O que me assustou não é fim do PSDB. E não que eu quisesse o fim do PSDB. Aliás, na origem a proposta era promissora para a democracia brasileira. O que assusta é a afirmação de que José Serra está à esquerda de Geraldo Alckmin. Isso, sim, é assustador. Diante da possibilidade que o PSDB sobreviva com este tipo de perspectiva, melhor recomeçar, fazendo como a ARENA. Talvez aí esteja a explicação de porque a ala paulista esteja flertando com Marina, entregando Aécio aos seus aeroportos.
A luta fraticida no PSDB foi figadal da parte de José Serra. Destruiu o político Aécio Neves quando fez publicar no Estadão aquele famoso artigo de Mauro Chaves: Pó pará, governador! Não é que não haja dissidência em outros partidos. O próprio PSOL é fruto da dissidência do PT. Para o bem e para o mal, o PSOL pretendia retornar e retomar o que o PT foi nas origens. Pena que não se deram conta que o PT, no início, jamais se coligou com a direita para atacar a esquerda. Por exemplo, o PT jamais havia se coligado ao PDS contra o PDT. O contrário é verdadeiro, e eu mesmo votei em Alceu Collares para não eleger Nelson Marquezam.
O meu ilustre ex-professor, José Hildebrando Dacanal, um dos fundadores do PSDB, se desencantou com duas figuras muito próximas e se desfiliou. Não só se desfiliou como mandou publicar a desfiliação em jornal e mandou por carta. Levou punhalada nas costas do dono da falida Livraria Mercado Aberto, Clovis Jacoby, e foi traído pelo guinada neoliberal da Yeda Crusius, a quem assessorava extraoficialmente. Muitos amigos meus já foram do PSDB. Aqueles que estiveram no início, hoje a maioria saiu. Lamentável que um partido com “S” na sigla tenha se convertido o que é hoje, um clube de luta fraticida. Não é bom para a democracia partidos fracos. E o PSDB sabe disso, razão pela qual estão se bandeando para o lado de Marina Silva da mesma foram que FHC quis fazer em relação a Collor, mas Mário Covas não permitiu.
O problema do PSDB é o mesmo do PDT, o caciquismo. O partido gravita em torno de nomes, Brizola e FHC. Ambos não conseguiram criar novas figuras, como fez Lula com muitos petistas. FHC não abre mão de sua voluptuosa vaidade. Por trás deste pavonismo está o carinho que sempre recebeu dos velhos grupos de mídia. Os holofotes cegaram a mariposa. O ocaso de seu partido é seu ocaso.
O tucano Gianotti e o fim do PSDB
dom, 14/09/2014 – 11:33 – Atualizado em 14/09/2014 – 18:24 – Luis Nassif
Filósofo respeitado, tucano de quatro costados, José Arthur Gianotti deu entrevista relevadora para o Estadão de hoje (http://tinyurl.com/ng9549o) em que praticamente sela o fim do PSDB.
O jornal o apresenta como “tucanoide” (simpatizante) e muito próxima a Fernando Henrique Cardoso. É muito mais que isso.
Na verdade, sua amizade maior é com José Serra. É o que explica o fato de considerar Serra “muito à esquerda” de Geraldo Alckmin e prever que ele será um dos síndicos da falência do partido. Com um pouco de distanciamento, Gianotti aceitaria que a pá de cal no PSDB foi a campanha vergonhosa de 2010, que deixou o partido com a cara abjeta de Serra.
Em relação aos demais pontos, seu diagnóstico é preciso.
Aliás, o quadro que desenha é a chamada crônica de uma morte anunciada. Desde 2008 venho apontando esse quadro de deterioração intelectual do PSDB.
Apenas por amizade, Gianotti não menciona os responsáveis. É evidente que a responsabilidade maior recai sobre a pessoa a quem o partido confiou a liderança intelectual e política: Fernando Henrique Cardoso.
