Um dos gurus do Instituto Millenium sai a público num dos vários veículos a$$oCIAdos para destilar praga de urubu. É a mesma xaropada de sempre. Mistura alhos com bugalhos só para tentar dosar o preconceito e o despeito só porque há um mundo melhor sem os três patetas latino-americanos: Fujimori, Menen & FHC. Como não sou tão inteligente como ele, fiquei a ver navios quando ele verbalizou o fantasma que o faz dançar no queixo do ex-Café Millenium: “tentativa de perseguir a imprensa”. A imprensa, para Constantino, é o Grupo Clarin e a Rede Globo? Não, seu Constantino, esses são frutos transversos que herdamos da ditadura, com a qual cresceram como moscas no estrume. Vai lá, explique como acontece a “tentativa de se perseguir a imprensa”. Vai, você consegue. Pode pedir ajuda pro Jabor ou para o William Waack…
O Clarin tentou de todas as formas destruir Cristina. O povo não deixou. Nem é preciso dizer que lúmpen-articulismo vem tentando seguir a mesma trilha no Brasil. Xô, satanás!
O tango dos hermanos
Autor(es): agência o globo:Rodrigo Constantino
O Globo – 01/11/2011
Cristina Kirchner foi reeleita logo no primeiro turno. A "família K" ocupará a Casa Rosada pelo terceiro mandato seguido. A economia argentina apresenta sinais de recuperação, mas seus pilares são insustentáveis. A inflação real passa de 20% ao ano, enquanto o governo manipula os dados oficiais. A fuga de capitais é crescente. Os investimentos privados recuam de forma acentuada.
A triste história do país vizinho serve como importante alerta aos brasileiros. Afinal, a Argentina já foi um ícone para a região no passado. O período entre 1860 e 1930 compreendeu seus anos dourados. Milhões de imigrantes foram para o país, e Buenos Aires transformou-se em uma grande metrópole, capital cultural da América hispânica. A Argentina era o celeiro do mundo. O valor total das exportações multiplicou-se mais de 13 vezes entre 1865 e 1914. Os investimentos britânicos foram especialmente importantes. O padrão de vida do argentino estava entre os melhores do mundo.
Mas nem tudo que reluz é ouro. Como na obra de Kafka, a Argentina foi dormir bem, e acordou um inseto feioso. A burocracia estatal no país crescia rapidamente. O surgimento de uma retórica nacionalista exigia a intervenção política contra a competição de produtos importados. A Primeira Guerra Mundial, e a Crise de 1929 depois, geraram enormes dificuldades para o país, dependente da exportação de seus recursos naturais. Foram introduzidas tarifas protecionistas, sucessivamente elevadas.
O controle da máquina política tornou-se o elemento-chave para o sucesso nos negócios, incitando a formação de grupos de interesse, suplantando os mecanismos da livre concorrência. Após o golpe de 1943, o intervencionismo estatal rapidamente se expandiu, chegando ao ápice durante a presidência do populista Perón, de 1946 a 1955. Inspirado em Mussolini, Perón buscou o apoio das bases sindicais e criou inúmeras barreiras protecionistas.
O militar baixou grande número de decretos conferindo vastos benefícios artificiais aos trabalhadores. Como ocorre em ditaduras, houve forte culto à personalidade. Foi posta em marcha uma "peronização" do Estado argentino, com opositores sendo perseguidos. Uma nova Constituição foi adotada em 1949, e a doutrina do "justicialismo", derivado de "justiça social", tornou-se o fundamento ideológico da nação. As despesas públicas explodiram, concomitantemente à inflação. Estas e outras medidas demagógicas de Perón e sua esposa Eva lastrearam o declínio espetacular da Argentina, que nunca mais seria a mesma.
Isto ocorreu, convém lembrar, em um país com ampla classe média, instituições relativamente sólidas e povo educado. Nada disso foi suficiente para impedir o avanço populista no país. A própria "família K", agora sob o comando da viúva, vem dando continuidade a esta prática nefasta, perseguindo com virulência e abuso da máquina estatal o principal grupo de imprensa do país. Quando o termômetro mostrou a doença econômica, pelo aumento da inflação, o governo resolveu quebrar o termômetro. O modelo argentino aproxima-se rapidamente do venezuelano.
Este tango argentino (está mais para ópera bufa) tem importantes lições a nos oferecer. Muitos brasileiros insistem que a solução para nossos males está na educação, mas poucos se aprofundam a ponto de questionar qual educação. Jogar dinheiro público no setor não é panaceia. Além disso, educação pode ser condição necessária para o progresso, mas está longe de ser suficiente, como prova a Argentina. Sem um modelo de livre mercado, será mais lucrativo investir no suborno de políticos do que na competitividade. Vencem os amigos do rei – ou da rainha.
Outra importante lição diz respeito à oposição. O "peronismo" tomou conta da política argentina, e faltaram alternativas sérias aos eleitores, algum partido com um projeto decente para o país. Basta notar que Cristina Kirchner venceu contra um candidato socialista! A hegemonia esquerdista é total no país. Não há uma oposição firme, e a negligência de hoje é sempre paga com a escravidão de amanhã. Os populistas tiveram o caminho livre para seu projeto de poder por lá.
Não é preciso dizer que o lulopetismo vem tentando seguir a mesma trilha no Brasil. Vários ingredientes estão presentes: culto à personalidade; populismo desmedido; tentativa de perseguir a imprensa; modelo desenvolvimentista; protecionismo comercial; inflação crescente; oposição fraca; e corrupção como meio aceitável para o único fim existente: perpetuar-se no poder. Vamos conseguir evitar o destino trágico dos nossos vizinhos?
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