É impressionante a capacidade do Clóvis Rossi se fazer de tapete para deixar desfilar os interesses dos EUA. Dá para sentir o ressentimento por que Dilma não se deixou fazer de capacho, como fazia FHC, para os EUA tripudiarem. Ao invés de fazer como os diplomatas de FHC, que precisavam tirar os sapatos para entrarem nos EUA, Dilma exigiu que eles viessem ao Brasil primeiro, e aqui ficassem sabendo que ela esta “cheia de pompa e circunstância. Quer substância” dos EUA.
A pena de aluguel do Rossi não se dá conta, mas quem quer respeito primeiro deve se fazer respeitar. A Dilma, ao contrário do bufão FHC, não é nenhuma ventríloqua.
O que Clovis não se dá conta é que os EUA perderam todas ultimamente. Perderam na Venezuela, tiveram de ceder em Cuba, perderam na Argentina, Bolívia, Equador e Chile. Só lhes resta o diversionismo e o papel de exército da Sony.
Ah, não esqueça de dizer ao seu Obama que não há nenhuma chance de a Petrobrás virar Petrobrax, pois ela é para o Brasil o que a Sony é para os EUA….
Abra o olho, Dilma, pois quem cria cuervos…
CLÓVIS ROSSI
Nova lua de mel Brasil/EUA
Encontro Dilma/Biden esboça os contornos de um relacionamento renovado e em patamar mais elevado
Antes mesmo do profícuo encontro do dia 1º entre a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Joe Biden, o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, já havia escrito a seu então colega brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, sugerindo que viajasse urgentemente a Washington, para começar a traçar a agenda da visita de Estado de Dilma.
Como se sabe, a visita deveria ter ocorrido no ano passado, mas foi suspensa por causa do episódio de espionagem sobre Dilma.
Figueiredo não chegou a responder a Kerry, porque não sabia se ficaria no cargo, mas a sugestão continua valendo para o novo chanceler, Mauro Vieira.
Aliás, os contornos da viagem já começaram a ser esboçados no encontro Dilma/Biden.
Dilma deixou claro que não quer uma visita que ela chamou de "black tie", ou seja, cheia de pompa e circunstância. Quer substância, disse a Biden.
O vice norte-americano pegou o mote e lembrou à sua interlocutora que os EUA têm clareza quanto à agenda que pretendem desenvolver com o Brasil. O que lhes falta é a agenda que Dilma quer levar à frente, para que o relacionamento se situe em um patamar ainda mais elevado, desejo que a presidente expressou a Biden.
Pode ter sido mera cortesia, mas, se for para valer, é uma definição relevante. Afinal, antes do episódio da espionagem, as relações Brasil/EUA estavam no seu melhor momento desde sempre. Subir um degrau, portanto, não é trivial.
A conversa entre os dois relacionou temas em que a cooperação deve ser muito mais dinâmica, na opinião da presidente. Dilma citou o comércio, após lembrar que os Estados Unidos perderam para a China o primeiro lugar no intercâmbio comercial com o Brasil.
A presidente também mencionou a área de Defesa, em que haveria, segundo ela, muita coisa a fazer em conjunto. Aqui, uma especulação minha, que não foi tema da conversa: suponho que, no capítulo Defesa, Dilma queira incluir o combate ao crime organizado, que se nutre essencialmente do narcotráfico.
Para os EUA, Defesa é lutar principalmente contra o terrorismo; para os países latino-americanos, é combater o narcotráfico. Fecho a especulação e volto à conversa.
Dilma mostrou interesse também em inovação, citando a enorme capacidade norte-americana nessa área, em especial em ciência e tecnologia. A conversa começou com um elogio de Dilma à "coragem" do presidente Barack Obama de normalizar as relações com Cuba, gesto "histórico" para a presidente.
O afago foi devolvido por Biden com a informação de que, na véspera do anúncio, tentara ligar para Dilma, para avisá-la, mas não foi possível porque a governante brasileira estava no interior da Argentina para a cúpula do Mercosul.
Para Dilma, a normalização vai além das relações EUA/Cuba. Provocará, disse ela, uma nova dinâmica nas reuniões multilaterais na América Latina, mais produtiva e construtiva do que as eternas críticas a Washington por sua atitude em relação a Cuba. Está, pois, assentado o tom que marcará 2015 na relação com os EUA.