Dizem que, para os esquimós, há vários tipos de neve. E não há porque duvidar. No Brasil, diferentemente da maiores dos países, há dois tipos de corrupção. Uma boa e outra ruim. Boa é aquela praticada pela plutocracia. Por exemplo, alguém consegue explicar porque 450 kg de cocaína não é investigado e sequer causa indignação, mas alguns baseados dá prisão?
Agora, por exemplo, vimos a cunhada do Vaccari ser presa, mas a mulher e filha do Eduardo CUnha continuam soltas. Se o Aécio Neves, o “primeiro a ser comido”, não pode ser preso por ter foro especial, o que impede que os membros de sua famiglia que lavam em Liechtenstein o sejam?
De repente se descobre, pela Operação Zelotes, uma verdadeira usina de assalto aos cofres públicos. Os envolvidos nas falcatruas do CARF seriam nossos Robin Hoods. Seriam se o dinheiro surrupiado fosse distribuído aos pobres, mas no país onde a Rede Globo arrecada com o Criança Esperança e fica com o dinheiro e as crianças com a esperança, os bons ladrões ficam também com o dinheiro.
Os acordos políticos que a plutocracia admite são aqueles para golpear a democracia e assaltar ao Estado. Por isso Rodrigo Maia anuncia o fim da CPI do CARF como quem olha pro céu e anuncia que pode chover. É, aos olhos da repercussão midiática, a corrupção boa.
Há uma fórmula simples de verificar se uma corrupção é boa ou ruim. Se os meios de comunicação atacam, é corrupção ruim; se omitem ou tratam como evento da natureza, é boa.
Corrupção boa, por exemplo, é aquela praticada por todos os envolvidos na Lista de Furnas, na Lista Falciani do HSBC, no Panama Papers, na Lista Odebrecht. Corrupção ruim é toda aquela com a qual se pode incriminar, mediante chicanas, os adversários ideológicos, os bandidos que ousam implantar políticas sociais que tiram milhões da pobreza e permite que filho de lavradores e faxineiras frequentem universidades.
Para que a corrupção boa tenha vida longa é fundamental caçar o grande molusco, uma verdadeira à cleptocracia.
Maia admite acordo para enterrar CPI que investiga empresas
Alan Marques – 20.jul.2016/Folhapress
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, conversa com jornalistas no Salão Verde da Casa, em Brasília
DANIELA LIMA
AGUIRRE TALENTO
Folha de São Paulo, DE BRASÍLIA
23/07/2016 02h00
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reconheceu à Folha que decidiu revogar a prorrogação dos trabalhos da CPI do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e determinar que a apuração seja encerrada na primeira semana de agosto para cumprir um acordo firmado às vésperas de sua eleição para o cargo, em 15 de julho.
Órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, o Carf é responsável por julgar autuações aplicadas pela Receita Federal aos contribuintes. A CPI, portanto, focava na atuação de empresas.
O acerto para encerrar as investigações havia sido fechado na presença de Maia pelo então presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), com integrantes de partidos como o DEM, o PSDB e o PSB. Maranhão depois recuou e acabou dando um prazo extra de 60 dias à CPI.
O presidente recém-eleito, entretanto, decidiu manter o que havia sido acordado e publicou ato revogando a prorrogação da CPI e determinando que os últimos 26 dias de trabalho do colegiado fossem dedicados apenas à votação de seu relatório. Seu ato passou a ser alvo de questionamentos.
Integrantes da CPI ligados ao chamado "centrão" –aglomerado de partidos como o PP, PR e PSD– dizem que a CPI deve, ao menos, usar o resto do prazo para tomar depoimentos de personagens já citados na investigação.
O presidente da CPI, Pedro Fernandes (PTB-MA), esteve com Maia na última terça e pediu que ele autorizasse novos depoimentos. Em outra frente, o PSOL tem dito que a Câmara poderá ser acusada de agir para proteger grandes empresários caso Maia mantenha sua decisão.
POLÊMICA
A diversidade dos questionamentos reflete a pluralidade de interesses afetados pela CPI. A investigação parlamentar nasceu após a Polícia Federal deflagrar a Operação Zelotes, que investiga a venda de sentenças no Carf.
Segundo a PF, conselheiros que atuam no órgão cobravam propina de empresários em troca de abatimento de multas fiscais.
Pesos pesados do empresariado nacional entraram na mira da CPI, como Safra, Gerdau e Bradesco. Ao mesmo tempo, cresceram rumores de que integrantes da CPI estavam pedindo vantagens a investigados para anistiá-los de depoimentos na comissão.
A afirmação de que havia achaque na CPI foi verbalizada por um dos vice-presidentes da comissão, o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), ao jornal "O Globo". A fala fortaleceu corrente liderada pelo PSDB, DEM e PSB que vinha condenando o andamento dos trabalhos na CPI.
"Alguns líderes de partido fizeram uma reunião com Maranhão na qual, preocupados com os rumos da CPI, sugeriram que a prorrogação fosse usada para votar o relatório final. Foi uma decisão coletiva e, se tiver que ser revista, será revista coletivamente também", disse Maia.
Deputados do PSDB e do DEM procurados pela Folha admitiram ter patrocinado os pedidos de encerramento dos trabalhos. José Carlos Aleluia (DEM-BA) afirmou que "ninguém blindou empresa nenhuma" e que integrantes da comissão ficaram preocupados após boatos de que parlamentares estariam achacando empresários. "Colocaram em dúvida a conduta da CPI e não quero ver meu nome ligado a isso", disse Aleluia.
Líder do PSDB, Antônio Imbassahy (BA) disse que os tucanos na CPI "confiam nas investigações que estão sendo feitas pela PF, sem prejuízo da atividade parlamentar".
A Zelotes investiga desvios de pelo menos 3 vezes o valor dos desvios da Petrobrás investigados na Lava-Jato, mídia televisiva que só fala em Lava-Jato.
Comentário por lourdes — 03/04/2017 @ 3:07 pm |
[…] Dizem que, para os esquimós, há vários tipos de neve. E não há porque duvidar. No Brasil, diferentemente da maiores dos países, há dois tipos de corrupção. Uma boa e outra ruim. Boa é aquela praticada pela plutocracia. Por exemplo, alguém consegue explicar porque 450 kg de cocaína não é investigado e sequer causa indignação,… […]
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