Com indisfarçável alegria, a Folha comemora em manchete a derrota dos professores paulistas. Exatamente 90 dias após o início da greve dos professores, a Folha dá capa para o assunto. Em nenhum momento antes fez qualquer reportagem para mostrar a real situação, tanto em relação às reivindicações dos professores, seja em relação à intransigência do governo do Estado. Não se trata apenas da blindagem ao eterno poder do PSDB sobre São Paulo, mas de informação sonegada, ao melhor método Rubens Ricúpero, escondendo como se não existisse, de toda comunidade escolar. Não há nada mais paradigmático para um grupo que lida com informação do que o silêncio sobre assunto que envolve tanta gente. Pior, exatamente quando os professores encerram sua luta o jornal dá ares de sua graça para tripudiar.
Infelizmente, a Folha faz isso porque há parcela significativa da sociedade que compactua no combate aos professores. A manchete da Folha faz parte de uma lógica levantada pela sua parceira do Instituto Millenium, a revista Veja, que pediu “menos escolas, mais prisões”.
Enquanto os setores progressistas não se derem conta de que, hoje, o principal entrave para a melhora da nossa sociedade se encontra exatamente nos associados dos Instituto Millenium não haverá esperança de de que tenhamos avanços no processo civilizatório.
Nunca é demais lembrar que o Governo de São Paulo distribui milhares de assinaturas da Folha, Estadão e Veja nas escolas públicas. Se isso não explica tudo, é mais do que suficiente para se ter uma ideia de onde está o verdadeiro banditismo. O criminoso mais perigoso é aquele que faz seu crime parecer um bem. Nisso a Folha tem boa parceria, não só no governo do Estado, mas em vários setores da sociedade. Quando alguém usa a democracia para pedir um Golpe de Estado está tendo um comportamento não só esperado, mas festejado por quem não tem a menor educação. Educação no seu sentido mais nobre, como ensinado por Paulo Freire.
O comportamento da Folha é mais nocivo que o tráfico do Fernandinho Beira-Mar, porque Fernandinho entrega seu produto para quem quer destruir a própria vida, enquanto a Folha entrega um produto com o objetivo de destruir a vida dos seus adversários.
Fico me perguntando o que eu faria com a Folha se estivesse dando aula numa das escolas em que ela é distribuída pelo Geraldo Alckmin.
Derrotados, professores encerram greve mais longa da categoria em SP
Parados há 89 dias, docentes da rede estadual pediam reajuste de 75%, mas não conseguiram nada
Governo Alckmin não apresentou nenhuma proposta de aumento; movimento perdeu força após corte de ponto
(WÁLTER NUNES)COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A mais longa greve da história da rede estadual de ensino de São Paulo terminou nesta sexta-feira (12), depois de 89 dias, sem nenhum acordo entre professores e a gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
A maioria que compareceu à assembleia da categoria, na avenida Paulista, decidiu encerrar a paralisação apesar de não ter conseguido nenhum aumento salarial.
Os professores pediam reajuste de 75,33% –suficiente, segundo a Apeoesp (sindicato docente), para equiparar os salários dos professores aos dos demais profissionais com ensino superior no Estado.
O governo não apresentou proposta de reajuste. Diz que divulgará um plano até julho, quando completará um ano do último aumento. Os professores devem voltar às atividades na segunda-feira (15). A reposição de aulas será definida por cada escola.
A greve acabou se esvaziando e perdendo adesão principalmente depois do corte de ponto dos grevistas pelo Estado –com aval da Justiça.
A presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, negou derrota da categoria, que, segundo ela, continua insatisfeita. "Ninguém vai sair de cabeça baixa. O governo queria a derrota do movimento, mas ele não conseguiu", afirmou. Segundo a PM, a assembleia reuniu cerca de mil pessoas. O sindicato estimou 8.000.
A greve foi anunciada em 13 de março, em meio a um ato em defesa de direitos trabalhistas que reuniu diferentes sindicatos e movimentos sociais e também serviu de apoio ao governo da presidente Dilma (PT).
‘SOBREVIVER’
"Nós viemos para votar não, porque não temos mais condições de ficar parados sem salário. Precisamos sobreviver", afirmou Sueli Pinto Arantes, que saiu de Ribeirão Preto para a assembleia.
A decisão sobre a manutenção da greve já havia sido apertada na semana passada, quando foram necessárias duas votações, devido ao equilíbrio na primeira.
No auge da paralisação, em abril, a Apeoesp contabilizava adesão de 75%. Nos últimos dias, falava em 30%.
A Secretaria de Estado da Educação chegou a falar em até 9% de faltas, mas depois disse que a taxa de ausência estava limitada a 2%.
Em nota, a gestão Alckmin disse que a greve era "um movimento isolado".
O governo afirmou ainda que concedeu 45% de reajuste em quatro anos.
Parte desse percentual, porém, se refere à incorporação de gratificação ao salário-base, que beneficia aposentados, mas tem impacto quase nulo para servidores ativos.
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