno deles quando a polícia israelense prendeu um dos ajudantes de Volfman, em abril. Numa audiência, o superintendente de polícia Meir Arenfeld disse que a polícia e promotores estavam estudando transplantes organizados na Turquia pela empresa de Volfman, Leshem Shamaim. No final do ano passado, nefrologistas israelenses notaram que receptores de rins estavam retornando de Ancara, a capital turca.

Um deles trazia registros médicos encaminhados por um funcionário da Leshem Shamaim.

"Está claro para nós que essas pessoas venderam seus corpos por centavos", disse Arenfeld, aludindo aos doadores.

Colaboração de Irit Pazner Garshowitz, em Jerusalém, e de Mónica Quesada Cordero, de San José, Costa Rica

16/08/2014

Israel joga a história de seu povo no lixo

Filed under: Faixa de Gaza,Holanda,Israel — Gilmar Crestani @ 1:13 pm
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Un veterano del Holocausto devuelve a Israel una medalla por la ofensiva en Gaza

Zanoli fue declarado "Justo entre las Naciones" por salvar en 1943 a un niño judío

EP Jerusalén 16 AGO 2014 – 13:48 CEST72

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Protestas contra la ofensiva israelí en Gaza este sábado en Londres. / IAN KINGTON (AFP)

Un holandés de 91 años ha devuelto a Israel el título honorífico que recibió tras salvar a un niño judío durante la ocupación nazi en señal de protesta por la ofensiva sobre Gaza, después de que seis de sus familiares fallecieran durante un bombardeo israelí sobre la Franja  el mes pasado.

El hombre, Henk Zanoli, fue declarado "Justo entre las Naciones" tras salvar en 1943 al niño judío, Elhanan Pinto, cuyos padres habían muerto en un campo de concentración, y a quien escondió en su domicilio hasta la liberación de Holanda.

La familia de Zanoli corría un riesgo importante al ocultar al pequeño. Los Zanoli habían expresado en repetidas ocasiones su rechazo a la ocupación y el padre del anciano había sido enviado al campo de exterminio de Dachau. Posteriormente falleció en el de Mathausen.

El bombardeo israelí del 20 de julio acabó con las vidas de la familia del marido de la sobrina nieta de Zanoli, la diplomática holandesa Angelique Eijpe, casada con el economista Isma’il Ziadah. Los proyectiles mataron a la matriarca de la familia Ziadah, Miftiya, de 70 años, a tres de sus hijos, Jamil, Omar and Youssef; y a la esposa e hijo de Jamil, Bayan y Shaaban, de 12 años de edad.

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Tras conocer la noticia del bombardeo, Zanoli devolvió el título que recibieron tanto él como su madre, esta a título póstumo, con una misiva al embajador de Israel en Holanda, Haim Davon, en la que describe los esfuerzos realizados por su familia para salvar al niño. "Dado este pasado, es particularmente trágico que hoy, cuatro generaciones después, nuestra familia se enfrente a la muerte de sus seres queridos en Gaza", escribió.

"Conservar este título supondría para mí un insulto a la memoria de mi valiente madre que arriesgó su vida y la de sus hijos luchando contra la opresión y por la preservación de la vida humana", hizo saber Zanoli.

El Ejército israelí no se ha pronunciado, según explica el diario Haaretz, sobre si el bombardeo fue accidental o intencionado y se limitó a contestar que las Fuerzas de Defensa intentan evitar a toda costa las bajas civiles. De igual modo, señaló que todos los incidentes irregulares están bajo investigación.

Un veterano del Holocausto devuelve a Israel una medalla por la ofensiva en Gaza | Internacional | EL PAÍS

27/07/2014

Shlomo Sand aposta no Brasil

Filed under: Israel,Palestina — Gilmar Crestani @ 12:05 pm
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Os EUA tiveram 67 anos e só aumentaram os conflitos e as mortes. O Brasil, ao contrário, tem tradição pacifista.

Sand pede que Brasil lidere pressão contra Israel

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O historiador Shlomo Sand, nascido na Áustria e radicado em Israel desde os primeiros momentos da criação do estado judeu no Oriente Médio, na década de 1940, é uma das figuras mais conhecidas da esquerda israelense; conhecedor profundo do conflito entre judeus e palestinos, Sand diz que a sociedade  israelense está ‘radicalizada e racista’ demais para resolver seus problemas de dentro para fora e pede que América Latina faça pressão para for fim ao conflito atual, que já deixou mais de mil palestios mortos

26 de Julho de 2014 às 19:24

Rede Brasil Atual – O historiador Shlomo Sand, nascido na Áustria e radicado em Israel desde os primeiros momentos da criação do estado judeu no Oriente Médio, na década de 1940, é uma das figuras mais conhecidas da esquerda israelense: seu livro A Invenção do Povo Judeu, de 2008, em que o autor questiona a promiscuidade entre fato histórico e mitologia nacionalista na narrativa de construção de Israel, esteve no topo dos mais vendidos no país por 19 semanas e é o texto acadêmico israelense mais traduzido para outras línguas na história, com mais de 80 mil exemplares vendidos apenas na França.

A notoriedade, no entanto, não significa popularidade na terra natal. Rechaçado por militantes sionistas, judeus ortodoxos, articulistas da mídia israelense e especialistas da historiografia judaica tradicional, Sand segue investindo na polêmica como forma de chacoalhar uma sociedade que está "mais cruel, mais feia e muito mais racista" do que nunca. "Não sei se seus leitores sabem que muitos dos israelenses sobem em montanhas no entorno de Gaza para assistir aos bombardeios", conta o professor, ao falar sobre o conflito entre Israel e o grupo Hamas, que já deixou mais de 600 civis palestinos mortos por bombardeios aéreos e ações militares em terra.

Sand questiona ainda o sequestro de três colonos israelenses como principal motivação da guerra: de acordo com o professor, logo após o sequestro, em abril deste ano, o estado de Israel rompeu acordo fechado em 2011 pela libertação do soldado Gilat Shalit, que havia sido capturado por forças palestinas, e voltou a prender os mais de mil prisioneiros políticos liberados àquela oportunidade, inclusive parlamentares da Autoridade Palestina, como forma de provocar o Hamas a entrar no conflito armado. "Se você me perguntar se o governo de Israel queria esta guerra, tenho de dizer que não tenho certeza, mas acredito que sim", resume.

Para o professor, a situação atual pode não ter mais solução "de dentro para fora" e depende de pressão externa. "A única coisa que eu acho que pode provocar mudança é pressão externa, com exceção do terror. Soube que o Brasil tomou posição e retirou sua embaixadora do país. E isso me deixou muito feliz. Esse é o caminho. A América Latina, como um bloco, pode fazer muita pressão e pode ser muito importante para resolver conflitos", afirma.

Existem motivos econômicos, sociais ou políticos para que uma nova rodada de agressões a Gaza tenha início neste momento? Trata-se mesmo apenas de uma retaliação pelo sequestro e morte de três colonos?

É muito difícil, neste momento, entender todos os motivos para esta nova guerra entre Israel e Hamas, mas eu vou tentar responder à pergunta ‘há razões políticas?’ Há. Não vejo motivação econômica ou social, mas a razão política, acredito, mesmo que não tenha provas, é a relação entre o Hamas e a nova liderança da Autoridade Palestina, que levou o Hamas a aceitar se unir ao Fatah em um governo unificado. A guerra atual foi provocada após o sequestro de três colonos, mas como ela foi provocada? Sem nenhuma prova de que o Hamas tenha qualquer envolvimento nos sequestros, sem nenhuma condição de acusar o Hamas diretamente pelo que aconteceu com esses colonos, Israel começou a prender todos os prisioneiros que foram liberados no acordo de Gilat Shalit. Israel rompeu todas as regras do jogo. E, desta vez, quebraram o acordo abertamente, prendendo todos os prisioneiros que haviam sido liberados, inclusive membros do parlamento. Então não deixaram muita opção para o Hamas em Gaza. Se você me perguntar se o governo de Israel queria esta guerra, tenho de dizer que não tenho certeza, mas acredito que sim.

Como tem sido a reação do povo israelense a este novo conflito?

Não sei se seus leitores sabem que muitos dos israelenses sobem em montanhas no entorno de Gaza para assistir aos bombardeios. É importante compreender que a polarização político-ideológica da sociedade israelense hoje em dia é muito mais radical do que antes. A maior parte de Israel está muito mais racista do que em comparação aos colonizadores dos anos 1960. A influência da mídia, conduzida pela intelligentsia israelense, levou a uma radicalização muito grande. Então, hoje, a sociedade israelense é mais cruel, mais feia e muito mais racista.

A expectativa mundial é por uma mudança cultural em Israel que siga no sentido oposto…

Não acredito que Israel, no ponto em que está, possa ser mudado de dentro para fora. Eu já perdi esperança que algo positivo possa vir da política ou da sociedade israelense. O que quero dizer com isso é que não existe nenhuma força política que possa se comprometer com um processo de paz com os palestinos e nem mesmo os palestinos moderados. O processo de paz que os americanos tentaram criar foi uma grande piada. O representante de Obama para as conversas de paz Israel-Palestina no ano passado, Martin Indyk, antes de sua carreira diplomática, era um lobista da Aipac (Comitê América-Israel de Assuntos Públicos, na sigla em inglês, grupo que advoga por políticas pró-Israel junto ao Congresso dos Estados Unidos). Não acredito que Israel possa mudar por dentro se a situação econômica não mudar. A única coisa que acho que pode provocar mudança é pressão externa, com exceção do terror. Toda pressão externa, que não sejam atos de terror, irá ajudar a garantir a existência do estado de Israel. Soube que o Brasil tomou posição e retirou sua embaixadora do país e isso me deixou muito feliz. Esse é o caminho.

