Como sabemos, quando o Fluminense é rebaixado há sempre um advogado de porta de cadeia e uma pena de aluguel para se perfilarem ao lado do perdedor rebaixado. Quem é que na hora de denunciar problemas no governo federal põe a Dilma e o PT na manchete e quando acontece em São Paulo, dá como evento da natureza, sem dizer quem são os governantes nem o partido.
Quem fez a maior agressão nesta campanha? Os colegas do seu Clóvis Rossi, da Veja. No entanto ele não gasta uma vírgula para tratar do assunto. Talvez porque se trate de questão policial e ele atua na área do entretenimento dos patrões.
A incitação ao ódio partem da Multilaser, do Banco Itaú, que financiaram as ofensas à Presidenta Dilma em plena abertura da Copa do Mundo. Aliás, comportamento muito comemorado pela torcida do fluminense das alterosas.
Tens razão, Clóvis Rossi, o VTC pra Presidenta não emburrece. É a própria burrice!
CLÓVIS ROSSI
O Fla-Flu político emburrece
Política é paixão, OK, mas, quando o fígado derrota o coração, o debate fica pobre e todos perdemos
Estarrecido com a guerra na lama travada na campanha eleitoral, em especial nas redes sociais?
Triste, se é tucano, por ter perdido amigo petista ou vice-versa? Ou feliz, por ter descoberto que certas ausências preenchem uma lacuna?
Pois saiba que a exacerbação de sentimentos partidários não é um produto genuinamente brasileiro.
Na terça-feira (28), David Brooks, colunista do "New York Times", tratou precisamente desse assunto, que Cass Sunstein, da Escola de Direito da mitológica Harvard, batizou de "partyism" ("partidismo").
Nos EUA, ganhou características mais graves do que a lama espalhada pela internet. Sunstein lembrou, em coluna no mês passado, que pesquisas já haviam captado o fenômeno no remoto ano de 1960. Mas, àquela altura, eram só 5%, pouco mais ou menos, os republicanos e democratas que diziam que ficariam insatisfeitos se seus filhos se casassem com alguém do outro partido.
Cinquenta anos depois, subira para 49% a porcentagem dos republicanos que se incomodaria com essa situação, incômodo que afetaria 33% dos democratas.
Não há, que eu saiba, pesquisas no Brasil que contenham esse tipo de dados. Mas, a julgar pelo que se podia ler no Facebook, por exemplo, um petista vetaria casamento com um tucano e vice-versa.
Volto aos Estados Unidos e ao texto de Brooks: ele cita pesquisa dos cientistas políticos Shanto Iyengar e Sean Westwood que deram a estudantes mil currículos de outros estudantes para que os primeiros decidissem quem ganharia bolsas.
Os currículos incluíam pistas sobre a raça e sobre a preferência política dos candidatos. Claro que a raça teve influência: os estudantes negros preferiram colegas negros na base de 73% a 27%.
Mas tanto democratas como republicanos apontaram em 80% dos casos candidatos que concordavam politicamente com eles, mesmo quando outros estudantes tinham melhores credenciais.
Talvez seja diferente no Brasil porque há muito mais escolhas partidárias, tantas que o partido que elegeu a maior bancada na Câmara Federal, o PT, ocupará apenas 13,6% das cadeiras. É uma anomalia, mas talvez distribua melhor o ódio que vazou na campanha.
Espero, honestamente, que prospere a bem-humorada campanha iniciada no Facebook para que petistas e tucanos recomponham os laços eventualmente rompidos.
Concordo integralmente com as observações com que Brooks fecha sua coluna:
"Na maior parte do tempo, política é uma batalha entre interesses divergentes ou uma tentativa de equilibrar verdades parciais". Ou seja, nem os petistas nem os tucanos estão sempre 100% certos ou 100% errados.
Mas, prossegue, "nesse estado efervescente, torna-se [a política] uma batalha de luz e escuridão. Quando escolas, grupos comunitários e locais de trabalho se definem pela cor política de seus membros, (…), então toda comunidade fica mais burra porque não pode colher os benefícios de pontos de vista divergentes e de pensamentos em competição".
Abaixo a burrice, pois.
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