Ficha Corrida

27/04/2013

Mercadante de defunto

Filed under: Aloizio Mercadante,Capacho,Ditabranda,Imbecilidade — Gilmar Crestani @ 9:48 am
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A declaração de amor de Mercadante por ‘Seu Frias’

Paulo Nogueira 27 de abril de 2013 7

Mais que bajulação, o que ficou estampado foi a ignorância do ministro da Educação.

Ignorância desumana

Ignorância desumana

Uma das frases de Sêneca que mais me agradam fala o seguinte: “Quando penso em certas coisas que disse, tenho inveja dos mudos.”

Ela me ocorreu ao ter ciência da carta que o ministro Aloízio Mercadante escreveu para a Folha de S. Paulo.

Mercadante fez um desagravo da memória de Octavio Frias de Oliveira, falecido dono do  jornal, depois que um delegado dos tempos da ditadura militar disse, na Comissão da Verdade, o que todos sabem, exceto talvez ele mesmo, Mercadante: que Frias colaborou ativamente com a repressão a “terroristas”, “subversivos” e “assassinos”.

Frias foi o chamado colaborador total. De um lado forneceu carros do jornal para a perseguição de “subversivos” pela Oban, Operação Bandeirante, um grupo particularmente selvagem dedicado a exterminar a resistência à ditadura.

De outro, usou sua empresa jornalística para publicar conteúdos pró-ditadura.

Meu pai, editorialista e com carreira na Folha estabelecida antes que Frias comprasse o jornal em 1961, se recusou a escrever um editorial no qual Frias mandou que fosse dito que não existiam presos políticos – todos eram criminosos comuns.

Frias, nos piores anos da ditadura, manteve um jornal, a Folha da Tarde, que era uma espécie de porta-voz da repressão. (Mercadante poderia conversar sobre isso com Frei Betto, que foi jornalista da FT antes de Frias transformá-la numa extensão da Oban.)

O jornal de Frias para a ditadura, a Folha da Tarde

O jornal de Frias para a ditadura, a Folha da Tarde

Num certo momento, com a abertura política, Frias, como empresário, enxergou uma boa oportunidade de negócio ao engajar a Folha na campanha das diretas e deixá-la mais arejada.

Era um movimento óbvio. O concorrente Estadão já estava morto editorialmente, então. E a Globo era, como a FT, porta-voz da ditadura na tevê.

O distanciamento oportunista da Folha em relação ao regime não impediria Frias de acatar servilmente uma ordem de um general para que afastasse o diretor Claudio Abramo depois que o grande cronista  Lourenço Diaféria escreveu, com toda razão, que os paulistanos mijavam na estátua do Duque de Caxias, no centro da cidade, perto da Folha.

Bastava passar por lá e sentir o cheiro.

Para Claudio Abramo foi um desdobramento irônico e amargo do editorial que meu pai recusou e ele, Claudio, escreveu, sabe-se lá a que custo emocional e mesmo físico, uma vez que era um homem de esquerda.

Frias pôs imediatamente no lugar de Claudio um jornalista que ele mantinha por causa das relações deste com o regime: Boris Casoy, egresso do Comando de Caça ao Comunista e antigo locutor de rádio. (Anos depois, na televisão, ao falar dos lixeiros, Boris mostrou quão pouco mudou nestes anos todos.)

Como os infames caminhões da Ultragaz, os carros da Folha foram usados na caça a dissidentes

Como os infames caminhões da Ultragaz, os carros da Folha foram usados na caça a dissidentes

Assustado, medroso, Frias tratou também de tirar seu nome da primeira página do jornal, como responsável. Boris passou a figurar como o responsável.

Apenas para situar, Boris marcou uma ruptura na Folha. Até ali, os chefes de redação eram jornalistas completos: tinham feito grandes reportagens a partir das quais subiram até serem testados também como editores.

Boris simplesmente não sabia escrever. Ele estava no jornal, e num cargo elevado, por razões políticas, e não jornalísticas.

Isso gerou situações bizarras. Na morte de Samuel Wainer, cabia a Boris escrever um pequeno tributo na coluna “São Paulo”. Boris chamou meu pai para escrever por ele por não ter capacidade para realizar a tarefa.

