Ficha Corrida

20/11/2015

Um plutocrata comunista?!

Filed under: InJustiça,Plutocracia — Gilmar Crestani @ 9:56 am
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justica-cega-21Basta não ser obtuso para entender o que este plutocrata está dizendo. E não se trata apenas de grandes milionários. Na própria esfera das instituições públicas. Veja a decisão do STF de pendurar uma réstia de alho no pescoço do teto salarial para afugentar o vampirismo das  “vantagens pessoais”. Faltou na sessão do STF um Nick Hanauer para ligar o fio terra na cabeça dos Ministros.

Falece ao entendimento do  STF o zeitgeist, o espírito do tempo, que brotou da consciência do plutocrata ianque. Não admira que a sociedade mais antenada manifeste cada vez mais ojeriza ao Poder Judiciário.

E não se trata apenas dos Ministros e Magistrados, também nós servidores do Poder Judiciário que rejeitamos um aumento de até 40%, obcecados  pelos 70% vetados pela Dilma, parecemos desconhecer que não só estamos numa crise, como há muita gente perdendo o emprego e mais ainda que ganham bem menos do que nós.

Colegas plutocratas, cuidado com as tochas e forcados, adverte bilionário

Por Fernando Brito · 19/11/2015

bilio

O professor Fernando Nogueira da Costa, da Unicamp, publica, em seu blog, o vídeo de uma palestra do empresário Nick Hanauer, grava em julho passado, num dos encontros do TED – Tecnologia, Entretenimento e Design – uma organização que promove conferências empresariais nos EUA.

Hanauer, que se define como um plutocrata, integrande do grupo dos 0,01% dos mais ricos, faz uma paráfrase  com a Revolução Francesa  com a situação de concentração de renda e desigualdade no mundo. evolução

(…) a minha vida é como a da maioria dos plutocratas. Eu tenho uma visão ampla do capitalismo e dos negócios, e fui obscenamente recompensado por isso, com uma vida que a maioria de vocês não pode nem imaginar: várias casas, um iate, meu próprio avião, etc., etc., etc.

Mas sejamos honestos: eu não sou a pessoa mais esperta da Terra, com certeza não sou a mais esforçada, eu era um aluno medíocre, não sei ser técnico, não sei escrever uma linha de código. De fato, meu sucesso é o produto de uma sorte espetacular, de nascença, de circunstância e de momento. Mas eu sou muito bom em algumas coisas. Uma é que tenho uma tolerância anormalmente alta a correr riscos, e a outra é que tenho um bom sentido, uma boa intuição do que vai acontecer no futuro, e eu acho que essa intuição sobre o futuro é a essência do bom empreendedorismo.

Então o que eu vejo no nosso futuro hoje, vocês perguntam? Eu vejo forcas, tipo multidões enfurecidas com tochas e forcados, porque enquanto pessoas como nós, plutocratas, estão vivendo além dos sonhos da ganância, os outros 99% dos nossos concidadãos estão ficando mais e mais para trás.

Hanauer lembra que “em 1980, o 1% mais rico dos norte-americanos concentrava em torno de 8% da riqueza nacional (dos EUA), enquanto que os 50% mais pobres concentravam 18%. Trinta anos depois, hoje, o 1% mais rico concentra mais de 20% da riqueza nacional enquanto que os 50% mais pobres concentram 12 ou 13%. “

Fichinha perto da concentração que ocorria no Brasil desde os anos 70 e que, se não parou de ocorrer, desacelerou. Mas o suficiente para Hanauer dizer que os EUA passarão “passar de uma democracia capitalista para uma sociedade rentista neofeudal como a França do século 18. Essa era, vocês sabem, a França antes da revolução e das multidões com forcados.”

“Me mostre uma sociedade altamente desigual e eu vou te mostrar um estado policial ou uma insurreição. Os forcados vão vir atrás de nós se não dermos um jeito nisso. Não é um “se”, é um “quando”. E vai ser horrível quando eles vierem para todos, mas particularmente para pessoas como nós plutocratas.”

O professor Nogueira da Costa toma o cuidade de explicar, para os que não sabem, que forcado é aquele garfo enorme e pontiagudo que se usa para revolver palha ou feno. E Hanauer também explica que não diz isso por uma postura moral em relação à desigualdade, mas porque estruturas assim são “burras e autodestrutivas”. Ao contrário, diz ele, “as democracias capitalistas altamente prósperas são caracterizadas por investimentos maciços na classe média e na infraestrutura da qual ela depende.”

“Eu ganho mil vezes o salário médio mas não compro mil vezes mais coisas, compro? Eu comprei dois pares dessas calças, que o meu parceiro Mike chama de “calças de gerente”. Eu podia ter comprado duas mil calças, mas o que eu faria com elas? (Risos) Quantas vezes eu posso cortar o cabelo? Quantas vezes eu posso sair para jantar? Não importa quanto dinheiro alguns plutocratas ganhem, nós nunca vamos conseguir manter uma economia nacional forte. Só uma classe média próspera pode fazer isso.”

Hanauer, que defende uma forte elevação do salário mínimo, ridiculariza a ideia de que aumentar o salário mínimo causa desemprego.

Desde 1980, os salários dos executivos no nosso país foram de 30 vezes o salário médio para 500 vezes. Isso é aumentar o preço do emprego. E mesmo assim, pelo que eu sei, nunca uma empresa terceirizou o trabalho do CEO, o automatizou ou exportou para a China. Na verdade, parece que estamos empregando mais CEOs e gerentes seniores que nunca.

(…)vamos diminuir os gastos do governo, mas não prejudicando os programas de assistência, e sim garantindo que os empregados ganhem o suficiente para não precisarem deles. (…)A função das democracias é a de maximizar a inclusão do povo para gerar a prosperidade, não permitir que a elite acumule dinheiro. O governo de fato cria prosperidade e crescimento criando as condições que permitem que empreendedores e seus clientes prosperem.

Equilibrar o poder de capitalistas como eu e trabalhadores não é ruim para o capitalismo, é essencial para ele. Programas como um salário mínimo decente, atendimento médico acessível, licença médica remunerada e a tributação progressiva necessária para custear a infraestrutura importante necessária para a classe média como educação, P&D, essas são ferramentas indispensáveis que capitalistas espertos deveriam abraçar para impelir o crescimento, pois ninguém se beneficia dele como nós.

(…)Ou, ao invés, podemos não fazer nada, nos esconder em nossos condomínios e escolas particulares, curtir nossos aviões e iates – eles são muito divertidos – e esperar pelos forcados.”

Posto aí embaixo o vídeo da palestra de Hanauer. É legendado em português, o que seria desnecessário para nossos megamilionários, já que todos entendem inglês, embora não entendam o óbvio.

Colegas plutocratas, cuidado com as tochas e forcados, adverte bilionário – TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

13/09/2015

inJustiça

Filed under: Auxílio Educação,InJustiça,Juízes,Justiça — Gilmar Crestani @ 9:27 am
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justica dNum Estado com milhões de favelados e sem condições de frequentarem sequer o ensino fundamental, a decisão do TJ/RS é o exemplo pronto e acabado da doença da nossa sociedade, a apropriação do Estado por uma elite inescrupulosa. A falta de sintonia com os reais problemas da nossa sociedade é fruto da nossa República dos Doutores. Eles deveriam criar uma bolsa de ensino sobre o bom uso de recursos públicos, sobre viver em sociedade e sobre ética social. Não se trata de avaliar o impacto financeiro, mas do exemplo de como se deve tratar os recursos públicos. Com que isenção podem julgar crimes contra o patrimônio?