O senhor soube da resposta do governo israelense?
Não.

Eles condenaram a postura do governo e disseram que o Brasil é um "anão diplomático".

(Risos) Ainda não vi isso na imprensa israelense, talvez tenha saído apenas na TV, mas, ora, eu conheci a embaixadora brasileira anterior em Israel (Maria Elisa Bittencourt Berenguer). Uma mulher muito inteligente. A diplomacia brasileira merece respeito.

A diplomacia brasileira tentou envolver-se na solução de conflitos no Oriente Médio em 2010, quando se uniu à Turquia para chegar a um acordo sobre o enriquecimento de urânio no Irã.

Sim, me lembro do esforço diplomático do Brasil e da Turquia e aquele episódio também me deixou muito feliz. A América Latina, como um bloco, pode fazer muita pressão e pode ser muito importante para resolver conflitos. Já que os Estados Unidos não aceitam interromper seu apoio incondicional a Israel… Você sabia que na semana passada Israel pediu ao Departamento de Defesa mais de US$ 500 milhões a mais do que já recebem em apoio, para a guerra atual? E os Estados Unidos aceitaram. Eles não dão o dinheiro, dão armas, porque assim pagam dívidas com a indústria de armamento.

Como podem os Estados Unidos imporem sanções à Rússia pelo que ocorreu na Crimeia e, ao mesmo tempo, não se atreverem a mover sanções contra Israel, mesmo que a população da Crimeia não tenha se oposto à ocupação como os Palestinos seguem resistindo à ocupação israelense? Eu espero que a América Latina possa nos ajudar, organizando a pressão internacional. E quando digo nos ajudar, digo ajudar o Estado de Israel a continuar existindo, ao lado do Estado Palestino. Eu não sou contra a existência do Estado de Israel. Sou a favor da existência de dois estados confederados sob uma instância superior de governo.

Não é possível propor a uma das sociedades mais racistas do mundo que ela passe a ser uma minoria sob um Estado único. Não é uma utopia. É uma estupidez. Ao mesmo tempo, não acredito que dois Estados possam existir completamente separados no Oriente Médio nas condições atuais, em que Israel está atrelado aos palestinos. Essa seria a forma para que ambos mantivessem a soberania.

Você tem de entender que, para que haja uma solução de um estado, você precisa da concordância de ambos os lados. Como chegar a isso nas condições atuais? Israel está próximo de sair vitorioso e sabe disso. Vou te dizer o que estou escrevendo em meu próximo artigo: a história mostra que a adoção de modelos pode causar muitos danos.

Dou três exemplos: a revolução bolchevique, que interrompeu a primeira guerra mundial, se tornou um modelo muito ruim de criação de movimentos revolucionários, que fez muito mal aos movimentos de trabalhadores na Europa nos anos 1920 e 1930, gerou uma divisão no movimento dos trabalhadores. A vitória da revolução cubana se tornou um modelo para a América Latina, mas era um modelo ruim, porque não ajudou a América Latina a se livrar das oligarquias norte-americanas. O terceiro exemplo é a África do Sul. A solução de um Estado na África do Sul se tornou o modelo para o conflito Israel-Palestina no Oriente Médio, mas a diferença é que a classe alta branca na África do Sul era completamente dependente economicamente dos trabalhadores negros. Eles não poderiam criar uma sociedade sem eles. Já os israelenses podem viver sem os trabalhadores palestinos. Eles fazem dinheiro com a situação, mas podem viver sem o conflito. Além disso, em algum momento, a existência do movimento negro nos Estados Unidos e uma mudança de relações de poder lá colocaram a diplomacia norte-americana com a África do Sul em muitas contradições. Mais uma vez, não é o caso com Israel.

Existe uma força considerável contra a guerra no parlamento e nas ruas? Como a oposição e a esquerda israelense têm se posicionado neste momento?

Os partidos de esquerda não são de massas em Israel e não têm muito espaço no parlamento. Temos partidos comunistas compostos por uma maioria árabe e uma esquerda judia. As esquerdas se uniram, nas últimas semanas, pela primeira vez em muito tempo, para atos políticos contra a guerra, mas, também pela primeira vez, provou-se que está muito perigoso organizar manifestações em Israel.

Nunca tivemos uma reação da direita como temos hoje nas ruas e está cada vez mais perigoso se manifestar contra a guerra em Israel. Além disso, não há um grande apoio popular à causa. Como eu disse, as relações estão muito mais radicais. E falo dos cidadãos de Israel.

Semanas atrás, houve uma tentativa de diálogo de paz com a intermediação do papa Francisco. Essa iniciativa não teve nenhuma influência positiva antes do reinício das hostilidades?

O diálogo intermediado pelo papa foi uma piada maior ainda. De um lado, você tinha o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e, do outro, Shimon Perez, que não é nada. Ele não representa o governo de Israel. Não tem autoridade para negociar nada. É um político em aposentadoria com 91 anos de idade que esteve lá, ao lado do papa, apenas para participar de um show midiático ocidental. É inacreditável. O líder de Israel, de mesma autoridade que Abbas, é Benjamin Netanyahu, mas ele não se apresenta ao diálogo. Neste momento, duvido que ele aceitaria esse convite. Aquele encontro foi um grande álibi para o governo israelense.

Sand pede que Brasil lidere pressão contra Israel | Brasil 24/7

Gaza: Podemos viver juntos

Filed under: Faixa de Gaza,Israel,Palestina — Gilmar Crestani @ 12:00 pm
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Podemos viver juntos

O conflito entre israelenses e palestinos não é político, mas humano

Daniel Barenboim 24 JUL 2014 – 19:00 BRT

Escrevo estas linhas na qualidade de Mensageiro da Paz das Nações Unidas e sem esquecer, em momento algum, que possuo dois passaportes: um israelense e um palestino . Escrevo estas linhas com o coração entristecido, porque vi os acontecimentos das últimas semanas em Gaza confirmarem algo de que sempre estive convencido: que não é possível pôr fim ao conflito palestino-israelense mediante uma solução militar. Este não é um conflito político, mas sim um conflito humano entre dois povos, cada um profundamente convencido, com firmeza aparentemente irreconciliável, de que tem o direito de possuir o mesmo pedaço de terra, e o outro povo não.

O fato de este aspecto ter sido sempre negligenciado é a razão pela qual todas as negociações, todas as tentativas já realizadas em busca de um acordo que ponha fim ao conflito fracassaram. Em vez de reconhecer que essa é a verdadeira natureza do confronto e tentar encontrar o remédio correspondente, todas as partes quiseram encontrar soluções rápidas e simples. Infelizmente, como acontece em todas as questões importantes, não existem atalhos que nos permitam resolver este problema me maneira instantânea. Os atalhos só têm alguma serventia quando conhecemos o terreno que estamos atravessando, e, neste caso, não há ninguém que o conheça, porque a essência fundamental do conflito continua sendo matéria desconhecida e inexplorada.

Sinto uma compreensão imensa quando penso no medo que aflige meus compatriotas israelenses: o ruído constante dos foguetes lançados contra eles, o temor de saber que você mesmo ou alguém que você conhece pode se machucar. Mas também tenho profunda compaixão pela situação angustiante dos meus compatriotas palestinos em Gaza, que vivem imersos no terror e têm de chorar diariamente por todas essas vítimas e sofrer essa desolação. Depois de tantas décadas de destruição e morte em ambos os lados, o conflito alcançou um grau de espanto e desespero que era impossível imaginar. Por isso atrevo-me a sugerir que talvez seja o momento de buscar uma solução verdadeira e genuína para o problema. O cessar-fogo é indispensável, sem sombra de dúvida, mas não é suficiente. A única forma de acabar com essa tragédia, a única maneira de evitar mais mortes e mais horror é aproveitar precisamente que estamos em uma situação de desespero para obrigar todas as partes a se sentarem e conversar. Não faz sentido que Israel se recuse a negociar com o Hamas ou que se recuse a reconhecer o Governo de unidade; não, Israel deve escutar os palestinos que estão dispostos a falar a uma só voz.

A primeira resolução seria um acordo conjunto pelo qual se reconheça o fato de que não existe uma solução militar

A primeira resolução a alcançar seria um acordo conjunto pelo qual se reconheça o fato de que não existe uma solução militar. Só então poderemos começar a discutir formas de garantir tanto a justiça que há tanto tempo, e com razão, exigem os palestinos, como a segurança que, também com razão, exige Israel. Os palestinos sentimos a necessidade de obter, finalmente, uma solução legítima. Nossa aspiração fundamental é que nos tratem com justiça e nos reconheçam os direitos que se reconhecem a qualquer povo da Terra: autonomia, autodeterminação, liberdade e tudo o que isso implica. Os israelenses precisamos que aceitem que temos o direito de viver no mesmo pedaço de chão que os palestinos. Como dividir esse território é algo que só se poderá falar quando as duas partes reconhecerem e entenderem que podemos viver juntos, lado a lado, mas, acima de tudo, sem dar-nos as costas.

Essa reconciliação tão necessária deve ser baseada em um sentimento mútuo de empatia, ou, se preferirem, de compaixão. A compaixão, em minha opinião, não é meramente um sentimento que surge da capacidade psicológica de entender as necessidades de uma pessoa, mas também uma obrigação moral. Tentar compreender os problemas do outro é a única coisa que nos permitirá dar o passo necessário à aproximação. Como dizia Schopenhauer, “não há nada que nos leve de volta tão rápido à senda da justiça como a imagem mental das dificuldades, da aflição e dos lamentos do perdedor”. Neste conflito, somos todos perdedores. Só seremos capazes de superar esta triste situação se, de uma vez por todas, começarmos a aceitar o sofrimento e os direitos da outra parte. Quando estivermos conscientes desses direitos, poderemos tentar construir um futuro juntos.

