Ficha Corrida

23/08/2015

Boimate, a ciência segundo a Veja

Filed under: Boimate,Elio Gaspari,Eurípdes Alcântara,Paulo Nilson,Veja — Gilmar Crestani @ 11:01 am
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imageA história do Boimate constitui-se no exemplo pronto e acabado do tipo de informação que a revista Veja mais preza. Não foi o primeiro nem o último caso.

Tempos depois também embarcou no caso da cidade Paraguaia colonizada só com alemães da cidade natal de Kant, Nueva Konigsberg.  É claro que a cidade só existe no imaginário da Veja.

Todo dia surge uma nova patacoada perpetrada pela revista finanCIAda pelo grupo racista NASPERS. Felizmente, a Veja só serve de adubo para uma manada cujo maior mérito é não perder o ódio por quem desenvolve políticas públicas de integração e promoção social. Eles odeiam a situação atual dos aeroportos e o tipo de convivência nos vôos, cuja maior representante é Danusa Leão.

Graças às Danusas, aos Luis Carlos Prates e ao Luis Carlos Heinze, a manada amestrada pasta bovinamente. Vida longa ao imbecis, para que possam apreciar em vida o sucesso das políticas de esquerda, tanto mal fazem ao cruzamento do Boimate com a Nueva Konigsberg…

32 anos depois, ilustrador confessa que desenhou o Boimate da Veja

Postado em 22 de agosto de 2015 às 2:31 pm

Em seu Facebook, o ilustrador Paulo Nilson desfez um mistério de mais de três décadas: ele foi o autor do desenho do Boimate.

Foi uma das maiores barrigadas da história da imprensa brasileira.

A Veja tomou como verdade uma nota de 1.o de abril de uma revista estrangeira que dissera que os cientistas tinham conseguido cruzar um boi e um tomate.

A versão de Paulo:

CONFESSO! EU DESENHEI O BOIMATE!

Eu trabalhava na Veja, na zona da senzala, onde ficavam os ilustradores, os diagramadores e digitadores. Ouvi um zun-zun sobre uma descoberta fan-tás-ti-ca, e meus pelos se arrepiaram. Logo veio o jovem foca, recém promovido a Editor de Ciência e Tecnologia, Eurípedes Alcântara, brandindo uma revista amarrotada, exigindo uma ilustração. Coube a mim ilustrar (na época não existia o neologismo “infográfico”). A Dorrit deu de ombros, como sempre fazia. Elio Gaspari veio com suas gracinhas sem graça, e o velho Guzzo, o mão peluda, rosnou: “Bate o martelo”. Fui obrigado a desenhar, mas não coloquei meu crédito, que não nasci ontem. Deu no que deu…

Diário do Centro do Mundo » 32 anos depois, ilustrador confessa que desenhou o Boimate da Veja

A blindagem do Elio Gaspari

Eduardo Cunha e Joao Roberto MarinhoElio Gaspari, um dos jagunços da ditadura e que constantemente faz a defesa de seus pares, hoje bota o dedo na ferida do PSDB: “Até agora, Dilma é acusada no Tribunal de Contas da União de ter pedalado as contas públicas. O TCU não é um tribunal, mas um conselho assessor da Câmara. Ademais, a acusação ainda não foi formalizada. Eduardo Cunha foi acusado pelo Ministério Público de ter entrado numa propina de US$ 5 milhões. O PSDB quer tirar Dilma do Planalto e admite manter Eduardo Cunha na presidência da Câmara.”

Curiosamente, Gaspari só se manifesta de forma mais contundente quando os mais variados segmentos empresariais e bancários já apontam que o Brasil não é o Paraguai para se atolar neste golpismo desvairado. Elio Gaspari só desembarca quando seus financiadores lhe negam carona!

A sociedade mais esclarecida, mesmo aquela parcela que perdeu as eleições mas não perdeu a civilidade, já se deu conta que não há absolutamente nada contra Dilma. Pelo contrário, há elementos muito mais contundentes contra o Napoleão das Alterosas do que contra a Presidenta.

Se por um lado Gaspari acerta o verdadeiro alvo do golpismo, por outro blinda os atiçadores do golpismo. Assim como o PSDB golpeia Dilma para defender Eduardo CUnha, Elio Gaspari golpeia do PSDB, desde sempre um partido de ventríloquos, para defender o golpismo dos assoCIAdos do Instituto Millenium. Assim como as acusações contra Dilma, Lula e o PT é grito de “pega ladrão” de trombadinha com a bolsa na mão, também é verdade que a manifestação extemporânea contra o PSDB é um “pega ladrão” para abrir corredor para a passagem de seus colegas golpistas na mídia. Basta ver, por exemplo, o silêncio ensurdecedor da velha mídia quando o assunto é a Operação Zelotes, ou a Lista Falciani do HSBC

Ou será que Gaspari não lembra do auê que a mídia fez do jantar que Lula teria estado com Marcelo Odebrech? Pois bem, naquele jantar esteve Lula, mas também estiveram FHC, Geraldo Alckmin, Gerdau. Não houvesse blogs sujos para detonar com a hiPÓcrisia da mídia, e teríamos ficado por isso mesmo. Aliás, ninguém mais do que a Globo, mediante o uso da Lei Rubens Ricúpero, blinda Eduardo CUnha.

ELIO GASPARI

A blindagem de Eduardo Cunha

Os interesses que protegem Eduardo Cunha têm pouco a ver com ele, o que buscam é conter a Lava Jato

Fernando Henrique Cardoso disse o seguinte:

"Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato."

Poderia ter dito a mesma coisa a respeito de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, denunciado pelo procurador-geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal. Não disse. Nem FHC, nem qualquer outro grão-tucano.

Até agora, Dilma é acusada no Tribunal de Contas da União de ter pedalado as contas públicas. O TCU não é um tribunal, mas um conselho assessor da Câmara. Ademais, a acusação ainda não foi formalizada. Eduardo Cunha foi acusado pelo Ministério Público de ter entrado numa propina de US$ 5 milhões. O PSDB quer tirar Dilma do Planalto e admite manter Eduardo Cunha na presidência da Câmara.

Surgiu em Brasília o fantasma de um "acordão". Nele juntaram-se Dilma e Renan Calheiros. Há outro: ele junta Eduardo Cunha, o PSDB, DEM e PPS. Um destina-se a segurar Dilma. O outro, a derrubá-la. À primeira vista, são conflitantes, mas têm uma área de interesse comum: nos dois acordões há gente incomodada com a Lava Jato. A proteção a Dilma embute a contenção da Lava Jato, evitando que chegue ao Planalto ou a Lula. A proteção a Eduardo Cunha pretende conter a responsabilização dos políticos de todos os partidos metidos em roubalheiras.

É sempre bom lembrar que Fernando Collor, também denunciado por Janot, renunciou ao mandato em 1992, mas foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. Renan Calheiros foi líder do governo Collor e Eduardo Cunha dele recebeu a presidência da Telerj.

E-MAIL PARA JANOT
De Marcio Thomaz Bastos para Rodrigo Janot:
"Daqui onde estou não posso dar mais detalhes, mas há um jovem procurador do Banco Central que poderia lhe contar as pressões que sofreu em 2012 para dar um parecer favorável à ideia de se usar o Fundo de Compensação da Variação Salarial para aliviar bancos que estavam sob intervenção. Poderia contar endereços, personagens e diálogos.

O assunto foi levado a Dilma e ela foi clara: ‘Diga ao rapaz para não fazer o que lhe pedem. Se fizer, será o primeiro a ir para a cadeia’.

24/05/2015

Quando a omissão é uma confissão

Filed under: Elio Gaspari,PSDB,TGV,Tremsalão,Ventríloquo — Gilmar Crestani @ 11:02 am
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tremsalaoO colunista da Casa Grande, Elio Gaspari, usa meias verdades para induzir a uma mentira completa a respeito do Trem-Bala ou trem de alta velocidade – TGV. Se o projeto era megalomaníacos não significa que não fosse factível. Como o eram e foram realizados, por exemplo, a Transamazônica, a Transposição do Rio São Francisco, a Itaipu, a Ferrovia Norte-Sul, a usina de Belo Monte. O fato de seus parceiros ideológicos serem contra não significa que não seja possível fazer. Se houvesse menos torcida contra e mais crítica honesta talvez se pudesse corrigir a tempo eventuais equívocos no projeto. Mas não é disso que se trata. Afinal, todo colunista que se presta à subserviência dos EUA sempre será contra a qualquer coisa que distancie o Brasil dos EUA. A sintonia entre FHC, o sabujo que aceitou que nossos diplomatas tirarem os sapatos para entrar nos EUA, como o ventriloquismo de Elio Gaspari é sintomático. A CIA agradece.