Serra não existiria sem FHC. A campanha abjeta de 2010 – que liquidou com os resquícios de legitimação do partido – não existiria sem FHC. Comandado por Serra, o estilo esgoto do jornalismo tucano foi diretamente estimulado por FHC. Assim como a debandada de intelectuais tucanos, que poderiam ter contribuído para algum arejamento do partido, mas que, a partir de um determinado momento, não tiveram estômago para permanecer na trincheira, depois que o partido deixou-se conduzir pela ultradireita escatológica.
A partir de então, o PSDB abandonou qualquer veleidade intelectual. Sua cara ficou sendo a da agressividade mais vazia, de políticos menores atuando apenas em representações moralistoides, e do jornalismo de esgoto comandado por Serra.
Aqui, os principais pontos da entrevista de Gianotti:
Sobre o espaço da socialdemocracia
Quando o PT veio para o centro, roubou o discurso da socialdemocracia do PSDB. Tornou-se o grande interlocutor com as forças capitalistas e populares, que era projeto da socialdemocracia.
Sobre o espaço da oposição
O PSDB não conseguiu se viabilizar como oposição organizada. Quando não se tem a oposição organizada, em geral quem ocupa esse espaço é uma dissidência da própria base aliada, como ocorreu com Eduardo Campos e Marina Silva, ex-Ministros do governo Lula.
Porque o PSDB falhou
Porque não teve discurso. Restará um partido estilhaçado, mas com alguns governadores e senadores fortes. Aécio ficou com imagem meio ambígua. Agora ele precisa sair correndo para Minas Gerais para salvar a candidatura que apoia. Não conseguiu firmar uma liderança realmente decisiva,
O comando do PSDB
Aécio voltará a ser o que sempre foi: uma liderança do PSDB, mas não mais a ponta da pirâmide. Ideologicamente, o partido terá duas pontas: o Alckmin bem mais à direita e Serra bem mais à esquerda.
Sobre Marina, Collor e Jânio
Marina lembra Jânio e Collor na medida em que vem alguém religiosamente para salvar a pátira e depois tem uma enorme complicaçãoo na montagem de governo. A Marina não é um Collor, mas no sistema ela estava isolada. Não soube organizar o pafrtyido dela, a Rede, foi obrigada a se aliar a Eduardo Campos. Quando o avião cai, ela se acha predestinada a salvar a pátira e começa com esse discurso. A partir do desastre, ela lembra Jânio e Collor ao dizer que veio para salvar a pátria.
Sobre o antipetismo e o PSDB
O antipetisnmo está bem instalado na política brasileira. É hoje uma tremenda força.. Aécio vai compreender que para fazer o antipetismo é preciso que ele apoie Marina.
Sobre a bancada evangélica
Quando há uma crise do Estado, os conflitos religiosos aparecem. Quando não há uma estrutura de poder central organizando a sociedade, Deus aparece como o centralizador. O avanço evangélico é um sintoma da crise do Estado.
As manifestações de junho
Não formam líderes porque movimento popular desse tipo é como fogo fátuo. Ele surge e desaparece. Essas redes sociais são extremamente importantes mas não criam líderes. As lideranças políticas são, na verdade, formadas pelo processo partidário.
A crise do Estado
Temos uma série crise de Estado. Uma crise de Estado acontece quando você decide em cima e a decisão não chega embaixo. E o Estado, desta forma, não funciona. Já yemos uma crise de decisão. Ela continua se Dilma ou Marina vencerem. Não há esse risco com Aécio, porque ele não vai ganhar.
Mas que vergonha mesmo os machões perderam as eleições para a Dilma através do voto e agora querem ganhar no tapetão,ainda não digeriram a derrota, deveriam se qualificar para competir, vivem pra lá e pra cá com um boneco inflável debaixo do braço que fraqueza desses fulanos..
Comentário por ONIRIO MACHADO CORRE — 17/09/2015 @ 9:51 pm |