Ficha Corrida

08/05/2011

Ifigênia na Líbia

Filed under: Cultura — Gilmar Crestani @ 10:48 am
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ifgeninaulisLuciano Alabarse assina uma nova e bela montagem de Efigênia em Áulis, As troianas e Agamenon.
Eurípides na veia.
Com trilha sonora de Pink Floyd.
Vimos no São Pedro.
Faz pensar, como sempre, nos conflitos de hoje.
A guerra entre gregos e troianos teve um motivo universal: uma vadia, Helena, meteu uma bola nas costas do marido, Menelau, e se mandou para Troia com Páris.
A fuga virou sequestro.
Sempre há uma boa mentira para justificar uma guerra.
Os gregos precisavam recuperar Helena por uma questão de honra.
E de vingança.
Mostrar quem mandava no pedaço.
Menelau não suportava mais o peso dos chifres.
Por mais racionais que fossem, estavam dispostos a qualquer irracionalidade para chegar aos seus fins.
Agamenon, irmão de Menelau e figurinha pouco recomendável, embora rei de Argos, aceita sacrificar a filha, Efigênia, para a aplacar a ira da deusa Demeter, furiosa e louca como eram os deuses gregos, e obter os ventos necessários à operação. Inventa um casamento da guria com Aquiles para que a mãe venha com ela ao local da execução.
Um baita mentiroso!
Matar uma filha para fazer a vontade de um deus e trazer de volta uma vagabunda, eis o desatino.
Acham um pouco machista essa maneira de colocar as coisas?
Se fosse para trazer de volta um homem, um traidor, seria trazer de volta um canalha, um safado.
Os gregos, por trás da conversa fiada sobre a honra, tinham dois motivos para arriscar tudo:
1) Impedir novas investidas sobre as suas mulheres, ou seja, dar uma lição exemplar aos inimigos no melhor estilo "não metam a mão no que é nosso";
2) Saquear os tesouros dos troianos.
Sempre há algum tipo de petróleo por trás de uma guerra moralizadora.
O canalha do Agemenon volta com um troféu especial: Cassandra, jovem e gostosa.
Traz para morar com ele no palácio, junto com a rainha, a titular.
Só não imagina que lhe espera também um par de chifres e a morte.
Novela de televisão é fichinha perto de tanto traição, assassinato, reviravoltas.
Tragédia grega não perdoa, mata.
Não é preciso quebrar muito a cabeça nem ser especialista em mitologia para imaginar as razões "profundas" dos americanos no Iraque e dos europeus e americanos na Líbia.
A moral moderna normalmente tem a profundidade de um poço de petróleo.
Postado por Juremir Machado da Silva – 08/05/2011 09:53 – Atualizado em 08/05/2011 09:54

Correio do Povo – O portal de notícias dos gaúchos | Opinião | Juremir Machado da Silva

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