Pior, Gaspari sonega dos leitores a contribuição do José Serra para os avanços do país. O Estadão publicou matéria em que Serra confessa ter trabalhado para inviabilizar o Trem Bala. Um projeto como o do trem de alta velocidade como o ferrovia transoceânica não grandes, mas realizáveis, desde que as mais variadas partes interessadas trabalhem pela execução. Não diz respeito exclusivamente ao principal participante, mas também aos políticos de oposição que tenham um pouco mais preocupação com os destinos do Estado do que os seus interesses eleitorais. E a pequenez de Serra é tão folclórica quanto verdadeira. Por que José Serra não atrapalhou a construção dos aecioportos de Cláudio (Tio Quedo) e Montezuma?

Num dos programas esportivos da ESPN, chamado Bola da Vez, Juvenal Juvêncio do São Paulo desnudo a verdadeira face do palmeirense José Serra. É claro que Elio Gaspari não podia trazer estes dados ao texto sob pena de fazer naufragar seu conto chinês. Outras informações ainda mais esclarecedores podem ser encontradas no artigo de José Augusto Valente – especialista em logística e transportes.

ELIO GASPARI

Sai o trem-bala, entra o trem chinês

A visita do primeiro-ministro Li Keqiang ao Brasil deu bons resultados e voltou a expor a marquetagem inútil

A máquina de propaganda do governo e a doutora Dilma têm um especial carinho por trens. Em 2004 Nosso Guia perfilhou um projeto de ligação ferroviária entre o Rio e São Paulo. Era o trem-bala. Faria percurso de 500 quilômetros em 90 minutos, cobraria o equivalente a R$ 120 e nada custaria à Viúva. Ficaria pronto para a Copa de 2014. Atrasando, era certo que rodasse em 2016 para a Olimpíada. Deu em nada. Ou melhor, deu em parolagem e pariu uma empresa estatal, a EPL. Quando o projeto naufragou, surgiu a palavra mágica ouvida por Machado de Assis em 1883: "lingu". Ele não esclareceu o que isso queria dizer, mas talvez significasse "investimento": os chineses bancariam o projeto do trem-bala. Pouco depois um mandarim explicou: "Pedir que uma empresa chinesa assuma um risco tipicamente governamental é uma grande piada".

Antes do desembarque do primeiro-ministro chinês Li Keqiang saiu da caixa de mágicas do Planalto o projeto de uma ferrovia transoceânica ligando o Atlântico brasileiro ao Pacífico peruano. Teria 4.400 quilômetros. Nas palavras da doutora Dilma, "ela atravessará os Andes". Custaria entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

As dúvidas foram desfeitas quando o companheiro Li assinou 53 acordos com a doutora. Na mesa havia apenas o interesse mútuo de começar os estudos básicos da viabilidade do projeto. A ferrovia que iria do litoral brasileiro ao peruano era um exagero. O memorando assinado cuidava apenas da conexão da linha Norte-Sul, que iria de Campionorte, em Goiás, à costa peruana. A linha para o litoral atlântico é uma tarefa brasileira. Se tudo der certo, esse estudo deve ficar pronto em maio de 2016. O que era um estudo básico para analisar a viabilidade do projeto virou uma ferrovia que "atravessará os Andes".

Cuidando dos seus interesses, os chineses assinaram diversos compromissos, compraram aviões, alugaram navios e arremataram um banco. Todos esses negócios são bons para eles e para o Brasil. Não havia porque botar o "lingu" de Machado de Assis numa ferrovia transoceânica.

A agenda chinesa é sempre precisa. Em geral eles querem recursos naturais e proteínas. Além disso, vendem serviços, bens e máquinas. Jogo jogado. A isso junta-se um interesse do Império do Meio de fornecer sua mão de obra para os projetos onde põe dinheiro. São mais qualificados, conhecem a empresa e às vezes custam menos. Há cinco anos eram 740 mil, de Angola ao Uzbequistão. Obras chinesas no Brasil já tentaram importar operários, mas foram barradas. Esse pode vir a ser um bom debate, pois o que é preferível, um pasto goiano com 50 vaqueiros ou a obra de uma ferrovia com 500 chineses e 500 brasileiros?

Esse item da agenda chinesa chamou a atenção de Machado de Assis. Em 1883, quando o andar de cima queria imigrantes para substituir a mão de obra escrava, chegou ao Rio o mandarim Tong King-sing. Veio acompanhado de um secretário negro, fez o maior sucesso com suas roupas e foi recebido por D. Pedro 2º. O imperador disse-lhe que não tinha simpatia por seu projeto e, no melhor estilo chinês, ele foi-se embora.

À época, comentando a visita do mandarim, Machado de Assis escreveu uma crônica, transcrevendo uma carta que teria recebido dele. Esclareceu que preferiu manter a grafia do autor.

A certa altura, como se fosse hoje, Machado/Tong escreveu:

"Xulica Brasil pará; aba lingu retórica, palração, tempo perdido, pari mamma."

19/10/2014

Elio Gaspari pendura a conta na turma do Gilmar Mendes & Joaquim Barbosa

FHC ABLQualquer jumento selvagem de Jericoacoara já sabe Gilmar Mendes foi posto no STF por FHC pelas mesmas razões que nomeou Geraldo Brindeiro seu Engavetador-Geral… Gilmar Mendes solta banqueiros com dois habeas corpus cangurus, em menos de 24 horas, dado ao Daniel Dantas. Solta estuprador, como Roger Abdelmassih, chama o TSE de Tribunal Nazista quando perde uma. No entanto, todos os crimes cometidos na gestão de FHC, portanto, anterior a gestão Lula, como a compra da reeleição, nunca entraram em pauta.

Sabe porque a diferença de tratamento? Pelo mesma razão que Paulo Maluf foi condenado em todos os países por onde o dinheiro desviado por ele circulou. No Brasil continua solto. Fernando Collor de Mello também foi inocentado pelo STF. Todos os corruptores são inocentados pelo STF.

O problema da corrupção no Brasil é histórico. Afinal, como foi que Aécio Neves conseguiu seu primeiro emprego? Estudando no Rio mas nomeado pelo pai para um cargo no Congresso, em Brasília. E assim fico por três anos. E o segundo emprego? O tio Tancredo pôs ele, com apenas 25 anos de idade para ocupar o cargo de vice-presidente da Caixa. Isso não é corrupção, isso é patrimonialismo. Patrimonialismo é uma palavra para disfarçar roubo por quem tem dinheiro e sempre viveu de mamar nas tetas públicas. No Brasil, atuação mafiosa se chama Cartel. No Metrô Paulista, da CPTM, há Cartel porque fica feio chamar o presidente do Tribunal de Contas, Robson Marinho, de mafioso. Aliás, o povo não entende o que é cartel.

A meritocracia de Aécio Neves se resume à Bolsa da Família Neves. Tudo o que a família Neves tem saiu dos cofres públicos, de uma forma ou de outra, com um ou outro nome. Como por exemplo a rádio que recebeu de Sarney, o melhor amigo do Pedro Simon, para apoiar o aumento de mandato em 1 ano. Se você é jovem e não sabe, a turma do Aécio está no poder pelo menos desde que Cabral por aqui aportou.

ELIO GASPARI

Todos soltos, todos soltos, até hoje

Não foi Dilma quem prendeu a bancada da Papuda, nem Aécio quem soltou os tucanos, mas a conta está aí

Nos debates medíocres da TV Bandeirantes e do SBT, em que Dilma Rousseff parecia disputar a Presidência com Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves parecia lutar por um novo mandato em Minas Gerais, houve um momento estimulante. Foram as saraivadas de cinco "todos soltos" desferida pela doutora.

Discutia-se a corrupção do aparelho petista e ela arrolou cinco escândalos tucanos: "Caso Sivam", "Pasta Rosa", "Compra de votos para a reeleição de FHC", "Mensalão tucano mineiro" e "Compra de trens em São Paulo". A cada um, ela perguntava onde estavam os responsáveis e respondia: "Todos soltos". Faltou dizer: todos soltos, até hoje.