A concessão desta benesse é mais uma bofetada no rosto dos que lutam por políticas de inclusão social. E logo neste momento de crise. A desconexão com a realidade é a única explicação para este tipo de atitude.

Tribunal do Rio começa a pagar auxílio-educação

Dependentes de magistrados de 8 aos 24 anos têm subsídio de R$ 953,47

Desembargadores e juízes passam a ter sete benefícios; tribunal do Rio é o mais rico do país e tem fundo próprio

MARCO ANTÔNIO MARTINS, DO RIO, para a FOLHA

O Tribunal de Justiça do Rio iniciou, na terça (8), o pagamento de um auxílio-educação a funcionários que tenham filhos entre 8 e 24 anos.

Com a medida, passam a ser sete os benefícios concedidos a juízes e desembargadores lotados no tribunal mais rico do país.

Da adoção ao funeral, os magistrados têm garantido o auxílio com dinheiro público. Isso sem contar diárias por viagens, além de gratificação por exercer funções nas eleições ou dirigir fóruns. O salário base de um desembargador no Rio é de R$ 30.471,08.

"A perda de poder aquisitivo não conhece rubrica, vitimando a todos indistintamente. O auxílio serve como estímulo", afirmou o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente do TJ do Rio, ao justificar o pedido do benefício, em maio, à Alerj (Assembleia Legislativa).

Para juristas e magistrados ouvidos pela Folha, o auxílio, chamado de "penduricalho", garante um aumento nos vencimentos da categoria no Rio.

O dinheiro para o pagamento do auxílio sai do Fundo Especial do TJ. Até a sexta (11), a arrecadação do fundo chegava a R$ 1 bilhão. O impacto do novo benefício no orçamento do tribunal será de R$ 130 milhões em 2016, segundo o próprio TJ.

Até o momento, 359 dependentes de magistrados estavam inscritos para obter o benefício. Cada um receberá um auxílio-educação de R$ 953,47.

Os benefícios para educação, alimentação e moradia vêm sendo tema de discussão no plenário do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Há um projeto para incluí-los na Lei Orgânica da Magistratura, que rege a atuação de juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores.

Diferentemente dos tribunais de outros Estados, que têm a verba sob gestão dos governadores e recebem percentuais para seus gastos, o TJ do Rio tem um fundo próprio.

"O dinheiro do fundo se destina a melhorias na Justiça e não à educação de filhos de magistrados. Os juízes ficam inventando penduricalhos que servem apenas para aumentar nosso desgaste diante da sociedade", disse o desembargador Siro Darlan, contrário ao pagamento do benefício.

30/06/2014

Imagine na Copa… de 1990!

Se os trabalhadores estão agora comendo o pão que Frida amassou imagine os trabalhadores que construíram os estádios para a Copa de 1990. Ah, se os vira-latas fossem melhor informados, latiriam mais fino. Mas é a ignorância que engrossa seu latido. Se não tenho medo de pastor alemão, por que teria de um vira-lata?!

Trabajadores españoles en Alemania se organizan contra las injusticias laborales

Un grupo formado por jóvenes españoles en Berlín defiende a los emigrantes explotados en sus trabajos y les pone en contacto con sindicatos

Luis Doncel Berlín 29 JUN 2014 – 19:34 CET795

Los organizadores del Grupo de Acción Sindical junto a trabajadores en Berlín. / Júlia Soler.

Es una escena muy habitual en estos años en los que la crisis ha empujado a muchos al exilio económico. Un grupo de jóvenes españoles se reúne en un bar de una ciudad europea o de otra parte del mundo. Pero los veinteañeros y treintañeros que el pasado miércoles tomaban una cerveza en el barrio berlinés de Kreuzberg no solo tienen en común el haber dejado un país en el que más de la mitad de los menores de 25 años está en paro. Ellos también se fueron de España forzados por la crisis, pero ahora se han organizado para ayudar a aquellos que emigraron más tarde y que, una vez llegados al paraíso alemán,se encontraron con trabajos abusivos o sueldos sensiblemente inferiores a los que reciben los empleados locales. De la nada crearon el Grupo de Acción Sindical (GAS), una plataforma pensada para servir de conexión entre los trabajadores que sufren abusos en el país al que acaban de llegar y los sindicatos alemanes.

Enfermeras que cobran la mitad que sus compañeras alemanas y a las que no les dejan hacer pausas en jornadas de 12 horas, trabajadores de innovadoras empresas que pagan 300 euros por una jornada completa… Son situaciones con las que se encontraban los jóvenes ligados al movimiento 15-M que montaron en septiembre del año pasado una asesoría para los españoles llegados a Berlín. Una “oficina precaria”, como ellos la denominan, pensada para dar información sobre los pasos necesarios para darse de alta en el Ayuntamiento u otros trámites burocráticos detectó de repente unas necesidades con las que no habían contado. De ahí nació el pasado mes de febrero el GAS.

más información

“Queremos que la gente se organice en sus trabajos. Indagar para ver quién es susceptible de hacer acción sindical en grupos que hasta ahora no había ningún tipo de comité de empresa”, explica Miguel Sanz, ambientólogo de 34 años. Llevan solo cuatro meses en acción y ya han visto resultados. Se han puesto en contacto con ellos empleados de seis empresas, pero solo en dos han logrado involucrar a la plantilla en defensa de unos intereses comunes. “Las otras cuatro eran demasiado pequeñas. Start-ups en las que la gente no se atreve a movilizarse”, explica otro compañero. En las enfermeras han encontrado un colectivo dispuesto a dar el paso de organizarse.

“Acudimos a ellos porque no podíamos tolerar que a nosotros nos pagaran 9,5 euros la hora, mientras que un empleado alemán puede llegar a cobrar hasta 15. Y si dejamos la empresa antes del año y medio que estipula el contrato nos obligan a pagar una multa que puede llegar hasta 6.600 euros”, explica Natalia Silva, enfermera que acudió a este grupo que trabaja de forma altruista y se financia con las contribuciones individuales o con actos como “fiestas solidarias”.

Los activistas aseguran que la reacción del sindicato Verdi, el segundo mayor del país, ha sido muy positiva. Las dos organizaciones han editado de forma conjunta folletos en castellano en los que reclaman, entre otras cosas, un mismo salario “por el mismo trabajo y la misma cualificación” y acabar con la multa que ata a los enfermeros a la empresa. “Los sindicalistas con los que hemos contactado nos decían que llevaban años tratando de penetrar en estos colectivos, pero que por algún motivo no lo habían conseguido. Quizá es porque los trabajadores con problemas no nos perciben como los burócratas del sindicalismo que solo buscan afiliados”, añade Sanz, que insiste en que lo que hacen ahora no podría entenderse sin la ola movilizadora que supuso para todos ellos el movimiento 15-M. La organización de los trabajadores extranjeros, explican los impulsores de la iniciativa, interesa también a los alemanes, que muchas veces ven cómo las empresas les niegan mejoras sociales con el argumento de que siempre hay españoles, portugueses o griegos dispuestos a hacer el mismo trabajo a cambio de menos. Esta situación ha aumentado la tensión entre trabajadores locales y extranjeros, generando en algunos casos algo muy parecido a la xenofobia, según denuncian los activistas.

