Ficha Corrida

01/09/2014

A amazona Messalina e o cavalo Calígula

Marina montou no bedel para esquentar as notas do avião que lhe catapultou.

O risco-Marina não é econômico. É político.

cesar marina 13

01/09/2014

por Tereza Cruvinel

O PT seria espancado se pregasse o cesarismo anunciado por Beto Albuquerque.


Embora não tenha sido bem clara sobre a natureza de suas preocupações com propostas do programa de governo de Marina Silva, a presidente Dilma indicou que seus temores são relacionados com a economia: a instabilidade, a desindustrialização, a quebra da matriz energética e derivados.

Relativamente à economia, Marina já ajoelhou e beijou a cruz para o mercado. Vem dizendo o que o setor financeiro, a indústria e até o agronegócio querem ouvir, contrariando o próprio discurso recente. Já se comprometeu com o tripé câmbio livre-metas de nflação-superavit, prometeu o BC independente. O risco maior do governo de uma candidata que na prática não tem partido político, está alojada em uma sigla de baixa densidade e expressão e vem se revelando avessa às coalizões, num presidencialismo que não pode prescindir delas, é fundamentalmente político.

Como destaca o Brasil247, o vice de Marina, deputado Beto Albuquerque, fez ontem as declarações mais graves de toda a campanha eleitoral. Se Lula, Dilma ou qualquer candidato petista pregasse algo parecido com o que disse o vice de Marina Silva, Beto Albuquerque, estariam sendo espancados verbalmente e chamados de “populistas”, “chavistas”, “bolivarianistas” e outros “istas” que podem ser resumidos pela categoria “cesarista”: governante que, como os césares de Roma, dispensa a mediação dos partidos e das instituições e procura se entender diretamente com o povo.

Se a “nova política” que Marina e PSB pregam descambar para a “anti-política” anunciada ontem por Beto, estamos feitos: “Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas e dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país”, disse o companheiro de chapa. Todos os governantes que tentaram peitar o Congresso, desde a monarquia parlamentar de Dom Pedro, deram-se mal. Exceto os ditadores: Vargas no Estado Novo e os militares no pós-64. Washington Luís foi varrido pela Revolução de 30, Jânio renunciou e não voltou, Collor levou o impeachment. Jango, sem maioria parlamentar, foi “tolerado” até o momento em que, no comício da Central, em 13 de março, apelou ao povo para que o ajudasse a aprovar as reformas pressionando o Congresso. Veio o golpe.

A coalizão que apoia Marina, composta basicamente por PSB e PPS, hoje tem 30 deputados: 24 do PSB e seis do PPS. Se as duas bancadas dobrarem de tamanho no pleito do dia 5, pela força do efeito-Marina, serão 60. Ah, “mas eu vou governar com os melhores de cada partido”, tem dito ela, falando especificamente em “melhores do PT e do PSDB”. Indivíduos não formam coalizões nem garantem maiorias. Para chegar aos 257 deputados na Câmara, sem o quê ninguém governa, ela teria que recorrer ao que chama de velha política: fazer alianças, compartilhar o poder, ceder cargos e negociar as políticas a serem votadas. Estará Marina disposta a isso? Beto informa que preferem apelar às ruas para dobrar o Congresso.

O PSDB bem sabe o que significa a falta de estrutura e base política para governar. Mesmo sabendo que ganharia a eleição de 1994 com a força do Real, Fernando Henrique tratou de firmar aliança com o PFL. Estava certo, o PFL foi importante para a sua governabilidade. Agora, boa parte dos tucanos “marinam” discretamente acreditando que o governa lhes cairia no colo. Ainda assim, o PSDB hoje é um partido de 44 deputados. Se dobrar a bancada, uma coligação PSB-PPS-PSDB ainda estará longe da maioria. Os outros teriam que ser coagidos pelas ruas.

Afora o Congresso, a estabilidade política exige capacidade de negociar também com os diferentes segmentos da sociedade civil: empresários, sindicatos, corporações etc. Marina tem dito que quer “ouvir”. Sua mecenas Neca Setúbal diz que ela difere de Dilma porque ouve. Ouvir é uma coisa, negociar e conciliar é outra. Na hora dos confrontos de força e interesse, ela cederá ou chamará o povo?

“Perco o pescoço mas não perco o juízo”, disse Marina quando trombou definitivamente com o Governo Lula, recusando-se a flexibilizar posições do Ministério do Meio Ambiente em relação às licenças para acelerar as obras de construção das hidrelétricas da Amazônia, fundamentais para aumentar a oferta de energia.