Não foi Dilma quem botou a bancada da Papuda na cadeia, foi a Justiça. Lula e o comissariado petista deram toda a solidariedade possível aos companheiros, inclusive aos que se declararam "presos políticos". Aécio também nada tem a ver com o fato de os tucanos dos cinco escândalos estarem soltos. Eles receberam essa graça porque o Ministério Público e o Judiciário não conseguiram colocar-lhes as algemas. O tucanato deu-lhes graus variáveis de solidariedade e silêncio.

Pela linha de argumentação dos dois candidatos, é falta de educação falar dos males petistas para Dilma ou dos tucanos para Aécio. Triste conclusão: quando mencionam casos específicos, os dois têm razão. A boa notícia é que ambos prometem mudar essa escrita.

A doutora Dilma listou os cinco escândalos tucanos, todos do século passado, impunes até hoje. Vale relembrá-los.

CASO SIVAM

Em 1993 (governo Itamar Franco), escolheu-se a empresa americana Raytheon para montar um sistema de vigilância no espaço aéreo da Amazônia. Coisa de US$ 1,7 bilhão, sem concorrência. Dois anos depois (governo FHC), o "New York Times" publicou que, segundo os serviços de informações americanos, rolaram propinas no negócio. Diretores da Thomson, que perdera a disputa, diziam que a gorjeta ficara em US$ 30 milhões. Tudo poderia ser briga de concorrentes, até que um tucano grampeou um assessor de FHC e flagrou-o dizendo que o projeto precisava de uma "prensa" para andar. Relatando uma conversa com um senador, afirmou que ele sabia "quem levou dinheiro, quanto levou".

O tucano grampeado voou para a Embaixada do Brasil no México, o grampeador migrou para o governo de São Paulo e o ministro da Aeronáutica perdeu o cargo. Só. FHC classificou o noticiário sobre o assunto como "espalhafatoso".

PASTA ROSA

Em agosto de 1995, FHC fechou o banco Econômico. Estava quebrado e pertencia a Ângelo Calmon de Sá, um príncipe da banca e ex-ministro da Indústria e Comércio. Numa salinha do gabinete do doutor, a equipe do Banco Central que assumiu o Econômico encontrou quatro pastas, uma da quais era rosa. Nelas estava a documentação do ervanário que a banca aspergira nas eleições de 1986, 1990 e 1994. Tudo direitinho: 59 nomes de deputados, 15 de senadores e 10 de governadores, com notas fiscais, cópias de cheques e quantias. Serviço de banqueiro meticuloso. Havia um ranking com as cotações dos beneficiados e alguns ganharam breves verbetes. No caso de um deputado, registravam 43 transações, 12 com cheques.

Nos três pleitos, esse pedaço da banca deve ter queimado mais de US$ 10 milhões. A papelada tornara-se uma batata quente nas mãos da cúpula do Banco Central. De novo, foi usada numa briga de tucanos e deu-se um vazamento seletivo. Quando se percebeu que o conjunto da obra escapara ao controle, o assunto começou a ser esquecido. FHC informou que os responsáveis pela exposição pagariam na forma da lei: "Se for cargo de confiança, perdeu o cargo na hora; se for cargo administrativo, será punido administrativamente". Para felicidade da banca, deu em nada.

COMPRA DE VOTOS PARA A REELEIÇÃO DE FHC

Em maio de 1997, os deputados Ronivon Santiago e João Maia revelaram que cada um deles recebera R$ 200 mil para votar a favor da emenda constitucional que criou o instituto da reeleição dos presidentes e governadores. Ronivon e Maia elegiam-se pelo Acre e pertenciam ao PFL, hoje DEM. Foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Ronivon voltou à Câmara em 2002. De onde vinha o dinheiro, até hoje não se sabe.

MENSALÃO TUCANO MINEIRO

Em 1998, Eduardo Azeredo perdeu para o ex-presidente Itamar Franco a disputa em que tentava se reeleger governador de Minas Gerais. Quatro anos depois, elegeu-se senador e tornou-se presidente do PSDB. Em 2005, quando já estourara o caso do mensalão petista, o nome de Azeredo caiu na roda das mágicas de Marcos Valério. Quatro anos antes de operar para o comissariado, ele dava contratos firmados com o governo de Azeredo como garantia para empréstimos junto ao banco Rural (o mesmo que seria usado pelos comissários.) O dinheiro ia para candidatos da coligação de Azeredo. O PSDB blindou o senador, abraçou a tese do "caixa dois" e manteve-o na presidência do partido durante três meses.

Quando perdeu a solidariedade de FHC, Azeredo disse que, durante a disputa de 1998, ele "teve comitês bancados pela minha campanha". Em fevereiro passado, o Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia do procurador-geral contra Azeredo e ele renunciou ao mandato de deputado federal (sempre pelo PSDB). Com isso, conseguiu que o processo recomeçasse na primeira instância, em Minas Gerais. Está lá.

COMPRA DE TRENS EM SP

Assim como o caso Sivam, o fio da meada da corrupção para a venda de equipamentos ao governo paulista foi puxado no exterior. O "Wall Street Journal" noticiou em 2008 que a empresa Alstom, francesa, molhara mãos de brasileiros em contratos fechados entre 1995 e 2003. Coisa de US$ 32 milhões, para começar. O Judiciário suíço investigava a Alstom e tinha listas com nomes e endereços de pessoas beneficiadas. Um diretor da filial brasileira foi preso e solto. Outro, na Suíça, também foi preso e colaborou com as autoridades.

Um aspecto interessante desse caso está no fato de que a investigação corria na Suíça, mas andava devagar em São Paulo. Outras maracutaias, envolvendo hierarcas da Indonésia e de Zâmbia, resultaram em punições. Há um ano a empresa alemã Siemens, que participava de consórcios com a Alstom, começou a colaborar com as autoridades brasileiras e expôs o cartel de fornecedores que azeitava contratos com propinas que chegavam a 8,5%.

Em 2008, surgiu o nome de Robson Marinho, chefe da Casa Civil do governo de São Paulo entre 1995 e 2001, nomeado ministro do Tribunal de Contas do Estado. Em março passado, os suíços bloquearam uma conta do doutor num banco local, com saldo de US$ 1,1 milhão. Ele nega ser o dono da arca, pela qual passaram US$ 2,7 milhões. (Marinho tem uma ilha em Paraty.) O Ministério Público de São Paulo já denunciou 30 pessoas e 12 empresas. Como diz a doutora, "todos soltos".

28/09/2014

A ditadura só perdura onde não há punição

Na imagem, Augusto Nunes passando a mão na bunda do ditador João Batista Figueiredo, que disfarça acendendo o cigarro. Ao lado do Augusto, Roberto Civita.

Augusto NunesA lei de anistia feita por ditadores para proteger ditadores só continua sendo aceita porque tem muita gente importante que participou da ditadura e hoje não quer ver seu nome envolvido. Para impedir que o Poder Judiciário revise uma posição retrógrada de manter intacta a tortura, o Instituto Millenium, um “puteiro” mantido pelos velhos Grupos MafioMidiáticos, criou um site para patrulhar o Poder Judiciário.

Se fossem abertos processos para esclarecer tudo o que houve na ditadura, certamente seriam ouvidos os membros da cinco famílias que mais lucraram com a ditadura.

Sem a ditadura, Folha, Estadão, Abril, Globo & RBS seriam empresas de fundo de quintal. Rever e revelar os crimes da ditadura importaria em trazer para o banco dos réus todos os cúmplices.

Como fazer isso se Augusto Nunes, Elio Gaspari, Alexandre Garcia e tantos outros  foram porta-vozes e lambe-botas dos ditadores e hoje prestam serviço a velhos grupos de mídia?!