De los 2,3 millones de extranjeros registrados como trabajadores en Alemania, España aportó el año pasado 48.546, por detrás de otros 12 países europeos. La cifra ha aumentado en los últimos años, y con ella las situaciones que en muchos casos no violan la ley, pero constituyen abusos que podrían aliviarse. Los impulsores de la iniciativa aseguran que solo acaba de empezar y confían en que se reproduzca en otros lugares y sectores. ¿Cuál será el siguiente? “No lo sé. Pero en Londres hay una situación muy parecida. Quizás ahí también surja algo”, responden.

Tras la protesta, la empresa cancela el programa

“Lamentablemente, debemos informarles de que con efecto inmediato damos por finalizado nuestro programa para personal de enfermería a nivel europeo Work & Travel Europe. Esta decisión no ha sido fácil, pero una serie de actuaciones en los últimos tiempos no nos han dejado otra opción”. Así encabezaba a mediados del mes de junio la empresa GIP una carta en la que, ante “las acusaciones y recriminaciones” que han recibido daban por concluido la iniciativa con la que más de 100 enfermeros españoles y griegos han encontrado un puesto de trabajo en Alemania.
Algunos de los participantes en el programa se habían puesto en contacto con los impulsores del Grupo de Acción Sindical de Berlín para denunciar lo que consideraban abusos y discriminaciones ante los trabajadores alemanes. Natalia Sierra, una de las enfermeras españolas, denuncia que cobran sueldos sensiblemente inferiores, que trabajan jornadas de 12 horas sin derecho a descanso y que les obligan a terminar el contrato que habían firmado por año y medio bajo amenaza de una multa de hasta 6.600 euros. “La empresa ha cancelado el programa acusándonos de haber protestado demasiado”, asegura rodeada de los activistas que le han proporcionado asesoría y le han puesto en contacto con el sindicato alemán Verdi.
El folleto editado de forma conjunta por Verdi, el Grupo de Acción Sindical y el movimiento 15-M de Berlín reclama a la empresa el mismo salario por el mismo trabajo y la misma cualificación, acabar con los contratos que obligan a permanecer en la compañía, clarificar el sistema de asignación de plazas en distintos lugares de Alemania, que las horas de trabajo que realizan los empleados no se reduzcan cuando haya menos pacientes, el pago del sueldo en caso de enfermedad y el derecho a las pausas en la jornada laboral.
La movilización sindical no ha logrado aún ninguna de sus reclamaciones. Pero los activistas consideran un éxito el haber involucrado a unos trabajadores que antes aceptaban unas condiciones abusivas sin rechistar.

Trabajadores españoles en Alemania se organizan contra las injusticias laborales | Sociedad | EL PAÍS

24/04/2014

A mídia tem lado, o de trás

 

O amigo do doleiro e o amigo do bicheiro. Iguais? Como, se somos diferentes?

23 de abril de 2014 | 21:56 Autor: Fernando Brito

doleirobicheiro

A Câmara dos Deputados, depois de dez mil anos, resolveu aplicar uma “punição” ao deputado Carlos Alberto Leréia, tucano amigo e favorecido do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Serão 90 dias de “suspensão”, como a um colegial traquinas.

Ao mesmo tempo, trava-se a polêmica em torno da renúncia do deputado petista André Vargas, amigo e favorecido com uma viagem de lazer num jatinho pelo doleiro Alberto Yousseff, que já deu este tipo de mimo a Álvaro Dias, o arauto da moralidade tucana.

(Aliás, o empréstimo aéreo, noticiado pela Folha em 2001 e jamais relembrado, foi denunciado pelo ex-secretário de Fazenda de Maringá (PR), Luís Antônio Paolicchi, que apareceu morto num porta-malas de automóvel há dois anos.)

Será que o deputado petista deve renunciar ao mandato, se outros fazem o mesmo e contam com a benemerência dos seus pares e a da mídia?

Não seria o caso de ser com ele indulgente como se é com os outros?

A resposta é não.

Por vários motivos, os maiores deles produzidos pelo próprio André Vargas.

Um deputado que pretenda representar o sentimento de transformação dasd práticas políticas, como desejam os que lhe deram o mandato, sabe que não foi eleito para ganhar este tipo de “presentinhos” de empresários, doleiros ou não-doleiros.

Pegue um avião comercial no aeroporto, como fazem milhões de brasileiros e deixe de frescuras, ainda mais que é viagem de férias com a família.

Depois, mentiu descaradamente quando disse que “não sabia” que o doleiro era doleiro e não explicou os seus diálogos “me ajuda aí” com ele.

Por último, brincou com seu partido e com a opinião pública quando disse que renunciaria e depois “desistiu” de renunciar.

A desculpa de que “descobriu” que isso não o livraria de um processo de cassação é risível, ridícula mesmo, porque todos – ali na Câmara, sobretudo – que o processo não se interrompe com a renúncia depois de iniciado.

Lula e a direção do PT fazem muito bem em pressionar o deputado para que renuncie. A esquerda, sobretudo a que defende uma reforma política moralizadora – e não moralista, esta falsidade – não pode repetir as práticas que a direita, impunemente,  transformou em rotina na vida política.

Geralmente abstenho-me de dar opiniões sobre a vida interna do PT, até porque não sou filiado ao partido. Mas o caso do deputado André Vargas não diz respeito apenas ao PT, afeta o esforço imenso que as forças progressistas terão de fazer para que o conservadorismo não engane a população procurando atirar todos os políticos na mesma vala imunda.

O amigo do doleiro e o amigo do bicheiro. Iguais? Como, se somos diferentes? | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

12/04/2014

Velha mídia quebrou um galhinho de Arruda para sorte de José Roberto

E depois o Genoíno é que é corrupto!!

Candidatura de José Roberto Arruda em Brasília é tapa na cara

Bob Fernandes


José Roberto Arruda diz que sua candidatura ao governo de Brasília é "irreversível". Arruda renunciou ao governo do Distrito Federal, em 2010, depois de filmado recebendo dinheiro.

Em 2001, então senador, Arruda renunciou ao mandato. Por envolvimento no escândalo de adulteração do painel de votação do Senado.

Agora, em comício e vídeo, Arruda diz: deixou o governo do DF não pelo flagra recebendo grana, mas por ação das "forças do mal" e da "maldade humana".

E, claro, Arruda informa ao distinto público: ele agora é um homem "de fé" e está próximo de Deus.

Quem sabe não veremos Arruda na "Marcha da Família com Deus"?

A vice de Arruda será Liliane Roriz. Liliane é filha de Joaquim Roriz, que renunciou ao governo, em 2007, atolado em denúncias de corrupção.

Liliane é irmã da deputada Jaqueline Roriz, que também apareceu em vídeo. Cena em que Durval Barbosa, delator do chamado "mensalão do DEM", distribuía maços de R$ 50 mil.

Arruda anuncia ser candidato pelo PR. A vice, Liliane Roriz, é do PRTB. O presidente do PRTB é Luiz Estevão.

Estevão, ex-senador, cassado por envolvimento no escândalo do Fórum do juiz Lalau. Estevão fez um acordo: está devolvendo R$ 468 milhões aos cofres públicos.

Arruda quer ainda o apoio de Paulo Octávio, do PP. Octávio foi governador de Brasília por 22 dias. Vice de Arruda e acusado de corrupção, Octávio também renunciou ao governo.

A candidatura Arruda é algo inacreditável, mesmo para os padrões da política brasileira. E impõe algumas questões.

Sabe-se que o processo contra Arruda dormiu por anos no STJ. Mas, ainda assim, pergunte-se: o que tem a dizer a justiça do Distrito Federal?

