Chupa, Vera e verás que pimenta no olho dos outros, como diria a dupla Beto Richa & Fernando Francischini, é refresco. Quem pensa que a ombudsman está do lado dos leitores pode ir tirando o cavalinho da chuva. A Folha é feita com tintas da hiPÓcrisia. Aliás, está aí um tempo que merece outro acróstico, as lides do PÓ. Ou eles pensam que todo mundo é idiota, descerebrados, anencefálicos ou não estão nem aí para os fatos, o que importa é o ódio que eles têm para destilar contra quem eles elegem por inimigos.
Aliás, a Folha já publicou anúncio cifrado para denunciar quem via que tinha alguma mutreta para denunciar. Pior, como mostra a imagem, a Folha sempre dá um jeito de colocar na capa imagem de seus adversários políticos ligados a crimes que eles não cometeram. Por que de repente a Folha e a própria ombudsman se voltam contra prática de que são useiros e vezeiros?! A ombudsman anterior, Susana Singer, publicou coluna em que denuncia a Folha por inserir áudio em vídeo que era mudo. E quando a Folha publicou que Lula havia entrado com pedido de habeas corpus, uma mentira. E a Ficha Falsa da Dilma? Se formos pesquisar quantas vezes a Folha adulterou, principalmente nas declarações em off inexistente, teríamos de criar um site só pra isso.
A propósito, onde está a reportagem da Folha denunciando as milhares de assinaturas da Folha, Veja e Estadão distribuídas nas escolas públicas de São Paulo pelos sucessivos governos do PSDB?!
A única lição que fica da invectiva da dona Vera, para além das coincidências, é que a Folha quer reserva de mercado para suas patifarias.
OMBUDSMAN
VERA GUIMARÃES MARTINS – ombudsman@uol.com.br –@folha_ombudsman – facebook.com/folha.ombudsman
Desrespeito
Como é possível considerar válido ou divertido enxertar uma grosseria em um texto de obituário de jornal?
O que se passa na cabeça de alguém que decide perpetrar uma frase grosseira no obituário de uma assistente social de 87 anos?
Por quais razões alguém consideraria, já nem digo ético, mas lícito e válido ocultar um insulto num texto concebido para prestar a última homenagem pública a alguém que morreu recentemente, cuja família vive momentos de perda e de luto?
É o que eu gostaria de ter perguntado ao ex-repórter Pedro Ivo Tomé, caso ele tivesse concordado em falar comigo sobre o acróstico "chupa Folha", formado pela primeira letra de cada parágrafo do último obituário que escreveu para este jornal. Tomé foi procurado várias vezes, mas preferiu sair pela tangente.
Resumo para quem não leu sobre o caso: o acróstico saiu publicado na última segunda (13) no caderno "Cotidiano". Seu autor, advogado por formação, trabalhava no jornal desde 2012 e, nos últimos dois meses, havia assumido a seção do obituário, que, todos os dias, relata em poucas linhas a história de vida de alguém que morreu recentemente.
Há cerca de duas semanas, Tomé pediu demissão e disse que pretendia retomar a carreira original. Deixou alguns obituários prontos, o último deles com o acróstico, que passou despercebido e foi publicado.
Nada mais natural: 1) o repórter contava com a confiança de seus editores e, portanto, da empresa; 2) sua saída foi amistosa, sem nenhuma insatisfação ou frustração aparentes e 3) quem procuraria pegadinhas em jornal se não soubesse de antemão que alguém as colocou ali?
Dois dias depois da publicação, a revelação da duvidosa façanha se espalhou pela internet, não se sabe se vazada pelo próprio autor ou por algum amigo. Fez a festa em blogs voltados para jornalistas, que descreveram a atitude como "brincadeirinha", "saída em grande estilo", "criativa", "original", "inusitada".
Recurso poético do século 16, o acróstico não é original ou criativo nem para ocultar um insulto. O caso mais recente de que me lembro é de outubro de 2009, quando o então governador Arnold Schwarzenegger enviou à Assembleia Legislativa da Califórnia uma carta em que as primeiras letras de cada linha formavam a frase "fuck you".
O mais surpreendente (ao menos para mim) é que, nas primeiras horas, a atitude só ganhou elogios e curtidas. Nenhuma menção à falta de ética jornalística, ao desrespeito aos leitores e à personagem, à quebra de confiança profissional.
Sumido desde então, Tomé me enviou uma mensagem na quinta (16) à noite. Nela não fala sobre o acróstico ou suas razões e diz lamentar que seu texto tenha sido interpretado como ofensivo. "Optei por sair do jornal, onde aprendi muito, tive excelentes editores e fiz grandes amigos, para buscar novos desafios."
Sugiro um desafio para começar, Tomé: responda por quê.
Endosso aqui o pedido de desculpas que a direção do jornal enviou à família da personagem e reproduzo parte da nota oficial divulgada:
"A Folha condena veementemente a atitude antiprofissional de Pedro Ivo Tomé. Ao usar uma reportagem para nela esconder uma mensagem ofensiva, ele foi irresponsável e antiético. Além disso, desrespeitou os leitores da Folhae os familiares da pessoa falecida que era personagem do texto. O jornal estuda ações legais que tomará contra o ex-funcionário."