Elias Stein, torturado durante o regime militar

“O Governo me monitorou até 1989, depois do fim da ditadura”

Elias Stein, um dos nomes da ‘lista negra do ABC’, foi sindicalista ao lado do ex-presidente Lula

Beatriz Borges São Paulo 24 SEP 2014 – 18:20 BRT

Elias Stein, ex-sindicalista. / BOSCO MARTÍN

Em 2005, Elias Stein, hoje com 75 anos, pediu todos os documentos onde constasse seu nome ao Arquivo Público do Estado de São Paulo. Sindicalista durante boa parte de sua vida, foi preso e torturado pela ditadura militar em 1974 e, por isso, queria saber o que a polícia sabia sobre ele. Ficou surpreso com o resultado da pesquisa. "Veio um calhamaço assim", indica, distanciando o polegar do dedo indicador. Entre os papéis, que comprovavam que havia sido monitorado até 1989, depois do final da ditadura, havia uma lista que chamou sua atenção. Nela constava seu nome, endereço e o nome da empresa Toshiba, fábrica de aparelhos eletrônicos onde trabalhou entre setembro de 1979 e maio de 1980. Se tratava da lista negra do ABC, em referência às cidades da região metropolitana de São Paulo, Santo André, São Bernardo e São Caetano. Nela havia cerca de 450 nomes de trabalhadores de empresas destes municípios. Todos os nomes tinham algo em comum: haviam participado da greve dos metalúrgicos do ABC, que durou 41 dias, em 1980. E, uma segunda coincidência: nunca mais voltaram a encontrar trabalho na área depois de terem sido demitidos ao voltar da cessação coletiva, que terminou no dia 12 de maio. “Quem tinha o 12 de maio na carteira como data de demissão estava condenado a não trabalhar mais”, explica Stein. E o desemprego, para o trabalhador qualificado, segundo ele, “é uma tortura”.

O PT tirou do programa de governo a revisão da lei de Anistia. Não se trata de vingança, mas de não repetir os mesmos erros. Quem torturou tem que pagar, nós torturados já pagamos por isso"

Durante esta greve, Stein foi um dos 16 escolhidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteriormente líder sindical, para acompanhar a paralisação enquanto ele estivesse preso. Tanto ele como Lula foram parar na tal lista negra. Mas os nomes que estavam nela não sofreram torturas físicas, pois a situação na década de 1980 já era diferente da dos anos de chumbo da ditadura, o período mais repressivo (de 1968 a 1974). O castigo, porém, era psicológico. “Todos tiveram que mudar de profissão ou até de cidade. Eu mesmo deixei de ser metalúrgico para trabalhar na prefeitura de Santo André entregando IPTU (imposto)”, conta, com pesar. Stein explica que muitos só souberam do boicote há pouco tempo, quando a lista negra foi divulgada pela Comissão Nacional da Verdade, que está investigando as empresas que colaboraram com o regime. Ele, no entanto, descobriu sobre a represália enquanto procurava trabalho. “Fui até uma agência de emprego e, enquanto o responsável pelo departamento pessoal foi atender o telefone, peguei a ficha para ver o salário. E lá estava o aviso: ‘Não mandar nenhum candidato cuja data de demissão seja 12 de maio’. Aí eu falei: tá explicado".

Vão contar a história só daqui a 20, 30 anos, quando todos tiverem morrido. Tem gente que na época era sargento, hoje é general, coronel, e eles não querem que isso apareça”

Os papéis do Arquivo Público também registraram o monitoramento que o Governo fez sobre seus passos, mesmo após o final do regime militar, que acabou em 1985. "Na ficha da Abin [Agência Brasileira de Inteligência, antigamente Serviço Nacional de Inteligência (SNI)] constava que eu tinha ido trabalhar no Centro Pastoral Vergueiro [organização que difundia informações para os sindicalistas], em 86; que tinha participado de congresso da CUT [Central Única do Trabalhador, sindicato] no mesmo ano em São Bernardo; que em 89 eu tinha sido assessor da administração regional do Waldemar Rossi [sindicalista] na Mooca durante o governo da Luiza Erundina [prefeita de São Paulo entre 1989-1993]", lista, enquanto se indigna ao não conseguir explicar como eles conseguiam essas informações – todas verdadeiras – nem qual era o propósito de continuar investigando sua vida.

Ditadura militar

Em 1972, durante a ditadura (1964-1985), Stein foi preso. O levaram ao Departamento de Ordem Política e Social, o DOPS, que tinha Sérgio Fleury na função de delegado, um representante da dura repressão policial da época. "Cada vez que eu olhava para ele [Fleury], me sentia frio na alma. Ele era um demônio". Stein passou por choques, incontáveis tapas na cara e "muito telefone", um tipo de agressão que consistia em bater as duas mãos em forma de concha nas orelhas do torturado. "É uma luta interna do seu corpo, que não quer sofrer, com sua consciência dizendo que você não pode falar nada".

mais informações

Stein está contente com o resultado das oitivas realizadas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que entrevistou torturados e torturadores. No entanto, é muito cético quanto aos esclarecimentos que a CNV conseguiu. “Vão contar a história só daqui a 20, 30 anos, quando todos tiverem morrido. Tem gente que na época era sargento, hoje é general, coronel, e eles não querem que isso apareça”. Critica Lula, dizendo que ele sim tinha força política para obrigar os militares a abrir essas caixas pretas. “Em 25 de fevereiro deste ano o comandante Enzo Peri [comandante do Exército brasileiro] emitiu um comunicado proibindo os quartéis de repassar informações sobre o período. Quer dizer, isso em 2014 e passando por cima da lei de acesso à informação da Dilma”. Esta semana, no entanto, as Forças Armadas, que aglutinam o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, emitiram um comunicado dizendo que não tinham como negar as torturas, um passo em direção ao sonho de Stein.

Hoje, se tivesse que voltar no tempo, não tem dúvida alguma de que tomaria as mesmas decisões. “Faria tudo de novo”, disse. No fundo, acredita que a ditadura segue viva, evidenciada "pelas ações violentas da polícia" em manifestações e no tratamento à população. "Eu acho que a direita ganhou essa guerra ideológica faz tempo. Com a Carta aos brasileiros do Lula em 2002 [que o ex-presidente escreveu para acalmar o mercado financeiro, que tinha receio sobre sua candidatura], provamos que abrimos as pernas para a direita, que seguimos a cartilha deles". E isso permanece no Governo Dilma, afirma. "O PT tirou do programa de Governo a revisão da lei de Anistia [de 1979, que perdoou os crimes da ditadura]. Não se trata de vingança, mas de não repetir os mesmos erros. Quem torturou tem que pagar, nós torturados já pagamos por isso".

“O Governo me monitorou até 1989, depois do fim da ditadura” | Politica | Edição Brasil no EL PAÍS

03/09/2014

Até a velha direita está com medo ventríloqua dos bancos

Filed under: Elio Gaspari,Marina Mala Faia,Marina Silva,Obscurantismo — Gilmar Crestani @ 8:23 am
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marina direitaELIO GASPARI

O velho na novidade de Marina

Diante do erro, ela recorre aos mesmos comporta-mentos viciados do acobertamento e da dissimulação

Há um velho vício nas citações de uma frase do romance "O Leopardo", de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Atribui-se ao príncipe de Salina (Burt Lancaster no filme) a frase "algumas coisas precisam mudar, para que continuem as mesmas". Salina nunca disse isso e, se tivesse dito, o romance de Lampedusa seria pedestre. A frase, colocada indevidamente na epígrafe do filme pelo diretor Luchino Visconti é de Tancredi, o sobrinho do príncipe (Alain Delon), um oportunista bonito e banal. O que Salina disse foi algo mais profundo: "Tudo isso não deveria poder durar; mas vai durar, sempre; o sempre humano, é claro, um século, dois séculos…; e depois será diferente, porém pior".

Na campanha de Marina Silva há um componente de Tancredi (visível no encanto que ela desperta num pedaço da turma do papelório) e a maldição deixada pelo príncipe. Julgá-la será tarefa de cada um. Desde que ela se tornou candidata a presidente, propõe uma "nova política" e apresentou um extenso programa de governo. Como todos os demais, é um tesouro de promessas. Em menos de um mês, Marina defrontou-se com dois episódios concretos: a escalafobética propriedade do jatinho que caiu, matando Eduardo Campos, e dois pontos de seu programa, anunciados na sexta-feira e renegados no fim de semana.

Nos dois casos, Marina comportou-se de acordo com o manual da velha política, com explicações insuficientes ou jogando o problema para adiante.

No caso da propriedade do jatinho, embaralhou o enigma do avião com a defesa da memória do candidato morto e disse que se deveria esperar a conclusão das investigações. O Cessna pertencia a uma usina falida e fora comprado por um empresário pernambucano, do ramo de importação de pneus usados. Admita-se que Eduardo Campos e ela não sabiam de nada, como Lula nunca soube do mensalão. Seu comportamento certamente evita prejulgamentos, como a doutora Dilma frequentemente argumenta na defesa de sua equipe. É a velha política.