Daniel Barenboim é pianista e maestro de orquestra sinfônica.

Gaza: Podemos viver juntos | Opinião | Edição Brasil no EL PAÍS

25/07/2014

De pigmeus a PIG teus!

Filed under: Anão,Benjamin Netanyahu,Israel,Mauro Santayana,Yigal Palmor — Gilmar Crestani @ 10:34 pm
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israel obama onu

Santayana trata de cegos e anões

Depois de apoiar o apartheid, Bibi quer uma Soweto em Gaza ? – PHA

A caminho de Soweto

O Conversa Afiada reproduz excelente artigo de Mauro Santayana:

DE CEGOS E DE ANÕES

Se não me engano, creio que foi em uma aldeia da Galícia que escutei, na década de 70, de camponês de baixíssima estatura, a história do cego e do anão que foram lançados, por um rei, dentro de um labirinto escuro e pejado de monstros. Apavorado, o cego, que não podia avançar sem a ajuda do outro, prometia-lhe sorte e fortuna, caso ficasse com ele, e, desesperado, começou a cantar árias para distraí-lo.
O anão, ao ver que o barulho feito pelo cego iria atrair inevitavelmente as criaturas, e que o cego, ao cantar cada vez mais alto, se negava a ouvi-lo, escalou, com ajuda das mãos pequenas e das fortes pernas, uma parede, e, caminhando por cima dos muros, chegou, com a ajuda da luz da Lua, ao limite do labirinto, de onde saltou para  densa floresta, enquanto o cego, ao sentir que ele havia partido, o amaldiçoava em altos brados, sendo, por isso, rapidamente localizado e devorado pelos monstros que espreitavam do escuro.    
Ao final do relato, na taverna galega, meu interlocutor virou-se para mim, tomou um gole de vinho e, depois de limpar a boca com o braço do casaco, pontificou, sorrindo, referindo-se à sua altura: como ve usted, compañero… con el perdón de Dios y de los ciegos, aun prefiro, mil veces, ser enano…
Lembrei-me do episódio — e da história — ao ler sobre a convocação do embaixador brasileiro em Telaviv para consultas, devido ao massacre em Gaza, e da resposta do governo israelense, qualificando o Brasil como irrelevante, do ponto de vista geopolítico, e acusando o nosso país de ser um “anão diplomático”.  
Chamar o Brasil de anão diplomático, no momento em que nosso país acaba de receber a imensa maioria dos chefes de Estado da América Latina, e os líderes de três das maiores potências espaciais e atômicas do planeta, além do presidente do país mais avançado da África, país com o qual Israel cooperava intimamente na época do Apartheid, mostra o grau de cegueira e de ignorância a que chegou Telaviv.

O governo israelense não consegue mais enxergar além do próprio umbigo, que confunde com o microcosmo geopolítico que o cerca, impelido e dirigido pelo papel executado, como obediente cão de caça dos EUA no Oriente Médio.
O que o impede de reconhecer a importância geopolítica brasileira, como fizeram milhões de pessoas, em todo o mundo, nos últimos dias, no contexto da criação do Banco do Brics e do Fundo de reservas do grupo, como primeiras instituições a se colocarem como alternativa ao FMI e ao Banco Mundial, é a mesma cegueira que não lhe permite ver o labirinto de morte e destruição em que se meteu Israel, no Oriente Médio, nas últimas décadas.  
Se quisessem sair do labirinto, os sionistas aprenderiam com o Brasil, país que tem profundos laços com os países árabes e uma das maiores colônias hebraicas do mundo, como se constrói a paz na diversidade, e o valor da busca pacífica da prosperidade na superação dos desafios, e da adversidade.
O Brasil coordena, na América do Sul e na América Latina, numerosas instituições multilaterais. E coopera com os estados vizinhos — com os quais não tem conflitos políticos ou territoriais — em áreas como a infraestrutura, a saúde, o combate à pobreza.
No máximo, em nossa condição de “anões irrelevantes”, o que poderíamos aprender com o governo israelense, no campo da diplomacia, é como nos isolarmos de todos os povos da nossa região e engordar, cegos pela raiva e pelo preconceito, o ódio visceral de nossos vizinhos — destruindo e ocupando suas casas, bombardeando e ferindo seus pais e avós, matando e mutilando as suas mães e esposas, explodindo a cabeça de seus filhos.
Antes de criticar a diplomacia brasileira, o porta-voz da Chancelaria israelense, Yigal Palmor, deveria ler os livros de história para constatar que, se o Brasil fosse um país irrelevante, do ponto de vista diplomático, sua nação não existiria, já que o Brasil não apenas apoiou e coordenou como também presidiu, nas Nações Unidas, com Osvaldo Aranha, a criação do Estado de Israel.  
Talvez, assim, ele também descobrisse por quais razões o país que disse ser irrelevante foi o único da América Latina a enviar milhares de soldados à Europa para combater os genocidas   nazistas; comanda órgãos como a OMC e a FAO; bloqueou, com os BRICS, a intervenção da Europa e dos Estados Unidos na Síria, defendida por Israel, condenou, com eles, a destruição do Iraque e da Líbia; obteve o primeiro compromisso sério do Irã, na questão nuclear; abre, todos os anos, com o discurso de seu máximo representante, a Assembleia Geral da Nações Unidas; e porque — como lembrou o ministro Luiz Alberto Figueiredo, em sua réplica — somos uma das únicas 11 nações do mundo que possuem relações diplomáticas, sem exceção – e sem problemas – com todos os membros da ONU.

Santayana trata de cegos e anões | Conversa Afiada

Anã do jornalismo

Filed under: Eliane Cantanhêde,Genocídio,Israel,Palestina — Gilmar Crestani @ 7:57 am
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Israel_PalestinaA impoluta porta-voz do PSDB, Eliane Cantanhêde, com todo seu vira-latismo, adota, sem constrangimento, a alcunha lançada pelos genocidas. A briosa jornalista, convenientemente, esquece que nos 30 do século passado, Hitler pôs Goebbels para trabalhar na defesa da super raça ariana: os nazistas botaram no mesmo barco anões, homossexuais, ciganos, judeus. E eram tantos estes “degenerados”, que buscaram uma “solução final”, muito parecida com que o que Israel está fazendo com a Palestina.

Israel usa contra o Brasil, a pátria do Osvaldo Aranha, criador daquele “paraíso artificial”, a mesma linguagem diplomática que usa em relação aos palestinos. É bem verdade que há vozes dentro e fora de Israel que condena a invasão da Cisjordânia, Gaza e do toda terra ou pedaço de pedra ao redor de Jerusalém por colonos de todas as partes do mundo. Só eu conheço uma meia dúzia de brasileiros que para lá partiram. Israel não passa de um encrave norte-americano no Oriente Médio. Retire da espalda os pittbuls norte-americanos e Israel vira um anão de jardim. As únicas resoluções da ONU que não tem qualquer validade são aquelas que envolvem Israel e os EUA. Por que será?

Nas votações da ONU, como mostra o painel da imagem, qual é o único país que não quer investigar o genocídio dos palestinos? De repente descubro que o mundo todo está errado e Israel, à sobra dos EUA, é o único certo.

ELIANE CANTANHÊDE

“Anão diplomático”

BRASÍLIA – Depois de três anos e meio de uma política externa dorminhoca, o Brasil deu um pulo da cama, tomou-se de brios e partiu para cima de Israel.

Em sintonia fina com o Planalto e num mesmo dia, o Itamaraty votou a favor de uma resolução dura contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, soltou uma nota com zero firula, convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv e chamou o embaixador israelense em Brasília para dar um recado mal humorado.

Israel x PalestinaA nota oficial, condena “energicamente o uso desproporcional da força” e foi recebida como uma declaração de guerra diplomática por Israel, que reagiu também de forma surpreendente e ácida, ora criticando a “irrelevância” da diplomacia brasileira, ora chamando o Brasil de “anão diplomático”. Planalto e Itamaraty bufaram.

As relações entre Brasil e Israel têm sido pautadas pelo pragmatismo, por exemplo, na área comercial, mas nunca foram de amor. Portanto, o Brasil se fingiu de desentendido na guerra civil síria, assistiu de camarote o desastre político no Egito e, pior, lavou as mãos quando os vorazes russos passaram a devorar nacos da Ucrânia. Mas o país se sentiu à vontade para condenar Israel. E com motivos inquestionáveis.

Mortes são dolorosas em quaisquer circunstâncias, mas mortes de militares em guerras e em situação de tensão são compreensíveis, como são agora as pouco mais de 30 mortes de soldados israelenses. Mas como não ver, não ouvir e não gritar diante de centenas de mortes de civis palestinos (e de onde quer que seja), ainda mais se grande parte delas são de mulheres e crianças? E como não ver, não ouvir e não gritar que caíram mais de 700 de um lado e menos de 5% disso no outro? Crime de guerra?

A posição brasileira, clara e dura, marca uma inflexão da política externa de Dilma, a meses do fim do governo, e confirma que Israel perdeu a guerra da opinião pública internacional e está cada vez mais isolado.

