Conta Homero, na Odisseia, que Ulisses e seus marinheiros, no retorno de Tróia para casa, desembarcaram na ilha dos ciclopes filhos de Poseidon a procura de alimentos. Entraram numa gruta onde o ciclope Polifemo guardava suas ovelhas e, ao constatar a presença de estranhos, o gigante de um só olho fechou, com uma enorme pedra, a porta da gruta. Polifemo se alimentava devorando dois marinheiros por vez. Ulisses, paradigma de inteligência, ofereceu vinho a Polifemo, que quis saber quem lhe dera bebida e Ulisses então respondeu: “foi Ninguém”.
Adormecido pelo efeito da bebida, Ulisses e seus homens furam o único olho do gigante. Na manhã seguinte, ao acordar, Polifemo, sem enxergar nada porque estava com seu único olho furado, solta seu rebanho. Tenta, pelo tato, diferenciar ovelhas de prisioneiros. Segurando-se por baixo das ovelhas, Ulisses e seu marinheiros escapam. Ao perceber a fuga, Polifemo grita aos seus companheiros ciclopes que “Ninguém” tinha escapado. E, assim, estes ignoram seus gritos. Já no navio, Ulisses zomba de Polifemo, confessando que “Ninguém” era ele. Então Polifemo arremessa grandes rochas para o mar pedindo ao seu pai Poseidon para vinga-lo.
Poseidon é o MP, esse deus supremo do mar de lama. Inflado pelos ciclopes da velha mídia, Valtan, uma lesma no raciocínio, se acha um gigante. Como toda lesma, é vidrado por Lula. Ao ouvir que o grande molusco apoia empresas brasileiras fica cego de ódio. Quando lhe perguntam quem fatura em cima de suas viagens ao exterior, Lula responde: “foi Furtado”. Sua inteligência desencadeia a fúria dos ciclopes de bico grande e cérebro pequeno que, em grande síndrome de abstinência de votos, só fazem jogar rochas ao léu para ver se o atingem. Mas, como Ulisses, Lula é do mar e não enjoa.
Para o vira-lata cego de ódio, a lesma do MP que tenta se promover perseguindo Lula por fazer com palavras o que os EUA fazem com guerras, segue uma pequena amostra dos indícios da influência do grande molusco no exterior:
- Grã-Cruz das Ordem do Mérito Militar, Ordem do Mérito Naval e Ordem do Mérito Aeronáutico, perpetuamente. Como Grão-Mestre destas ordens militares, automaticamente é condecorado com a Grã-Cruz;1 2
- Grão-Colar da Ordem do Cruzeiro do Sul e da Ordem do Rio Branco. Como Grão-Mestre destas ordens, automaticamente é condecorado com o mais alto grau das mesmas, de forma perpétua;3 4
- Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. Como grão-mestre desta ordem, é automaticamente condecorado com o mais alto grau da mesma, de forma perpétua;5
- Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário Militar;6
- Grã-Cruz da Ordem da Águia Asteca (México)7
- Grã-Cruz da Ordem Amílcar Cabral (Cabo Verde)8
- Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada (Portugal); 9
- Grã-Cruz da Ordem da Estrela Equatorial (Gabão);10
- Grã-Cruz de Cavaleiro da Ordem do Banho Reino Unido 11
- Grã-Cruz da Ordem de Omar Torrijos (Panamá);12
- Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito (Argélia);13
- Grande-Colar da Ordem da Liberdade (Portugal);14
- Grã-Cruz da Ordem de Boyacá (Colômbia);15
- Grão-Colar da Ordem Marechal Francisco Solano López (Paraguai);16
- Grão-Colar da Ordem da Inconfidência (Minas Gerais);17
- Grã-Cruz da Ordem do Mérito Aperipê (Sergipe);18
- Grã-Cruz com diamantes da Ordem do Sol do Peru (Peru);19
- Medalha do Mérito Marechal Floriano Peixoto (Alagoas);17
- Medalha do Mérito 25 de Janeiro, de São Paulo; 20
- Medalha do Mérito Industrial do Brasil (Associação Brasileira de Indústria e Comércio);21
- Prêmio Príncipe de Astúrias (Espanha); 22
- Prêmio Amigo do Livro, da Câmara Brasileira do Livro;23
- Prêmio Internacional Don Quixote de la Mancha (Espanha); 24
- Medalha de Ouro "Aliança Internacional Contra a Fome", do Fundo das Nações Unidas contra a Fome;25
- Prêmio pela paz Félix Houphouët-Boigny da UNESCO, 2008;26
- Estadista Global entregue pelo Fórum Econômico Mundial em sua edição 2010, ocorrida em Davos – Suíça; 27
- Prêmio L ‘homme de l ‘année (Homem do Ano), entregue pelo jornal Le Monde (França), edição 2009;28
- Prêmio Personalidade do Ano de 2009, entregue pelo jornal El País (Espanha);29 30
- Prêmio Mikhail Gorbachev;31
- Prêmio Chatham House 2009 do Reino Unido pela a atuação de Lula na América Latina;32
- "Brasileiro da Década" pela revista Isto é (2010).33
- Prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa.34
- XXIV Prêmio Internacional Catalunha pelas políticas sociais e econômicas em seu mandato de Presidente do Brasil.35
- Ordem Nacional da República Benin, a mais alta condecoração beninense, na cidade de Cotonou.36
- Doutor honoris causa pela Universidade Federal de Viçosa,37 , pela Universidade de Coimbra (Portugal),38 pela Universidade Federal de Pernambuco, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, pela Universidade de Pernambuco, pela Universidade Federal Fluminense, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro39 pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), pela Politécnica de Lausanne (Suíça) 40 , pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)41 , pelo Sciences-Po (Institut d’Etudes Politiques de Paris)35 e pela Universidade Federal do ABC42 . Embora outros universidades nacionais e internacionais tenham feito diversos convites para que o então presidente recebesse a honraria, Lula recusou todos os títulos honoris causa enquanto ocupou a cadeira de chefe do estado brasileiro, passando a aceita-los apenas após deixar o cargo.