Mercadante mostrou uma ignorância desumana ao desconhecer tudo isso na carta que mandou à Folha.

A demonstração espetacular de desconhecimento  é tanto mais grave por vir do ministro da Educação. Se ele não conhece com alguma profundidade um assunto tão próximo dele, o que ele conhecerá?

Terá lido livros? Quais?

Pela ignorância, mais ainda do que pela bajulação despropositada, Mercadante deveria ser afastado sumariamente do cargo que ocupa. Daqui por diante, ele será sempre lembrado como aquele sujeito que disse que o “seu Frias” foi um quase mártir na “luta pelas liberdades democráticas”.

A carta de Mercadante cumpre o papel inevitável das mensagens estapafúrdias, o de ser alvo de desprezo dos chamados dois lados. É altamente provável que Otávio Frias Filho não tenha enxergado na carta o que todo mundo enxergou.

Se existe um atenuante para Mercadante, é que parece haver no DNA do PT uma espécie de submissão mental aos donos da mídia.

Essa patologia ajuda a entender por que o Brasil não avançou nada, em dez anos de PT, na questão crucial para a sociedade de discutir os limites da mídia, a exemplo do que a Inglaterra acaba de fazer.

O momento simbólico dessa submissão – que o grande Etienne de La Boétie chamava de “servidão voluntária” – é assinado por Lula, ao escrever na morte de Roberto Marinho que ali se ia um, pausa antecipada para rir, um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial.

A declaração de amor de Mercadante por ‘Seu Frias’ – Diário do Centro do Mundo

Quinta coluna

Filed under: Aloizio Mercadante — Gilmar Crestani @ 9:40 am
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Nunca vou esquecer de Maria do Rosário subindo na tribuna do Senado para homenagear a RBS enquanto o grupos dos Sirotsky se unia à FARSUL para atacarem os movimentos sociais. Que os grupos mafiomidiáticos tenham preparado, dado as boas-vindas, em editorial, à Ditadura e que hoje a preferem chamar de ditabranda, tudo bem. O problema é gente como Mercandante e Mário do Rosário se prestarem de capachos para eles continuarem perpetrando suas barbaridades.

Quinta coluna é um termo usado para se referir a grupos clandestinos que trabalham dentro de um país ou região, ajudando a invasão armada promovida por um outro país em caso de guerra internacional, ou facção rival no caso de uma guerra civil. Por extensão, o termo é usado para designar todo aquele que auxilia a ação de forasteiros, mesmo quando não há previsão de invasão.”

A Carta de Mercadante para a "Folha"

Frias, ditadura: o ministro que mercadeja

publicada sexta-feira, 26/04/2013 às 20:02 e atualizada sábado, 27/04/2013 às 01:48

por Rodrigo Vianna

Quando os blogueiros foram processados, pela Globo e pela Folha, Aloisio Mercadante não apareceu para prestar solidariedade. Nem em público, nem em privado.  Requião (PMDB-PR) foi à tribuna. Paulo Pimenta (PT-RS) também foi. Outros tiveram a atitude (discreta, mas compreensível pelo cargo que ocupam) de mandar mensagens por telefone ou internet, manifestando solidariedade.

Mercadante não. Mercadeja. Fraqueja. Quando o governo Lula passou pela pior crise de sua história, durante a CPI do Mensalão, lá estava ele – o corajoso senador petista, histérico, tentando salvar a pele (e a imagem) junto aos eleitores de classe média em São Paulo. Quase chorou na tribuna. Não defendeu Lula. E tampouco saiu do PT (como fizeram aqueles que consideraram o “Mensalão” inaceitável). Mercadante ficou no meio do caminho, oportunisticamente.

Agora, Mercadante aparece para se dizer “perplexo” com as afirmações de que o dono da “Folha” era um colaborador estreito da ditadura. Mercadante. Penso nesse nome. Mercadante, mercador, comerciante. Aquele que mercadeja, troca…

Em busca de que está Mercadante? Ninguém escreve uma carta patética como essa (leia aqui o texto de Edu Guimarães, que reproduz a carta na íntegra) à toa.  É um recado do governo Dilma (afinal, ele assina como “ministro da Educação”) para a velha mídia? Algo assim: “Fiquem tranquilos, Dilma e a Comissão da Verdade não irão atrás dos pecados que Frias, Marinhos e outros cometeram, em sua associação com a ditadura” – é isso? Há gente que não aceitaria mandar um recado desses…

Ou seria um recado pessoal: “turma da Folha, eu sou confiável, estou com vocês, lembrem-se disso quando eu for candidato a governador (ou a presidente, pois este é o novo delírio a embalar as pretensões do ministro, pelo que dizem em Brasília).

