Um dia e outro também, a Folha dá suas estocadas no prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Não só pode como deve. Até aí, morreu Neves. Acontece que pau de Chico não dá em Francisco. A Folha bate no Haddad mas se recusa a fazer o mesmo com Alkmin. Por mais paradoxal que pareça, o ultraconservador Estadão faz mais jornalismo que a Folha.
A Folha tem a cara de pau de por na Capa cobrança de obras contra enchentes, mas jamais cobrou de Alckmin obras preventivas contra a seca. E o que está acontecendo em São Paulo neste momento, seca ou enchente?!
Não que uma seja mais premente que a outra, o que chama a atenção é a diferença de tratamento para problemas semelhantes. O partidarismo exacerbado da Folha cega. Nem precisa ser muito inteligente para desconfiar que Judith Brito anda muito ocupada em ser oposicionista. Nestas horas a ANJ e o Instituto Millenium festejam, porque, como diz o ditado, quem sai aos seus não degenera. E a Folha deve ser um dos alunos mais aplicados na corrente oposicionista coordenada pelo Instituto Millenium.
Gestão Haddad atrasa a entrega de obras contra as enchentes
Haddad entrega menos da metade de ação antienchente
Das 79 obras emergenciais prometidas em 2013, prefeitura concluiu apenas 27
Outras 14 foram excluídas de pacote que já deveria ter sido entregue; algumas são inviáveis, diz gestão
GIBA BERGAMIM JR.DE SÃO PAULO
Menos da metade das obras antienchente anunciadas como emergenciais pelo prefeito Fernando Haddad (PT) foi entregue um ano e oito meses após a promessa de início de mandato na capital paulista.
Das 79 obras do pacote, só 27 (34%) foram finalizadas, enquanto 14 (18%), por exemplo, foram excluídas por alegada "inviabilidade técnica".
O início da gestão petista coincidiu com um período de seca que segue até hoje, o que resultou numa incidência menor de enchentes.
Batizado de Programa de Redução de Alagamentos (PRA), o pacote inclui obras de médio e curto prazo, ao custo de R$ 133 milhões, como ampliações de galerias pluviais e canalizações de córregos para aumentar a capacidade de vazão da água.
O programa foi anunciado em março de 2013. Na ocasião, menos de três meses após tomar posse, o prefeito disse que iria desengavetar 79 projetos que haviam sido abandonados por gestões passadas em regiões com cheias frequentes na cidade.
Haddad disse à época que eram obras de prazo mais curto em comparação com outras de macrodrenagem –construção de piscinões e canalização de grandes córregos das zonas sul e oeste, por exemplo– e que poderiam ficar prontas em até um ano.
Numa entrevista, no mesmo ano, Haddad disse que metade das obras poderia ser entregue até o final de 2013.
Além das 27 obras já finalizadas, 16 serão entregues até dezembro, de acordo com o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, Roberto Garibe. Outras 22 estão "em fase de adequação de projeto" e 14 foram excluídas.
A Folha solicitou à prefeitura a lista de obras excluídas, mas não teve resposta.
No site do plano de metas da prefeitura há uma lista de 49, entre concluídas, em andamento e não iniciadas. Nem todos os dados, porém, estavam atualizados até a noite de quinta-feira (13).
O secretário Garibe, que assumiu a pasta em abril, disse que a exclusão de algumas obras se deu por inviabilidade técnica ou financeira.
Por exemplo, um projeto numa área onde seria construída uma nova galeria ficou inviável, segundo ele, por causa da necessidade de desapropriações e remoção de famílias daquele local.
A reportagem visitou duas obras em andamento nesta semana. Numa delas, no acesso à Polícia Federal, na região da Lapa (zona oeste), operários da obra disseram que a previsão é finalizá-la somente no ano que vem.
Nesta sexta, a prefeitura anunciará o plano de contenção de cheias para 2015.