Como explicar, para um cidadão comum, a candidatura Arruda & Cia?

Como um político filmado recebendo grana, depois preso, isso já há 4 anos, vai disputar o governo da capital do país?

Essa candidatura leva também a outras perguntas, de endereço geral: cadê a "indignação moral" com a corrupção? Onde estão o ímpeto investigativo e o barulho?

Como Arruda & Cia, para não falar de tantos outros, submergiu por 4 anos quase sem ser incomodado?

A candidatura de Arruda & Cia é um tapa na cara. Tapa na cara não apenas da chamada "sociedade", que não aceita mais, e coberta de razões, impunidade.

É tapa na cara da "moralidade" de ocasião. Da "indignação" quando apenas usada para fazer política na falta de ideias e projetos sólidos.

Um discurso moral hipócrita quando não resiste às biografias e nem ao espelho de tantos dos "acusadores".

Discurso que serve, tantas vezes, para apascentar a alma e o fígado de ressentidos e recalcados.

A candidatura de Arruda & e Cia nasce do silêncio cúmplice. E desnuda os que escolhem… o que deve ser condenado e o que deve e precisa ser escondido.

SQN

10/04/2014

A exceção como regra

Filed under: Golpismo,InJustiça,Perseguição — Gilmar Crestani @ 9:27 pm
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Poderia parecer um absurdo, mas o absurdo é a única regra natural no comportamento da mídia e sua manada. Seguidamente energúmenos se alvorotam em partícipes do movimento contra a corrupção. Na verdade, são contra a concorrência. E isto fica bem evidente na forma como são tratados casos semelhantes, mas cujos participantes são de partidos diferentes. São contra a corrupção dos adversários. Basta ver quantas vezes levantam a voz para atacarem a direita. Pimenta da Veiga x João Paulo Cunha; Eduardo Jorge x Luiz Gushiken; José Dirceu x Pimenta da Veiga; Sérgio Motta x PC Farias; Robson Marinho x André Vargas. Não precisa nem colocar o partido que todos já identificam quem é bandido e quem é adversário.

Paulo Moreira Leite: a diferença de tratamento entre João Paulo Cunha e Pimenta da Veiga

qui, 10/04/2014 – 12:11

Sugerido por MarFig

Da Istoé

1 PIMENTA DA VEIGA = 6 JOÃO PAULO CUNHA

Tratamento desigual para ex-ministro tucano e ex-deputado petista é mais escandaloso do que se imagina
Onze anos depois de receber R$ 300 000 de Marcos Valério, o tucano Pimenta da Veiga, candidato ao governo de Minas Gerais, foi chamado pela Polícia Federal para explicar-se.
Ex-ministro das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso, Pimenta recebeu uma quanta seis vezes maior do que os R$ 50 000 que a mulher do deputado João Paulo Cunha foi buscar no Banco Rural.
A quantia recebida por João Paulo foi considerada uma prova de que ele  havia sido corrompido pelo esquema,  elemento  essencial para demonstrar sua culpa num caso em que foi condenado, incialmente, a 9 anos e quatro meses de prisão.
Mas o ex-deputado recorreu de uma das condenações, aquela tese absurda de que a própria mulher fora usada para lavar dinheiro – a denuncia da AP 470 foi bastante criativa, nós sabemos – e conseguiu  diminuir sua pena.
Hoje, em regime semiaberto, João Paulo trabalha num escritório de advocacia de Brasília.
A condenação de João Paulo só foi possível porque o STF desconsiderou as provas que apresentou em sua defesa.

Luis Nassif Online | GGN

15/03/2014

Contra Aécio, só anda se virar pó

Filed under: Aécio Neves,InJustiça — Gilmar Crestani @ 7:44 pm
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AETICO NEVER

A justiça é cega; os eleitores, não!

Inquérito sobre contrato de Aécio com Valério não anda

sab, 15/03/2014 – 17:12

da Folha de S.Paulo

Um inquérito aberto em 2005 para investigar contratos do governo tucano de Aécio Neves (2003-2006) com as agências de publicidade do empresário Marcos Valério está parado nas gavetas do Ministério Público mineiro.

O pente-fino da Promotoria seria em todas as operações que as duas agências de Valério (SMPB e DNA) mantinham com o governo de Minas, na primeira gestão do senador e pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto.

Quase nove anos desde a instauração do inquérito, não há conclusão, e o caso, na prática, nem sequer andou.

O senador Aécio Neves sempre negou irregularidades nesses contratos, citando a aprovação de todas as contas de governo pelo Tribunal de Contas.

Nunca houve suspeita específica de irregularidade nesses contratos, mas a apuração serviria para verificar essa possibilidade, já que, na época, escândalos envolvendo agências de Valério com o mensalão do PT e o mensalão tucano tinham vindo à tona.

O mensalão tucano envolveu o governo de Minas, em 1998, quando era comandado por Eduardo Azeredo.

Luis Nassif Online | GGN

05/03/2014

E quando vão terminar com esta excrescência da ditadura que é a INjustiça militar?!

Filed under: Ditadura,InJustiça,STM — Gilmar Crestani @ 7:27 am
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dilma-aos-22-anos-em-julgamento-na-epoca-da-ditadura-91314-e1367512493537Se os militares merecem juízes da mesma classe que os julguem, porque não haveria juiz próprios para a polícia civil, para os funcionários dos correios, para os caixas de supermercados?!

Até porque, quem esconde a própria cara em julgamento pode esconder outras tantas putarias mais. E não só o áudio das patifarias.

Janot defende acesso a gravações secretas de tribunal militar

Parecer do procurador-geral da República aponta que ato de julgar deve ser público

FLÁVIO FERREIRADE SÃO PAULO

A Procuradoria-Geral da República emitiu parecer contra decisão do STM (Superior Tribunal Militar) que proíbe o acesso às gravações de áudio das sessões secretas de julgamentos do tribunal na década de 70, no período da ditadura militar.

O procurador-geral da República Rodrigo Janot manifestou-se sobre o tema em processo que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

Na ação, o advogado Fernando Fernandes e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) alegam que o tribunal militar descumpre decisão de 2006 do STF que autorizou o acesso aos arquivos de áudio.

Desde 1997 o advogado busca permissão para obter cópias das fitas.

Naquele ano, Fernandes protocolou pedido no STM no qual afirmou que os arquivos seriam usados para a elaboração de um livro em homenagem a advogados que defenderam acusados de crimes políticos durante a ditadura.

O tribunal militar negou o acesso, o que levou o advogado e recorrer ao STF. Em 2006, a corte máxima do país deu vitória a Fernandes.

Segundo a decisão do STF, "a publicidade e o direito à informação não podem ser restringidos com base em atos de natureza discricionária, salvo quando justificados, em casos excepcionais, para a defesa da honra, da imagem e da intimidade de terceiros ou quando a medida for essencial para a proteção do interesse público".

Com base nessa decisão, Fernandes buscou acesso aos arquivos de áudio em março de 2011, mas a corte militar só permitiu cópias das gravações das sessões públicas, excluindo da autorização as sessões secretas do tribunal.

Na década de 70, as sessões do STM eram divididas. Nas públicas eram realizadas as sustentações orais da acusação e dos defensores, e nas secretas eram apresentados os votos dos julgadores.

O advogado então recorreu novamente ao STF em junho de 2011 para obter os arquivos de áudio secretos.