No caso dos recuos programáticos instantâneos, o comando de sua campanha deu-se à pura empulhação. Atribuiu a mudança em relação à criminalização da homofobia "a uma falha processual na editoração". Seja lá o que isso queira dizer, o pastor Silas Malafaia havia postado uma mensagem: "Aguardo até segunda-feira uma posição de Marina. Se isto não acontecer, na terça será a mais dura fala que já dei até hoje sobre um presidenciável". No sábado, ficou satisfeito. Um candidato pode ser contra ou a favor de qualquer coisa. O que não pode é dizer uma coisa na sexta-feira, outra no sábado, com porta-vozes atribuindo isso a "uma falha processual na editoração".

No caso do incentivo às centrais nucleares, "vitais para a sociedade do futuro", deu-se a mesma coisa. Entrou e saiu. Teria sido um "erro de revisão". Erro de revisão teria sido listar as usinas nucleares entre as fontes de energia "vitais para a çossiedade do futuro".

Não se pode cobrar a candidatos coerência nem fidelidade aos seus programas. Embromar é coisa diferente, velha como aquilo que Marina diz combater. Mudar para que tudo continue como está é um truque velho. Acobertamentos e dissimulações trazem o risco de que tudo fique "diferente, porém pior".

20/08/2014

Elio Gaspari se desola e detona tucanos

Filed under: Elio Gaspari,PSDB — Gilmar Crestani @ 8:01 am
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ELIO GASPARI

As raízes da força de Dilma

A doutora deverá ralar um 2º turno, mas seus adversários não querem entender de onde vem seu votos

O Datafolha mostrou que nos dias seguintes à morte de Eduardo Campos e ao ressurgimento de Marina Silva, Dilma Rousseff ficou onde estava. Tinha 36% e com 36% ficou. O mesmo aconteceu com Aécio Neves nos seus 20%. Marina incorporou preferências esparsas entre os indecisos e aqueles dispostos a votar em branco ou nulo. Saltou de um patamar de 8% para 21%. Nos próximos meses vai-se saber o que ela tem a apresentar aos eleitores.

Aqui vai um subsídio para o entendimento de parte das razões que mantêm a doutora Dilma na faixa dos 30% enquanto Aécio Neves patina. Na segunda-feira a página do PSDB tinha uma enquete para que seus visitantes respondessem: "Qual das áreas abaixo deve ser prioridade para o próximo presidente da República na sua avaliação?"

Em primeiro lugar veio o tema "segurança" (32%), em segundo, "educação" (30%), e em terceiro, saúde (19%). Feito isso, se o visitante buscasse o que o candidato tem a dizer sobre segurança, teria à disposição um "plano nacional de segurança pública". Nele estão listadas promessas benignas e genéricas. Horas depois ele anunciou que levaria as UPPs do Rio para outros lugares, incluindo serviços de emprego, saúde educação. Tudo, enfim. Terá tempo para explicar como. Entre duas dezenas de textos e três áudios, nenhum tinha a ver com educação ou saúde. Um anunciava as "Diretrizes da Coligação Muda Brasil", e lá o candidato revela que protocolou um documento onde menciona o tripé Educação-Saúde-Segurança. Bingo. Lá, informa que a "escola é o equipamento mais importante de uma comunidade". Quem não sabia disso, tem aí um bom motivo para votar nele. Saúde? Nada.

A maior preocupação da campanha do candidato parece ser a demonização do governo. Outros títulos anunciam: "A recessão vem aí", "Razões para o pessimismo", "PT, dá para acreditar?". A Rádio PSDB oferecia um áudio: "Raimundo Matos condena repasse bilionário ao comunismo cubano pelo programa Mais Médicos".

Uma pessoa que já decidiu não votar no PT pode achar que a recessão já chegou e que os comissários mentem. A força da doutora Dilma está no bloco do eleitorado que teme um piripaco econômico, não acredita nos comissários e, ainda assim, pretende votar nela. O escândalo do mensalão estourou em 2005. Achar que esse eleitor é um idiota e não soube dele é uma extravagância. O que se precisa entender é por que, apesar do mensalão, ele prefere votar na doutora. A própria página do PSDB informa: segurança, educação e saúde.

Tucano tem uma característica. Quando expõe uma ideia e seu interlocutor discorda, explica de novo, pois ele não deve ter entendido direito.

A força e a fraqueza de Dilma vem daquilo que 12 anos de petismo fizeram em assuntos de segurança (nada), saúde (algo, com o Programa Saúde da Família, uma criação tucana) e educação (algo, sobretudo com o ProUni e a política de cotas). Pode ser pouco, mas é mais do que Aécio apresenta.

Tucanos e petistas ganharam uma adversária competitiva. Admita-se que é cedo para que se cobre dela um programa com nexo, sobra um slogan, deixado por Eduardo Campos numa de suas últimas entrevistas: "Não vou desistir do Brasil". E quem vai? Desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, só quem desistiu do Brasil foram os holandeses, em 1654.

23/07/2014

Um vez desenterrado o “de cujus”, o cheiro de podre se espalha

Filed under: Aécio Neves,Elio Gaspari,ProAero — Gilmar Crestani @ 8:54 am
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AETICO NEVERELIO GASPARI

A explicação de Aécio não decola

Torraram R$ 13,9 milhões em Cláudio, mas há um aeroporto equipado a 36 km dali, em Divinópolis

Desde domingo, quando o repórter Lucas Ferraz contou que a Viúva construiu uma pista de pouso asfaltada no município de Cláudio (MG), a 6 km da fazenda centenária do ramo materno da família de Aécio Neves, o candidato tucano à Presidência da República ofereceu explicações insuficientes para satisfazer a curiosidade de uma pessoa que pretenda votar nele em nome do seu compromisso com a gestão e a transparência. Situações desse tipo afloram em campanhas eleitorais, e a maneira como os candidatos lidam com elas instrui o julgamento que se faz deles.

O campo de aviação de Cláudio fica a 120 km do aeroporto de Confins e a 36 km da pista bem equipada de Divinópolis. Lá estão as terras da família Tolentino, na qual nasceu Risoleta, avó de Aécio e mulher de Tancredo Neves. Ela morreu em 2003, deixando no espólio a fazenda da Mata, recanto onde seu neto às vezes se refugia. A obra custou R$ 13,9 milhões ao governo do Estado e foi concluída em 2010, quando ele o governava. No ano anterior, segundo o IBGE, a receita orçamentária realizada do município foi de R$ 26,3 milhões.

Aécio respondeu com uma generalidade: "Tudo foi feito com a mais absoluta transparência e correção". Juntou uma redundância: "O aeroporto foi construído em área pertencente ao Estado, não havendo, portanto, investimento público em área privada". Finalizou com uma precipitação: "Já foi tudo explicado".

Por enquanto, há em Cláudio uma pista de 1 km, capaz de receber jatinhos de até 50 lugares, sem equipamento ou homologação da Anac. Falta explicar é a necessidade de a Viúva ter construído essa nova pista naquelas terras. A área foi desapropriada em 2008. Sem isso, a obra não poderia ter sido custeada pelo governo do Estado. Os Tolentino disputam o valor oferecido pelas terras (R$ 1 milhão). Uma peritagem, ainda que tardia, poderá resolver a questão. O próprio candidato argumenta que "aeroportos locais, que não possuem voos comerciais, ou pistas de pouso fechadas são prática comum em aeroportos públicos no interior do país, como forma de evitar invasões (…) que possam oferecer riscos à segurança dos usuários". Tem toda razão e leva ainda o mérito de expor uma questão relacionada com os investimentos públicos em pistas que só recebem aviões privados. Talvez Cláudio precisasse de uma. Do jeito que está, recebe irregularmente uns dois aviões por semana. O ex-governador informa também que não se tratou de construir uma nova pista, mas apenas de modernizar outra, de terra, feita em 1983, quando seu avô era governador e um Tolentino, prefeito da cidade. A Viúva não deve ter ficado com essa conta, pois a terra era privada.

A comodidade de uma pista de pouso paga e mantida pela Boa Senhora é o objeto do desejo de todo fazendeiro. Tome-se, porém, o exemplo de Paul Mellon, um finíssimo bilionário que vivia entre seu haras da Virgínia e o mundo. Comprou um avião e, para seu conforto, construiu um aeroporto dentro de suas terras, em Upperville. Lá, avisa-se: "Uso privado. É necessária autorização para pousar".

Mellon fez o aeroporto com o dinheiro dele. A pista de Cláudio, como diria Armínio Fraga, foi construída com o "meu, o seu, o nosso".

02/07/2014

A ditadura, quando não gostava, prendia, torturava, estuprava, matava e esquartejava!