Se na Presidência ela repetir e praticar este bordão, estará mesmo arriscando o pescoço. Mas não será só o dela. Será o nosso, o da democracia que os brasileiros vêm construindo, com todos os vícios e virtudes de nosso sistema político, que precisa mesmo de reformas, mas dentro da normalidade institucional, pela via da negociação. Um presidente que sai forte das ruas deve aproveitar o momento em que transpira força e legitimidade para conduzi-la. Fernando Henrique, Lula e Dilma perderam o “timing”, a lua de mel passou, não deram prioridade à reforma política. Depois já era tarde. Mas o que Beto Albuquerque anuncia é outra coisa. É o cesarismo, com qualquer nome contemporâneo que se queira lhe dar.

Tereza Cruvinel

Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação – EBC – e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247.

O risco-Marina não é econômico. É político. – Tereza Cruvinel

Beto Collor

Filed under: Beto Albuquerque,Beto Collor,BlackBosta,Fernando Collor de Mello — Gilmar Crestani @ 9:24 am
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Depois de transformar parada de ônibus em símbolo da burguesia, Beto Albuquerque também quer transformar democracia em ditabranda, feias ecológicas em atacados de agrotóxicos. A mosca azul do poder ou o cheiro de algum agrotóxico transbordou em merda algo que já cheirava mal em Beto Albuquerque.

Beto anuncia tática black bloc no governo Marina

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O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) fez, neste domingo, a declaração mais grave de toda a campanha eleitoral; afirmou que a ex-senadora Marina Silva não deve se preocupar com a ausência de base parlamentar no Congresso porque irá governar "com a força das ruas"; em seguida, anunciou o cerco ao Poder Legislativo: "Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país"; será que Beto pretende convocar para Brasília novas manifestações, como as que depredaram o Congresso e o Itamaraty em junho do ano passado?; será que vale também depredar agências e caixas eletrônicos do Itaú, de Neca Setúbal?; coincidência ou não, o "black bloc" Caetano Veloso foi um dos primeiros a marinar; no entanto, os outros dois presidentes que decidiram peitar o Congresso, Jânio Quadros e Fernando Collor, não terminaram seus mandatos

1 de Setembro de 2014 às 06:47

247 – Para quem ainda considera exagerada a comparação entre Marina Silva e os ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor, que foram eleitos prometendo uma nova política e caíram porque não tinham base parlamentar, vale a pena prestar atenção ao significado das palavras ditas, neste fim de semana, pelo deputado Beto Albuquerque (PSB-RS). Vice na chapa de Marina, ele afirmou que Marina irá governar "com a força das ruas", minimizando o fato de sua candidata não possuir nenhuma articulação política consistente.

O mais grave, no entanto, foi a declaração seguinte, quando o vice de Marina praticamente convocou novas manifestações diante do Congresso. "As urnas, quando te dão essa força, permitem que você estabeleça uma relação política na largada. Ou seja, não vamos propor reforma tributária, reforma política, no terceiro ano. Vamos propor nos primeiros meses do primeiro ano de governo, para que esse lastro da sociedade, que está vindo conosco, permita uma negociação diferente na Câmara e no Senado. Nós vamos construir essa maioria, mas sem cacifar as velhas raposas", afirmou. Em seguida, Beto fez a ameaça: "Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país."

O que o vice do PSB disse foi cristalino. Sem força política e sem base parlamentar, um governo Marina convocaria as ruas para emparedar o Congresso. Coincidência ou não, em junho do ano passado, quando manifestantes cercaram o Congresso Nacional e houve um princípio de incêndio no Itamaraty, foram identificados integrantes da Rede, alguns bem próximos a Marina Silva, entre as lideranças das manifestações.

Se o novo modelo proposto por Marina e Beto, num programa de governo coordenado por Neca Setúbal, propõe suplantar o Congresso e governar "com a força das ruas", é preciso questionar se essa tática black bloc comporta também a depredação de agências bancárias, como as do Itaú?

Ao apoiar publicamente Marina Silva, o cantor e compositor Caetano Veloso, que, no passado, se vestiu de black bloc, afirmou que é impossível ceder à luz irresistível que emana da candidatura do PSB. As declarações de Beto Albuquerque, o recuo de Marina diante do pastor homofóbico Silas Malafaia e as revelações de que ela consulta a Bíblia antes de tomar decisões prenunciam uma era de obscurantismo.

Beto anuncia tática black bloc no governo Marina | Brasil 24/7

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