22/07/2014

Ilha de sabedoria no colunista político brasileiro

Filed under: Barack Obama,BlackBosta,Estado de Direito,Israel,Janio de Freitas,Política,Ucrânia — Gilmar Crestani @ 8:35 am
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JANIO DE FREITAS

Um caso difícil

As investigações sobre as pretensas ações violentas no Rio precisam se amparar em provas convincentes

Pedido de asilo político em pleno Estado de Direito é, entre outros possíveis significados, um ato de originalidade. O ato da ativista Eloísa Samy, com outros apontados adeptos dos "black blocs", tende a acirrar o nada original choque de opiniões entre autoridades do Judiciário e, também, de uma ou outra daquelas com autoridades policiais. O desenrolar do inquérito sobre pretensas ações de violência para o último dia da Copa está agitado em variadas direções e gravidades.

As informações encaminhadas à Justiça, das quais resultou a decretação de prisões, são apenas parte, em dois sentidos, do trabalho da polícia do Rio no caso: nem tudo o que já é conhecido foi encaminhado, restando material para complementações e conexões, e há outras linhas de fatos, personagens e respectivas investigações. Alguns desses fatos, na visão policial, talvez com nível de gravidade acima do que já foi noticiado sobre intenções e preparativos de atos de violência, como o imaginado incêndio da Câmara Municipal carioca e o preparo de explosivos.

A natureza desse caso, com implicações diretas em princípios do Estado de Direito, torna indispensável que as investigações e as conclusões policiais sejam tão precisas quanto possível, e amparadas em comprovações convincentes. Cuidados, estes, devidos não só pelos condutores policiais das investigações, como em geral se considera, mas também pelo Ministério Público e pela Justiça.

PREFERÊNCIAS

É um tanto precipitada a euforia de Aécio Neves por seu empate técnico com Dilma Rousseff no segundo turno, conforme dedução baseada em números do recente Datafolha.

Esse empate resulta da soma da margem de erro ao total de Aécio e da retirada da mesma margem no total de Dilma. Ou seja, a margem de erro é aplicada só a favor de um, e contra o outro. Assim os 40 pontos de Aécio sobem para 42 e os 44 de Dilma descem para 42.

Empates com esse jogo de números podem ter influências no eleitorado indeciso. Mas são apenas questão de preferência. Se o mesmo jogo for feito em favor de Dilma, tem validade idêntica ao favorável a Aécio, porém derrubando-o: os 44 dela sobem para 46 e os 40 dele descem para 38.

Se feito em favor de Eduardo Campos, o jogo o elevaria a condições já promissoras para um segundo turno, o que, até agora, não é propriamente verdadeiro. Dilma desceria dos seus 45 para 43 pontos e Eduardo subiria para 40. E adeus Aécio.

HIPOCRISIAS

A dedução mais razoável incrimina os rebeldes ucranianos na derrubada do Boeing da Malaysia Airlines, com armamento fornecido pela Rússia. Mas não foi em provas que Barack Obama se baseou para transformar tal hipótese em acusação explícita a Vladimir Putin. Baseou-se no cinismo que rege a política internacional e no seu próprio.

Em menos de duas semanas morreu em Gaza o equivalente aos ocupantes de dois Boeings idênticos àquele. Mortes com bombas fornecidas a Israel pelos Estados Unidos e lançadas por caças F-16I fornecidos a Israel pelos Estados Unidos.

O Iraque está em terrível guerra interna com armas fornecidas pelo governo de Barack Obama, acompanhadas dos instrutores com quem os atuais beligerantes se prepararam. O Taleban mantém o Afeganistão incandescente, e a Al Qaeda difundiu o terror no mundo com armas e instruções proporcionadas pelos Estados Unidos.

Tudo isso é passível de ser considerado crime de guerra.

02/04/2013

Quando estar em paz consigo é perigoso

Filed under: Israel,Oriente Médio — Gilmar Crestani @ 9:08 am
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Israel prende pela oitava vez jovem que se recusa a entrar no Exército

Nathan Blanc tem 19 anos e nas últimas 19 semanas foi preso oito vezes por ser contra serviço militar

Wikicommons

Em Israel, serviço militar de três anos para homens e dois para mulheres é obrigatório para recém-saídos da escola
“A onda de agressividade militar que varreu o país, as expressões de ódio mútuo, e a conversa vazia sobre eliminar o terror e criar um impedimento foram o gatilho primordial para minha recusa”. Quem diz isso é Nathan Blanc, israelense de 19 anos, preso pela oitava vez em quase cinco meses por ser contra o ingresso obrigatório na IDF (sigla para Forças Armadas Israelenses). As informações são do The Guardian.
O termo “conscientious objector” é usado para alguém que conscientemente se recusa a prestar serviço militar e é isso que Nathan justifica toda vez que vai para uma base militar perto de Tel-Aviv. Depois disso, o jovem é preso e sentenciado a entre 10 e 20 dias na Prisão Militar Número 6. Quando liberado, o ciclo recomeça. E assim acontece há 19 semanas, durante as quais ele já permaneceu 100 dias preso. Houve uma vez em que saiu em uma terça-feira e foi novamente detido na quinta da mesma semana.
A difícil decisão, segundo ele, de recusar o serviço militar se consolidou durante a Operação Chumbo Fundido em 2008, cujas três semanas na Faixa de Gaza deixaram cerca de 1400 palestinos e 13 israelenses mortos. “O governo não está interessado em achar uma solução para a situação atual, mas apenas em preservá-la… Falamos sobre ações dissuasivas, matamos alguns terroristas, perdemos alguns civis de ambos os lados, e preparamos terreno para uma nova geração cheia de ódio. Nós, como cidadãos e seres humanos, temos o dever moral de recusar a participar desse jogo cínico”, diz.

Leia mais

Em uma guerra “que poderia ter terminado há muito tempo, mas em que os dois lados dão espaço para extremistas e fundamentalistas”, o Estado judeu mantém as pessoas “sob nosso controle” sem direitos democráticos e palestinos são sujeitos a “punição coletiva” para a ação de poucos.
Dos 300 ou 400 internos da Prisão Número 6, Nathan diz que é o único “conscientious objector”. Isso porque a noção de serviço militar é algo enraizado na experiência coletiva da identidade nacional israelense. Três anos para homens e dois para mulheres são obrigatórios após a escola. Seus amigos acabaram aceitando, e alguns, admirando sua decisão. Apesar da ansiedade, seus pais também o apoiam.
Vários sugeriram que ele se esquivasse do serviço militar, mas o jovem prefere se manter a seus princípios. Alegar condição médica desfavorável ou procurar isenção por motivos pacifistas não condizem com o que pensa.
“Eu não tenho ideia de quanto isso vai durar”, diz. “O cenário ruim seria eu ir à corte militar e ser sentenciado a algo como um ano de prisão. O cenário bom seria eles se cansarem disso e me deixarem fazer outro serviço nacional”, alternativa que o Exército de seu país rejeita.
Sem comentar o caso em questão, a instituição declarou que a obrigatoriedade militar é resultado da situação de segurança do país e todos os chamados “estão conscientes de sua responsabilidade e as consequências de falhas”.
Nathan sente uma forte conexão com seu país, do qual tem orgulho em vários aspectos. “Mas tenho uma aversão a nacionalismo”, explica. De qualquer modo, afirma não querer "lidar com política e conflitos minha vida toda”. O jovem quer estudar ciência ou tecnologia na universidade e sabe que pode ter prejudicado de algum modo seu futuro. “Mas isso é pequeno quando comparado aos meus princípios em risco”, conclui.

Opera Mundi – Israel prende pela oitava vez jovem que se recusa a entrar no Exército

11/03/2013

Israel para quê ou para quem?!

Filed under: Israel — Gilmar Crestani @ 8:48 am
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INTELIGÊNCIA/ROGER COHEN

Desnudando o dilema de Israel

BOSTON

Quem se interessa pelo Estado de Israel e por tudo que os 46 anos de ocupação da Cisjordânia representam para a alma da nação deve assistir ao extraordinário documentário "The Gatekeepers" [Os guardiões], de Dror Moreh. Ver meia dúzia de ex-chefes do Shin Bet (o serviço de segurança interna de Israel) refletindo sobre a inutilidade dos seus esforços é compreender algo fundamental no impasse em que o Estado judaico se encontra hoje.

Esses homens são israelenses, patriotas e passaram cada minuto das suas vidas profissionais tentando manter a segurança em um ambiente hostil.

Eles penetraram casa a casa em aldeias árabes, recrutaram informantes palestinos, obtiveram confissões de prisioneiros em interrogatórios, reuniram documentos, filtraram informações, conceberam tramas para matar líderes do Hamas, seja com uma bomba ou explodindo um celular, atormentaram-se com os danos colaterais e, no final, foram forçados a admitir que todos esses esforços não podem mascarar um fato fundamental: "A tragédia do debate sobre segurança pública em Israel", diz Ami Ayalon, que dirigiu o Shin Bet de 1996 a 2000, "é que ganhamos todas as batalhas, mas perdemos a guerra".

Talvez haja aí certo exagero. Em quase meio século desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel se transformou em um Estado moderno e altamente tecnológico, ao passo que seus vizinhos palestinos continuam atolados no pântano da apatridia. Mas esse filme não é sobre o material. Ele aborda o dilema ético, por meio das vozes desses homens que chegaram ao final das suas vidas profissionais e agora se fazem perguntas.

O que ele transmite, acima de tudo, é o dano inexorável infligido a uma nação que tenta governar e controlar as vidas dos agora 2,6 milhões de palestinos subjugados na Cisjordânia.

Talvez os personagens mais tocantes e complexos sejam Avraham Shalom, diretor do Shin Bet de 1981 a 1986, e Carmi Gillon, que comandou a organização de 1994 a 1996.

Shalom, de suspensório vermelho, em alguns momentos parece um benigno professor universitário e, em outros, faz avaliações inclementes ("Com terroristas, não há moral").

