Hoje, o funcionário da RBS mais popular no Brasil é Paulo Sant’ana, que estreou na crônica na Zero Hora em 1971, período mais truculento da ditadura. Acaba de desbancar Luis Carlos Prates.
Paulo Sant’ana é também o torcedor mais ilustre do único clube excluído de uma competição nacional por racismo. Se é verdade que o episódio racista poderia ter acontecido no rival, foi no Grêmio que o ato racista foi defendido com unhas e dentes por pelo menos dois funcionários da RBS, Paulo Sant’ana e Cacalo, num “claro” tributo ao mentor Ali Kamel…
Sant’ana virou a Sheherazade dos pampas. Quando se defende uma Sheherazade é natural que Sant’anas saem do armário.
Ninguém que conhece a RBS pode se dizer chocado. Afinal, quem choca o ovo da serpente deve estar preparado para acalentar filhotes como Sant’ana e Prates. Como diz o ditado, quem sai ao seus não degenera. Excluir a responsabilidade da empresa que o acalenta por décadas e o levou a ser o que é significa fechar os olhos à chocadeira que pare monstros.
Sant’ana não é o primeiro nem será o último. Pelo contrário, é resultado de uma lógica que perdura desde os tempos da ditadura. Mais cedo ou mais tarde a RBS acabaria pagando por seu nascimento e compadrio com a ditadura. Paulo Sant’ana é o elo perdido, vivo, que liga a RBS à ditadura. É por aí que se deve entender as razões pelas quais este déficit civilizatório, em pleno século XXI, continue usufruindo de tanto espaço midiático.
O fato de que Sant’ana tem uma legião de fãs não deve servir de desculpa. Hitler, Pinochet, Pablo Escobar, Bolsonaro, Fernandinho Beira-Mar também têm. E no RS é fácil ter uma manada para chamar de sua. Afinal, a força da RBS tornou Pinochet mais popular no pampa que no Chile. Sant’ana não é o único deste caráter na RBS. Pelo contrário, é regra, não exceção.
Sant’ana é fruto de um tempo em que não havia contraponto. A era da informação de mão única, a do dono do meio. A velha mídia, escudada pelo Instituto Millenium ainda não se deu conta que nos tempos atuais a Internet e as redes sociais dão voz aos que antes eram sujeitos passivos, consumidores.
Campanha do Estadão contra Blogs
O ódio com que as cinco irmãs tratam os blogs (alguém ainda lembra aquela campanha televisiva do Estadão contra os blogs?!).
Procusto em ação!
O cerco ao Governo Federal para que continue injetando dinheiro público nas velhas mídias é o último suspiro da geração dos Titãs. Mas nenhum titã representa tão bem a velha mídia do que outro personagem da mitologia grea, Procusto. Este bandido da mitologia tinha na sua cama a medida de justiça. Deitava suas vítimas; os mais curtos espichava-os; os mais cumpridos, cortava até caberem na cama. Exatamente como a RBS e seus companheiros de Instituto Millenium fazem: a notícia que lhes interessa é espichada, emendada, para caber no tamanho de seus interesses. As que não interessam são cortadas. O caso em epígrafe é exemplo disso: veja se as cinco irmãs estão tratando do assunto?! É o tipo de informação que é cortada pela raiz. Não se desgasta parceiro… Não é que eu queira inocentar Paulo Sant’ana, mas a barbaridade que ele perpetrou não difere em gênero e grau daquela perpetrada pelo responsável pelo jornalismo da Globo, matriz da RBS, no clássico “Não Somos Racistas”. A explicação para o comportamento da mídia pode ser explicado por outro acontecimento recente nestes pagos: a retirada da estátua do ditadora Costa e Silva na Lagoa Armênia, em Taquari, gastou tinta e papel e ganhou espaço em todos os veículos das cinco irmãs da RBS. Tratamento muito diferente dado aos comentários da Rachel Sheherazade…
A pergunta que não deveria calar: – como se deu a ascensão de um inspetor da ditadura em pop star midiático? Quem conduziu esta metamorfose de borboleta em lagarta?
Torcedor símbolo
Por mais paradoxal que pareça, Paulo Sant’ana tem todos os elementos genéticos da miscigenação. Nem duvido que tenha sangue negro. O mesmo paradoxo que leva a ter na torcida que agredia o goleiro Aranha, ao lado da Patrícia Moreira, um negro. Negros e judeus racistas, homossexuais homofóbicos, e pobres de direita são, para mim, fenômenos incompreensíveis. E infelizmente é o que temos visto. Judeus querendo extinguir a raça palestina, negros chamando negros de macacos, homossexuais votando em Bolsonaro e pobres abraçados aos que tem por norte a divisão da sociedade em castas rigidamente hierarquizadas (“cada um deve saber o seu lugar” ou “dar a cada um o que é seu”).
Entendo que o comportamento do Paulo Sant’ana é cultural, fruto do meio. Sant’ana circula entre Jurerê, casa do patrão, e Punta de Este, a Pasárgada que une sonegadores argentinos e brasileiros. Quando forem investigados como por lá aportaram os recursos usados na aquisição de propriedades em Punta ficaremos sabendo o nível dos cidadãos e brasileiros e argentinos que por lá transitam. Punta está para os corruptos dos países vizinhos tal qual a Suíça para os interesses dos seus vizinhos europeus. A mesma lógica que leva a Suíça lavar mais banco faz de Punta um lugar só de brancos… A existência de Punta é tão necessária aos sonegadores como o é a Suíça para os corruptos internacionais.
Sant’ana é fruto do seu meio, um meio que volta as costas aos movimentos sociais onde se encontram aqueles que ele não viu em Punta. É por essas e outras que a RBS perpetrou aquela fatídica manchete no Zero Hora quando um integrante do MST foi morto à queima-roupa, pelas costas: O MST já tem seu mártir. A RBS ainda tentou consertar mas a emenda saiu ainda pior que o soneto, pois chamou o assassinato de “equívoco”.
O fechamento da gauchada do Sant’ana não poderia ter sido mais adequada: “não foi isso que eu quis dizer”. Puxa vida, então como a RBS explica porque continua empregando como jornalista uma pessoa que consegue escrever o contrário do que pretendia dizer?
Poderia ter ficado sem essa.
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