Documentos de Paiva trazem de volta os conspiradores
Publicado em novembro 30, 2012por mariomarcos
A revelação dos documentos que comprovam a passagem do deputado Rubens Paiva pelo Doi/Codi do Rio, que estavam guardados na casa de um militar assassinado ha pouco em Porto Alegre, trouxe de volta ao noticiário um órgão chamado Instituto Brasileiro de Ação Democrática.
Deputado pelo PTB antes de ser preso, levado pelos militares e ‘desaparecido’, Paiva investigava as ligações do Ibad com a CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, que tem suas digitais em golpes, assassinatos (e tentativas), ditaduras e terrorismo de Estado desde os anos 50 (recomendo, como já fiz algumas vezes, o livro Legado de Cinzas, baseado apenas em documentos da própria CIA, para se entender bem a história da agência).
Pois bem, sabem o que fazia o Ibad?
Integrado por intelectuais, personalidades diversas, políticos, militares, o órgão era um ninho de conspiradores, inspirados pelo general Golbery do Couto e Silva. Financiados pelos dólares repassados pelos americanos, os integrantes do Ibad tinham como missão dar entrevistas, escrever textos, discursar, sempre alardeando que o país estava à beira de um golpe dos comunistas.
– Meu pai tinha cópias de cheques que iam para o Ibad e Ipes – lembrou Marcelo, o filho de Rubens, em entrevista ao repórter Nilson Mariano, acrescentando na conspiração o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais.
Era a preparação para o golpe que derrubou João Goulart, interrompeu os programas sociais que o governo preparava e implantou a ditadura – que, entre as vítimas, atingiu Rubens Paiva.
O objetivo era conspirar contra o governo, iludindo e assustando as pessoas.
O pior é que ainda hoje, quase 50 anos depois, muitos ainda acreditam na fantasia de que o país estava a um passo de uma ditadura comunista. Ou seja: a conspiração, sustentada pelos dólares da CIA, foi tão competente que ainda hoje tem adeptos.
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