Já Gillon claramente ainda é assombrado por não ter sido capaz de proteger o premiê Yitzhak Rabin do seu assassino de ultradireita, Yigal Amir (o Shin Bet o monitorou, mas concluiu que ele não era uma ameaça). Questionado sobre como foi falar sobre isso com sua mulher no dia do assassinato, Gillon diz com toda franqueza que ela o manteve vivo. Ele parece próximo das lágrimas. Amir alcançou seu objetivo: a paz morreu com suas balas.

Gillon diz que Israel está "tornando insuportável a vida de milhões". Shalom diz que a presença israelense na Cisjordânia é comparável a "forças de ocupação brutais, similares às alemãs na Segunda Guerra Mundial" -não é, ressalva, uma comparação com as ações nazistas contra os judeus, mas com os Exércitos de ocupação alemães na Holanda, Tchecoslováquia e outros países da Europa.

Tais declarações, vindas de homens encarregados da segurança da ocupação, são extraordinárias por sua honestidade.

É claro que seis homens falando não fazem um filme de 97 minutos. Mas Moreh fez um trabalho notável ao montar imagens que contam o drama da ocupação inicial, da Guerra do Líbano, da primeira e da segunda intifadas, do crescimento do Hamas, dos acordos de Oslo -com a mão relutante de Rabin se erguendo para encontrar a de Iasser Arafat no jardim da Casa Branca- e da ascensão de uma violenta direita nacionalista-religiosa em Israel, que vê a ocupação como a concretização do sonho do Eretz Israel (termo bíblico que se refere à área entre o Mediterrâneo e o rio Jordão, abrangendo toda a Cisjordânia).

O sentimento dominante que o filme engendra é o da oportunidade perdida e da futilidade.

Nem os judeus nem os árabes irão embora, e a violência no final só gera mais violência.

A amarga frustração desses agentes inteligentes e qualificados é a de homens que viram o sonho sionista ser abalado pelas tentações de poder absoluto. A ocupação não só abalou os ideais de Israel, ela também exacerbou a divisão entre laicos e religiosos dentro de Israel.

No entanto, há uma nota de esperança: a própria abertura desses homens, cujas vidas inteiras foram dedicadas ao trabalho sigiloso.

É duvidoso que alguma outra sociedade no Oriente Médio pudesse ter produzido tamanha franqueza pública a respeito de um tema tão delicado.

O melhor de Israel ainda está aí. O que falta para trazer isso à plena luz do dia é coragem -uma coragem que teria de ser correspondida pelo lado palestino.

Envie comentários para intelligence@nytimes.com.

20/01/2013

Regreso a los kibutz

Filed under: Israel,Kibutz — Gilmar Crestani @ 11:06 am

Los kibutz israelíes reviven a fuerza de relajar la socialización
Fue uno de los movimientos comunales más importantes de la historia y encandiló a los años sesenta
Visitamos varios de ellos, donde viven hoy 143.000 personas

Ana Carbajosa20 ENE 2013 – 01:32 CET42

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Jardín comunitario de Afikim, kibutz en el valle del Jordán que en el último año ha acogido a 100 nuevas familias. / Alfredo Cáliz

Hoy es el gran día para Inbal y Dori. Llevan dos años esperando este momento. El kibutz Gal-on decidirá esta tarde en asamblea si acepta a esta joven pareja israelí como miembros. Habrá una votación y, si todo va bien, Inbal y Dori se convertirán en una de las miles de parejas culpables de la resurrección del colectivismo en Israel.

Los cientos de kibutz que encandilaron a la progresía de medio mundo durante los primeros años de existencia de Israel cuelgan ahora el cartel de completo. Con 143.000 miembros, los kibutz no habían tenido nunca antes tantos pobladores en sus 102 años de vida. Hoy los jóvenes quieren sentir el contacto con la naturaleza y el calor de la vida en comunidad. Pero sobre todo vuelven porque el 75% de los kibutz han cambiado a golpe de asamblea la forma de organizarse. Los miembros aún comparten mucho –comedor, coche, escuela, sistema de pensiones…–, pero ya no tanto como antes. El individuo ha ganado terreno al grupo. Se han modernizado y adaptado a las exigencias de una sociedad más individualista, dicen unos. Se han descafeinado hasta casi perder su razón de ser, piensan otros. Lo cierto es que han cambiado y que ese cambio ha seducido a miles de israelíes, a los que la colectivización total asfixiaba. Tras décadas de declive, aquellos experimentos sociales que sorprendieron al mundo florecen de nuevo.

La joven pareja de Gal-on superó el test psicotécnico, el económico y la entrevista hace meses. Ahora forman parte de las 35 familias preseleccionadas que esperan una decisión final. A pesar de la trascendencia del momento, Dori dice que no está demasiado nervioso. Cuando le tocó salir al escenario a exponer los motivos por los que pedía el ingreso hace dos días ante el pleno de la comunidad, lo hizo casi a pelo, improvisó. Porque al fin y al cabo, él nació en este kibutz. Y aquí, en este vergel próximo a la depauperada franja de Gaza, casi todo el mundo lo conoce.

Saben que creció en la casa de niños del kibutz, donde las madres dejaban a sus bebés a los tres días de parir y donde los cuidadores criaban a todos los niños del kibutz por turnos durante las noches. Por las tardes eran los padres los que se ocupaban de sus hijos. Los recuerdos de la infancia de Dori, como los de muchos niños del kibutz, son memorias de una niñez feliz. “A mí me encantaba. Podía enredar y jugar toda la noche. Si teníamos algún problema, había un interfono para llamar a los cuidadores”. Crecieron niños independientes, muy capaces de relacionarse con su entorno, aseguran los defensores del modelo.

La primera reforma la lideraron madres que se negaban a abandonar
a sus hijos por la noche

Pero la crianza colectiva fue precisamente la primera gran reforma del kibutz. La lideraron algunas madres que se negaron a abandonar a sus hijos por las noches. Con los años han aflorado multitud de trau­­mas infantiles. Los niños diferentes –el gordo, el feo, el lento, el sensible– cuentan, ya de mayores, que sufrían más de la cuenta sin tener al lado a unos padres que les ayudaran a amortiguar los golpes propios de la crueldad infantil. A Inbal, la otra aspirante a Gal-on, como a muchos otros israelíes, la idea de colectivizar hasta los hijos le espanta.

Las casas de niños ya no funcionan en ningún kibutz de Israel. Cada chaval duerme en casa con sus padres. El día lo pasan en la escuela infantil y jugando con los amigos entre el verdor de estos minipoblados, en los que no entran los coches. Los niños corretean y van de una casa a otra, sin que ninguna valla les corte el paso. Porque el kibutz es un lugar común. Lo dicen los estatutos y lo demuestra la arquitectura de estas comunidades repartidas por todo el país y que a simple vista podrían parecer una urbanización española con vecinos muy bien avenidos. Un paseo por el interior de cualquier kibutz enseguida desvela que esto es otra cosa.

A las nueve de la mañana es hora punta en el comedor comunal de Ein Hashofet, en el norte del país, en la Galilea. Huevos cocidos, aceitunas, arenques ahumados y una bonita cristalera por la que entra el sol y a través de la cual se puede ver a los alumnos del colegio. Decenas de hombres y mujeres de todas las edades llenan sus bandejas con un opíparo desayuno propio de un bufé de hotel de lujo. Aquí esto es el pan nuestro de cada día. Comida subvencionada a precio de saldo, a cuenta del fondo común.

Los 480 miembros depositan su salario en la caja comunal. A cambio reciben una paga mensual para sus gastos. La cuantía de la paga depende del tamaño de la familia. El kibutz se encarga del resto. Salud, escuela, universidad –que aquí consideran “una necesidad básica en la vida”–, pensiones para los mayores y cultura, entre una infinidad de servicios. Hay un lema que preside todo el invento y que resume muy bien la filosofía sobre la que se asienta el kibutz: “Todo el mundo pone lo que puede y recibe lo que necesita”.

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Inbal Shapira y Dori Shapira, casados y con dos hijos, llevan cinco años viviendo de alquiler en Gal-on; ahora aspiran a ingresar en la comunidad. / Alfredo Cáliz

Tienen un pub, un auditorio, un pequeño museo, una piscina, un dentista gratuito, un diario interno que da cuenta de nacimientos, muertes y otros eventos, y hasta un minizoo en el que cada niño adopta y da nombre a uno de los animales. Compran además bienes y servicios en bloque al mundo exterior, lo que les permite beneficiarse de ofertas como, por ejemplo, en teléfonos móviles.

Así se han organizado en Ein Hashofet cuatro generaciones durante 75 años. Desde que a finales de los años treinta, judíos polacos y estadounidenses recalaran en este pedazo de territorio. Las fotos de la época muestran un terreno baldío. En las imágenes algo posteriores se ven ya las pequeñas viviendas unifamiliares. Diminutas, porque no había lugar ni para niños ni para lavadoras ni para casi nada. Apenas una cama de matrimonio y poco más. El resto: baños, duchas, casas de niños, cocinas… todo era común. Con los años, las casas se fueron ampliando y ahora son pequeños chalés con todo tipo de comodidades.

“Con la llamada privatización, 190 kibutz han dejado de compartir bastantes cosas”

Hoy, el 25% de los ingresos de Ein Hashofet proceden de la agricultura –aguacates, pollos, vacas– y el resto viene de la producción industrial. Elaboran un componente de las luces de neón y piezas de automóviles. La fábrica de helados y quesos da salida a parte de la producción láctea. Allí, un empleado masajea las cervicales de una compañera junto a las máquinas. El ambiente laboral es a todas luces muy relajado. Eitzik Shafran, uno de los miembros, explica que funcionan con todo tipo de ajustes laborales. Los jubilados, por ejemplo, pueden trabajar a tiempo parcial, si quieren, para seguir contribuyendo a la comunidad.