Nessa causa, a corte militar alegou ao STF que não permitiu o acesso pois regra interna protege "a honra e a imagem das pessoas" e só autoriza a entrega de dado sigiloso a agente público e "ao cidadão, no que diga respeito à sua pessoa".

O parecer da Procuradoria sobre o caso foi emitido na semana passada.

Segundo o procurador-geral, "tendo em vista que o nobre ato de julgar se opera em público e não às escondidas, não há que se falar em desonra ou violação de imagem de quem quer que seja nos julgamentos" do STM. Para Janot, a proibição do tribunal militar violou a decisão do STF de 2006.

A ação tem como relatora a ministra Cármen Lúcia e não há prazo para o julgamento do processo pelo STF.

11/02/2014

Na justiça mineira, Aécio sempre joga em casa

Filed under: Aécio Neves,InJustiça — Gilmar Crestani @ 7:25 am
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E, na parceria mafiomidiátia, tudo pode ser resumido num único parágrafo!

VERBAS DA SAÚDE

Processo contra Aécio em Minas é extinto

O Ministério Público de Minas Gerais desistiu de uma ação de improbidade administrativa contra o senador Aécio Neves (PSDB), acusado de maquiar a aplicação de cerca de R$ 3,3 bilhões em saúde entre 2003 e 2008, quando era governador. Com isso o processo contra Aécio foi extinto no último dia 29. O chefe do Ministério Público local, Carlos Bittencourt, desautorizou a ação da Promotoria de Defesa da Saúde.

26/05/2013

Os milagres de seu Joaquim

Filed under: Erro de Concurso,Golpismo,InJustiça,Joaquim Barbosa,STF — Gilmar Crestani @ 11:01 am
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Deus me livre das garras de uma justiça destas. Pior do que errar, que é humano, é persistir no erro, por pura arrogância.

O “efeito Lázaro" do STF

Enviado por luisnassif, dom, 26/05/2013

Por Pisquila

O “efeito Lázaro" do STF

Contra fatos não há argumentos. Vejam o vídeo que está circulando na internet e que mostra a clara contradição do Ministro Joaquim Barbosa com a morte do então presidente do PTB, José Carlos Martinez, no caso da Ação Penal 470. Na primeira vez que ele fala sobre o assunto, ele acerta o mês em que faleceu o ex-presidente do PTB, morto em outubro/2003. No entanto, na hora da dosimetria das penas, Barbosa diz (mesmo após insistência do Ministro Marco Aurélio Mello) que o finado morreu em dezembro de 2003. Dessa feita, o relator conseguiu matar o morto duas vezes, ou seja, o Martinez foi ressuscitado para morrer em seguida. Só que isso induziu os demais ministros a aplicarem penas mais altas aos réus do chamado mensalão, devido mudança que houve na lei a ser aplicada e que ocorreu exatamente em novembro/2003, tornando as punições mais severas.

Vídeos:

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15/11/2012

JÁ, era; Justiça, já erra!

Filed under: Germano Rigotto,InJustiça,Jornal Já — Gilmar Crestani @ 11:59 am

 

O caso do Jornal JÁ: A mídia e a justiça de duas caras

Enviado por luisnassif, qua, 14/11/2012 – 17:53

Autor: por Luiz Cláudio Cunha

Por Adir Tavares

A capa do loivro de Elmar Bones

O Brasil de duas caras foi desmascarado na quarta-feira (7/11), no coração de Porto Alegre. A obra Uma Reportagem, Duas Sentenças, que o jornalista Elmar Bones autografou na 58º Feira do Livro, na capital gaúcha, é uma pancada doída no fígado de um país marcado pela hipocrisia e um choque na consciência de duas instituições fundamentais da democracia: a Mídia e a Justiça.

Nas suas enxutas 144 páginas, arrumadas em apenas duas semanas numa edição modesta da combalida editora do autor, a denúncia de Bones é um oportuno dique de contenção e reflexão contra a maré triunfalista de uma imprensa caudalosa nos elogios sem freios à Suprema Corte que julga a enxurrada de falcatruas da quadrilha do mensalão.

Existe corrupção e existem juízes em Brasília, como prova o STF. Mas também existe corrupção e faltam juízes em Porto Alegre, como lembra Bones, vítima do mais persistente, inclemente, longo processo judicial contra a liberdade de expressão no país. Não existe paralelo de uma ação tão prolongada da Justiça contra um órgão de imprensa no Brasil pós-ditadura de 1964, tudo isso sob o silêncio continuado da mídia e a inércia complacente de juízes.

É um absurdo contraponto de mutismo e omissão em Porto Alegre ao espetáculo de estridência e protagonismo que se escuta e vê em Brasília. A mídia e a justiça estão lá e cá, em campos opostos, emitindo sinais contraditórios sobre seus papéis. Cumprem bem seu ofício na capital brasileira e fazem muito mal (ou não fazem) o seu trabalho na capital gaúcha.

O espanto de Dilma

O calvário de Bones começou em 2001, quando seu pequeno jornal, o JÁ, um mensário de cinco mil exemplares, ousou contar a história da maior fraude do Rio Grande do Sul, praticada por uma quadrilha infiltrada em licitações de geradores na CEEE, a empresa pública de energia elétrica do estado. Praticaram, em valores corrigidos, uma tunga de mais de R$ 800 milhões, quase 15 vezes o montante do mensalão agora em causa no Supremo Tribunal Federal. O jornal contou que, em março de 1987, o líder do governo do PMDB na Assembleia gaúcha, deputado caxiense Germano Rigotto, forçou a criação do cargo de “assistente da diretoria financeira” na CEEE, contrariando a determinação do governador Pedro Simon de austeridade total na empresa, que acumulava dividas de US$ 1,8 bilhão.

Acomodou-se lá Lindomar Rigotto, irmão do deputado. “Era um pleito político da base do PMDB de Caxias do Sul”, reconheceu o secretário de Minas e Energia da época, Alcides Saldanha, na CPI instalada em 1995, no governo Antônio Britto. Na administração anterior, no governo Alceu Collares, a investigação ganhou eletricidade quando a sindicância interna da CEEE foi remetida, em dezembro de 1994, à Contadoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE) pela espantada secretária de Minas e Energia: “Eu nunca tinha visto nada igual”, confessou diante de tantos malfeitos a economista Dilma Rousseff, no início de uma carreira política que 16 anos depois a levaria ao Palácio do Planalto.

O Rio Grande nunca viu uma CPI como aquela. Foi a primeira comissão parlamentar, entre as 139 criadas no estado desde 1947, que apontou os nomes de corruptores e corruptos. Foram denunciadas 11 marcas famosas (Camargo Correa, Alstom, Brown Boveri, Coemsa, Lorenzetti, entre outras) e 13 funcionários importantes, com destaque para Lindomar Rigotto, citado em 13 depoimentos como a figura central da organização criminosa.

Está lá no relatório final: “De tudo o que se apurou, tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto”, escreveu o relator, deputado petista e ex-prefeito caxiense Pepe Vargas, primo de Lindomar e Germano Rigotto e atual ministro da Desenvolvimento Agrário do governo Dilma Rousseff.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O crime sem gasolina

As 260 caixas de papelão da CPI, contendo os autos de 30 volumes e 80 anexos envolvendo 41 réus – 12 empresas e 29 pessoas físicas –, foram remetidas no final de 1996 ao Ministério Público e transformadas numa ação civil pública na 2ª Vara Cível da Fazenda Pública na capital gaúcha. Lá, ao contrário do mensalão que entusiasma o país e a mídia pela celeridade do Supremo, o processo nº011960058232 da fraude da CEEE hiberna e acumula poeira sob o inexplicável desinteresse da imprensa e do Judiciário, envolto há 16 anos num inexplicável, constrangedor “segredo de justiça”.