Seja como for, Mercadante ficou pequeno. Minúsculo.

Muitos na direção do PT vão-se afastando de sua história.  O partido cedeu muito para governar. Compreensível, trata-se de governo de coalizão. Foi-se entregando a práticas comuns na política brasileira. Era a busca pela tal “governabilidade”. Quem acompanha (e eu o faço) as entranhas de uma investigação como a “Operação Fratelli” (realizada pela PF e o MPF em São Paulo) encontra  deputados petistas confortavelmente próximos de lobistas e empreiteiras. Tucanos e petistas, juntos. 

É o percurso da social-democracia no mundo inteiro. Ceder para governar? Ou manter-se fiel aos princípios, mas sem intervir na gestão do aparato de Estado? PSOE na Espanha, PS francês, Labour Party inglês e outros preferiram a primeira hipótese. Avalio que o PT até cedeu menos do que os congêneres europeus. Não se entregou totalmente ao programa liberal. Fortaleceu o Estado, distribuiu renda, favoreceu a unidade latino-americana. E tem uma base (operária, sindical, nos movimentos sociais) que empurra o partido um pouco pra esquerda – apesar de tudo.

Mas na direção, os sinais são de que  os mercadores avançam. Há muitas exceções, há muita gente boa entre parlamentares e lideranças petistas. Tenho certeza que a maioria absoluta, inclusive, não aprova a carta patética de Mercadante. Mas essa carta é mais um sintoma evidente da doença que vai minando o PT: a doença dos que mercadejam tudo para ficar de bem com os velhos donos do poder. 

Uma coisa, diga-se, é fazer acordos para governar. Outra é se lambuzar nas maõs de empreiteiras e lobistas. E outra, ainda pior, é mercadejar a História, aceitando reescrever a História para ficar de bem com dono de jornal. Patético.

Por último, uma observação. Mercadante cometeu, parece-me, um ato falho na carta à “Folha”. Ele diz, ao mercadejar solidariedade ao jornal, que a coluna de “Perseu Abramo” era uma referência  dos que lutavam contra a ditadura. Perseu, de fato, era uma referência. Jornalista, combativo, crítico dos meios de comunicação em que havia trabalhado: ele tem uma obra clássica sobre a manipulação midiática (os petistas costumavam lê-la, nos velhos tempos).  A Fundação partidária mantida pelo PT foi batizada com o nome de Perseu.

Mas a coluna na “Folha” que era “referência” (e de fato era) no período de transição democrática no Brasil (anos 70 e 80) trazia a assinatura de outro Abramo: Cláudio. Depois de afastá-lo da direção do jornal (para satisfazer a sanha da linha-dura do regime militar, que não aceitava um “esquerdista”), Frias entregou a Claudio Abramo a coluna na página 2. Prêmio de consolação? Se foi, Cláudio honrou o prêmio com textos inteligentes e combativos. Mercadante lembra-se disso? Eu lembro.

Mercadante talvez tenha preferido esquecer que era petista – no momento de escrever a carta. Mas na forma de um  ato falho clássico, a condição de petista brotou. Ele quis falar de Claúdio, mas o nome de Perseu é que veio à tona. Mercadante mercadejou quase tudo. Mas o inconsciente pregou-lhe uma peça.

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A carta de Mercadante no painel do Leitor da “Folha” [registre-se que o jornal teve, ao menos, a dignidade de publicar a informação – confirmada por várias fontes – de que Frias e a "Folha" tinham grande proximidade com a ditadura e os torturadores; Mercadante escreve para comentar o texto que leu sobre isso na própria "Folha"]

A Folha publicou notícia de que o empresário Octavio Frias de Oliveira visitou frequentemente o Dops e era amigo pessoal do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais ativos agentes da repressão.