La aparente prosperidad esconde, sin embargo, importantes dificultades económicas. El azar, el destino y, sobre todo, la decisión de los padres fundadores quisieron que Ein Hashofet firmara sus contratos de distribución de piezas para automóviles con la General Motors (GM) estadounidense. Miguel Zarkus, el secretario general del kibutz, explica que “cuando GM entró en crisis, la producción en Ein Hashofet se paró”. Luego cambiaron las leyes ambientales y también perdieron el dominio del mercado de los componentes de las lámpa­­ras. Después llegó la crisis financiera global. “Empezaron los miedos. Antes nadie dudaba del sistema colectivo. Ahora ya hay gente que se plantea la privatización del kibutz. Cuando las familias tienen miedo, impera el sálvese quien pueda. El modelo comunitario es mucho más fácil cuando las cuentas están saneadas”, sostiene Zarkus, con barba cana y aire sesentayochero.

“El modelo comunitario es mucho más fácil con cuentas saneadas”

Ein Hashofet es uno de los 64 kibutz tradicionalistas que quedan en Israel. Uno de los que no han optado por la llamada privatización, por la que hasta 190 kibutz han dejado de compartir bastantes cosas, pero en los que todavía hay un fondo común para casos de enfermedades graves, jubilaciones, desempleo y otras necesidades acuciantes. Lo llaman privatización, pero en realidad casi lo único que no es común son los salarios. Operan bajo el principio de la responsabilidad mutua. Cuando un miembro flaquea, la comunidad sale al rescate. En los privatizados hay coches comunes, y multitud de decisiones todavía se votan en asamblea. La diferencia con los tradicionalistas es que el sueldo se lo guarda cada uno y lo gasta como quiere, salvo la cuota que se paga a la comunidad. Ese ha sido el gran cambio, el gran atentado a la premisa igualitaria del universo kibutz.

Ese es además el gran debate que la mayoría de los kibutz en Israel ha mantenido durante años y que ahora aterriza en Ein Hashofet: el de cómo competir en una economía globalizada y, sobre todo, el de cuánto compartir cuando vienen las vacas flacas. De momento, la mitad de los miembros están a favor de la mal llamada privatización, y la otra mitad, en contra. El tiempo dirá. Mientras, han plantado olivos y naranjos y empiezan a probar suerte con la energía solar.

Las privatizaciones son procesos largos que pueden durar seis u ocho años y en los que, votación tras votación, la comunidad se reinventa a sí misma. Shlomo Getz, profesor de la Universidad de Haifa y conocido como el gran experto en el colectivismo israelí, explica cómo nació la necesidad del cambio: “Algunos empezaron a envidiar la capacidad de consumo de los que no vivían en los kibutz. Veían cómo compraban coches, viajaban al extranjero… Luego estaba lo que llamamos problema de los aprovechados. No todo el mundo trabajaba igual, pero todos cobraban lo mismo y recibían lo que necesitaban. Igual solo había un 5% de aprovechados, pero muchos miembros tenían la sensación de ser los únicos que de verdad trabajaban y de que los demás se aprovechaban de ellos”.

Así, poco a poco, el 75% de los kibutz mudó de piel. Decidió seguir compartiendo, pero menos. Ese cambio, según los entendidos, ha favorecido la llegada en masa de nuevos miembros. “La gente vuelve porque la apertura [privatización] de los kibutz ha hecho posible que los jóvenes vivan en una comunidad, pero a la vez sean dueños de sus actos y de sus salarios. Que dependan menos unos de otros. Los kibutz son además un reducto de tranquilidad donde la gente vive con las puertas abiertas”, explica Marc Levy, director general del Movimiento del Kibutz, la federación de comunidades, en su sede en Tel Aviv.

La gran vuelta al kibutz de los últimos dos o tres años se produce después de un par de décadas de crisis profunda. En los años ochenta, los kibutz se encontraron con un nivel de endeudamiento desorbitado. Además, respondían solidariamente los unos de los otros, lo que supuso un problema añadido. La principal culpable de la crisis del modelo colectivo fue la gran inflación israelí de aquellos años. El paso de la casa de niños a la de los padres fue otro de los factores definitivos. Las familias se embarcaron en grandes inversiones para ampliar sus viviendas en un momento económicamente inoportuno. A la vez, las empresas propiedad de los kibutz empezaban a quedarse atrás, a ser incapaces de competir. Cuentan los miembros de las comunidades que se dieron cuenta de que para triunfar en la economía moderna había que especializarse, que no todos los miembros del kibutz servían para todo. Que el maestro o el que ordeñaba las vacas no podía convertirse en el gerente de la fábrica de un día para otro.

Coincidió además con un momento en el que el paternalismo estatal de los primeros años de vida de Israel empezaba a diluirse con un salto a la economía capitalista, que en algunos sectores se produjo a velocidad de vértigo. “Los kibutz empezaron a vaciarse”, relata Getz. “Las deudas eran de los kibutz, no de los individuos, y mucha gente simplemente se fue. Entonces surgió la necesidad de replantearse el sistema”, cuenta en el porche de su casa Gadot, en el norte, junto a Líbano.

“Ha empezado a llegar sangre nueva. la lista de espera para entrar es de al menos un año”

La crisis forzó un gran pacto entre los bancos y el Estado. Condonaron parte de la deuda según la capacidad real de devolución de cada kibutz y, a cambio, las comunidades cedieron parte de sus tierras al Estado y privatizaron la industria láctea. Hoy día, la gran mayoría de los kibutz son empresas rentables. Muchos combinan la producción agrícola con la fabricación de todo tipo de productos. Envases plásticos, blindaje para coches, piezas de electrodomésticos. Casi de todo. Sus miembros suman apenas el 1% de la población de Israel, pero representan el 40% de la producción agrícola y en torno al 9% de la industrial.

Viendo la vitalidad que se respira en el comedor de Ein Hashofet, resulta casi imposible pensar que hace 15 años este kibutz, como los del resto del país, languideciera. Sucedió casi de repente, hace unos años, cuando empezó a llegar sangre nueva, parejas jóvenes que huían de la gran ciudad y la inseguridad urbana. Que buscaban un lugar agradable para ver crecer a sus hijos –aquí van en bicicleta a la guardería– y que anhelaban la vida en comunidad. Hoy, la lista de espera para entrar es de al menos un año. Cuando hay vacantes, los que superan la entrevista personal y las tres votaciones están dentro. Ahora, en Ein Hashofet esperan tener más tierras y algo más de dinero para poder ampliar.

El cambio ha permitido la supervivencia, pero también ha generado lo que algunos viven como nuevas contradicciones. Amikam Osem, un pionero veterano, lo explica muy bien. Dice que una cierta privatización ha sido necesaria. Bien. Que se abrieron las puertas y muchos miembros empezaron a trabajar fuera, en las ciudades. Mientras, las fábricas y los sembrados se llenaron de obreros de fuera –tailandeses y palestinos con pasaporte israelí sobre todo–. También bien. “El problema es que los beneficios de esos campos y esas fábricas siguen yendo a los miembros del kibutz, y eso no es justo. Si somos tan socialistas, habrá que repartir los dividendos entre los trabajadores, digo yo”.

En la inmensa mayoría de los kibutz no se ve una kipá, con la que se tapan la coronilla los judíos más religiosos. El perfil del pionero fundador del Estado de Israel era el de un judío laico y askenazí –de origen europeo– con ideales sionistas y socialistas. Se trataba de colonizar la tierra, de hacer florecer el desierto, como ordenaba el padre del país, David ben Gurión. De crear un nuevo mundo y de labrar la imagen del nuevo judío, en la que la cultura reemplazaría a la religión. Querían acometer revoluciones personales, “reducir la distancia entre lo que se dice y lo que se hace”.

Pero la presencia de la religión crece a marchas forzadas en Israel y eso también se nota en los kibutz. En algunos se construyen sinagogas y hay incluso un par que son religiosos al 100%. Es decir, no admiten por ejemplo miembros que no respeten las reglas del kashrut, las que el judaísmo impone para la alimentación, entre ellas la separación de carne y lácteos. El sabbat, el día de descanso, se cumple a rajatabla.

Es el caso de Sha’alvim, en el centro del país. Aquí, todas las cabezas van cubiertas con una kipá. Unos son nacionalistas-religiosos, y otros, haredim –ultraortodoxos–, “pero todos somos sionistas”, aclara Moshe Oren, uno de los fundadores. Hace esta aclaración porque parte de la comunidad ultrarreligiosa de Israel se declara antisionista y en contra de la creación del Estado de Israel. Piensan que solo el Mesías, cuando llegue, podrá fundar un Estado judío. Los religiosos de Sha’alvim pertenecen, sin embargo, a otra corriente. A la de los que piensan que el camino de la redención pasa por asentar la que consideran la tierra prometida. Son fruto del variadísimo cóctel ideológico-teológico que en Israel compite por la identidad del Estado. “Cuando llegamos, éramos religiosos, pero también teníamos ideales socialistas. No queríamos ser pequeñoburgueses”. A principios de los cincuenta, unas diez familias aterrizaron en estas tierras, pegadas a la frontera que hasta 1967 fue Jordania, con la idea de poblarlas y proteger las fronteras. Hoy viven aquí unas 70 familias, pero están construyendo un barrio nuevo para alojar a los que vienen. Oren nos recibe en su casa, un pequeño habitáculo decorado con fotos de la familia y todo tipo de objetos religiosos. Él es uno de los primeros pobladores. Nacido con el nombre de Marcel Tanenbaum, recaló en Sha’alvim en 1956 tras escapar del nazismo en Estrasburgo. Enseguida comenzaron a cultivar la tierra y a criar ganado. Hoy, buena parte de la actividad del kibutz gira en torno a la gran yeshiva hesder, donde estudiantes israelíes y estadounidenses combinan enseñanzas religiosas con el Ejército.