Por alguma insondável razão, nenhum repórter, nenhum pauteiro, nenhum jornal, nenhum magistrado em Porto Alegre se anima e se inspira a aplicar à maior fraude da história gaúcha a overdose de transparência e informações relatadas aos borbotões em Brasília nas manchetes de jornais, capas de revista e transmissões ao vivo das emissoras de rádio e TV, transformando cada ministro do Supremo em celebridade midiática no maior julgamento de sua história.

O mistério na CEEE aumentou, uma década depois, com o fim violento do principal implicado, Lindomar Rigotto. Dono então de uma boate da moda no litoral gaúcho, o ex-executivo da CEEE foi morto com um tiro no olho desferido por um assaltante, no Carnaval de 1999. Dois anos depois, com a determinação que não tinha a burocrática imprensa tradicional, Bones foi atrás dessa história, superando a pobreza de seu jornal: “A reportagem foi feita num momento muito difícil. Não tínhamos nem gasolina para mandar um repórter ao litoral, para pesquisar o processo do crime no fórum”, conta ele no livro.

A reportagem de quatro páginas de 2001 deu ao os principais prêmios do jornalismo, incluindo o prestigiado Esso. Quem não gostou foi a família Rigotto, que abriu dois processos na Justiça: um por calúnia e difamação, outro pedindo indenização por dano moral. A denúncia foi feita pela matriarca, dona Julieta, hoje com 91 anos, mãe de Lindomar e Germano. No processo penal, Bones foi absolvido e até elogiado pelo promotor e pela juíza. A ação civil, pela extinta Lei de Imprensa, chegou a ser arquivada mas foi reaberta em 2003, quando Germano Rigotto já era governador. A empresa JÁ Editores foi condenada por dano moral. Assim, a mesma Justiça conseguiu chegar a duas conclusões díspares: absolveu o jornalista e condenou o jornal por ter publicado a mesma reportagem!

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O espasmo da internet

A dÍvida ultrapassou os R$ 100 mil e estrangulou o jornal que tinha 25 anos de vida. A empresa teve os bens penhorados e Bones ainda sofreu o bloqueio de suas contas bancárias. Esta saga inacreditável, que pune há uma década o jornalismo de qualidade e corajoso de Bones, passou batida pelo clamoroso silêncio da imprensa. Quem quebrou este pacto de mutismo foi este destemido Observatório da Imprensa,em novembro de 2009, quando um exausto Bones anunciou uma edição de despedida para seu moribundo jornal.

O artigo “O jornal que ousou contar a verdade”, assinado por mim, provocou indignação pela morte anunciada do JÁ. Outros dois artigos no Observatório, em agosto e em setembro de 2010 (ver “Como calar e intimidar a imprensa” e “Desculpa para calar a opinião”), acrescentaram novos detalhes ao drama de Bones, e desataram reações. No conjunto do OI foram mais de 10 mil palavras, 61 mil caracteres, 18 páginas de relatos que não tinham merecido uma única linha na imprensa tradicional, sempre tão ciosa de sua liberdade.

O espasmo de liberdade, como sempre, veio da internet. A partir do Observatório, a querela dos Rigotto com Bones ganhou espaços generosos e solidários nos sites e blogs mais importantes e mais acessados do país: Ricardo Setti, Cláudio Humberto, Ricardo Noblat, Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim, Carlos Brickmann, Sul21. Dos grandes jornais, apenas O Estado de S.Paulo,que vive uma pendenga parecida com a família do senador José Sarney, abriu espaço para o caso vs. Rigotto.

Bones anota o seguinte no livro:

“No Rio Grande do Sul, com exceção do Jornal do Comércio, que publicou a nota distribuída pela Agência Estado, a imprensa continuou ignorando o assunto. A Zero Hora deu uma notinha de cinco linhas na coluna de Tulio Milmann, para dizer que o ex-governador Rigotto não tinha nada a ver com a questão. O processo era coisa da mãe dele. Outro diário da capital, O Sul, abordou o assunto através da coluna de Cláudio Humberto. Mas os jornais do Grupo Sinos (Novo Hamburgo e São Leopoldo), os principais da região metropolitana de Porto Alegre, que também publicam a coluna de Cláudio Humberto, censuraram os trechos nos quais ele se referiu ao assunto”.

O dono do Grupo Sinos, Mário Gusmão, nem se coçou, embora fosse em 2010 um dos representantes brasileiros entre os honoráveis 17 membros da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da prestigiada SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que reúne as mais importantes corporações de mídia do continente.

Ramiro Furquim/Sul21

Coisa da mamãe

Quem se incomodou, de fato, foi o próprio Rigotto, que sempre reagiu irritado à convicção geral de que estava por trás da longa perseguição a Bones. “O processo é coisa da minha mãe. Eu não tenho nada a ver com isso”, reagiu, num telefonema irado para mim, respondendo ao primeiro artigo deste Observatório. Coincidência ou não, dois dias após a publicação, em novembro de 2009, Rigotto convocou uma inesperada entrevista coletiva para anunciar, chorando, que desistia de sua candidatura ao governo gaúcho na eleição de 2010.

Fora da disputa pelo Palácio Piratini, Rigotto embicou para um desafio aparentemente mais fácil: uma das duas cadeiras em jogo pelo Senado. Começou como favorito, na preferência popular, enquanto repercutiam pela internet os detalhes sobre o processo que matava o jornal de Bones. Líder disparado na intenção de voto das pesquisas iniciais, o filho de dona Julieta, que não tinha nada a ver com isso, acabou despencando na preferência popular. Perdeu as duas vagas para os senadores Paulo Paim (PT) e Ana Amélia (PP) e saiu da eleição com menos de 2,5 milhões de votos entre os 8 milhões de eleitores gaúchos.

Inocente ou não, Germano, o irmão de Lindomar e filho de dona Julieta, acabou inscrevendo para sempre seu honrado nome no relatório final da 66ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, realizada em novembro de 2010 na cidade mexicana de Mérida. O capítulo sobre liberdade de imprensa no Brasil, escrito pelo jornalista brasileiro Sidnei Basile, então vice-presidente institucional da Editora Abril e membro do Comitê de Liberdade de Expressão da SIP, registra o seguinte:

“No Sul do Brasil, continua o calvário por que passa o jornal gaúcho e seu proprietário, o jornalista Elmar Bones, por conta de uma reportagem publicada há dez anos sob o título ‘Caso Rigotto – um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas’. Isenta de comentários, mas recheada de informações, a matéria mereceu alguns dos mais importantes troféus regionais de jornalismo, como o Esso Regional e o ARI, da Associação Riograndense de Imprensa. Não obstante, o jornal foi condenado a pagar indenização civil incompatível com sua capacidade econômica e teve de fechar as portas.

“A reportagem contava o envolvimento de Lindomar Rigotto – irmão do então deputado estadual e depois governador Germano Rigotto – em uma licitação pública da Companhia Estadual Energia Elétrica. Indicado pelo irmão para a diretoria financeira da empresa, Lindomar acabou protagonizando o escândalo que resultou em uma CPI que indiciou ele, outras onze pessoas e onze empresas.