Filed under: China,Ditadura,Elio Gaspari — Gilmar Crestani @ 7:28 am
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ditadilmaA manipulação da mídia, que subiu ao poder com a ditadura e com ela cresceu. Hoje, o uso do cachimbo ainda deixa a boca da velha mídia torta. As mesmas manipulações, como estas que se viu na véspera da Copa. Se os fatos desmentem a velha mídia, pior para os fatos, porque os financiadores ideológicos, como o Itaú, continua dando apoio a quem faz a política dos golpistas.

A ditadura, que vendia que os comunistas comiam criancinhas, assassinava os pais das criancinhas que seriam comidas. Os comunistas chineses comeram tanta criancinha que a China acabou. Tanto que já não mais chineses…..

Já que o Elio Gaspari já era jornalista quando os fatos que hoje ele narra, porque ele não publicou? Porque também ele era um serviçal da ditadura. Quem publicasse teria o mesmo fim dos chineses. Como era ótima esta tal de ditadura: não gostou, matou!

ELIO GASPARI

O Caso dos Nove Chineses

Passaram-se 50 anos, mas o Império do Meio não esqueceu o que a histeria da ditadura fez com seus cidadãos

No dia 16 chega ao Brasil o presidente da China, Xi Jinping. Ele governa uma ditadura de vitrine, a segunda economia do mundo, e é o maior parceiro comercial de Pindorama. Semanas depois, chegará às livrarias "O Caso dos Nove Chineses", dos jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Mello, um magnífico trabalho de pesquisa histórica onde está contada a história de um episódio de vergonhosa marquetagem e histeria do amanhecer da ditadura.

Aconteceu o seguinte:

No dia 3 de abril de 1964, logo depois da deposição do presidente João Goulart, a polícia do governador Carlos Lacerda prendeu no Rio de Janeiro nove cidadãos chineses. Perigosos agentes, comandavam uma rede de 191 pessoas, tinham agulhas envenenadas, bombas teleguiadas e uma lista de personalidades que deveriam ser assassinadas durante a revolução comunista.

Tudo mentira. Dois eram jornalistas da agência estatal e estavam no Brasil desde 1961. Quatro haviam chegado em junho de 1963 para tratar de uma exposição comercial, e três vieram em janeiro de 1964, para comprar algodão. Todos tinham vistos oficiais. Começaram a apanhar no momento da prisão, em suas casas, e depois alguns deles foram espancados pela polícia. Tiveram os apartamentos saqueados e as contas confiscadas (R$ 865 mil em dinheiro de hoje.)

No dia 16, quando Xi Jinping descer em Brasília, completam-se 50 anos dos dias em que os nove chineses estavam trancados em quartéis. Só puderam escrever para as famílias dois meses depois. Só receberam a visita das mulheres (vigiadas por 32 agentes) em agosto.

"O Caso dos Nove Chineses" conta uma história de acovardamento da qual emerge, altaneiro, o advogado Sobral Pinto, que aceitou a defesa dos presos. A Sobral juntaram-se intelectuais como Augusto Frederico Schmidt e jornalistas como Antonio Callado e Carlos Heitor Cony. (Seus destemidos artigos da época, publicados no livro "O Ato e o Fato", foram reeditados há pouco.)

Como era tudo mistificação, violência e histeria, em poucos meses o governo ficou com uma batata quente nas mãos. Condenara os chineses a dez anos de prisão, enfrentava uma campanha internacional e não tinha como se explicar. Em fevereiro de 1965 eles foram expulsos e recebidos como heróis em Pequim.

Aí o jogo virou. Desde então, o Império do Meio mostra que tem memória. Não cria caso, mas não esquece. Sempre que surge a ocasião, refere-se ao "contencioso" do episódio. Cinco dos nove estão vivos. Um deles tornou-se diretor da agência de notícias para a qual trabalhava, outro dirigiu a área de América Latina do Ministério das Relações Exteriores e foi embaixador em Moçambique e Angola. Wang Yaoting chegou a presidente do Conselho para a Promoção do Comércio Internacional. Em 1979, quando o general João Figueiredo visitou a China, ele conversou com um brasileiro:

— Morei um ano no Rio.

— Então o senhor deve conhecer bem o Brasil.

— Conheço muito pouco, porque fiquei aquele ano quase todo preso.

Foram-se os militares, vieram Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Os tempos seriam outros. Talvez, mas até hoje o Império do Meio não recebeu satisfação pelo que sucedeu a seus cidadãos, nem o dinheiro de volta. Mais: em 1997 (governo Fernando Henrique) um dos jornalistas tentou vir ao Brasil com a mulher, mas não conseguiu visto.

22/06/2014

Eunucos do ódio

No exército persa, Ciro, Xerxes, Dario sempre tinham eunucos dentre aqueles serviçais mais fiéis. Os devotados eunucos retribuíam com a vida. Assim são essas figurinhas que pulam de galho em galho.

Augusto Nunes passou por vários poleiros e todos deixou sujos (Veja, Zero Hora). Gaspari é figurinha carimbada dos veículos que tiveram afinidades eletivas com a ditadura. É especialista em militar, nas várias acepções do termo. Se tivessem feito raio x do saco escrotal dos ditadores brasileiros, lá encontrariam sua digitais. Alexandre Garcia é voz cativa dos que nasceram, cresceram em parceria com a ditadura, de quem foi empunhador de microfone. Ah, como no romance de Alexandra Dumas, os três eram quatro: o outsider da turma é o Mário Sérgio Conti, o arleguim servidor de dois (ou três) patrões... É as enguia mais ensaboada, um banana, que pisou nas próprias cascas.

Reinado Azevedo não importa, na minha conta não entra carrapato, pois transmite Babesiose à manada.

Em comum, Gaspari, Nunes, Garcia: todos, sem exceção, tem longa ficha corrida de serviços prestados à ditadura!

Antonio Machado: Doutor não enxerga veneno no jornal que lhe paga salário

publicado em 21 de junho de 2014 às 23:14

Não, doutor, não é a mesma coisa

O discreto ódio de Elio Gaspari

por Antonio Machado*

O discurso da direita é obtuso, sinuoso, embiocado. Ora mais, ora menos, mas inevitável e necessariamente. Afinal, de que outra forma defender uma injustiça, justificar o indefensável?

Em sua coluna de quarta-feira na Folha de S.Paulo, o jornalista Elio Gaspari resguarda os xingadores da presidente da República – a doutora Dilma, como ele a chama –, já tão repreendidos pela mídia independente. “Argumente-se que o grito foi típico da descortesia dos estádios”, pondera.

A intenção já se define pelo título: “O ódio ao PT e o ódio do PT” (http://naofo.de/g0r). Gaspari, experimentado, não endossa o coro dos desaforados.

Se os protege, é com cautela – e sem apologia, é claro. Põe-se de fora, pretensamente alheio ao ódio manifestado de parte a parte.

Cita comentários de internet e conclui: “Se a rede for usada como posto de observação, os dois ódios equivalem-se e pouco há a fazer”.

Alto lá! Não é o anonimato da rede que deve ser tomado como posto de observação, mas a própria imprensa, a própria Folha.

A imprensa e as declarações de gente pública como Paulinho da Força, Aécio Neves, na linha do “colheu o que plantou”, “mandou para onde tinha que mandar”.

À bem da verdade, o mal não seria propriamente o ódio, mas como ele se manifesta, de quem vem, a quem se dirige e por quê.

Ou o doutor, do alto de sua imparcialidade, acha que odiar o pobre que anda de avião – para usar um exemplo batido, que é também o dele – equivale a odiar o rico que se queixa do aeroporto que virou rodoviária?

Não digo que pertença à elite todo aquele que não gosta do PT. Há até ricos que gostam e outros que, não sendo, dele não gostam justamente por julgarem-no elitista. Mas o leitor da Folha sabe porque ela não gosta do PT.

Na quinta-feira, outra vez no estádio do Corinthians, o jornalista José Trajano, da ESPN, homem de 68 anos, se preparava para entrar ao vivo quando foi chamado de “petista filho da p*” e ameaçado de morte.

A exclamação veio de um torcedor de 30 anos, um e noventa de altura, que avançava sobre as grades que o apartavam da imprensa.

Parêntese. Coisa de um mês atrás, o amigo que presenciou e relatou a referida cena é quem foi a vítima. Repreendeu um desconhecido que atirava um folheto no chão e ouviu de volta: “Vai se f*, seu comunista! Comunista! Você é um petista, seu petista!” (http://bit.ly/TfCGil)

Voltando ao caso do Trajano, seria só uma ocorrência avulsa, embora corriqueira; um desvario como o daquele que hostilizou Joaquim Barbosa. Novo parêntese.