A denúncia partiu do ex-agente da repressão, Cláudio Guerra. Recebi a informação perplexo e incrédulo. Especialmente porque militei contra a ditadura militar na dura década de 70 e tive a oportunidade de testemunhar o papel desempenhado pelo jornal, sob o comando de “seu Frias”, na luta pelas liberdades democráticas.

A coluna de Perseu Abramo sempre foi referência da luta estudantil nos dias difíceis de repressão. A página de “Opinião” abriu espaço para o debate democrático e pluralista. A Folha contribuiu decisivamente para a campanha das Diretas Já.

Ao longo desses 40 anos de militância política, mesmo com opiniões muitas vezes opostas às da Folha, testemunho que o jornal sempre garantiu o debate e a pluralidade de ideias, que ajudaram a construir o Brasil democrático de hoje.

E “seu Frias” merece, por isso, meu reconhecimento. Acredito que falo por muitos da minha geração.

Aloizio Mercadante, ministro de Estado da Educação (Brasília, DF)

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Frias, ditadura: o ministro que mercadeja – Escrevinhador

27/11/2012

Aloísio Mercantil

Filed under: Aloizio Mercadante,Cláudia Costin,Educação Pública — Gilmar Crestani @ 7:33 am

JOÃO BATISTA ARAUJO E OLIVEIRA, é também ele, um peessedebista. Aí mora a razão pela qual defende com unhas e dentes Cláudia Costin. Além de números, de que mais entende Costin? Não se sabe, apenas de que se trata de gestora experiente. E eu que sempre pensei que em educação fosse determinante um educadora experiente. Números? Ontem mesmo o jornal informou que escolas privadas escolhiam só os melhores alunos para prestarem exames do ENEM, aí melhorava o desempenho. Tudo pelos números. O meritismo é bom, até para meretrizes, mas em que consiste quando se trata de educação?

O demérito não está na nova eleita para brincar com números, mas na ausência de alguém com perfil de esquerda para ocupar uma pasta tão importante. De tanto voltar-se para a direita o PT vai ficando cada vez mais parecido com o PSDB. A Operação Porto Seguro mostra isso. Traz de volta os tempos de Eduardo Jorge, Pérsio Arida, Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio. Tudo de novo, não! A diferença é que agora a Polícia Federal, ao invés de arrancar maconha no Polígono da secas, como no governo FHC, combate corrupção.

A maior invenção da Cláudia Costim foi o PDV nas Universidades Federais. O que não saiu voluntariamente, se aposentou precocemente. Com mais esta o sobrenome Mercandante já pode ser trocado por Mercantil.

Corporativismo, de novo, contra a educação

Certos professores e sindicatos são a força do status quo no ensino. Beneficiários dele, são rápidos em declarar inimigo quem quer avaliar resultados

Cláudia Costin é secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro e foi ministra da Administração no governo FHC. Como gestora experiente, ama falar em resultados.

Aloizio Mercadante, ministro da Educação e economista, sabe disso e ama Cláudia Costin. Ele a convidou para assumir a Secretaria de Educação Básica da sua pasta.

Mas, nessa história de amores, há quem não ame resultados nem, claro, Cláudia Costin.

Um grupo de professores universitários organizou um abaixo-assinado protestando contra o convite feito a ela feito por Mercadante. Foram seguidos por milhares de adeptos e por entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

O texto do abaixo-assinado traduz o atraso da educação no Brasil: repete surrados jargões anti-imperialistas, defende as fracassadas ideias dos seus autores, que tiram do baú a velha cantilena da esquerda ultrapassada.

Segundo os autores, Cláudia é o arauto das forças internacionais que conspiram contra os pobres brasileiros. Ela milita pela desqualificação da educação, pois implementa propostas que anulam o senso crítico do aluno, cria bônus para premiar desempenho de professores e aniquila "sujeitos históricos", como os professores e os alunos.

O manifesto ainda diz que pessoas como Cláudia Costin devem ser evitadas na administração pública, para que não reduza os alunos a "indivíduos médios, reproduções de tipos ideais que incorporam todos os traços e qualidades de que se nutrem as comunidades ilusórias".