“Es el precio de la ocupación. el mundo
nos ve ahora como colonizadores”

El caso de Sha’alvim es especialmente interesante, porque de alguna manera ilustra la emigración ideológica de ciertos sectores de la sociedad israelí. Oren y el resto de los llamados pioneros llegaron a Sha’alvim porque querían conquistar la tierra y participar en la construcción del Estado de Israel en el que creían. Los hijos de Oren –“con la ayuda de Dios tenemos muchos”– se consideran también sionistas e idealistas y viven en asentamientos en los territorios ocupados palestinos. “No se trata de colonizar, sino de liberar, porque esta tierra [Cisjordania] nos pertenece desde que Dios la creó”, estima Oren. Algunos de sus nietos –unos 50, dice que ha perdido la cuenta– viven en los outpost, grupos de caravanas incrustadas en el corazón de Cisjordania e ilegales incluso según la ley israelí. En los cincuenta, los pioneros, los idealistas patriotas, fundaban kibutz. Hoy levantan outposts y pueblan los asentamientos que ponen en peligro cualquier acuerdo de paz con los palestinos.

La intimidad de la gran familia del ki­­butz da calorcito, acoge. Pero también en ocasiones asfixia. “No solo conozco a todos los miembros del kibutz, sé también con quién se acuesta cada uno”, confiesa entre risas Amikan Osem, el pionero veterano que vive en Afikim, en el valle del Jordán. Este kibutz ha acogido a 100 nuevas familias en el último año. Osem conoce Afikim como la palma de su mano y le gusta enseñarlo subido en uno de los típicos triciclos eléctricos que circulan por los kibutz de todo el país y que se fabrican aquí. Deja escapar una mueca-sonrisa cuando recuerda los años de los –y sobre todo las– voluntarios/as. Muchos israelíes siguen añorando el desembarco de las nórdicas, las inglesas, las estadounidenses. “Aquí sabes quién es tu madre, pero nunca estás seguro de quién es tu padre”, dice un chascarrillo que recorre los kibutz y que hace alusión a aquellos años. La juventud internacional recalaba en este rincón del planeta, deseosa de aprender, de cumplir su sueño socialista… y de divertirse. Amoríos y rollos de verano hubo muchos. Matrimonios, también unos cuantos.

Ahora los jóvenes solidarios se embarcan en flotillas que aspiran a romper el embargo de la franja de Gaza, o por lo menos a llamar la atención sobre este castigo colectivo al más de millón y medio de palestinos que allí viven. Y los kibutz reciben ahora voluntarios cristianos sionistas y surcoreanos que quieren ver mundo, pero que no son necesariamente idealistas. “Es el precio de la ocupación. Ahora el mundo nos ve como opresores, como colonizadores”, admite Levy, director general del movimiento.

El perfil del voluntario ha cambiado. El del kibutz está todavía en mutación, se está reinventando. Por un lado ha resucitado el deseo de volver a la tierra. Los jóvenes se apuntan en las listas de espera porque quieren vivir una vida más simple y, en definitiva, ser más felices. Quieren vivir en comunidad, pero sin que el grupo les reemplace y decida por ellos. El consenso pasa a veces por diluir el invento. La esencia, sin embargo, permanece de momento. “El kibutz aún está buscando su identidad. No va a ser lo que era antes, pero todavía tiene que decidir qué quiere ser de mayor”, cree Diana Bogoslavsky, directora del conglomerado empresarial de los kibutz del valle del Jordán. El futuro es incierto. Tanto, que desde hace 20 años una legión de agoreros vaticinan la muerte del kibutz, que dicen que de la privatización a la defunción hay un paso. Pero por ahora disfrutan una segunda vida y con su nueva piel demuestran a diario que no hay una forma única de organizarse en sociedad, sino muchas.

Regreso a los kibutz | El País Semanal | EL PAÍS

Los judíos negros, el “cáncer” de Israel

Filed under: Israel,Judaismo — Gilmar Crestani @ 10:45 am

Imagen: Corbis

Por Juan Gelman

Nadie sabe con certeza por qué existen antiquísimas comunidades de negros judíos en Africa, en Etiopía, Eritrea, Sudán, Zimbabwe. No hay registros de este hecho, pero abundan las hipótesis: se dice que podrían ser descendientes de Menelik I, presunto hijo del rey Salomón y la reina de Saba. O miembros de Dan, una de las doce tribus hebreas mencionadas en el Antiguo Testamento (Génesis, I 29-31), que se habrían establecido en Etiopía. Lo cierto es que los lemba de Sudáfrica practican la circuncisión, no trabajan un día a la semana que dedican a rezar, no comen carne de cerdo ni de hipopótamo, que consideran afín al cerdo (www.gentiuno.com, 24-2-07) y observan otras prácticas judías comunes.

Miles de ellos emigraron a Israel en tiempos recientes huyendo del sangriento campo de batalla y de hambre en que zonas de Africa se han convertido desde hace décadas. Se estima que su número se acerca a los 60 mil y provienen sobre todo de Etiopía, Eritrea y Sudán, también de Ghana y Nigeria. Empresarios israelíes han traído a no pocos a fin de que se ocupen de los trabajos más duros y despreciables para los israelíes blancos. La extrema derecha nacionalista de Israel los ha convertido en blanco fácil de su propaganda, en especial en estos meses preelectorales. Pero viene de antes.

Miri Regev es una de las líderes del movimiento que persigue la expulsión de los negros de Israel, aunque sean judíos como ella. Ex brigadier general del ejército, reiterada ocupante de una banca en el Knesset o Parlamento israelí y figura política destacada del Likud gobernante, organizó y encabezó un mitin en Tel Aviv demandando la expulsión de sus correligionarios sudaneses asilados en la Tierra Prometida, a los que calificó de “cáncer en el cuerpo” de Israel que se debe erradicar (www.huffingtonpost.com, 24-5-12). La aplaudían unos mil manifestantes que gritaban “infiltrados, fuera de nuestra casa”. Hay, al parecer, judíos infiltrados en Israel.

Miri Regev pidió disculpas en Facebook por el exabrupto y el gobierno israelí criticó la violencia que desataron los participantes en el mitin contra pasantes negros. Pero la realidad es otra. El año pasado, Haim Mual, 20 años, fue detenido por arrojar una bomba Molotov contra un orfanato para niños africanos. No lo consideraron un delincuente racista y la sentencia fue benigna: tres meses de arresto (The Jerusalem Post, 29-4-12). Miri insiste: “Dios prohíbe –dijo– que comparemos a los africanos con seres humanos” (//elec tronicintifada.net, 31-5-12). El mismo criterio que los conquistadores españoles aplicaron hace siglos a los pueblos originarios de América latina.

El primer ministro israelí, Benjamin Netanhayu, no está muy lejos del pensamiento de Miri. “Si no impedimos su ingreso (el de los africanos), el problema es que si hoy son 60 mil pueden llegar a 600 mil y esto amenaza nuestra existencia como Estado judío democrático… nuestra seguridad nacional y nuestra identidad nacional”, declaró en una reunión de gabinete (//mg.cpo.za, 21-5-12). Fueron declaraciones motivadas por delitos cometidos en un barrio de Tel Aviv de alta concentración migratoria africana. Pero según datos de la policía israelí citados por Hotline for Migrant Workers, la tasa delictiva de extranjeros en Israel fue del 2,04 por ciento en el 2010; la de los israelíes más del doble: se elevó al 4,99 por ciento (www.guardian.co.uk, 20-5-12).

Otros funcionarios y políticos piden la deportación de los africanos, aunque sean judíos, a países en los que la prisión o la muerte los espera. Al ministro del Interior, Eli Yishai, poco le importa: “No soy responsable de lo que pasa en Eritrea y Sudán, la ONU lo es” (www.haaretz.com, 20-5-12). El gobierno está construyendo un muro de 240 km de largo en la frontera de Israel con Egipto para bloquear la entrada de emigrantes futuros.

Un sector de la sociedad civil israelí se opone a esas políticas y ha llevado a cabo manifestaciones para condenarlas. Pero según los índices del Instituto de la Democracia en Israel correspondientes a mayo del 2012, un 52 por ciento de los israelíes encuestados coincidieron con las declaraciones oncológicas de Miri Regev y un arco del 30 al 40 por ciento se mostró particularmente molesto por la presencia en Israel de trabajadores de otros continentes. El porcentaje ascendió al 56,7 por ciento en el caso de los ghaneses y nigerianos y al 65,2 por ciento para sudaneses y eritreos.

Es notorio que muchos israelíes y sionistas califican de “antisemitas” y de “judíos que se odian a sí mismos” a personas del mismo origen que están totalmente de acuerdo con la existencia del Estado de Israel, pero critican las políticas que sus gobiernos perpetran contra los palestinos. ¿Qué cualidad habría que adjudicarle a Miri Regev y demás judíos israelíes que desprecian y humillan a otros judíos y se empeñan en expulsarlos de Israel?

