Ficha Corrida

24/05/2015

Quando a omissão é uma confissão

Filed under: Elio Gaspari,PSDB,TGV,Tremsalão,Ventríloquo — Gilmar Crestani @ 11:02 am
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tremsalaoO colunista da Casa Grande, Elio Gaspari, usa meias verdades para induzir a uma mentira completa a respeito do Trem-Bala ou trem de alta velocidade – TGV. Se o projeto era megalomaníacos não significa que não fosse factível. Como o eram e foram realizados, por exemplo, a Transamazônica, a Transposição do Rio São Francisco, a Itaipu, a Ferrovia Norte-Sul, a usina de Belo Monte. O fato de seus parceiros ideológicos serem contra não significa que não seja possível fazer. Se houvesse menos torcida contra e mais crítica honesta talvez se pudesse corrigir a tempo eventuais equívocos no projeto. Mas não é disso que se trata. Afinal, todo colunista que se presta à subserviência dos EUA sempre será contra a qualquer coisa que distancie o Brasil dos EUA. A sintonia entre FHC, o sabujo que aceitou que nossos diplomatas tirarem os sapatos para entrar nos EUA, como o ventriloquismo de Elio Gaspari é sintomático. A CIA agradece.

Pior, Gaspari sonega dos leitores a contribuição do José Serra para os avanços do país. O Estadão publicou matéria em que Serra confessa ter trabalhado para inviabilizar o Trem Bala. Um projeto como o do trem de alta velocidade como o ferrovia transoceânica não grandes, mas realizáveis, desde que as mais variadas partes interessadas trabalhem pela execução. Não diz respeito exclusivamente ao principal participante, mas também aos políticos de oposição que tenham um pouco mais preocupação com os destinos do Estado do que os seus interesses eleitorais. E a pequenez de Serra é tão folclórica quanto verdadeira. Por que José Serra não atrapalhou a construção dos aecioportos de Cláudio (Tio Quedo) e Montezuma?

Num dos programas esportivos da ESPN, chamado Bola da Vez, Juvenal Juvêncio do São Paulo desnudo a verdadeira face do palmeirense José Serra. É claro que Elio Gaspari não podia trazer estes dados ao texto sob pena de fazer naufragar seu conto chinês. Outras informações ainda mais esclarecedores podem ser encontradas no artigo de José Augusto Valente – especialista em logística e transportes.

ELIO GASPARI

Sai o trem-bala, entra o trem chinês

A visita do primeiro-ministro Li Keqiang ao Brasil deu bons resultados e voltou a expor a marquetagem inútil

A máquina de propaganda do governo e a doutora Dilma têm um especial carinho por trens. Em 2004 Nosso Guia perfilhou um projeto de ligação ferroviária entre o Rio e São Paulo. Era o trem-bala. Faria percurso de 500 quilômetros em 90 minutos, cobraria o equivalente a R$ 120 e nada custaria à Viúva. Ficaria pronto para a Copa de 2014. Atrasando, era certo que rodasse em 2016 para a Olimpíada. Deu em nada. Ou melhor, deu em parolagem e pariu uma empresa estatal, a EPL. Quando o projeto naufragou, surgiu a palavra mágica ouvida por Machado de Assis em 1883: "lingu". Ele não esclareceu o que isso queria dizer, mas talvez significasse "investimento": os chineses bancariam o projeto do trem-bala. Pouco depois um mandarim explicou: "Pedir que uma empresa chinesa assuma um risco tipicamente governamental é uma grande piada".

Antes do desembarque do primeiro-ministro chinês Li Keqiang saiu da caixa de mágicas do Planalto o projeto de uma ferrovia transoceânica ligando o Atlântico brasileiro ao Pacífico peruano. Teria 4.400 quilômetros. Nas palavras da doutora Dilma, "ela atravessará os Andes". Custaria entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

As dúvidas foram desfeitas quando o companheiro Li assinou 53 acordos com a doutora. Na mesa havia apenas o interesse mútuo de começar os estudos básicos da viabilidade do projeto. A ferrovia que iria do litoral brasileiro ao peruano era um exagero. O memorando assinado cuidava apenas da conexão da linha Norte-Sul, que iria de Campionorte, em Goiás, à costa peruana. A linha para o litoral atlântico é uma tarefa brasileira. Se tudo der certo, esse estudo deve ficar pronto em maio de 2016. O que era um estudo básico para analisar a viabilidade do projeto virou uma ferrovia que "atravessará os Andes".

Cuidando dos seus interesses, os chineses assinaram diversos compromissos, compraram aviões, alugaram navios e arremataram um banco. Todos esses negócios são bons para eles e para o Brasil. Não havia porque botar o "lingu" de Machado de Assis numa ferrovia transoceânica.

A agenda chinesa é sempre precisa. Em geral eles querem recursos naturais e proteínas. Além disso, vendem serviços, bens e máquinas. Jogo jogado. A isso junta-se um interesse do Império do Meio de fornecer sua mão de obra para os projetos onde põe dinheiro. São mais qualificados, conhecem a empresa e às vezes custam menos. Há cinco anos eram 740 mil, de Angola ao Uzbequistão. Obras chinesas no Brasil já tentaram importar operários, mas foram barradas. Esse pode vir a ser um bom debate, pois o que é preferível, um pasto goiano com 50 vaqueiros ou a obra de uma ferrovia com 500 chineses e 500 brasileiros?

Esse item da agenda chinesa chamou a atenção de Machado de Assis. Em 1883, quando o andar de cima queria imigrantes para substituir a mão de obra escrava, chegou ao Rio o mandarim Tong King-sing. Veio acompanhado de um secretário negro, fez o maior sucesso com suas roupas e foi recebido por D. Pedro 2º. O imperador disse-lhe que não tinha simpatia por seu projeto e, no melhor estilo chinês, ele foi-se embora.

À época, comentando a visita do mandarim, Machado de Assis escreveu uma crônica, transcrevendo uma carta que teria recebido dele. Esclareceu que preferiu manter a grafia do autor.

A certa altura, como se fosse hoje, Machado/Tong escreveu:

"Xulica Brasil pará; aba lingu retórica, palração, tempo perdido, pari mamma."

3 Comentários »

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  3. Republicou isso em O LADO ESCURO DA LUA.

    Comentário por anisioluiz2008 — 24/05/2015 @ 11:40 am | Responder


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