“Segundo o relatório final dessa Comissão, o esquema foi montado por Lindomar. ‘De tudo o que se apurou, tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto’, escreveu o relator da CPI, deputado Pepe Vargas (PT-RS).”

Ao morrer em março de 2011, aos 64 anos, vítima de um câncer fulminante, Sidnei Basile deixou a folha impecável de um dos mais respeitados profissionais da imprensa brasileira. Um ano antes, Basile fez uma pública declaração de fé: “Não é o Estado que fiscaliza a imprensa, é a imprensa que fiscaliza o Estado”.

Elmar Bones, que o ex-governador Rigotto também não deve conhecer, tem uma biografia igualmente respeitável, com passagens como editor ou diretor de publicações como Gazeta Mercantil,Veja,IstoÉ,O Estado de S.Paulo,Jornal do Brasil eFolha da Manhã.Mas sua página mais gloriosa é um jornal da imprensa nanica, o CooJornal,um mensário editado pela Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (1976-1983) nos anos de chumbo da ditadura e fechado por pressão dos militares sobre os anunciantes. Como pregava Basile e fazia Bones, o CooJornal era um atrevido jornal de resistência que sabia que a função da imprensa de todos os regimes e todos os governos é fiscalizar o Estado – e não o contrário.

No texto produzido para a SIP, com versões adicionais em inglês e espanhol, Basile reservou três parágrafos, 15 linhas e 194 palavras para resumir o longo calvário de Bones e seu jornal.

O nome Rigotto é citado quatro vezes no relatório final de 2010 da SIP.

Dona Julieta, a suposta dona do processo, nem é mencionada.

Germano Rigotto, o ex-governador que não tem nada a ver com isso, é citado uma vez.

Quem quiser saber as razões, leia o livro indispensável de Elmar Bones sobre o Brasil de duas caras.

Luiz Cláudio Cunha é jornalista
E-mail: Cunha.luizclaudio@gmail.com

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03/11/2012

Veja e sua perseguição e cerco a Lula

Filed under: Golpismo,InJustiça,Marcos Valério,Paulo Francis,Veja — Gilmar Crestani @ 10:45 pm

Sobre o retorno de Marcos Valério

Paulo Nogueira 2 de novembro de 2012 18

Até quando será tolerado no Brasil que a mídia publique acusações graves sem nenhuma prova?

E lá vem ele de novo

E lá vem ele de novo, Marcos Valério.

Pobre leitor.

Mais uma vez, o que é apresentado – a título de “revelações” – é um blablablá conspiratório e repetitivo em que não existe uma única e escassa evidência.

Tudo se resume às palavras de Marcos Valério. Jornalisticamente, isso é suficiente para você publicar acusações graves?

Lula, no Planeta Veja, já não é apenas o maior corrupto da história da humanidade. Está também, de alguma forma, envolvido num assassinato. Chamemos Hercule Poirot.

Se você pode publicar acusações graves sem provas, a maior vítima é a sociedade. Não se trata de proteger alguém especificamente. Mas sim de oferecer proteção à sociedade como um todo.

Imagine, apenas por hipótese, que Marcos Valério, ou quem for, acusasse você, leitor. Sem provas. Numa sociedade avançada, você está defendido pela legislação. A palavra de Valério, ou de quem for, vale exatamente o que palavras valem, nada – a não ser que haja provas.

Já falei algumas vezes de um caso que demonstra isso brilhantemente. Paulo Francis acusou diretores da Petrobras de corrupção. Como as acusações – não “revelações” – foram feitas em solo americano, no programa Manhattan Connection, a Petrobras pôde processar Francis nos Estados Unidos.

No Brasil, o processo daria em nada, evidentemente. Mas nos Estados Unidos a justiça pediu a Francis provas. Ele tinha apenas palavras. Não era suficiente. Francis teria morrido do pavor de ser condenado a pagar uma indenização que o quebraria financeira e moralmente.

Os amigos de Francis ficaram com raiva da Petrobras. Mas evidentemente Francis foi vítima de si mesmo e de seu jornalismo inconsequente.

Francis foi vítima de Francis

Por que nos Estados Unidos você tem que apresentar provas quando faz acusações graves, e no Brasil bastam palavras?

Por uma razão simples: a justiça brasileira é atrasada e facilmente influenciável pela mídia. Se Francis fosse processado no Brasil, haveria uma série interminável de artigos dizendo que a liberdade de imprensa estava em jogo e outras pataquadas do gênero.

Nos Estados Unidos, simplesmente pediram provas a Paulo Francis.

Uma justiça mais moderna forçaria, no Brasil, a imprensa a ser mais responsável na publicação de escândalos atrás dos quais muitas vezes a razão primária é a necessidade de vender mais e repercutir mais.

Provas são fundamentais em acusações. Quando isso estiver consolidado na rotina do jornalismo e da justiça brasileira, a sociedade estará mais bem defendida do que está hoje.

About the author: Paulo Nogueira View all posts by Paulo Nogueira

Paulo Nogueira é jornalista e está vivendo em Londres. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.

12/02/2012

Justicia a cualquier precio

Filed under: Baltasar Garzón,InJustiça — Gilmar Crestani @ 9:38 am

SOLEDAD GALLEGO-DÍAZ 11 FEB 2012 – 14:59 CET17

Partidarios del juez Baltasar Garzón, condenado a 11 años de inhabilitación por el Supremo, firman en una pancarta sus muestras de apoyo al exmagistrado.  / FOTO: S. VERA / REUTERS

La justicia obtenida a cualquier precio termina no siendo justicia. Lo afirma la sentencia del Tribunal Supremo que ha condenado al juez Baltasar Garzón a una pena de inhabilitación de 11 años y a su expulsión de la carrera judicial, y ciertamente muchos ciudadanos, en España y en Latinoamérica, pueden alimentar en estos momentos la misma convicción, aunque por motivos diferentes. Habrá que suponer que el Tribunal Supremo ha emitido su fallo sin que mediara animadversión personal ni enojo corporativo, pero lo cierto es que esta decisión ha acabado con uno de los pocos símbolos de la justicia en el que confiaba una parte notable de esos ciudadanos y que esa es una noticia pésima, con un precio muy alto.

No se trata de ignorar los graves hechos atribuidos a Garzón. Según la sentencia, el juez autorizó que se intervinieran las comunicaciones entre los imputados en una importante causa por corrupción y sus abogados, sin excepción alguna y sin mención expresa de su identidad, y lo hizo, afirma el Supremo, sin que existiera ni el menor indicio de que esos abogados estaban utilizando su condición de tales para la comisión de nuevos delitos. Su convicción de que los imputados continuaban ocultando su dinero, y su temor a ver cómo personajes poderosos y ricos conseguían escapar a la investigación, no es argumento suficiente para anular el secreto de las comunicaciones ni para deteriorar el derecho a la defensa.

Pero eso no es lo que se juzgaba realmente en el Supremo, sino si la decisión de Garzón podía ser explicada por una interpretación incorrecta de las normas del derecho. No, afirman los siete magistrados, no existe otra explicación que el empeño deliberado de actuar fuera de "los medios usualmente admitidos en derecho" ni otra razón que el anhelo del juez instructor de colocar el "proceso penal español al nivel de los sistemas totalitarios", un juicio de intenciones asombroso para tan alto tribunal.

Ahí, en la clara voluntad de apreciar prevaricación, es donde se abre un agujero por el que asoman muchas dudas: ¿esa misma decisión tomada por otro juez que no fuera Baltasar Garzón hubiera merecido valoración tan severa?, ¿qué sucede con los fiscales y con los otros jueces que compartieron su decisión?