Página/12 :: Contratapa :: Los judíos negros, el “cáncer” de Israel

07/12/2012

Opera Mundi – "Regime de Israel é pior do que apartheid na África do Sul", diz ex-ministro de Mandela

Filed under: Apartheid,Israel,ONU,Palestina — Gilmar Crestani @ 9:37 am

Filho de família judaica, Ronnie Kasrils afirma que luta contra a discriminação por conta das lições do holocausto

“O regime imposto por Israel sobre a população palestina é muito pior do que o apartheid que marcou a história da África do Sul”. Essa foi a constatação tida pelo ativista sul-africano Ronnie Kasrils, conhecido por sua luta pelo fim do regime racista em seu país, durante as visitas que realizou à Israel e aos territórios reivindicados pelos palestinos.
“Foi como um “dèjá vu”: pessoas alinhadas nos postos de controle com esses jovens soldados arrogantes e armados. Isso é o que eu via na África do Sul”, afirmou Kasrils, ex-ministro de Defesa durante o governo Nelson Mandela (1994-1999), à reportagem de Opera Mundi no salão de encerramento do Fórum Social Mundial Palestina Livre, em Porto Alegre. “Porém, quando olhei de novo e conheci melhor a situação, vi que era pior do a apartheid”.
Marina Mattar

Defensor da solução de dois estados com base nas fronteiras anteriores a 1967, Kasrils, filho e neto de judeus, sempre adotou uma posição muito crítica em relação a Israel e apoia há décadas as causas palestinas. Liderou campanhas e é autor de livros e manifestos contra as políticas israelenses para com seus vizinhos. Em 2006, chegou a ser processado por associações judaicas sul-africanas em razão de um artigo que foi classificado por seus acusadores como “discurso de incitação ao ódio”. No ano seguinte, foi inocentado. Segundo a sentença, “Kasrils sempre defendeu negociações pacíficas, e suas declarações nunca propuseram a destruição de Israel. Tampouco seus comentários devam ser associados a negação do holocausto”.
O ativista relembra como o regime racista sul-africano (1948-1994) segregava de forma violenta a população negra: “eles tinham que andar em calçadas diferentes dos brancos, eram discriminados nas ruas e em seus trabalhos, eram espancados pela polícia e grupos de vândalos, viviam em comunidades afastadas dos centros, os “chamados bantustões”, sem nenhuma infraestrutura. Quando ousavam protestar, eram duramente reprimidos. Era horrível! Mas não tanto quanto a vida em Gaza ou na Cisjordânia. Existem muitas semelhanças, mas também muitas diferenças”.

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De acordo com Kasrils, da mesma forma que os negros na África do Sul durante o apartheid, os palestinos sofrem discriminação e repressão das autoridades, das instituições, das forças de segurança e dos cidadãos. O ativista lembra que eles encontram grande dificuldade para realizar necessidades simples do cotidiano: ir ao trabalho, abrir um negócio, comprar terras ou construir uma casa.
“Isso é idêntico, de muitas formas, ao apartheid. Mas, as autoridades sul-africanas nunca usaram jatos militares e tanques para bombardear o local aonde os negros moravam. E os bantustões não eram cercados por muros ou postos de controle”, explica. “A vida nos bantustões era péssima, mas nem tanto quanto estar nas prisões que são Gaza e Cisjordânia”.
Filho de família judaica, o ex-militante do ANC (Congresso Nacional Africano) conta que teve sua infância marcada pelo holocausto e é por essa razão que tanto se preocupa com a discriminação e as políticas segregacionistas. O ativista diz que herdou essa lição de sua mãe, quando ainda era uma criança que via os empregados negros sendo destratados.
“Certa vez perguntei a ela: ‘é assim que os judeus na Polônia, na Alemanha, nesses países europeus que viveram o nazismo, estão sendo tratados?’ Minha mãe, uma mulher muito simples, mas boa e generosa, me respondeu: ‘Não exatamente. Porque na Europa, eles mataram os judeus nos campos de concentração. Mas, começa assim: com esse ódio e racismo’. E isso ficou na minha mente”.
Mesmo estando aposentado há quatro anos da vida política em seu país natal, o ativista não abandonou seus ideais e lutas. No Fórum Social Mundial Palestina Livre em Porto Alegre, ele defendeu a campanha do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) contra Israel e lembrou o sucesso dessa iniciativa para acabar com o regime do apartheid.

Opera Mundi – "Regime de Israel é pior do que apartheid na África do Sul", diz ex-ministro de Mandela

05/12/2012

Até tu, Folha…

Filed under: Folha de São Paulo,Israel,Palestina — Gilmar Crestani @ 9:01 am

EDITORIAIS

editoriais@uol.com.br

Israel insiste no erro

Quando a Assembleia-Geral da ONU aprovou a elevação de status da Autoridade Palestina de "entidade observadora" a "Estado observador não membro", o governo de Israel poderia ter identificado ali mais um sinal de que sua posição belicista é cada vez menos defensável.

Na votação da semana passada, 138 países apoiaram o pleito palestino e apenas 9 foram contrários a ele (41 se abstiveram). Ainda que a nova condição não dê poder de voto à Palestina, o efeito simbólico do reconhecimento como Estado não deve ser desprezado.

À revelia do recado da ONU, porém, Israel resolveu retaliar a Palestina e aprovou a construção de 3.000 unidades habitacionais em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia -áreas ocupadas desde 1967.

Em seguida, o Estado judeu congelou fundos que deveria repassar à Autoridade Nacional Palestina -oriundos de impostos de novembro sobre produtos que entram no território palestino sob controle de Israel.

Na segunda-feira, Reino Unido, França, Espanha, Suécia e Dinamarca convocaram os embaixadores israelenses em suas respectivas capitais para dar explicações sobre as medidas anunciadas por Israel. Ontem, o Brasil fez o mesmo.

Os Estados Unidos, tradicionais aliados de Israel, não tomaram iniciativa tão categórica (na diplomacia, a convocação de um embaixador representa séria insatisfação de um país com o outro), mas criticaram as decisões do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

As reações desses países decorrem, sobretudo, do injustificável plano israelense de ampliar a colonização. Uma parcela das novas habitações ficará num corredor entre Jerusalém Oriental e o assentamento judaico de Maale Adumim, dividindo a Cisjordânia em duas partes e dificultando ainda mais a viabilidade do Estado palestino.

Verdade que as 3.000 unidades anunciadas não representam um grande avanço de Israel. Iniciados há quase 45 anos, os assentamentos já são moradia para mais de 500 mil judeus na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

A gravidade do gesto está mais na localização e no momento escolhidos. Uma vez estabelecidas, as colônias dificultam negociações sobre o território em que se implantaram. São, portanto, um retrocesso. A pretexto de defender os israelenses, a política de Netanyahu complica a situação com a Palestina e sugere que a seu governo interessa antes acirrar o conflito que buscar a paz na região.

04/12/2012

Isolamento criado com muros, invasões e mortes de crianças

Filed under: Europa,Israel,Oriente Médio — Gilmar Crestani @ 7:20 am

Europa convoca embaixadores de Israel

Cinco países pediram explicações sobre a decisão de novos assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental

Ação explicita crítica à decisão, mas gabinete do premiê Binyamin Netanyahu já anunciou que não voltará atrás

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Cinco países europeus -Reino Unido, França, Espanha, Suécia e Dinamarca- convocaram os embaixadores israelenses presentes em suas capitais para dar explicações sobre a decisão de Israel, anunciada na sexta, de construir 3.000 unidades habitacionais na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Parte das novas habitações deverá ser erguida na zona E1, o que implicará na construção de um corredor entre Jerusalém Oriental e o assentamento judaico de Maaleh Adumin.

Caso isso aconteça, o território da Cisjordânia será dividido em duas partes, comprometendo a viabilidade de um futuro Estado palestino.

No protocolo diplomático, a convocação de um embaixador para explicações demonstra séria insatisfação de um país com outro.

A decisão de Israel foi uma represália ao reconhecimento pela Assembleia Geral da ONU da Palestina como Estado, no dia 30 de novembro.

Na votação, que elevou o status da Palestina de "entidade observadora" para "Estado observador não-membro", 138 países votaram a favor da decisão, 41 se abstiveram e 9 (entre eles, EUA e Israel) foram contra.

DESAPROVAÇÃO

Reino Unido, França, Suécia e Dinamarca expuseram aos embaixadores israelenses sua desaprovação as planos de um novo assentamento na região.

Além disso, a Espanha também criticou a decisão, anunciada no domingo, de congelamento da transferência à Autoridade Nacional Palestina (ANP) dos impostos recolhidos em novembro sobre produtos que entram no território palestino sob o controle de Israel.

"Essas duas medidas não são passos em direção à paz, mas à prolongação do conflito", declarou o ministro de Relações Exteriores espanhol José Manuel García-Margallo.

Já François Hollande, presidente francês, disse que a França não pretende impor sanções a Israel, mas fazer um trabalho de convencimento. "Nos preocupamos com a instalação de novas colônias e todas as consequências que elas podem ter para o processo de paz."

O Reino Unido disse que qualquer outra medida que o país possa tomar dependerá de discussões, já em curso, com autoridades israelenses, americanas e europeias.

Também os Estados Unidos, um tradicional aliado de Israel, criticaram a decisão do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Washington, que considerou o projeto um retrocesso para o alcance da paz, pediu que Israel reconsiderasse a decisão. "Essas ações são contraproducentes e tornam mais difícil a volta de negociações diretas com os palestinos", disse a Casa Branca por meio de porta-voz.

O gabinete de Netanyahu disse que não reconsiderará sua decisão e continuará defendendo os interesses israelenses mesmo que enfrente pressões internacionais.

Cerca de 350 mil judeus vivem em assentamentos na Cisjordânia, além de 200 mil em Jerusalém Oriental, onde os palestinos querem estabelecer a capital de seu Estado.

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