O grande crime de Lula é ter defendido o Brasil
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Só um país à beira da irracionalidade completa pode encarar com naturalidade que um ex-presidente possa ser criminalizado por hastear a bandeira dos interesses nacionais fora do País; Luiz Inácio Lula da Silva, que preferiu defender empresas e empregos brasileiros após deixar o poder, está sendo acusado por um procurador federal de praticar "tráfico de influência internacional"; ou seja: na lógica arbitrária do MP, Lula cometeu o gravíssimo delito de defender que empresas brasileiras vencessem concorrências internacionais em países como Cuba, onde a Odebrecht fez o Porto de Mariel, e República Dominicana; ação contra Lula ganha páginas de jornais como o Financial Times, pouco tempo depois de a Foreign Affairs, bíblia da geopolítica internacional, ter exaltado o avanço do Brasil no mundo na era Lula; este legado, no entanto, pode ser destruído pelo ódio político, pelo arbítrio e por interesses internacionais que movimentam a desestabilização do País
16 de Julho de 2015 às 22:49
Por Leonardo Attuch
No primeiro dia de janeiro de 2011, quando transmitiu a faixa presidencial à sucessora Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula poderia ter tomado uma decisão parecida com a de vários brasileiros que julgam já ter cumprido sua missão na Terra: pendurar as chuteiras, aposentar-se e curtir a vida. Naquele momento, Lula era chamado por publicações internacionais, como a revista alemã Der Spiegel, de o "o político mais popular na face da Terra". O economista Jim O’Neill, que criou a expressão BRICs, o qualificou como o mais importante líder dos últimos 50 anos no mundo, por ter sido capaz de comandar um gigantesco processo de inclusão social, dentro de uma complexa democracia.
Lula, no entanto, decidiu continuar trabalhando. Criou seu instituto, assim como fizera seu antecessor Fernando Henrique Cardoso, e passou a rodar o mundo como um embaixador informal do Brasil, de suas empresas e de seus empregos. Os focos prioritários foram a África e a América Latina, regiões nas quais, por afinidades históricas e culturais, o Brasil poderia ampliar sua influência, abrindo oportunidades para empresas nacionais e, ao mesmo tempo, reforçando a presença do País no jogo internacional. Deu certo. Tanto que, em sua mais recente edição, a revista norte-americana Foreign Affairs, tida como a bíblia da geopolítica global, destacou o avanço do Brasil como ator global nessas regiões (leia mais aqui).
Fosse o Brasil um país maduro e cioso de seu papel no mundo, Lula seria tratado como um dos seus grandes ativos. Um líder capaz de inspirar, angariar simpatias e conquistar apoios para os legítimos interesses comerciais das empresas nacionais e, também, para as aspirações diplomáticas do País. No entanto, o ódio político, a disputa pelo poder e interesses internacionais daqueles que preferem ver o Brasil numa posição subalterna o elegeram como o alvo a ser abatido.
Foi assim que Lula foi transformado pela revista Época, dos irmãos Marinho, no "operador", no "lobista" de grandes empreiteiras. A partir de uma reportagem publicada também no jornal O Globo, sobre uma viagem de Lula à América Central, teve início o processo que culminou, nesta quinta-feira, com a abertura de um inquérito criminal contra o ex-presidente Lula. A acusação: tráfico de influência internacional. Ou seja: Lula é acusado de usar sua influência em outros países em favor de empresas brasileiras. Na lógica do setor do Ministério Público que patrocinou a ação, melhor seria, decerto, que as concorrências para grandes obras na África e na América Latina fossem vencidas por empresas chinesas, norte-americanas ou espanholas, que também disputam esses mercados com empresas nacionais. Também segundo o MP, haveria tráfico de influência porque Lula abriria portas no BNDES, como se isso fosse necessário – programas de financiamento à exportação de serviços existem há décadas e beneficiam todas as empresas brasileiras que conquistam obras internacionais.
O inquérito contra Lula, no entanto, já está nas páginas de publicações internacionais, como o Financial Times e o The Wall Street Journal. Denúncias contra empreiteiras brasileiras também vêm sendo usadas por concorrentes internacionais para inviabilizar a presença das construtoras nacionais em vários mercados. O grupo Globo, que tem liderado a caçada a Lula, já defendeu, em seus editoriais, que empreiteiras nacionais sejam substituídas por empresas de fora até mesmo no mercado interno. Afinal, de acordo com a lógica dos Marinho, Lula é o criminoso a ser abatido, nem que o custo seja a destruição de algumas das maiores empresas brasileiras.
Diante de tamanha irracionalidade, o melhor remédio seria fazer do ex-presidente ministro das Relações Exteriores. Só assim, protegido da insanidade política, ele poderia continuar trabalhando em defesa de interesses nacionais, como fez nos anos em que esteve fora do poder.
* Leonardo Attuch é editor do 247
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