Ficha Corrida

22/05/2013

Mistificação de vira-lata

Filed under: Isto é EUA!,Terrorismo de Estado — Gilmar Crestani @ 9:19 am
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Se a aproximação com os EUA fosse determinante, o México não estaria nesta merda toda. O Afeganistão se aproximou dos EUA para lutar contra a Rússia. Os EUA invadiram o Afeganistão, não a Rússia. Os EUA se aliaram ao Iraque para lutar contra o Irã. Os EUA invadiram o Iraque, não o Irã. Ninguém faz aliança com Leão impunemente. Aproximar-se aos EUA é como chocar o ovo da serpente. E quem cria cuervos…

JULIA SWEIG

Por uma aproximação Brasil-EUA

Agora ou em outubro, chega a hora de Obama apoiar Dilma por um assento no Conselho de Segurança

O vice-presidente americano, Joe Biden, fará visitas ao Brasil, à Colômbia e a Trinidad e Tobago na próxima semana.

Não pense que Biden tenha um papel meramente cerimonial: ele cuida de pautas domésticas importantes como imigração, armas e Orçamento. Essas visitas também não são para angariar patrocínio ou apoio a empreendimentos americanos no exterior.

Ao que tudo indica, o governo Obama decidiu tentar aproveitar enormes oportunidades, até agora em grande parte perdidas, nas áreas de emprego, energia e prosperidade na América Latina.

E por que agora? A reforma da imigração, que é a prioridade legislativa do presidente neste ano, alertou a Casa Branca para o potencial benefício à política externa na América Latina.

A disposição da Casa Branca e do público americano em lidar com questões domésticas tabus, como imigração, armas, energia, legalização da maconha e talvez até Cuba, abre as portas para uma potencial convergência com a América Latina e para a derrubada de frequentes barreiras ideológicas que muitas vezes esgotam a paciência e o ânimo diplomáticos.

Biden chegará ao Brasil cinco meses antes da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos e dez anos após George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva terem reunido seus gabinetes para discutir o potencial estratégico das duas democracias e suas economias. Desde então, houve dezenas, se não centenas, de reuniões ministeriais ou subministeriais, além de diálogos, iniciativas e intercâmbios governamentais nas áreas de defesa, negócios, ciência e educação.

Ainda assim, falta algo entre as duas potências –algo que podemos chamar de ausência de ambição.

Então deixe-me ressuscitar duas boas ideias que os vices Biden e Michel Temer e os presidentes Obama e Dilma talvez finalmente abracem.

A primeira será mais difícil para Brasília. Tanto o Brasil quanto os EUA precisam de empregos para a classe média, de crescimento econômico e de uma estratégia em relação à China. O benefício de uma cooperação econômica que vá além de investimentos e tratados de bitributação é claro: é hora de um comércio (mais) livre, sem esperar que Roberto Azevêdo e a OMC o façam.

Talvez seja politicamente incorreto pensar tão grande, mas o Brasil tem proteções sociais suficientes para se tornar mais aberto.

A segunda ideia será mais difícil para Washington. Na semana que vem ou em outubro, chegará a hora de deixar de lado as advertências verbais e inequivocamente apoiar o Brasil (assim como a Índia) para que o país consiga um assento no Conselho de Segurança da ONU.

O Brasil é um país pacifista, não nuclear, democrático e expressa o ponto de vista amplamente aceito de que respostas militares a ameaças de segurança –vide a Síria, o Irã e o Iraque– não precisam se tornar padrão universal.

As duas ideias requerem superação das crenças das respectivas classes burocráticas e políticas, mas podem abrir as portas a um potencial perene e até agora inexplorado. Quem sabe a visita de Biden construa o palco.

2 Comentários »

  1. O Secretário de Estado Estadunidense classificou a América Latina como “quintal dos Estados Unidos”. Será que este é o pensamento do presidente Obama?
    Se assim for, não haverá diálogo producente.

    Comentário por regis — 22/05/2013 @ 7:01 pm | Responder

  2. […] Mistificação de vira-lata […]

    Pingback por A Ford e a ditadura | SCOMBROS — 22/05/2013 @ 12:22 pm | Responder


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