O mesmo sujeito que ultrajou Barbosa foi atacado pelo senador Aloysio Nunes no Congresso Nacional, num episódio que chamou bem menos atenção (http://bit.ly/1lTtyqc).

A’O Globo, o senador ainda avisou: “Só não dei um pescoção porque ele correu mais do que eu!” (http://naofo.de/g0v)

Pois seria só mais uma, não fosse a campanha de ódio contra Trajano promovida por Reinaldo Azevedo, blogueiro e colunista da mesma Folha – aliás, escalado pelo jornal para comentar as “palavras não muito gentis à presidente” – e levada às últimas por sua claque.

Desnecessário reproduzir os impropérios de Azevedo a Trajano, mencionado em nada menos que seis postagens do autor. Quem o conhece pode imaginar.

Não se sabe ao certo o que despertou a ira do blogueiro: se o fato de Trajano reprovar a grosseria contra Dilma, de “pagar pau aos esquerdistas” ou de dizer que Azevedo é semeador de ódio (http://bit.ly/1uMfu7q).

Pelo tamanho da reação, bastava ter se referido a Dilma como presidenta para merecer uma alusão injuriosa.

A verdade é que Gaspari está mais perto do que gostaria de Azevedo; ambos do mesmo lado, em papeis complementares.

Se o doutor ainda não sabe, já é tempo de saber, na origem, conteúdo e forma, o que difere o ódio antipetista da revolta contra a elite e contra quem a representa.

* É jornalista

PS do Viomundo: A Folha é aquela que, em plena campanha eleitoral de 2010, publicou na capa uma ficha falsa da candidata Dilma e, em seguida, entrou em crise existencial por não descobrir se era verdadeira a falsidade; antes, foi o jornal que publicou na primeira página artigo de um psicanalista aeronauta acusando o governo Lula do homicídio de 200 pessoas num acidente aéreo cuja causa foi erro dos pilotos; deu espaço à tese de Lula estuprador na cadeia; espalhou o pânico com uma falsa epidemia de febre amarela e, mais tarde, dizimou milhares que ainda vivem com a gripe suína; depois de tudo isso, adotou a tese de que os blogueiros “espalham ódio”. É pra rir, né?

Antonio Machado: Doutor não enxerga veneno no jornal que lhe paga salário – Viomundo – O que você não vê na mídia

16/06/2013

Trabalho escravo enriqueceu Civita

Filed under: Civita,Elio Gaspari — Gilmar Crestani @ 11:24 am
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Jacob Gorender traduzia filósofos alemães numa cela do presídio Tiradentes e Pedro Paulo publicava seu trabalho com o nome da mulher, Idealina.” Sobe quanto os gênios perseguidos receberam e quanto a Abril faturou nenhuma palavra…

ELIO GASPARI

A página esquecida da cultura brasileira

Jacob Gorender, no presídio, traduzia filósofos alemães para um maluco chamado Victor Civita

Morreu Jacob Gorender, tendo deixado seu magnífico "Combate nas Trevas", em que conta as ilusões armadas da esquerda brasileira nos anos 70. Com ele foi-se um pedaço da memória da usina de livros e fascículos da editora Abril, produto da visão empresarial de Victor Civita.

"Seu" Victor achava que a história segundo a qual brasileiro não lê era uma lenda e decidiu lançar uma coleção intitulada "Gênios da Literatura Universal". A cada semana, punha nas bancas de jornais um grande romance, acompanhado por um fascículo com a vida do autor. Começou com Irmãos Karamazov, anunciando que a série teria 50 volumes. Deram-no por doido, pois se o primeiro livro vendesse menos de 50 mil exemplares a coleção iria a pique. Ele informou: "Vocês são contra, mas eu tenho 51% das ações e isso será feito". Dostoiévski vendeu 270 mil exemplares. Seguiram-se os "Gênios da Literatura Brasileira", os "Economistas" e os "Pensadores". Platão vendeu 250 mil exemplares. As coleções da Abril levaram para as bancas de jornais cerca de 12 milhões de livros e ela tornou-se a maior editora de livros de filosofia do mundo.

Nesse empreendimento estiveram o diretor da operação, Pedro Paulo Poppovic, e a rede de intelectuais por ele mobilizada. Nela havia 300 professores que a ditadura deixara sem trabalho. Jacob Gorender traduzia filósofos alemães numa cela do presídio Tiradentes e Pedro Paulo publicava seu trabalho com o nome da mulher, Idealina. Libertado, tornou-se funcionário da Abril Cultural, trabalhando ao lado de uma jovem que gostava de teatro, chamada Maria Adelaide Amaral. A coleção dos pensadores foi dirigida pelos filósofos José Américo Motta Pessanha (posto para fora da UFRJ), com o apoio de José Arthur Giannotti (cassado pela USP). A redação dos fascículos era dirigida por Ari Coelho, professor de química expulso da Universidade de Brasília.

Poppovic calcula que a polícia visitou a Abril Cultural em pelo menos quinze ocasiões. Em alguns casos os redatores valiam-se de uma rota de fuga. Ele lembra que em nenhum momento Civita perguntou-lhe quem trabalhava lá, nem o que a polícia queria.

Um dia alguém resgatará a história do maior empreendimento cultural ocorrido durante a ditadura, com o mais absoluto sucesso.

26/05/2013

JB por um dos seus

Filed under: Elio Gaspari,Joaquim Barbosa — Gilmar Crestani @ 9:31 am
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ELIO GASPARI

Barbosa e as ‘taras antropológicas’

O ministro do STF diz o que tudo mundo quer ouvir, mas faz coisas que muita gente não consegue fazer

No primeiro dia do julgamento do mensalão, vendo-se em minoria numa votação preliminar, o ministro Joaquim Barbosa disse lamentar que "nós brasileiros tenhamos que carregar certas taras antropológicas, como essa do bacharelismo". Seja lá o que for uma "tara antropológica", o bacharelismo nacional é certamente uma praga. Barbosa é hoje uma esperança nacional, pelo simples fato de dizer coisas que estão entaladas na garganta dos brasileiros.

Na semana passada ele expôs mais uma verdade: "Nós temos partidos de mentirinha". Bingo. Mas onde estava o ministro no dia 7 de dezembro de 2006, quando o Supremo Tribunal Federal derrubou a cláusula de barreira para partidos que não tem votos? De licença.

Estando de licença, por conhecidos motivos de saúde, Barbosa fez 19 viagens para o Rio, São Paulo, Salvador e Fortaleza, com passagens aéreas pagas pela Viúva. Os ministros do STF ganham R$ 28 mil mensais, mais carro, motorista e bolsa viagem. Seus similares da Corte Suprema americana ganham o equivalente a R$ 35,6 mil, sem mais nada. Passagens? Nem de ônibus. A Viúva paga até mesmo as viagens ao exterior (na primeira classe) das mulheres de ministros. Ricardo Lewandowski é homem de boa fortuna familiar. Gilmar Mendes é casado com uma advogada que trabalha num poderoso escritório de advocacia, onde ganha bem. Nada de ilegal. Tudo de acordo com as leis dos bacharéis que dão até R$ 15 mil mensais a sete garçons do Senado.

Quando a repórter Luciana Verdolin perguntou a Barbosa, como presidente da Casa, sobre o que ele achava da questão, ouviu: "Eu não quero falar sobre esse assunto. Eu não li a matéria. Essa matéria é do seu conhecimento. Não é do meu".

A reportagem podia não ser do seu conhecimento, mas a despesa era. O desempenho de Barbosa tratando dos temas que escolhe é um refrigério. Já sua atitude diante de perguntas estranhas à sua agenda é antropologicamente bacharelesca.

19/05/2013

Elio Gaspari e a repentina desburocratização ianque

Filed under: Elio Gaspari,Mistificadores — Gilmar Crestani @ 10:36 am
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Primeiro leia o autêntico vira-lata, hoje na Folha,  e abaixo minha opinião:

BOA VIAGEM

Desde o último dia 12 o governo americano acabou com aquelas malditas fichas labirínticas que as pessoas eram obrigadas a preencher antes de chegar aos seus aeroportos.

Bastava um dado incompleto ou escrito fora da linha e a vítima era obrigada a enfrentar o mau humor dos agentes da imigração.