Entendeu? Nem eu. Mas pessoas que escrevem assim são as que vêm ditando os rumos da educação.

Os autores concluem protestando contra o arbítrio economicista, degradante e mutilador que a presença de Cláudia no ninho petista traria à educação básica.

Após quatro ministros, o PT ainda não sabe se tem agenda para a educação. E agora Mercadante convida essa cruel megera para pousar num ninho onde tucano não deve pousar?

Os que querem manter o status quo não se conformam. A velocidade e intensidade da reação ilustram a virulência dos beneficiários do poder, que não abrem mão de suas ideologias, nem diante dos retumbantes fracassos de suas propostas.

Mercadante jogou a sua cartada. O recado foi dado. É preciso mudar.

É preciso libertar o MEC da prisão corporativista em que se meteu. Passou da hora de romper com o dogmatismo ideológico das universidades e núcleos que propagam ideias equivocadas e ineficientes há décadas.

É preciso avaliar o resultado das décadas de cursos inócuos para capacitar professores. É preciso saber onde foram os bilhões de reais destinados a cursos de alfabetização de adultos e à formação profissional improvisada e avaliar os resultados desses cursos. É preciso dar espaço a quem tem resultados para mostrar e estimular iniciativas que possuem evidência comprovada de sua eficácia.

Por fim, é preciso alfabetizar as crianças aos seis anos de idade, como se tenta fazer no Rio, e usando estratégias e métodos adequados, como se faz em Sobral há vários anos, e não até os oito, como propõem os sectários que se apropriaram dos canais de decisão do MEC.

O estrago foi feito. Mercadante sinaliza que quer romper com o imobilismo dos que vêm imobilizando o MEC, especialmente na área de educação básica.

Cláudia já comunicou ao ministro que não aceitará a oferta, mas o estrago dentro do PT está feito. Mercadante está na linha do pênalti. Se marcar o gol, será vaiado pela plateia cativa. Mas poderá ser aplaudido pelo Brasil.

JOÃO BATISTA ARAUJO E OLIVEIRA, 65, doutor em educação, é presidente do Instituto Alfa e Beto. Foi secretário-executivo do Ministério da Educação (1995, gestão FHC)

10/06/2012

Mercadante com Granovsky

Filed under: Aloizio Mercadante,Argentina,Brasil,Martín Granovsky — Gilmar Crestani @ 11:07 am

Imagen: Guadalupe Lombardo

EL MUNDO › DIALOGO CON ALOIZIO MERCADANTE, MINISTRO BRASILEÑO DE EDUCACION

“La Argentina y Brasil pueden enfrentar la crisis”

Dirigente clave del Partido de los Trabajadores y miembro del gabinete de Dilma Rousseff, Mercadante habló con Página/12 del huracán mundial, dijo que Brasil seguirá creciendo y apostó a una mayor integración.

Por Martín Granovsky

Visitó Buenos Aires para una reunión de ministros de Educación del Mercosur. Economista y cofundador del Partido de los Trabajadores, Aloizio Mercadante, 58, economista, fue candidato a vicepresidente con Lula en 1994, diputado, senador por San Pablo, jefe de la bancada oficialista en el Senado en los ocho años de Lula, ministro de Ciencia, Tecnología e Innovación con Dilma y ahora ocupa la cartera educativa. Dio una conferencia en la Universidad de Tres de Febrero y luego aceptó dialogar con Página/12.

“La Argentina y Brasil están en condiciones de enfrentar la crisis mundial porque pueden desplegar políticas anticíclicas como el aumento del gasto y la inversión, incluso en medio de la turbulencia que agita al mundo”, dijo.

–¿Cuál es la estimación de crecimiento para 2012 y para 2013?

–Para este año un cálculo realista indica que estaremos entre un tres y un tres y medio por ciento. Esto es porque la situación mejorará en el segundo semestre debido a la baja de tasa de interés, a la competitividad mayor y la baja de importaciones, a las exenciones impositivas y a la política más agresiva de compras públicas. Nuestro objetivo es superar el año que viene una tasa de crecimiento del 4 por ciento.

