Ficha Corrida

26/08/2012

O fracasso do jornalismo

Filed under: Clóvis Rossi,Desigualdade Social — Gilmar Crestani @ 10:02 am

Clóvis Rossi, se não tivesse que dar satisfação ao patrão pelo que escreve, lembraria que a CMPF foi extinta com seu apoio e do seu patrão. A CPMF era o tributo mais justo atingia a todos os que movimentos contas bancárias indistintamente. Desde os donos de jornais que não pagam impostos, como os traficantes. Através da CMPF era possível rastrear dinheiro usado para corromper, motivo que levou os grupos mafiomidiáticos a combaterem sua continuidade.  Que a taxação dos mais ricos não sai porque o jornal onde Rossi trabalha martela, diturnamente, para impedir. Que o impostômetro criado por impostores ganha espaço, mas o pouco que se destina aos mais pobres sofre ataque contínuo no jornal que o sustenta.  Aliás, fosse por gente como Rossi e seu patrão, o Bolsa Família sequer existiria. Quando Dilma baixou os juros, colonistas do tipo Rossi imprecaram contra. Todas as iniciativas que pudessem diminuir as desigualdades foram bombardeadas só para que hoje pudesse publicar o artigo abaixo. Cara-de-pau!

CLÓVIS ROSSI

Desigualdade, o fracasso da esquerda

No Brasil, os mais ricos recebem do governo 13 vezes mais que a turma do Bolsa Família

JÁ DEVE ser insuportável para os ufanistas de plantão receber a notícia, contida em relatório da ONU, de que o Brasil é o quarto país mais desigual de uma região, a América Latina, que é a mais desigual do mundo.

O Brasil só é menos desigual que dois Estados semifalidos, Guatemala e Honduras, e que a Colômbia, em virtual guerra civil faz mais de meio século.

Tenho, no entanto, um adendo triste para os ufanistas: é quase certo que não houve, ao contrário do que diz a ONU, uma redução na desigualdade brasileira.

Explico: o único metro usado para medir a desigualdade chama-se índice de Gini, no qual o zero indica perfeita igualdade e 1 é o cúmulo da desigualdade. O Brasil de fato melhorou, de 1999 a 2009: seu índice passou de 0,52 para 0,47.

Acontece que o índice mede apenas a diferença entre salários. Não consegue captar a desigualdade mais obscena que é entre o rendimento do capital e o do trabalho.

Escreve, por exemplo, Reinaldo Gonçalves, professor titular de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos raros economistas que continuaram de esquerda após o PT chegar ao poder:

"Com raras exceções, essas políticas [as do governo Lula] limitam-se a alterar a distribuição da renda na classe trabalhadora (salários, aposentadorias e benefícios) sem alterações substantivas na distribuição funcional da renda, que inclui, além do salário e das transferências, as rendas do capital (lucro, juro e aluguel)."

Há pelo menos um dado que faz suspeitar seriamente de que a tal distribuição funcional da renda piorou: no ano passado, o governo federal dedicou 5,72% do PIB ao pagamento de juros de sua dívida. Já o Bolsa Família, o programa de ajuda aos mais pobres, consumiu magro 0,4% do PIB.

Resumo da história: para 13.330.714 famílias cadastradas no Bolsa Família, vai 0,4% do PIB. Para um número infinitamente menor, mas cujo tamanho exato se desconhece, a doação, digamos assim, é 13 vezes maior.

Como é possível, nesse cenário, que se repete ano após ano, reduzir-se a desigualdade na renda?

O que, sim, diminuiu foi a pobreza, no Brasil como na América Latina. Em 20 anos (até 2009), a taxa de pobres caiu de 48% para 33%, informa a ONU. Mesmo nesse capítulo, o Brasil continua mal na foto: Argentina, Chile e Uruguai têm 12% de pobres, enquanto, no Brasil, a taxa quase duplica (22%).

Essa queda ajuda a explicar a popularidade de Lula/Dilma, Hugo Chávez, Rafael Correa, Michelle Bachelet (mais popular que seu sucessor, o conservador Sebastián Piñera), Evo Morales (em queda, mas ainda popular), José Mujica.

Para o pobre, que mal podia comprar arroz, adquirir geladeira importa mais do que saber se o rico, que já podia comprar um arrozal inteiro, compra agora helicópteros ou aviões, em vez de geladeiras, que sempre teve.

Mas os governos supostamente de esquerda e suas políticas pró-pobres não foram capazes de tirar a América Latina do papel de campeã mundial da desigualdade. Ou ela é inoxidável ou eles precisam reinventar-se.

crossi@uol.com.br

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