O que Élio não confessa:

Ora, quando os brasileiros eram potenciais imigrantes os EUA não nos queria por lá. Muitos morreram ao tentar entrar via México. Muitos mais retornaram pegos pela polícia migratória ianque. Hoje, com a economia norte-americana em crise e a brasileira em expansão, quando comprar em Miami é mais barato que na 24 de Março em São Paulo ou a Voluntários em Porto Alegre, os brasileiros com poder aquisitivo são bem-vindos ao consumo. Burocracia é o nome que o ventríloquo dos interesses ianque dá à política de contenção ou expansão comercial. Quanto ao resto não embarque nesta viagem do colonista.

27/03/2013

PSDB escala Gaspari para carnear Campos

Filed under: Eduardo Campos,Elio Gaspari — Gilmar Crestani @ 9:18 am
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ELIO GASPARI

O fenômeno Eduardo Campos

O governador de PE é, mas não é; está, mas não está; e até agora foi um propagador de platitudes

EDUARDO CAMPOS é candidato a presidente da República. É ou não é? Ele está na base de apoio do governo de Dilma Rousseff. Está ou não está? Segundo o senador Jarbas Vasconcelos, o simples fato de ele ter dito que "dá para fazer muito mais" mostra que é um dissidente. Mostra ou não mostra?

Nenhuma dessas perguntas foi respondida pelo governador. Seria cedo para fazê-lo, mas indo-se às ideias que Eduardo Campos defendeu desde a sua transformação em fenômeno federal, vai-se a um abissal silêncio. Ele poderia ter ido a uma universidade com um plano para fazer melhor na educação. Poderia ter ido a um seminário sobre saúde pública. Nada. Foi a São Paulo reunir-se com empresários. Se levou ideias ou buscou apoios, não ficou claro, pois nem ele expôs propostas nem os empresários mostraram suas oferendas. Até agora, o governador cumpriu uma agenda político-gastronômica da qual resultou uma única informação de conteúdo: o cozido que o senador Jarbas Vasconcelos lhe ofereceu leva carnes de segunda com pirão de farinha de mandioca.

Suas propostas são um acúmulo de platitudes. Diz coisas assim:

"Não há grande incômodo nas grandes massas. Não há na classe média esse sentimento, nem de forma generalizada no empresariado. Mas há, nesse instante, nas elites, grande preocupação com o futuro. Há o sentimento de que as coisas podem piorar."

Seu melhor momento deu-se quando citou o avô, Miguel Arraes:

"Na política, você encontra 90% dos políticos atrás de ser alguma coisa. Dificilmente eles sabem para quê."

Não era citação, mas carapuça. Nenhum comensal de Eduardo Campos enunciou o "para quê" e muito menos ele ofereceu uma pista.

Campos propõe-se a "renovar a política". Durante a passagem da doutora Dilma por seu Estado um veículo do Instituto de Tecnologia de Pernambuco distribuía faixas louvando-o e uma jovem desempregada de 24 anos contou que prometeram-lhe R$ 20 para carregar a propaganda. Nas suas últimas campanhas presidenciais o PSDB alternou marquetagens, platitudes e cruzadas religiosas. Deu no que deu.

Um candidato que está na base do governo mas não está é uma contradição em termos, coisa de uma época que passou. Candidatos que se fizeram de rogados foram fritos. Na última eleição municipal deu-se em São Paulo um fenômeno que merece ser estudado por quem pretenda vencer uma eleição majoritária. Depois de uma campanha na qual o PT tinha um poste e o PSDB um candidato relutante, o asteroide Celso Russomanno tinha 46% das preferências na zona leste da cidade. Em duas semanas, caiu para 24%, um desfalque estimado em 270 mil votos. Ele tinha fama como apresentador de programa de TV, sem partido forte ou tempo de propaganda gratuita. Na reta final, propôs uma tarifa de ônibus diferenciada: quem fizesse percurso maior pagaria mais. Tradução: o trabalhador que mora longe do serviço tomaria uma mordida. Russomanno não chegou ao segundo turno.

As eleições brasileiras não se decidem mais num joguinho de doações, marquetagens e alianças de cúpula. Como nos cozidos, esses ingredientes temperam o prato, mas, sem carnes, nada feito, pois tanto um bilionário como um esfomeado sabem quando não há substância no prato.

17/03/2013

Gaspari,o idiota

Filed under: Elio Gaspari,Jorge Rafael Videla,Papa Francisco — Gilmar Crestani @ 7:50 am
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Elio Gaspari se acha. Depois de servir de capacho aos milicos, vem dar lição de civilidade, e por isso tem espaço cativo nos grupos mafiomidiáticos. Suas colunas são sempre ácidas, bem escritas, mas cheias de verdades absolutas sem lastro na realidade. São opiniões bem pagas. E não é por desinformação, não, é por intere$$e. Hoje, na Folha, bem depois do Financial Times e do The Economist, chama Guido Mantega de idiota. Na sequência faz a defesa do novo Papa, com esta pérola: “Francisco tem um "alertômetro". Evita dar a comunhão a notórios vigaristas e jamais se deixa fotografar com eles.

A imagem abaixo descontrói o achômetro do idiota dos generais:

Na foto, Jorge Bergoglio quando ainda não era Papa Francisco, fotografado com o Papa Hóstia e dublê de ditador, condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, Jorge Rafael Videla… Seu Bergoglio dava na boquinha!

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo é um idiota e ouviu o ministro Guido Mantega dizer que, se houver "abusos" com os preços de mercadorias que tiveram seus impostos desonerados, o governo poderá suspender os benefícios. O cretino não sabe definir "abusos", mas acha que, nesse caso, os preços subirão ainda mais e ele pagará a conta pela valentia do ministro.

UMA CARIDADE PARA FRANCISCO, LEIA SEU LIVRO

O papa Francisco precisa de uma ajuda. Leiam seu livro "Sobre el Cielo y la Tierra". (O e-book está à venda na Amazon americana por US$ 6,99, mas, por arte de Asmodeu, está fora da loja eletrônica brasileira.) Tem 215 páginas e saiu no início do ano passado. Trata-se de um longo diálogo com o rabino Abraham Skorka. Coisa inteligentíssima. É impossível lê-lo e sair por aí repetindo rótulos tais como "conservador" ou "homem simples" porque anda de ônibus. A simplicidade do cardeal Bergoglio vai muito além. Ele vê o catolicismo como algo despojado: "Bispos e padres têm que sujar os pés de barro". Uma das suas mais duras críticas (depois das lambadas nos ladrões-milionários) vai para os meios de comunicação que simplificam as agendas, tornando-as irrelevantes ou insolúveis: "Desinformam".

Até a noite de quarta feira o signatário não sabia quem era ele. No dia seguinte, não encontrou um só bergogliólogo que mostrasse ter lido o livro de Francisco. Ele é tudo menos um clérigo conservador. (Segundo o fidedigno jornalista Horácio Verbitsky, há 30 anos ele deu uma mãozinha à ditadura, numa época em que a hierarquia católica estava casada com os generais. Bergoglio admitiu que foram cometidos erros genéricos, mas não assumiu responsabilidade pessoal.)

Pode ser conservador um cardeal que quer abrir os arquivos do Vaticano para que se estude o Holocausto? Ele é contra o casamento de homossexuais e o aborto, mas isso não é conservadorismo, é a doutrina da igreja. Pílula? Astuciosamente calado. Em diversas ocasiões critica a conduta da igreja, seu regalismo e a promiscuidade com afortunados que fingem fazer caridade. Propõe tolerância zero para os pedófilos e chama o velho truque de transferi-los para outras paróquias de "estupidez".

O papa Francisco é um jesuíta severo. Diz que senhoras emperiquitadas, "vestidas, ou desvestidas", em casamentos não vão às igrejas para um ato religioso, mas para exibirem-se. Tabela de preços para cerimônias? "Isso é fazer comércio com o culto." Ao mesmo tempo, reconhece que casais morando juntos antes do matrimônio são um "fato antropológico".

Francisco tem um "alertômetro". Evita dar a comunhão a notórios vigaristas e jamais se deixa fotografar com eles.

O livro é muito melhor que este breve resumo. Quem lê-lo viverá umas boas duas horas. Não pode ser conservador (seja lá o que isso significa) uma pessoa que diz o seguinte:

"O religioso às vezes chama atenção sobre certos pontos da vida privada ou pública porque é o condutor da paróquia. Ele não tem direito de se meter na vida privada dos outros. Se Deus, na criação, correu o risco de nos tornar livres, quem sou eu para me meter?"

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