El análisis de Mercadante es que América latina crecerá, pero sufrirá en parte los efectos de la desaceleración mundial. De todos modos, el cuadro de situación que explicó en la Argentina incluye algunos matices que compensan el costado más negro de la crisis:

– “Los Brics (Brasil, Rusia, India, China y Sudáfrica) crecieron a una media del 5,6 por ciento entre 2008, cuando se desató la crisis de Lehman Brothers, y 2011. En el mismo período los Estados Unidos llegaron sólo al 0,2 por ciento, Europa cero y América latina en particular 3,3.”

– “La crisis afecta a los países de manera diferenciada.”

– “Los países desarrollados tienen menor espacio para una política anticíclica, que compense los efectos de la crisis, porque la tasa de interés ya es muy baja y la deuda es alta. Según el Fondo Monetario Internacional, Japón terminará el año con 235,8 por ciento de deuda líquida del sector público respecto del PBI, mientras que en Brasil el porcentaje es del 37,5 por ciento.”

– “Brasil vivió una etapa de nacionaldesarrollismo desde la década de 1950. Desde 2003, cuando asumió Lula, estamos viviendo una etapa de nuevo desarrollismo. Se caracteriza por un compromiso con la estabilidad, con el control de la inflación como prioridad estratégica, con un límite al endeudamiento que nos transformó en acreedores del Fondo Monetario por seis mil millones de dólares que le prestamos, con el cuidado para evitar el efecto de las crisis cíclicas, con la alternancia en el poder que hizo que, por ejemplo, Dilma se presentara después de dos períodos de Lula, con una democracia en la que un valor es saber esperar, con el cambio de política exterior hacia la vertiente Sur-Sur que fortaleció la relación con la Argentina, con los vecinos y con el continente africano. También un compromiso con el aumento de reservas y con el mantenimiento de un encaje financiero especial para casos de crisis aguda.”

– “Ninguna corrección económica puede hacerse sobre la base de vulnerar los derechos de los trabajadores y sus condiciones de empleo.”

– “Uno de los objetivos de la política científica es que la investigación se convierta cada vez más en patentes y más patentes. Miré mucho el caso chino. Empezaron copiando, después crearon y ahora compiten con las primeras marcas de otros países.”

– “Lula no tiene título universitario, pero creó 14 universidades y 214 centros de enseñanza técnica.”

– “La ola privatizadora en Brasil no llegó ni a Petrobras ni al Banco Nacional de Desarrollo y tampoco a la Caja Económica Federal. El Bndes hoy dispone de créditos por 160 mil millones de dólares. Más que el Banco Mundial. Si no se puede crecer tanto hacia afuera hay que crecer más hacia adentro.”

–¿El crecimiento del Banco Nacional de Desarrollo de Brasil significa que su país impulsará el Banco del Sur?

–Acompañé a la presidenta Dilma a reuniones de Unasur y me consta el compromiso de compartir políticas conjuntas de financiamiento. Hay una fuerte decisión política al respecto y se manifiesta a todo nivel, tanto en Unasur como en el plano de los Brics. La crisis mundial puede agravarse, pero no por ello debemos perder nuestros objetivos de integración. Como acompañamiento para seguir estos temas vamos a crear un instituto del Mercosur en Brasil y otro en la Argentina.

–En octubre hay elecciones municipales. ¿Cómo es la estrategia del Partido de los Trabajadores?

–Según las encuestas de estos días, el PT tiene un tercio de las preferencias electorales, mientras que ningún otro partido llega al 10 por ciento. Por un lado, hay que tener en cuenta que las elecciones municipales tienen una dinámica local. Las elecciones locales son específicas, porque también las alianzas lo son, y obviamente los liderazgos. Por otro lado, Dilma y Lula tienen un prestigio popular muy fuerte. Dilma, por ejemplo, es más popular de lo que era Lula al año y medio de gobierno, y mucho más aún que Fernando Henrique Cardoso en el mismo período.

–¿Y en la intendencia de San Pablo?

–Nuestro candidato es Fernando Haddad, ministro de Educación de Lula y Dilma entre 2005 y 2012. Yo lo reemplacé. Es una figura pública que nunca disputó una elección e irá con una alianza de izquierda junto con el Partido Socialista Brasileño de Eduardo Campos, el gobernador de Pernambuco, y el Partido Comunista de Brasil. La disputa es con el Partido Socialdemócrata Brasileño, que tiene la intendencia y la gobernación del Estado desde hace mucho tiempo.