Va a resultar muy difícil que los ciudadanos no asocien la condena de Garzón a su personalidad, a su historia y a su protagonismo internacional, insufrible para una parte importante de la corporación judicial, y que el descrédito que todo ello acarrea, dentro y fuera de España, no vaya a suponer un desgaste altísimo para la justicia española en su conjunto.

La expulsión de Garzón llega, además, en un momento de fuerte desánimo social. Los ciudadanos, aplastados por una crisis formidable, llevan meses conociendo casos de corrupción que no se traducen en delitos ni se sustancian en castigo alguno, personajes del mundo económico que reciben cantidades asombrosas por gestiones desastrosas, indultos llamativos para personas poderosas y dificultades sin cuento para acabar con el fraude fiscal, el desvío de fondos públicos y las trampas de todo tipo que no se podrían llevar a cabo sin ayuda de avispados asesores legales.

Todo ello, junto a noticias sobre algunos jueces corruptos que reciben castigos inexplicablemente ligeros por embolsarse dinero fácil. Nada de eso justifica, por supuesto, acabar con el derecho a la defensa (¿no debería revisarse el caso de los acusados de terrorismo?). Simplemente, resulta difícil aceptar que, entre tantas denuncias por prevaricación como se han presentado, solo haya habido un juez, Baltasar Garzón, que mereciera que le arranquen la toga. Queden tranquilos sus colegas del Supremo. Ya le han echado. Triunfó la justicia, a cualquier precio, deben pensar. Quede tranquilo Baltasar Garzón. Los ciudadanos no olvidaremos nunca la honda emoción que nos hizo sentir el 16 de octubre de 1998 cuando ordenó la detención del general Pinochet.

Justicia a cualquier precio | Política | EL PAÍS

03/12/2011

Mino, a Anistia e Fleury: “torturem à vontade”

Filed under: InJustiça,Sergio Paranhos Fleury,TRF3R — Gilmar Crestani @ 7:49 am

O TRF da 3ª não é aquele que hospeda dona Susana Camargo, bolsa de tiracolo do Ministro Cicerone do STJ? Mesmo quando dos males é o menor, ainda assim é mau!

Não há risco algum, para os especialistas militares e civis, melhor ainda para os seus mandantes . Foto: AE

O Conversa Afiada reproduz editorial do Mino Carta, na edição da Carta Capital desta semana:

Torturem à vontade
O repórter Armando Salem, esticado na cama diante da televisão, assiste a um programa  espera do sono, é meia-noite.Alguém bate à porta, a fiel doméstica: “Seu Armando, três senhores chegaram, querem vê-lo, é urgente”. O repórter pensa em alguém da redação chegado em má hora, pragueja, mas calça os chinelos e desce a escada do sobrado. Não alcança o último degrau, mãos poderosas o agarram e o carregam, jardim afora, até jogá-lo, não há precipitação na escolha do verbo, no banco traseiro de um veículo de sinistra memória, a C14 da polícia política. Tempo de ditadura, 1971.
Levado ao Dops, prédio central em São Paulo, catadura albiônica, tijolos à mostra, o repórter encara a figura maciça do delegado Sergio Paranhos Fleury, ícone, diríamos hoje em dia,  dos torturadores nativos. Ali está ele, com seu álgido olhar, porque no aparelho de Joaquim Câmara Ferreira, dito O Velho, o líder comunista assassinado, foi encontrado o calhamaço de uma comprometedora pesquisa realizada por uma equipe da revista Veja encabeçada por Raymundo Pereira e da qual Armando Salem participou. Como se deu que estivesse no covil do grande subversivo?
A pesquisa destinara-se a embasar uma longa, exaustiva reportagem de capa sobre tortura, finalmente publicada em edição apreendida nas bancas em fins de 1969. No meio da papelada recolhida por Fleury, um bilhete: convoca Salem para uma reunião matinal na redação. Agora o então convocado encolhe-se em uma cadeira e repete sem parar: Mino Carta, rua tal, número tal. Meu endereço.
No dia seguinte, sou levado ao Dops, é minha vez. O delegado manda esperar em uma sala de paredes tisnadas, chão de tábuas gastas, no fundo um sofá de almofadas murchas me oferece assento, enquanto um escombro humano foi abandonado no meio do cenário em uma cadeira, ao lado de uma mesa habitada por uma Remington caduca. Outrora talvez se tratasse de um moço, no momento é o retrato da ruína, camisa rasgada, calças sem cinto, sapatos sem cadarço, cabeça pensa, braços caídos, olhos mortiços engolidos pelo vácuo de Torricelli.
A porta se abre, entra Fleury, não veio para me chamar. Vai firme na direção da vítima, pergunta, tom de homilia: “Quer um cigarro, um copo de leite?” Aos meus ouvidos não chega a resposta, vejo, no entanto, o delegado a fincar um cigarro na boca do infeliz e acendê-lo, sai enfim em passadas largas, e logo vem um anspeçada para trazer o copo de leite. Ainda aguardei uma hora, enfim achei-me frente a frente com o delegado. Não sofri violência física, comigo Fleury preferia rosnar apenas, repetiu mais de uma vez “se eu quiser, fecho a sua revista”. Não adiantou esclarecer, mais de uma vez, que Veja é da família Civita.
Sentei-me diante dele mais duas vezes em dias seguidos. Ao cabo os meus extenuados botões sugeriram que eu inventasse uma história plausível, inventei, o papelório indigitado havia sido surrupiado dos arquivos da Editora Abril, ele acreditou, ou fingiu acreditar, quem sabe estivesse extenuado também. Evoco de súbito o notável algoz ao ler que o Tribunal Regional Federal de São Paulo acaba de livrar militares por ações de tortura. Aliás, quantos tribunais para um país tão carente em matéria de justiça, com um jota que haveria de ser grande.
Vale a pergunta, de todo modo: e os torturadores civis? No gênero, Fleury foi um mestre. A tal ponto que quando do golpe chileno ele e sua turma de especialistas seguiram diretamente para o estádio de Santiago incumbidos de dar aulas aos aprendizes locais. Antes Tio Sam entregava tarefas similares a Dan Mitrione e outros que tais, de repente surgeem cena Fleurye desbanca os gringos. O mundo sempre se curva. Diga-se que a polícia nativa tem toda uma tradição neste campo, garantida por recursos genuínos, esquadrões da morte e paus de arara. A tortura é a pior covardia e quem entre nós a executa é imbatível no mister.
Lembro dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de São Paulo, visitava-o no seu sobrado do Sumaré, ele me dizia que os torturadores do Brasil sempre viveram em perfeita impunidade, a serviço da prepotência dos senhores. E vergonhosamente impunes os mandantes, em tempos de ditadura, pluriestrelados generais e autênticos donos do poder, amoitados às suas costas, a lhes subvencionarem os autos de fé. Escreveu Hannah Arendt: quando a verdade factual é omitida, ela soçobra de vez como um barco furado.

Em tempo: Mino se refere à prescrição do crime de tortura do militar que torturou a Presidenta Dilma Rousseff – PHA
Não deixe de ler, também, “OAB diz à ONU: o Brasl é um país pária“, porque não pune os torturadores do regime militar

Mino, a Anistia e Fleury: “torturem à vontade” | Conversa Afiada

28/10/2011

Que injustiça!

Filed under: Grupos Mafiomidiáticos,InJustiça — Gilmar Crestani @ 8:54 am
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