Sirvam nossas patranhas de modelo a toda terra. Para quem é gaúcho, tudo o que não faz sentido acaba ganhando sentido. A começar pelo hino. Afinal, “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Para justificar a escravidão o único argumento foi dizer que era um “povo que não tinha virtude”. Virtudes como a deputado Luis Carlos Heinze, o tiririca gaúcho, deputado federal mais votado do RS, que se elegeu com o lema de que “índios, gays e quilombolas não prestam”.
Quando alguém diz impunemente o que disse Heinze abre-se a porteira para que brotem Wilson B. Duarte da Silva. Ninguém ouvirá de Pedro Simon um discurso contra seus racistas. Se o fizesse, perderia sua virgindades junto à RBS. Ele que está sempre com o dedo em riste para acusar os outros, em situações como esta não abre a boca, mas leva seu dedo sujo direto do rabo para o nariz.
Não causa surpresa quando um clube do tamanho do Grêmio seja o primeiro, e tomara seja o único, a ser excluído de uma competição nacional por racismo. Tudo isso só é possível porque nos meios de comunicação o discurso racista já foi legitimado de antemão. Quando o maior responsável pelo jornalismo na Rede Globo escreve um livro para tentar provar que “Não somos racistas”, e o faz sob a benção de quem deveria zelar pela boa informação, tudo o mais está legitimado. Os maiores defensores da torcida racista do Grêmio batem cartão-ponto na RBS. Graças a RBS Pinochet é mais popular no RS que no Chile. Todos as pessoas que se destacam pelo conservadorismo, pelo ódio irracional aos movimentos sociais acabam ganhando espaço cativo na RBS. Que o diga Luis Carlos Prates…
Que existam dois racistas como Luis Carlos Heinze & Wilson B. Duarte da Silva, não seria anormal não fossem ambos sufragados por votações democráticas consagradoras. Consagrados por dois tipos de eleitores, mal informados ou mal intencionados. De qualquer forma, só poderia acontecer onde a Rede Globo, via RBS, detém 80% do mercado de informação. O ódio aos nordestinos brota das mesmas raízes plantadas por empresas como a Multilaser e o Banco Itaú. Até porque quem financia o preconceito preconceituoso é.
Não é mero acaso que a meritocracia de aluguel do Aécio Neves, aquele que teve tudo menos por mérito, fez sucesso no RS. As bandeiras conservadoras, notadamente preconceituosas, encontram terreno fértil no RS. Por aqui, só valem políticas que transferem rendas para quem já tem. Uma velha lógica muito bem defendida pela nossa velha escola do Direito: “dar a cada um o que é seu; aos pobres, a pobreza, aos ricos a riqueza”.
"Negros já saem com loiras e comem em restaurantes. Estão quase brancos"
A frase acima é do vereador Wilson B. Duarte da Silva (PMDB) e foi proferida durante discurso contra vagas reservadas aos negros no serviço público
Vereador Wilson B. Duarte da Silva (PMDB-RS)
Durante discussão na Câmara de Rio Grande (RS) de projeto acerca da reserva de 20% de vagas para pessoas autodeclaradas negras ou pardas a fim de ingressarem no serviço público municipal, o vereador Wilson B. Duarte da Silva (PMDB) constrangeu boa parte do público presente. De acordo com o parlamentar, “os negros querem se favorecer, isso que é racismo, afinal os negros já estão quase brancos, estão saindo com loira, polaca, estão comendo em restaurantes…”. Leia abaixo texto de Jailton de Freitas Neves, coordenador do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, publicado no Jornal Agora:
“Na Sessão Plenária em que a pauta discutida na Câmara de Vereadores do Rio Grande/RS era o Projeto de Lei que dispõe sobre a reserva de 20% de vagas para autodeclarados negros e pardos para o ingresso no serviço público municipal. A Casa Legislativa estava amplamente ocupada por representantes de movimentos negros, coletivos, ONG’s, assim como cidadãs de diversos setores da sociedade riograndina, dentre as manifestações dos parlamentares, causou repúdio a todos presentes a fala do vereador Wilson B. Duarte da Silva (Kanelão), do PMDB.
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O vereador Kanelão não se constrangeu em desqualificar a luta do Povo Negro entoando um discurso desrespeitoso àqueles que lutam por igualdade de oportunidades e contra toda forma de opressão: “Os negros querem se favorecer, isso que é racismo, afinal os negros já estão quase brancos, estão saindo com loira, polaca, estão comendo em restaurantes…”
Desprezando os índices estatísticos nacionais e a realidade de nossa periferia, assegurou que o povo negro não necessita de políticas públicas para inserção no mercado de trabalho, uma vez que já frequentam restaurantes, galgam posições e até casam-se com brancas (os). Para o Vereador, o alegado embranquecimento dos Negros da cidade do Rio Grande, respalda a posição contrária às ações afirmativas. Não é de espantar a posição do vereador Kanelão – como representante da burguesia – à defesa de seus interesses. Discurso de teor racista, que seguido de vaias, causou indignação a todos.
Dados divulgados pelo próprio governo demonstram que a mestiçagem racial não democratizou, de maneira alguma, as relações entre as “raças”. Isso simplesmente porque a riqueza do nosso País não foi “miscigenada”. Nos últimos dez anos dos governos do PT, os homicídios praticados contra jovens brancos diminuíram 33%, enquanto entre os jovens negros cresceu 23,4%. Os negros que representam 52% da população brasileira aparecem como 67% dos moradores das favelas. O número de 41.127 negros mortos, em 2012, e 14.928 brancos é um retrato cruel das diferenças raciais no Brasil e apenas apontam o estado emocional subjacente que vive cada pessoa e cada família negra brasileira.
Embora trabalhem tanto quanto os brancos, os negros recebem salários muito menores. Conforme a Síntese de Indicadores Sociais 2012, publicada pelo IBGE, enquanto um branco recebe em média 3,5 salários mínimos mensais, uma simples mudança no tom da pele derruba esse rendimento para 2,2 salários no Estado, o que representa uma diferença de 59%.
Como a dominação de classe, combinada à opressão racial, se manteve, o mito da democracia racial permanece até hoje como escudo ideológico dessa dominação/opressão. O Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe repudia o discurso e atitude do vereador Kanelão e se coloca como alternativa na luta contra o racismo burguês e capitalista e na defesa dos trabalhadores (as) negros(as) do Rio Grande. Esta luta transcende as questões raciais, pois mostra ser uma luta de classe, que precisa ser combatida com todo vigor.”
"Negros já saem com loiras e comem em restaurantes. Estão quase brancos"
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