–José Serra es el candidato. Pero ya fue intendente.

–Sí. Renunció en 2005 para enfrentar a Lula en 2006 y perdió. En 2010 perdió contra Dilma. También fue gobernador del Estado de San Pablo. Lo interesante es que para lograr la candidatura a intendente, este año, Serra obtuvo sólo un 52 por ciento. Teniendo en cuenta que antes fue dos veces candidato a presidente, intendente y gobernador de San Pablo, ese 52 por ciento es poco, lo cual revelaría que hay cierta fatiga de materiales. De todos modos, no hay que descuidarse porque la elección es reñida.

–¿Qué ventaja tiene Ha-ddad?

–Es lo nuevo. Será clave lo que suceda a partir de julio, cuando se habiliten los espacios gratuitos de televisión que nos permitirán hacer más conocido a nuestro candidato.

–Cuando el PT la proclamó, en febrero de 2010, Dilma tampoco era conocida. ¿Cuáles son los números actuales de Serra y de Haddad?

–Serra tiene 98 por ciento de conocimiento, una intención de voto del 31 por ciento y un rechazo del 41 por ciento.

–El rechazo es alto, ¿no?

–Sí. Haddad aún tiene un nivel de conocimiento muy bajo, pero no genera rechazo personal. O sea que disponemos de un gran potencial de crecimiento.

–Con Lula, 40 millones de personas se incorporaron al mercado y se hicieron presentes para el Estado. Muchos de ellos integran una nueva clase media. ¿Cómo es el comportamiento electoral previsible de este nuevo sector y cómo es la previsión del PT sobre la clase media típica de San Pablo?

–La ciudad de San Pablo tiene una gran crisis de movilidad urbana. También hay una fuerte demanda de salud pública y de política educacional. Estas son demandas de la población en general, pero en especial son las mejoras que pide la clase media emergente. Por eso el debate programático será importante. Agreguemos algo: Dilma tiene en la clase media un nivel de penetración que Lula nunca tuvo. Es una militante histórica que disputó una elección por primera vez cuando fue electa presidenta y se convirtió en una gran novedad. Dilma tiene apoyo alto y rechazo bajo.

–El economista Luiz Gonzaga Belluzo dijo a este diario en enero que la política del gobierno brasileño en medio de la crisis mundial consistiría en compensar una eventual baja en la inversión privada con mayores niveles de inversión pública. ¿Está en marcha esa política?

–Dilma produjo cambios importantes. El Banco Central bajó la tasa de interés de referencia, la Selic, la tasa de cambio fue modificada para ayudar a una mayor competitividad y ahora el gobierno federal está introduciendo una política de exención fiscal por sectores. El objetivo es mejorar las perspectivas de inversión sobre todo en franjas productivas relacionadas con la aplicación de tecnología. Como la carga impositiva ya era muy elevada, había margen para reducir selectivamente impuestos en el marco de una política anticíclica. Y, a la vez, podemos reducir impuestos porque bajamos las tasas de interés y generamos disponibilidad de fondos por 40 mil millones de reales (alrededor de 20 mil millones de dólares). Aprovechamos la crisis para mejorar, no para empeorar. Otra parte de la estrategia anticíclica es el cambio en la orientación de las compras públicas.

–¿Cómo funciona?

–Dilma encomendó a los ministerios una política de compras públicas diferente. Por ejemplo, en Educación tenemos un programa de ampliación del transporte escolar. Pensábamos comprar tres mil ómnibus. En lugar de reducir las compras, vamos a comprar el doble. En la inversión pública todavía afrontamos restricciones institucionales muy severas, como trámites muy complejos para licitar obras públicas. Un ejemplo: estamos realizando una inversión fuerte en guarderías y jardines de infantes. Pero una intendencia demora seis meses para licitar y dos años para construir. Así se pasa el tiempo y el niño sigue sin guardería. Por eso estamos implementando licitaciones electrónicas y formas premoldeadas de construcción. Queremos que las cosas mejoren rápido.

martin.granovsky@gmail.com

Página/12 :: El mundo :: “La Argentina y Brasil pueden enfrentar la crisis”

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